Castro Marim

município e vila de Portugal

Castro Marim é uma vila raiana portuguesa pertencente ao Distrito de Faro, sub-região (NUT III) e região (NUT II) do Algarve, com cerca de 2000 habitantes.

Castro Marim

Vista geral de Castro Marim

Brasão de Castro Marim Bandeira de Castro Marim

Localização de Castro Marim

Gentílico Castro-marinense; castromarinense
Área 300,84 km²
População 6 578 hab. (2021)
Densidade populacional 21,9  hab./km²
N.º de freguesias 4
Presidente da
câmara municipal
Francisco Amaral (PSD, 2021-2025)
Fundação do município
(ou foral)
1277
Região (NUTS II) Algarve
Sub-região (NUTS III) Algarve
Distrito Faro
Província Algarve
Orago Nossa Senhora dos Mártires
Feriado municipal 24 de junho
Código postal 8950
Sítio oficial www.cm-castromarim.pt
Município de Portugal

É sede do Município de Castro Marim com 300,84 km² de área[1] e 6578 habitantes (censo de 2021)[2], estando subdividido em 4 freguesias.[3] O município é limitado a norte e noroeste pelo município de Alcoutim, a leste pela Espanha, a sudeste por Vila Real de Santo António (território principal), a sul pelo Oceano Atlântico, a sudoeste pela freguesia de Vila Nova de Cacela (exclave de Vila Real de Santo António) e a oeste por Tavira.

Em memória de sua mãe, Lúcia Gomes — uma portuguesa de Castro Marim —, o compositor e guitarrista espanhol Paco de Lucía deu o nome de Castro Marín ao seu décimo terceiro álbum.

História editar

Na margem direita do Guadiana, a vila de Castro Marim é palco de numerosos vestígios que comprovam a sua ocupação desde a antiguidade. Foi povoada por fenícios, cartagineses, gregos, romanos, visigodos e árabes. Foi conquistada aos mouros em 1242 e recebeu foral em 1277. Estando perto do rio, do mar, da planície e da montanha e fazendo fronteira com Ayamonte, Castro Marim foi durante séculos uma importante praça de guerra do Algarve.

Em redor do castelo, erguido por D. Afonso III, pode contemplar-se uma imensa paisagem de salinas tradicionais. A ligação de Castro Marim à atividade salineira vem de longa data, tornando-se quase impossível determinar a data precisa do seu início. A exploração deste recurso, a par da pesca e da agricultura, faz parte da economia desta região, marcando a cultura e a vivência da população local.

Visitar as salinas tradicionais é uma excelente oportunidade para descobrir os saberes tradicionais utilizados durante séculos na extração do sal, numa simbiose perfeita entre o trabalho do homem e a vontade da natureza. A sabedoria do incansável salineiro, que conserva a arte e os instrumentos tradicionais, oferece-nos dois produtos de qualidade superior, perfeitamente enraizados na população castromarinense.

As gentes de Castro Marim, habituadas desde a antiguidade ao convívio com diferentes povos vindos do mediterrâneo, trocaram produtos e práticas, absorveram modos de estar e de fazer, saberes amadurecidos pelo tempo que chegaram até nós através dos artesãos, tesouros vivos detentores e transmissores da herança imaterial de Castro Marim, que conservam a memória de um povo e de uma cultura.

Os visitantes ainda podem encontrar quem, à porta de sua casa, faz a minuciosa e delicada renda de bilros para decorar toalhas de mesa. Ainda é possível conhecer a cara dos homens que, com as sábias mãos, tecem cestos com palha e cana, folhas de junco e palmeira e observá-los no exercício do seu ofício.

Todos estes patrimónios estão aliados à paisagem natural do município de Castro Marim, um território com inúmeros encantos por descobrir que deslumbram todos aqueles que o visitam.

Freguesias editar

 
Freguesias do município de Castro Marim

O município de Castro Marim está dividido em 4 freguesias:

Freguesias do município de Castro Marim
Freguesia Residentes (2011) Residentes (2021)[2]
Altura 2195 2106
Azinhal 522 479
Castro Marim 3267 3278
Odeleite 763 576
Total 6747 6439


Demografia editar

De acordo com os dados do INE o distrito de Faro registou em 2021 um acréscimo populacional na ordem dos 3.7% relativamente aos resultados do censo de 2011. O concelho de Castro Marim registou um decréscimo a rondar os 4.6%.

Castro Marim
AnoPop.±%
1864 7 046—    
1878 7 792+10.6%
1890 8 370+7.4%
1900 8 308−0.7%
1911 8 908+7.2%
1920 8 290−6.9%
1930 9 402+13.4%
1940 9 717+3.4%
1950 9 810+1.0%
1960 9 992+1.9%
1970 7 462−25.3%
1981 7 297−2.2%
1991 6 803−6.8%
2001 6 593−3.1%
2011 6 747+2.3%
2021 6 439−4.6%

★ Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário ★★[4]
1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
0-14 Anos 2 633 2 978 2 814 2 943 2 821 2 616 2 516 1 310 1 449 1 037 830 838 705
15-24 Anos 1 400 1 363 1 361 1 728 1 541 1 634 1 605 1 035 968 926 758 644 545
25-64 Anos 3 670 3 656 3 475 4 032 4 205 4 461 4 855 3 670 3 465 3 286 3 277 3 462 3 096
= ou > 65 Anos 404 574 549 656 785 905 1 016 1 095 1 415 1 554 1 728 1 803 2 093

★★ De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente

Economia editar

Uma das atividades económicas do município é o turismo, pois o município dispõe de uma faixa litoral com várias praias.

Também a extração de sal é realizada nas salinas junto ao rio Guadiana. É possível ir a banhos de sal, porque uma empresa dedicada à salicultura artesanal está a desenvolver um novo produto, no meio das salinas.[5]

Castro Marim é palco anualmente de uma feira medieval que acontece perto do final de agosto, integrada nas festividades denominadas Dias Medievais de Castro Marim. Esta feira junta vários artistas de todo o mundo, tais como músicos medievais, arqueiros, espadachins, trupes, dançarinos, etc. Também traz vendedores e vários tipos de artesãos como tecelões, ferreiros, ervanários, etc.

Equipamentos editar

Percursos pedestres

  • PR1 CTM Do Passado ao Presente - 3km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR2 CTM Circuito do Beliche - 6km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR3 CTM Azinhal, uma janela para o Guadiana - 8km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR4 CTM Odeleite, de perto e de longe - 11km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR5 CTM Terras da Ordem - 12km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR6 CTM Canaviais do Barranco do Ribeirão - 7km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR7 CTM Caminhos da Cabra Algarvia - 15km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR8 CTM Circuito das Amendoeiras - 11km - Entidade Promotora: ODIANA[6]
  • PR9 CTM – Percurso Pedestre Mina e Alfufeira[1]
  • PR10 CTM – Percurso Pedestre dos Barrancos[2]

Património editar

  • Castelo de Castro Marim - As populações que habitavam o espaço português conheceram, desde tempos muito remotos, a necessidade de se munirem de estruturas defensivas. Está a vila de Castro Marim edificada sobre um monte do Castelo, umas das mais significativas invocações que a Idade Média introduziu na paisagem portuguesa, na margem direita do rio Guadiana. A primeira fortaleza de Castro Marim deveria ter consistido num castro familiar ou de povoamento do período neolítico, levantado na coroa desse monte. Devido à configuração topográfica e localização estratégica de Castro Marim, foi esta vila povoada por vários povos, entre eles, Fenícios, Cartagineses, Vândalos e Mouros, estes derrotados, aquando da conquista da vila por D. Paio Peres Correia em 1242. Em 1277, D. Afonso III concedeu-lhe Carta de Foral com grandes privilégios para atrair população mais facilmente aquela zona, erguendo a cerca medieval, onde inicialmente, a vila se desenvolveu. A vila cresceu, inicialmente, dentro das muralhas do castelo velho, de planta quadrangular, definido por quatro torreões cilíndricos nos ângulos e um pátio interno, com duas portas de acesso, uma a sul e outra norte. Mais tarde, no reinado de D. Dinis, compensando a perda de Ayamonte que passou para o domínio de Castela, mandou o rei reforçar a fortificação, ampliando-a com a construção da Muralha de Fora, para abrigo e defesa da população, atraindo-a com a confirmação e ampliação dos privilégios atribuidos pelo seu pai D. Afonso III, concedendo-lhe nova Carta de Foral em 1282. Durante todo o processo de conquista do Algarve, não se pode descurar a importância do papel das Ordens Militares Religiosas. Castro Marim, pela sua localização geo-raiana, conseguiu atrair, com a ajuda do rei D. Dinis e pela bula papal instituída pelo papa João XXII, a Ordem de Santiago, que terá herdado os bens da Ordem dos Templários extinta em 1321, instalando a sua sede no Castelo de Castro Marim de 1319 até 1356, ano em que foi transferida, por ordem de D. Pedro I, para Tomar, devido à cessação das lutas contra os mouros e de um progressivo desprestígio da zona. A partir dessa altura, a importância deste Castelo foi diminuindo e a vila começou a despovoar-se, apesar dos privilégios atribuídos pelos monarcas. Com a entrada do século XV e com o incremento das campanhas ultramarinas, a Coroa Portuguesa encontrou no Algarve o melhor posicionamento geográfico e estratégico, pela proximidade ao Norte de África, mantendo assim mais facilmente essas praças, controloando-as, para além de controlar possíveis ataques de corsários vindos do sul ou da vizinha Espanha. Castro Marim tornava-se assim, pela sua localização geográfica, numa das principais praças de guerra aquando do destacamento das nossas tropas além-mar, perdendo o seu apogeu relativamente a outras praças de guerra algarvias durante o século XVI. Durante o reinado de D. Manuel I, com a nova Carta de Foral atribuída a esta vila em 1504, inicou-se relevante obra de restauro e defesa do Castelo, inicada em 1509. Esta obra visara um duplo objectivo de apoio às conquistas ultramarinas e de vigilância aos possíveis ataques corsários a que esta vila estava sujeita. Dentro do recinto muralhado, situavam-se as ruínas da Igreja de Santiago, primitiva matriz da vila, construída no século XIV, a Igreja de Santa Maria e antiga Igreja da Misericórdia, junto à porta de Armas, que serviu a população até ao século XVI, altura em que a vila começou a crescer para fora do recinto muralhado, significando o aumento de terra firme. Por este motivo e com o incremento das estruturas abaloartadas durante o século XV, mandou D. João IV, aquando das Guerras da Restauração em 1640, dada a importância militar desse ponto, restaurar o Castelo e fazer novas obras de fortificação, construindo o Forte de S. Sebastião e de Revelim / Forte de S. António.
  • Igreja de Santo António - com retábulo evocando os milagres do santo
  • Forte de São Sebastião (Monumento Nacional) - O forte de São Sebastião de Castro Marim - assim denominado por ocupar o local onde anteriormente terá existido uma ermida dedicada a São Sebastião - é o melhor exemplo conservado do que foi o amplo processo de renovação do sistema defensivo da vila nos meados do século XVII. A sua construção deve-se ao rei D. João IV, no âmbito das Guerras da Restauração com Espanha, e terá sido iniciado logo em 1641, o que prova a importância deste ponto do território. O projeto então posto em prática transformou o velho castelo medieval na praça militar mais importante de todo o Algarve, facto reforçado pela localização estratégica face à linha de fronteira. A planta do forte adaptou-se ao cerro em que se implantou, definindo um recinto amuralhado irregular, que integra cinco baluartes e cuja porta principal está virada a Norte, precisamente na direção do burgo e do castelo. Esta relação de proximidade com o castelo de Castro Marim é um dos aspetos mais importantes das obras realizadas na vila no século XVII, na medida em que o novo sistema militar da localidade não prescindiu do antigo recinto muralhado, mas integrou-o na nova estrutura, constituindo-se, assim, uma complementaridade entre antigo e moderno que aqui adquire real expressão.
  • Igreja de São Sebastião - com retábulos do século XVII e pinturas a têmpera do século XVIII

Cultura editar

  • Biblioteca
  • Casa de Odeleite
  • Casa da Musica
  • Casa do Sal
  • Centro Multiusos do Azinhal
  • Mercado de Castro Marim
  • Moinho das Pernadas
  • Núcleo Museológico

Praias editar

As praias de Castro Marim são as seguintes:

Política editar

Eleições autárquicas [7] editar

Data % V % V % V % V % V % V % V % V % V Participação
PS PPD/PSD FEPU/APU/CDU UDP/BE PRD CDS-PP PSD-CDS IND CH
1976 44,17 2 29,46 2 17,77 1
53,87 / 100,00
1979 41,10 3 33,11 2 12,22 - 8,48 -
63,96 / 100,00
1982 57,94 4 22,64 1 10,15 - 3,03 -
71,04 / 100,00
1985 42,74 2 31,69 2 5,98 - 14,79 1
68,53 / 100,00
1989 53,73 3 31,01 2 4,97 - 5,38 -
69,21 / 100,00
1993 53,27 3 36,98 2 4,10 - 1,18 -
71,81 / 100,00
1997 44,01 2 49,52 3 2,01 - 0,70 -
73,75 / 100,00
2001 44,74 2 48,85 3 1,04 - 2,09 -
75,91 / 100,00
2005 42,93 2 50,08 3 2,25 - 1,12 -
72,76 / 100,00
2009 40,18 2 54,37 3 2,07 - 1,01 -
70,74 / 100,00
2013 43,08 2 47,43 3 2,95 - 2,04 - 0,61 -
66,18 / 100,00
2017 36,31 2 CDS-PP 2,37 - PPD/PSD 37,13 2 21,08 1
67,59 / 100,00
20191 34,46 2 3,46 - 59,91 3
55,82 / 100,00
2021 31,32 2 56,18 3 3,62 - 0,80 - 4,69 -
57,58 / 100,00

1 - Eleições Intercalares

Eleições legislativas editar

Data %
PS PSD PCP CDS UDP AD APU/

CDU

FRS PRD PSN BE PAN PSD
CDS
L CH IL
1976 51,90 17,78 7,42 4,07 3,07
1979 43,05 AD APU AD 4,48 27,18 14,23
1980 FRS 3,21 27,61 11,82 44,13
1983 53,48 20,21 2,79 1,75 13,57
1985 35,63 24,35 3,71 2,39 11,76 14,25
1987 34,83 41,12 CDU 1,76 1,04 7,17 6,27
1991 37,97 47,31 1,88 4,64 0,88 2,36
1995 58,66 27,10 4,36 1,15 4,56 0,28
1999 56,73 27,95 4,60 5,13 1,09
2002 46,01 38,56 6,49 3,88 1,56
2005 55,63 25,30 3,98 4,34 5,68
2009 36,76 29,74 8,52 5,30 12,70
2011 29,85 39,22 9,25 7,10 6,29 1,08
2015 39,92 CDS PSD 7,35 13,00 1,05 29,35 0,57
2019 43,15 23,62 3,90 6,31 10,58 2,97 0,71 1,78 0,26
2022[8] 43,20 25,49 0,71 3,50 4,34 1,14 0,84 14,18 3,00

Personalidades destacadas editar

Geminações editar

Castro Marim está geminada com:

Galeria editar

Ver também editar

Referências

  1. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013» (XLS-ZIP). Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2013 
  2. a b INE. «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  4. INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  5. «Castro Marim apresenta SPA de água salgada». RTP. 21 de julho de 2015 
  6. a b c d e f g h RNPP – Registo Nacional de Percursos Pedestres Percursos Pedestres Homologados Versão 21/12/2016
  7. «Concelho de Castro Marim : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 2 de janeiro de 2022 
  8. «Eleições Legislativas 2022 - Castro Marim». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 4 de dezembro de 2023 
  9. informatica (17 de julho de 2015). «Geminações». Município de Castro Marim. Consultado em 30 de abril de 2023 

Ligações externas editar

 
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