Castelo de Lobeira

O Castelo de Lobeira localizava-se no concelho de Vilanova de Arousa, comarca de Vigo, província de Pontevedra, na comunidade autônoma da Galiza, na Espanha.

Cruz de Lobeira, Espanha.

Erguia-se no alto do monte de Lobeira, em posição dominante sobre a ria de Arousa.

História editar

Antecedentes editar

A primitiva ocupação humana de seu sítio remonta a um castro, conforme citado em documentos da Catedral de Santiago de Compostela onde é denominado como "Castro Lupus". A toponímia "Lobeira", reforça essa característica, uma vez que, em latim, "Lupara" significa "castelo" ou "mansão real", e também "covil de lobos".

O castelo medieval editar

A mais antiga referência documental à Lobeira, dá-a como local de nascimento, no século IX), de Teodomiro, bispo de Iria Flávia, que, segundo a lenda, foi um dos descobridores do sepulcro do Apóstolo Santiago.

A fortificação na Lobeira foi reforçada nessa época, com o fim de defesa da ria não apenas dos ataques dos viquingues mas também das investidas Muçulmanas. Recorde-se que a primitiva vila de Arousa foi arrasada por um assalto dos Normandos e que forças Muçulmanas chegaram a acampar nas ilhas tão próximas como a de Sálvora ou a de Arousa. O valor de sua posição estratégica sobre o Salnés e a ria de Arousa, permitia-lhe o controle da comarca, razão pela qual, após ter estado nas mãos da igreja, o castelo foi doado a destacamentos militares para melhor proteção de Compostela.

Com tempo converteu-se numa fortificação de grande importância, sendo palco de importantes episódios da história do reino da Galiza, como por exemplo nos séculos XI e XII, quando esteve ligada aos nomes de Dona Urraca, de seu filho Afonso VII e do Arcebispo Diego Gelmírez.

Após a morte de Raimundo de Borgonha, marido de Dona Urraca, esta voltou a casar, perdendo com isso a possibilidade de herdar o trono do reino de Castela, uma vez que o seu pai assim o dispusera através de uma cláusula em seu testamento. Iniciou-se então um enfrentamento entre os que queriam coroar o seu filho Afonso (entre eles o Arcebispo Gelmírez), e os que apoiavam o novo marido de Dona Urraca, Afonso I de Aragão, que desejava controlar as terras da Galiza. Um dos aliados do aragonês foi Arias Pérez, que à época era senhor do Castelo da Lobeira, e que, através de artifícios, aqui conseguiu aprisionar Gelmírez. Apesar disso, Afonso I de Aragão não conseguiu dominar a Galiza, e Arias Pérez também foi vencido. Entendeu então Dona Urraca que o seu inimigo para chegar ao trono era Gelmírez e empregou, sem sucesso, todos os seus esforços para vencê-lo. Em 1116 eclodiu uma guerra em que o Castelo da Lobeira tornou a ter papel-chave até que, em 1117, a rainha decidiu reconciliar-se com o seu filho e abdicou.

Assinala-se ainda que da época de D. Raimundo e Dna. Urraca, existem três petróglifos que se encontram nas imediações do miradoiro, e que representam os jogos flamengos com que se entretinham os soldados neerlandeses, que custodiavam a torre, trazidos por D. Raimundo do seu país.

Posteriormente, a Lobeira seria cobiçada por qualquer das partes em luta nos diversos conflitos vinculados ao poder de Compostela, como enclave para a defesa e abastecimento da capital compostelana que, junto com as Torres do Oeste eram conhecidas como as "portas de Compostela".

Das Revoltas Irmandinhas aos nossos dias editar

No contexto das revoltas Irmandinhas, durante a grande revolta irmandinha (1466-1469), quando foi formada Real Junta Irmandiña do Reino da Galiza, precursora da Junta da Galiza, comandada nesta região por Suero Gómez e Pedro Álvarez de Sotomaior, o castelo foi arrasado em retaliação contra os abusos de poder dos senhores feudais e do arcebispo de Santiago, a quem o castelo pertencia à época.

Os danos sofridos pelo castelo foram muito extensos, razão pela qual a mitra compostelana decidiu cedê-lo a Juan Antonio Mariño de Lobera, descendente de Ruy Soga de Lobera, anterior senhor da torre e personagem importante da história de Compostela, uma vez que a sua reconstrução seria por demais onerosa para a mitra, considerando que a povoação encontrava-se deserta devido às perseguições movidas pela nobreza quando de seu retorno à Galiza.

Os seus novos proprietários aproveitaram-lhe a pedra e transladaram-na para Rial, onde ergueram o magnífico paço ali existente, actualmente requalificado como um luxuoso hotel.

A completa ruína da torre deveu-se aos furtos vicinais e a inconsequentes concessões das pedras, o que se agravou após o bombardeio dos maquis refugiados no monte durante a Guerra Civil Espanhola.

Desde 2008, estão fazendo levantamento de estudo, trabalho e consolidação das ruínas.[1]

A cruz de Lobeira editar

Actualmente, no alto do miradouro da Lobeira, ergue-se uma grande cruz, ali postada em 1896 devido aos inúmeros naufrágios naquele trecho da costa, entre os quais se destacou o do navio-escola Serpent, que provocou grande comoção à época. Por essa razão, o Almirantado britânico fez colocar, numa das rochas do miradouro, uma placa em memória daqueles aprendizes-marinheiros.

Notas