Colisão entre satélites de 2009

O evento conhecido como Colisão entre satélites de 2009, foi a primeira colisão acidental em hipervelocidade ocorrida entre dois satélites artificiais em órbita terrestre.[1]

Uma réplica de um satélite Iridium.

A colisão ocorreu as 16h56 UTC em 10 de Fevereiro de 2009 a 789 km[2] de altitude sobre a península de Taymyr na Sibéria, quando o Iridium 33 e o Kosmos-2251 colidiram.[3][4][5]

Os satélites colidiram à velocidade de 11,7 km/s, ou aproximadamente 42 120 km/h.[6][7]

A Colisão editar

 
Diagrama da colisão.

A colisão, destruiu ambos. O Iridium 33 (da Iridium Communications Inc.) e o Kosmos 2251 (da Russian Space Forces), sendo que o satélite Iridium estava operacional na época da colisão, enquanto o Kosmos estava fora de serviço desde 1995, e já não estava sob controle ativo (estava apenas sendo rastreado).[8][9][10]

Várias pequenas colisões haviam ocorrido anteriormente, durante tentativas de acoplamento ou destruição intencional, incluindo a colisão dos satélites DART e MUBLCOM,[11] e três colisões envolvendo a estação espacial Mir, durante as tentativas de acoplamento das espaçonaves: Progress M-24, Progress M-34, e Soyuz TM-17.[12] Em 1996, o satélite Cerise colidiu com destroços.[13] Foram registradas oito colisões em alta velocidade no total, a maioria das quais só foi percebida depois que ocorreram.[14]

Os objetos editar

 Ver artigos principais: Kosmos 2251 e Iridium 33

O Kosmos 2251, foi um satélite de comunicação militar do tipo Strela de 950 kg.[8] Ele foi lançado por um foguete Kosmos-3M em 16 de Junho de 1993.[4] Ele foi desativado bem antes da colisão, e havia permanecido em órbita como "lixo espacial".

O Iridium 33, foi um satélite de 560 kg, e fazia parte de um conjunto de 66 satélites de telefonia celular da Iridium constellation.[4] Ele foi lançado em 14 de Setembro de 1997 por um foguete Proton.

A queda editar

 
Clarões gerados pelos destroços maiores do Iridium 33.

A NASA, estimou que a colisão gerou cerca de 1 000 fragmentos maiores que 10 centímetros, além de uma quantidade não calculada de pedaços menores.[15]

Em Julho de 2011 a U.S. Space Surveillance Network havia catalogado mais de 2 000 fragmentos grandes.[16]

A NASA divulgou, na época, que o risco para a ISS, que orbita 430 km abaixo de onde ocorreu a colisão, era baixo,[8][17] Assim como para o lançamento da missão STS-119, com o ônibus espacial, então planejada para o final de Fevereiro de 2009.[8]

No entanto, cientistas chineses alegaram que os destroços poderiam colocar em risco satélites chineses em órbita heliossíncrona.[18] A ISS, por sua vez, necessitou efetuar uma manobra de desvio para evitar colidir com os fragmentos em Março de 2011.[16]

Em Dezembro de 2011, vários fragmentos estavam diminuindo sua altitude regularmente, e esperava-se que todos "queimassem" na atmosfera em um ou dois anos.

Um pequeno pedaço dos destroços do Kosmos 2251, passou de forma segura a uma distância relativamente pequena da ISS as 2h38 EDT em 24 de Março de 2012. Como precaução, os seis membros da tripulação na época, ficaram refugiados nas duas naves Souyz que naquele momento estavam acopladas à estação, até que os destroços se afastassem.

Foram registradas ocorrências de fenômenos óticos no Texas, Kentucky e Novo México que foram atribuídas a destroços dessa colisão.[19]

Em 13 de Fevereiro, testemunhas no Kentucky escutaram "estrondos supersônicos".[20] O National Weather Service, emitiu um alerta aos residentes da área indicando que os "estrondos supersônicos", foram causados por queda de destroços de satélites.[21]

A Federal Aviation Administration, também emitiu um NOTAM alertando os pilotos sobre a reentrada de destroços.[22]

Um bólido ("bola de fogo"), sobre o Texas em 15 de Fevereiro foi confundida com destroços reentrando na atmosfera.[23]

A NASA e o United States Strategic Command, que monitora satélites e destroços em órbita, não anunciaram nenhuma reentrada de destroços naquela época.[24] e anunciaram que esses fenômenos não estavam relacionados com a colisão dos satélites.[25]

Alguns relatórios, incluíram detalhes que constatavam que esses fenômenos foram causados por uma "chuva de meteoros".[24]

Causa editar

Eventos nos quais satélites se aproximam a alguns quilômetros uns dos outros, ocorrem várias vezes todos os dias. Devido ao grande número de colisões em potencial, é muito difícil identificar aquelas com maior chance de acontecer. Informações precisas e atualizadas sobre a posição dos satélites são difíceis de obter. Cálculos feitos pela CelesTrak, levaram a crer que eles se aproximariam a no máximo 584 metros.[26]

Planejar uma manobra evasiva tendo em vista os riscos estimados, o consumo de combustível requerido pela manobra, e seus efeitos no funcionamento normal do satélite, são tarefas igualmente difíceis. Num fórum em Junho de 2007, John Campbell da Iridium, apresentou e discutiu essas questões e a dificuldade em gerenciar todas as notificações sendo recebidas a respeito de aproximações mais críticas, que na época chegavam a 400 por semana (para aproximações de até 5 km) para todo o conjunto de satélites da "constelação Iridium". Ele estimou que o risco de colisão em cada grupo era de 1 em 50 milhões.[14]

Esta colisão e várias outras "quase colisões", renovaram as cobranças para um tratamento obrigatório para satélites "mortos" (geralmente forçando a sua queda e reentrada proposital e sob controle), mas ainda não existe uma lei internacional sobre esse assunto. Apesar disso, alguns países criaram essa lei. Um exemplo é a França que o fez em 2010.[27]

Ver também editar

Referências

  1. Orbital Debris Quarterly News (PDF). Satellite Collision Leaves Significant Debris Clouds (em inglês). 13 2 ed. [S.l.]: NASA Orbital Debris Program Office. 2009. pp. 1–2 
  2. «COLLISION BETWEEN TWO SATELLITES IN ORBIT: IRIDIUM 33 AND COSMOS 2251». N2YO. 10 de fevereiro de 2009. Consultado em 21 de março de 2013. Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2009 
  3. McDowell, Jonathan. «Jonathan's Space Report No. 606». Host Planet. Consultado em 21 de março de 2013 
  4. a b c Iannotta, Becky. «U.S. Satellite Destroyed in Space Collision». Space.com. Consultado em 21 de março de 2013 
  5. Achenbach, Joel. «Debris From Satellites' Collision Said to Pose Small Risk to Space Station». The Washington Post. Consultado em 21 de março de 2013 
  6. Marks, Paul. «Satellite collision 'more powerful than China's ASAT test». New Scientist. Consultado em 21 de março de 2013 
  7. Matthews, Mark K. «Crash imperils satellites that monitor Earth». Orlando Sentinel. Consultado em 21 de março de 2013. Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2009 
  8. a b c d «Russian and US satellites collide». BBC News. Consultado em 21 de março de 2013 
  9. Wolf, Jim. «U.S., Russian satellites collide in space». Reuters. Consultado em 21 de março de 2013 
  10. «First Satellite Collision Called Threat in Space». Moscow Times. Consultado em 21 de março de 2013. Arquivado do original em 13 de janeiro de 2013 
  11. «DART Mishap Investigation Board Final Report» (PDF). NASA. Consultado em 21 de março de 2013 
  12. Wade, Mark. «Soyuz». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 21 de março de 2013 
  13. Stern, David. «Is it possible for two orbiting satellites to collide?». NASA. Consultado em 21 de março de 2013. Arquivado do original em 20 de janeiro de 2009 
  14. a b Weeden, Brian. «Billiards in space». The Space Review. Consultado em 21 de março de 2013 
  15. Oleksyn, Veronika. «What a mess! Experts ponder space junk problem». Associated Press. Consultado em 22 de março de 2013 
  16. a b «Orbital Debris Quarterly News, July 2011» (PDF). NASA Orbital Debris Program Office. Consultado em 22 de março de 2013 
  17. Dunn, Marcia. «Big satellites collide 500 miles over Siberia». The Associated Press. Consultado em 22 de março de 2013. Arquivado do original em 11 de julho de 2011 
  18. «China alert on U.S.-Russian satellite collision». Xinhua. Consultado em 22 de março de 2013 
  19. Byrne, Joe. «Satellite wreckage falls on Kentucky, Texas, New Mexico». NASA. Consultado em 22 de março de 2013 
  20. «Satellites Collide; Debris Seen Falling Over Kentucky». WYMT. Consultado em 22 de março de 2013. Arquivado do original em 17 de fevereiro de 2009 
  21. «POSSIBLE SATELLITE DEBRIS FALLING ACROSS THE REGION». WYMT. Consultado em 22 de março de 2013 
  22. «FAA warns of possible falling satellite debris». CBS News Space Place. Consultado em 22 de março de 2013 
  23. Plait, Phil. «Texas Fireball: What's known so far». Bad Astronomy blog. Consultado em 22 de março de 2013 
  24. a b Phillips, Tony. «Fireball Mania». National Aeronautics and Space Association. Consultado em 22 de março de 2013 
  25. Berger, Eric. «Metallic meteorite likely sent fireball across Texas sky». Houston Chronicle. Consultado em 22 de março de 2013 
  26. «Iridium 33/Cosmos 2251 Collision». CelesTrak. Consultado em 22 de março de 2013. Arquivado do original em 17 de março de 2009 
  27. Reynolds, Glenn H. «Space Junk and the Law of Space Collisions». Popular Mechanics. Consultado em 22 de março de 2013. Arquivado do original em 16 de março de 2009 

Ligações externas editar