A caverna de Zeus, também conhecida como Ideon Andron (em grego: Ἰδαίον Ἄντρον; romaniz.:Idaíon Ántron ou Ιδαίο άντρο; Idaío ántro), Spiliara tis Voskopoulas ou Arkession Andron é uma caverna localizada em Creta, na encosta do monte Ida, poucos metros acima do planalto de Nída, na unidade regional de Retimno, 23 km a sudoeste da aldeia de Anogeia, 55 km a sudoeste de Heraclião (distâncias por estrada). Está a aproximadamente 1 540 metros acima do nível do mar.[1] Possui uma câmara principal de 40 metros de comprimento e 50 metros de largura e foi escavada quatro vezes, sendo duas principais (1885 por Federico Halbherr; 1982 por Yannis Sakellarakis) e duas menores (1917 por Stephanos Xanthoudides; 1956 por Spyridon Marinatos).[2][3]

Caverna de Zeus
Caverna de Ida, Ideon Andron, Idaion Antron,
Spiliara tis Voskopoulas, Arkession Andron
Ιδαίο άντρο (Idaío ántro),
Ἰδαίον Ἄντρον (Idaíon Ántron)
Caverna de Zeus
Entrada da caverna
Localização atual
Caverna de Zeus está localizado em: Creta
Caverna de Zeus
Localização da Caverna de Zeus em Creta
Coordenadas 35° 12' 30" N 24° 49' 44" E
País  Grécia
Região Creta
Unidade regional Retimno
Altitude 1 540 m
Notas
Escavações • Federico Halbherr (1885)
• Stephanos Xanthoudides (1917)
• Spyridon Marinatos (1956)
• Yannis Sakellarakis (1982)
Acesso público Sim

A caverna foi utilizada do final do período neolítico até o período romano. Originalmente era utilizada para o culto do deus minoico da vegetação, contudo, este foi substituído pelo culto a Zeus.[2] A caverna foi conhecida como um lugar de iniciações,[4] e pode ter servido como local de um oráculo, simbolizado pela representação frequente de um tripé em moedas da vizinha Oaxo, que presumivelmente controlava o território em volta da caverna.[5] As primeiras escavações da caverna revelaram exemplos de trabalho com metais do período geométrico e escudos votivos de bronze dos séculos VIII–VII a.C. com cenas incisas e marteladas. Posteriormente foram identificadas lamparinas de argila,[3] estatuetas de bronze, selos de pedra, ferramentas e objetos de metal, escudos de cobre, marfim e ourivesaria, cerâmicas e joias de ouro.[1]

A designação "Caverna de Zeus" também pode se referir a uma caverna com o mesmo nome na ilha de Naxos.

Saturno devorando seu filho, Francisco de Goya (1819-1823)

Mito de Zeus editar

Após Cronos ter castrado seu pai, o titã tornou-se o novo senhor dos céus e desposou sua irmã Reia. Um oráculo de seu pai profetizou que um de seus filhos iria destroná-lo, então, Cronos, toda vez que sua esposa dava luz a um filho, o devorava. Reia, triste com o destino de seus filhos, resolve não entregar seu último filho, Zeus e o envia para Creta,[6][7] onde é criado pela cabra Amalteia, e no lugar deste, dá a Cronos uma pedra embrulhada. Anos depois, a cabra revela a Zeus sua origem e o fim de seus irmãos, o que provoca ódio no deus, a ponto de este aliar-se com sua tia titânide Métis que lhe-dá uma poção que Cronos deveria tomar para vomitar seus parentes.[8] Cronos tomou a poção e, com isso, regozijou seus filhos já crescidos que aliaram-se, juntamente com Zeus contra ele, que, por ventura, aliou-se com outros titãs liderados por Atlas, o que deu início a titanomaquia. Para a derrocada dos titãs, Zeus libertou seus tios que haviam sido presos no Tártaro, os ciclopes e os hecatônquiros. Como resultado, os titãs foram completamente aniquilados e todos, exceto Atlas que recebeu o castigo de sustentar a abóbada celeste, foram enviados para o Tártaro, o que deixou o caminho livre para uma nova divisão celeste: Zeus tornou-se senhos dos céus e da terra, e seus irmãos Posidão e Hades, tornaram-se senhores dos mares e do inferno, respectivamente.[9]

Referências

  1. a b «Ideon Andron» (em inglês). Webcrete.net. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  2. a b «Ideon Andron» (em inglês). Explorecrete.com. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  3. a b «Ideon Andron» (em inglês). Explorecrete.com. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  4. Ustinova 2009, p. 180
  5. Ustinova, noting Capdeville 1990, and, critically, Prent 2005:568.; Ustinova dá referências modernas úteis. referências a caverna Ideana: Cook, Zeus (1914) 1940, vol. II:932, 938; Willetts 1962:143f, 239-42; Faure 1964:100-15; Prent 2005568, :592-94; Nilsson (1961) 1967, vol. I:261, 320; Sakellarakis 1988
  6. Pseudo-Apolodoro século I ou II, p. 1.1.6.
  7. Higino século I, p. CXXXIX.
  8. Wilkinson 2010, pp. 18-19.
  9. Hesíodo século VIII a.C., p. 49-50.

Bibliografia editar

  • Hesíodo (século VIII a.C.). Teogonia. [S.l.: s.n.]  Tradução em português: Regino, Sueli Maria de (2010). Teogonia - Trabalhos e dias. São Paulo: Martin Claret. 144 páginas. ISBN 978-85-7232-708-4 
  • Higino (século I). Fabulae. [S.l.: s.n.] 
  • Ustinova, Yulia (2009). Caves and the Ancient Greek Mind: descending underground in the search for Ultimate Truth (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  • Wilkinson, Philip (2010). Mitos & Lendas. Origens e significados. [S.l.]: Martins Fontes. ISBN 978-85-7827-327-9 
 
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