Capitania de Santa Catarina

Capitania brasileira
Capitania de Santa Catarina

Repartição do Brasil Colonial


1738 – 1821

Bandeira de Santa Catarina

Principado do Brasil
Continente América do Sul
País Império Português
Capital Desterro (1738-1777)
São Miguel (1777)[1]
Desterro (1777-1822)
Língua oficial Português
Religião Católica romana
Governo Monarquia Absoluta
Governador
 • 1739 - 1743 José da Silva Pais (primeiro)
 • 1817 - 1821 João Vieira Tovar e Albuquerque (último)
História
 • 11 de agosto de 1738 Criação da Capitania
 • 28 de fevereiro de 1821 Mudança de Capitania para Província

A Capitania de Santa Catarina foi uma divisão administrativa do Brasil colonial criada em 11 de agosto de 1738 nos territórios mais meridionais da capitania de São Paulo. O governo foi oficialmente instalado em 7 de março de 1739, sendo primeiro governador José da Silva Pais.

Após a Ilha de Santa Catarina ser invadida em 1777, a capital passou a ser provisoriamente São Miguel, atual Biguaçu.

Em 28 de fevereiro de 1821 torna-se uma província, que viria a ser o atual estado de Santa Catarina com a Proclamação da República.

A vantajosa posição geográfica da ilha de Santa Catarina, o excelente porto de Laguna, muito frequentado pelos navios que iam da Europa para o rio da Prata e oceano Pacífico, e outras razões políticas determinaram a D. João V, em 1738, formar com a ilha e terra continental adjacente uma capitania ou governo separado, independente da Capitania de São Paulo, a qual havia pertencido até àquela época. A área atual do litoral de Santa Catarina pertenceu inicialmente à Capitania de Santana (1534 -1656), depois à Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá (1656 -- 1709), que passou então a pertencer à Capitania de São Paulo (1709 - 1738).

Criação editar

Com a expansão portuguesa para o sul da colônia até a região do Rio da Prata, houve a necessidade de se formar uma nova unidade administrativa do reino para garantir a guarda e posse dessas terras. Criada em 11 de agosto de 1738, seu governo foi instalado em 7 de março de 1739 com a vinda do brigadeiro José da Silva Pais como seu primeiro governador. O território compreendia os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul até a emancipação deste último como capitania do Rio Grande de São Pedro em 1760.

Os interesses portugueses no sul do Brasil aconselhavam a manutenção e o fortalecimento dos povoados litorâneos. Com tal objetivo, Laguna foi elevada em 1774 à categoria de vila, passando a exercer o papel de posto avançado para a conquista do Rio Grande do Sul. Dali partiram expedições que atingiram a colônia do Sacramento e Montevidéu e, de passagem, arrebanhavam gado e aprisionavam indígenas. Desterro, sendo altamente fortificada por Silva Pais desde sua vinda a Santa Catarina, era sua capital. Muitas das fortalezas construídas no período, resistiram a ocupação espanhola de 1777 e aos séculos, e estão de pé até os dias atuais.

 
Mapa de 1771 mostrando o Brasil meridional.

A partir de 1740, são implantadas no litoral catarinense as armações de baleeiras: Armação de Itapocorói (Penha), Armação de Nossa Senhora da Piedade (Gov. Celso Ramos), Armação da Lagoinha (Florianópolis), Armação da Garopaba (Garopaba).

Após 1807 com a criação da capitania-geral de São Pedro do Rio Grande (futuro Rio Grande do Sul), suas fronteiras compreendiam: ao norte, o rio Saí Guaçu (Joinville), ao sul o rio Mampituba (Torres), a oeste a Serra Geral, que corre de norte a sul, mais próxima à costa e a leste o Oceano Atlântico.

Colonização açoriana editar

As ilhas do arquipélago dos Açores, sofrendo abalos sísmicos terrestres ou submarinos, estimularam a saída de parte de sua população. Aliado a este fator estaria o precário desenvolvimento econômico da região, o desejo de lançar-se ao mar, mas principalmente o excesso populacional que em decorrência, provocava a escassez de alimentos em determinadas ocasiões. De 1748 até 1756, em sucessivas levas, chegaram cerca de cinco mil açorianos, a maior parte dos quais se fixou no litoral. Os novos colonos receberam doações de terras na ilha e no continente. Houve muitas dificuldades, desde as péssimas condições da viagem até a adaptação à terra onde deveriam fixar-se.

Colonização do planalto Catarinense editar

Luís António de Sousa Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, governador da capitania de São Paulo, interessado em garantir o domínio português sobre a região do atual planalto catarinense e o escoamento do gado do Rio Grande do Sul para São Paulo, encarregou um abastado paulista, Antônio Correia Pinto, de estabelecer povoação na paragem denominada Lages, então sob a jurisdição de São Paulo. Em 1775 fundou-se a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages, que em 1820 foi incorporada a Santa Catarina.

Domínio espanhol editar

Quando irrompeu a guerra entre Portugal e Espanha, a ilha de Santa Catarina, mal defendida apesar de sua importância estratégica e abandonada pela esquadra portuguesa, que não queria pôr em risco seus navios, foi tomada em 1777 por Pedro de Ceballos, sem que o invasor desse um só tiro ou perdesse um único homem. Dali estendeu-se a conquista de povoado em povoado, com exceção de Laguna, que ofereceu resistência. Um ano depois, a ilha voltou às mãos portuguesas através do Tratado de Santo Ildefonso.

 
José da Silva Pais.

Governadores editar

Governador da Capitania de Santa Catarina Início do mandato Fim do mandato
José da Silva Pais 7 de março de 1739 25 de agosto de 1743
Patrício Manuel de Figueiredo 25 de janeiro de 1744 20 de março de 1746
Pedro de Azambuja Ribeiro 25 de agosto de 1743 25 de janeiro de 1744
José da Silva Pais 20 de março de 1746 2 de fevereiro de 1749
Manuel Escudeiro Ferreira de Sousa 2 de fevereiro de 1749 25 de outubro de 1753
José de Melo Manuel 25 de outubro de 1753 7 de março de 1762
Francisco Antônio Cardoso de Meneses e Sousa 7 de março de 1762 12 de julho de 1765
Francisco de Sousa e Meneses 12 de julho de 1765 5 de setembro de 1775
Pedro Antônio da Gama Freitas 5 de setembro de 1775 23 de fevereiro de 1777
Domínio espanhol 23 de fevereiro de 1777 12 de agosto de 1778
Francisco Antônio da Veiga Cabral da Câmara 12 de agosto de 1778 5 de julho de 1779
Francisco de Barros Morais Araújo Teixeira Homem 5 de julho de 1779 7 de julho de 1786
José Pereira Pinto 7 de julho de 1786 7 de janeiro de 1791
Manuel Soares de Coimbra 7 de janeiro de 1791 8 de julho de 1793
João Alberto Miranda Ribeiro 8 de julho de 1793 18 de janeiro de 1800
Junta governativa catarinense de 1800 18 de janeiro de 1800 8 de dezembro de 1800
Joaquim Xavier Curado 8 de dezembro de 1800 3 de junho de 1805
Luís Maurício da Silveira 3 de junho de 1805 14 de julho de 1817
João Vieira Tovar e Albuquerque 14 de julho de 1817 20 de julho de 1821
Tomás Joaquim Pereira Valente 20 de julho de 1821 20 de maio de 1822

Bibliografia editar

  • Paulo José Miguel de Brito, Memória Politica sobre a Capitania de Santa Catarina, Rio de Janeiro, 1816.
  • Piazza, Walter Fernando. Santa Catarina: História da Gente. Ed. Lunardelli, 1989.
  • Atlas Geográfico de Santa Catarina. Governo do Estado de Santa Catarina. 1986.
  • FLORES, Maria Bernadete Ramos; SERPA, Élio (orgs.). Catálogo de Documentos Avulsos Manuscritos referentes à Capitania de Santa Catarina – 1717-1827. Florianópolis: UFSC, 2000.

Ver também editar

Ligações externas editar

Referências

  1. «A Ilha de Santa Catarina sob domínio da Espanha, há 240 anos». ND Mais. 26 de fevereiro de 2017. Consultado em 11 de maio de 2022