Caminhar na prancha

Caminhar na prancha é uma frase que descreve uma forma de execução ou tortura que era praticada por piratas, amotinados e outros navegantes e marinheiros foras-da-lei. A prática consistia na vítima ser forçada a caminhar até o fim de uma prancha ou viga de madeira, projetada ao lado de um navio, caindo assim dentro da água para se afogar, por vezes amarrada ou atada a pesos, comumente em locais povoados por tubarões (que frequentemente também seguiam os navios).

Prisioneiro dos piratas caminhando sobre a prancha, em pintura de Howard Pyle.

O primeiro registro do uso da frase data da segunda metade do século XVIII; alguns escritores do século XX especularam que a caminhada sobre a prancha seria um mito criado pelo cinema; no entanto, a frase foi registrada no Dictionary of the Vulgar Tongue ("Dicionário da Língua Vulgar"), do lexicógrafo Francis Grose,[1] publicado pela primeira vez em 1785.

Histórico editar

Em 1769, o amotinado George Wood confessou ao seu capelão, na Prisão de Newgate, que ele e seus companheiros de motim haviam mandado seus oficiais caminharem na prancha.[2]

Em 1822, William Smith, capitão da chalupa "Blessing", foi forçado a caminhar na prancha pela tripulação de piratas da escuna "Emanuel".

O jornal The Times relatou, em 14 de fevereiro de 1829, que o paquete "Redpole" havia sido capturado pela escuna pirata "President" e afundado; o comandante fora fuzilado; e a tripulação, forçada a caminhar na prancha.[3]

Em 1829, piratas interceptaram o brigue holandês Vhan Fredericka, na passagem de Sotavento, no meio das Ilhas Virgens, e assassinaram a maior parte da tripulação, fazendo-os caminhar na prancha com bolas de canhão amarradas a seus pés.[carece de fontes?]

Diz-se que forçar marinheiros leais a caminhar sobre a prancha era uma maneira dos algozes de "evitar [receberem posteriormente] a pena por assassinato"[4] (ao não matar diretamente as vítimas), porém dificilmente esta desculpa funcionaria nos sistemas legais da época; não apenas a maioria dos homens da lei não teria hesitado em levar a julgamento qualquer pessoa que tivesse forçado desta maneira a morte da outra, mas também a pirataria e o motim eram crimes capitais. No entanto, caminhar sobre a prancha poderia ser uma maneira de amenizar o peso na consciência destes algozes.

Embora a caminhada sobre a prancha tenha um papel importante no folclore da pirataria, na realidade o ato era um fenômeno extremamente raro. A maior parte dos piratas, bucaneiros e amotinados não se preocuparia com um meio tão elaborado (e suscetível a percalços) de se livrar de seus prisioneiros.[5] Aqueles poucos que gostavam particularmente de torturar suas vítimas (como Edward Low) também preferiam métodos mais duradouros.

Referências

  1. "Dictionary of the Vulgar Tongue", Francis Grose, 1788, Google Books (publicado originalmente em 1785)
  2. Botting, Douglas. The Pirates, TimeLife Books, 1978, p. 58.
  3. The Times, 14 de fevereiro de 1829, pág.3
  4. Grose, A Classical Dictionary of the Vulgar Tongue, 1788, citado em "Walk the plank".
  5. A Pirate's Life: Punishment: Walking the plank

Bibliografia editar