O castelo de Foix é um castelo que se encontra encravado no centro da cidade de Foix, cidade à que domina desde uma altura de uns 60 metros, em cima de uma rocha calcária, estando no departamento francês de Ariège. Também é um importante centro de atração turística da cidade de Foix e do departamento de Ariège, e é conhecido igualmente por ser um dos principais lugares associados ao catarismo. Também é altamente conhecido pela relação que mateve a nobresa de Foix com Andorra.

Castelo de Foix

História editar

A rocha calcária sobre a qual se assenta o castelo está trufada por diversas grutas, que já foram habitadas pelo homem nos tempos pré-históricos, e que foram objeto de diversas campanhas de investigação, tanto de tipo espeleológico como arqueológico.

Na época celta pré-romana, o lugar seguiu ocupado, fato que atesta a seguinte citação de Júlio César, no ano 58 a.C.: O legado Crasso combateu contra os sitiados, que se resguardavam em um ópido fortificado.[1]

Sobre a mesma rocha esteve outrora encravado um santuário pagão, consagrado ao deus Abelio,[2] um deus do sol celta, que foi reencravado por uma construção fortificada (castrum) dos séculos VII e VIII (ainda que com o antecedente de uma pequena fortificação romana). No ano 507 é citado a existência de uma fortificação na cidade de Foxum (a atual Foix).[1]

No século IX constrói-se os pilares do que atualmente é o castelo uma abadia de estilo carolíngio, possivelmente fortificada, que no século X foi consagrada a São Volusiano,[1] santo pelo que os condes de Foix sentiram grande devoção ao longo do tempo.[3] A tal abadia acabou sendo destruída durante as Guerras de religião da França.

Igualmente conhece-se que Carlos Magno, possivelmente dentro de uma política de reforço das defensas pirenaicas ante os mouros que haviam ocupado a península ibérica, reforçou e modernizou o conjunto defensivo.

Segundo a documentação conservada, a existência do castelo já se atesta no ano 987. No ano 1012, figura no testamento outorgado por Roger II de Cominges "o velho", conde de Carcasona, conde de Couserans e conde de Razés, que legou a fortaleza a seu filho mais novo Bernardo I Rogério de Foix, o qual herdava o condado de Couserans e parte do condado de Razés. Sabe-se poucos dados sobre este primitivo castelo.

 
Castelo de Foix

Em efeito, a família senhorial proprietária da região havia-se instalado neste lugar que permitia o controle das vias de acesso à parte alta do vale de Ariège, ao observar deste ponto estratégico o país inteiro e por sua vez se protegia atrás de uma muralha inconquistável. De fato, o castelo está construído no ponto de confluência dos rios Arget e rio Ariège.[4]

Em 1034, o castelo tornou-se sede do condado de Foix, determinando um importante papel na história militar medieval. Durante os dois séculos seguintes, o castelo protegeu não só aos condes como também às personalidades inspiradoras da resistência occitana durante a Cruzada contra os cátaros, e o condado tornou-se em refúgio privilegiado dos cátaros perseguidos.

No ano 1116, Raimundo Berengário III, o Grande, conde de Barcelona, interveio militarmente na cidade e seu castelo para pôr fim a uma revolta anticatalã. Em 1857, Mariano Fortuny Marsal obteve um prêmio por um quadro em que descreve estes fatos, Raimundo Berengário III no castelo de Foix.[5]

O castelo, que sofreu vários investidas em sua história, entre eles os de Simão de Monforte (em 1211 e 1212), sempre resistiu aos assaltos bélicos, e unicamente foi conquistado em uma ocasião, em 1486, devido a uma traição acontecida por causa de combates entre duas ramificações da família condal de Foix. Proeza da época, os condes lograram preservar seu território da anexação a outros estados e inclusive experimentaram uma ascensão política. Não obstante em junho do ano 1272, Roger Bernardo III de Foix, conde de Foix e visconde de Castelbo rendeu-se ao rei da França, após este sitiar o castelo,[6] sendo encerrado em uma masmorra até que aceitou render homenagem ao rei da França.

Em 1290, Roger Bernardo III de Foix tornou-se em visconde de Béarn, ao casar-se com a herdeira do viscondado de Béarn, Margarida (veja a relação de titulares do viscondado).

 
Castelo de Foix

Desde o século XIV, os condes de Foix, entre eles Gastão III Febus (1343-1391) foram abandonando progressivamente o castelo, devido a sua falta de confortabilidade, em proveito do Palácio dos governadores (o atual tribunal) da cidade de Pau, a capital do viscondado de Béarn. A partir de 1479, o conde de Foix assumiu a coroa do reino de Navarra e o último deles, Henrique IV, rei da França em 1607, anexou à França em 1620 seus territórios da Baixa Navarra, que a Espanha não havia conseguido controlar após a Conquista de Navarra.

Sede do governador do País de Foix desde o século XV, o castelo seguiu contribuindo à defensa do País, especialmente durante as guerras da religião. Tornou-se no último dos castelos da região após a ordem de Richelieu de que todos eles fossem destruídos (1632-1638).[7]

Até a Revolução Francesa, a fortaleza manteve acantonada uma guarnição. Sua vida esteve constelada de recepções grandiosas quando tinham lugar as chegadas dos novos governadores, entre os que se contava o conde de Tréville, capitão dos mosqueteiros de Luís XIII da França, e o mariscal de Ségur, ministro de Luís XVI da França.

A torre Redonda, construída no século XV, é a mais recente, já que as duas torres quadradas foram construídas antes do século XI. Serviram como prisão para presos políticos e civis durante quatro séculos, até 1862.

 
Castelo de Foix

Em meados do século XIX, o castelo de Foix foi declarado Monumento histórico pelo governo francês. Nesse mesmo século, o castelo foi objeto de uma intensa restauração, que pretendia recuperar seu estilo medieval.[1]

Desde 1930, o castelo acolhe as coleções do Museu Departamental de Ariège. Pré-história, arqueologia galo-romana e medieval, etc., atestam a história de Ariège desde os tempos mais remotos. Atualmente, o Museu reorganiza suas coleções sobre a história do nascimento do castelo intentando mostrar como era a vida em Foix nos tempos dos condes. É igualmente interessante o espetáculo Era uma vez… Foix que cada verão organiza o Museu, durante o qual permanece iluminado todo o castelo.

Arquitetura editar

Ambas as torres quadradas, a coberta e a descoberta, são das partes mais antigas do castelo, remontando sua antiguidade nos séculos XIII ou XIV (ainda que atuando sobre elementos existentes com anterioridade), sendo que a redonda, a mais moderna, data do século XVI.[8] As três torres estão rematadas por almenas, e tem uma altura dentre 25 e 30 metros.

A torre quadrada descoberta conhece-se também como Tour d'Arget, posto que sua função é a vigilância do vale do rio Arget.

A torre central do castelo contém três salas providas de esplêndidas Abóbada de aresta.

As telas de união entre as torres (ou seja, a segunda muralha), igualmente almenas, e as barbacãs foram construídos no século XIII.

Ver também editar

Notas e referências

  1. a b c d «Web (em francês) sobre o castelo» 
  2. «Web turística sobre a Ruta cátara e o Caminho dos Bons Homens» 
  3. São Volusiano foi arcebispo de Tours, e esteve exilado em Toulouse
  4. É importante destacar o papel historicamente determinado pelos vales dos rios como vias de comunicação.
  5. «ArteHistoria, con cuadro y comentarios» 
  6. «Web (em francês) sobre o sítio, de 3 à 5 de junho de 1272, com abundantes detalhes históricos.» 
  7. «Web turística (em francês) sobre o castelo» 
  8. Michèle Aué: Descobrir el País Cátaro, 1992, Ed. M.S.M., Vic-en-Bigorre, ISBN 2-907899-80-5 (versão em língua castelhana).

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Castelo de Foix