Congregação do Oratório


Confederação do Oratório
 
Confoederatio Oratorii Sancti Philippi Nerii
Brasão Confederação do Oratório
sigla
C.O.
Tipo: Ordem Religiosa
Fundador (a): São Filipe Néri
Local e data da fundação: Roma, 1575
Aprovação: 1612, por Papa Paulo V
Superior geral: Pe. Michele Nicolis
Membros: 542 membros (430 sacerdotes) (2016)
Atividades: educação cristã da juventude e do povo e a obras de caridade
Sede: Via di Parione 33, 00186 Roma, Itália
Site oficial: www.oratoriosanfilippo.org
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A Congregação do Oratório, hoje Confederação do Oratório (Confoederatio Oratorii Sancti Philippi Nerii), também conhecida como Oratorianos ou Ordem de São Filipe Néri, é uma sociedade de vida apostólica fundada em 1565, em Roma, por São Filipe Néri, para clérigos seculares, sem votos de pobreza e obediência, dedicando-se à educação cristã da juventude e do povo e a obras de caridade.

Reúne todas as congregações cujos membros são conhecidos como oratorianos ou filipinos, e pospõem aos seus nomes a sigla C.O., instituídas ao longo dos séculos, pela Santa Sé segundo o espírito da primeira, fundada em Roma, com a bula Copiosus in misericordia Deus (1575) do Papa Gregório XIII.

História editar

A Reforma Protestante do século XVI, que ameaçou, na sua propagação e força, a própria existência da Igreja Católica, nela provocou várias reações de sobrevivência. Esse século viu surgir várias entidades como a Sociedade de Jesus, fundada por Inácio de Loiola; os Teatinos, por São Caetano; os Barnabitas, por António Maria Zaccaria; os Irmãos Hospitaleiros, por João de Deus; e a Congregação do Oratório, por Filipe Néri.

A fundação dessa última se deu em San Girolamo della Carità, Roma, onde os discípulos se reuniam para instrução espiritual. Gradualmente essas conferências tomaram forma definitiva, e padre Filipe construiu um oratório sobre o altar de San Girolamo, onde elas pudessem ser realizadas. Provavelmente foi daí que veio o nome da congregação.

Em 1564, ele assumiu o comando da igreja de São João dos Florentinos, onde seus discípulos, que eram sacerdotes, celebravam a missa e pregavam quatro sermões ao dia, intercalados por hinos e devoções populares. Onze anos de trabalho em São João convenceram o crescente grupo da necessidade de ter uma igreja própria e viver sob uma regra definida. Filipe e seus colaboradores, com o beneplácito do Papa, adquiriram em 1575 sua própria igreja, Santa Maria de Vallicella, que estava quase em ruínas e era muito pequena, pelo que decidiu-se demoli-la e construir uma maior, a chamada "Igreja Nova”, onde a congregação foi erigida por Gregório XII, em 15 de julho de 1575.

A nova comunidade congregaria sacerdotes seculares vivendo sob obediência, mas sem estar comprometidos por nenhum outro voto. Filipe foi tão enfático neste ponto da regra, que mesmo se a maioria quisesse vincular-se por votos, a minoria que não o fosse possuiria o domínio da comunidade. Habeant possideant (“Eles possuem”), foram as suas palavras.

Outra peculiariedade do Instituto foi o fato de cada casa ser independente. E quando se sugeriu a Filipe que se uma casa tivesse apenas um punhado de membros e outra um número excessivo, seria benéfico transferir indivíduos da comunidade mais numerosa, ele respondeu: “Cada casa viverá por sua própria vitalidade, ou perecerá por sua própria decrepitude”. O motivo provável foi evitar o risco de qualquer comunidade se arrastar em uma existência decadente.

Em 1599, o Cardeal Pierre de Bérulle fundou em França uma sociedade semelhante. As congregações do Oratório, independentes umas das outras, mas cultivando o mesmo espírito, multiplicaram-se sobretudo na França, Itália, Portugal e Espanha, exercendo notável influência até princípios do século XIX.

Em Portugal editar

Em Portugal, a Congregação do Oratório foi uma das mais importantes instituições na expansão do iluminismo, servindo de contraponto aos jesuítas.[1]

Em Lisboa teve o seu princípio na Capela Real, em 1654, pelo seu Fundador, o Venerável Padre Bartolomeu de Quental, Capelão, Confessor e Pregador da mesma Capela, onde com outros Sacerdotes seculares começaram os seus exercícios de Oração mental pública com práticas espirituais nos Domingos e dias Santos.[2] Em 1659 criou, uma associação de sacerdotes, com o nome de Congregação de Nossa Senhora das Saudades. Nessa altura a rainha D. Luísa de Gusmão, por Decreto de 18 de Fevereiro deste ano, aprovou a Congregação e uma casa.[3] Assim, passaram a se congregar em Comunidade no sítio das fangas da farinha da Rua Nova do Almada, mas, por ser apertado aquele sítio para o número dos Congregados e das pessoas que acudiam aos seus exercícios, se mudaram para a Igreja do Espírito Santo da mesma rua.[2] Isso concedido pelos irmãos do Hospital do Espírito Santo da Pedreira, a igreja e o hospício a ela anexo, por contracto feito em 1671 pelo tabelião Domingos de Barros, que congregantes vieram a ocupar em 1674.[4]

Em 1673 surge um Convento masculino de São Filipe Néry em Freixo de Espada à Cinta, implantado num terreno onde está ainda a sua igreja, onde existia antes uma capela de invocação a Nossa Senhora do Vilar, com casa do ermitão e hospedaria dos romeiros, que foi cedido pela camara municipal ao Padre Francisco da Silva da respectiva ordem.[5]

No processo da expansão desta congregação «católica, será a vez de Braga, que em 1686, foi construída a Capela do Oratório no Campo de S. Ana, a mando do cónego João Meira Carrilho e sob os auspícios do Arcebispo Primaz D. Luís de Sousa.[6][7]

Em 1745 o edifício do então chamado Hospício da Nossa Senhora das Necessidades, em Lisboa (onde é hoje a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros), foi doado à Congregação do Oratório para actividades pedagógicas na crianças. Contudo o Marquês de Pombal, depois de começar por aceitar a actividade da Congregação do Oratório, em substituição da dos jesuítas expulsos em 1759 por ele, procurou depois também extingui-los, com o pretexto de que ensinavam doutrinas perniciosas à mocidade.[8] De tal forma, que foram suspensos de pregar, confessar e exercer o ensino.[4] Assim, este local foi encerrada, só reabrindo em 1777, quando o rei D. José I de Portugal morreu e este seu 1º ministro se viu obrigado a fugir da capital.[8]

Para demonstrar o seu apoio e disposta a inverter a política anticlerical do governo de seu pai, a rainha D. Maria I de Portugal cedeu-lhes a capela à entrada do Hospital de São José, já que uma das funções da Congregação do Oratório era a assistência espiritual aos doentes.[4]

Por fim, na sequência da Extinção das ordens religiosas, em 1834, também os bens, rústicos e urbanos, desta Congregação foram vendidos em haste pública.

No Brasil editar

 
Antigo Convento dos Padres Oratorianos de São Filipe Néri no Recife, hoje um centro comercial.

No Brasil, as missões dos oratorianos iniciaram-se provavelmente em fins de 1659 ou início de 1660, com a chegada a Pernambuco dos padres seculares portugueses João Duarte do Sacramento e João Rodrigues Vitória. Entre 1669 e 1685, várias aldeias missionárias foram fundadas no sertão, como a de Araribá (que se tornou a vila de Cimbres), Limoeiro, Tapessuruma, Ipojuca, Tacaratu e outras. No final do século os oratorianos as abandonaram, dedicando-se a missões temporárias, que chamavam «volantes» e a prestar serviços religiosos aos portugueses.

Hoje confederaram-se, formando a Confederação do Oratório.

 
Terras dos índios na Serra do Ororubá e as outras terras da Congregação do Oratório, em 1813. Mapa de José da Costa Pinto.

Atualmente, a Congregação do Oratório de São Paulo (Brasil), localizada no Parque São Lucas, (Região Belém — Arquidiocese de São Paulo), é o único oratório do mundo na língua portuguesa.

Foi fundado pelo padre italiano Aldo Giuseppe Maschi (1920-1999), que chegou ao bairro por acaso, já que fora enviado em missão a outra região de São Paulo. Mas se encantou com a população local e decidiu permanecer ali, onde havia uma pequena capela dedicada a Santo Antônio. No seu lugar, padre Aldo construiu uma grande paróquia, a Paróquia São Filipe Néri, tornando-se fundador e prepósito (prefeito ou prelado) da Congregação do Oratório de São Paulo. Hoje ela é formada por quatro padres, cinco irmãos e quatro noviços. Os padres atuais ampliaram a fundação, trazendo ao bairro um convento feminino, das Irmãs Auxiliadoras do Oratório, que já possui duas irmãs, além de uma vocacionada.

Ver também editar

Referências

  1. Os jesuítas eram acusados de defender a escolástica, já ultrapassada, e de se oporem ao desenvolvimento científico, atrelados a uma filosofia e um ensino com base no aristotelismo. Os oratorianos representavam a luta pela abertura ao progresso, bem como às novas correntes de pensamento (o iluminismo). Seu papel foi notável na renovação da pedagogia, chegando a dispor de uma rica biblioteca, de laboratórios de ciência experimental e um jardim botânico. Nessa direcção, iniciou-se, dentre as discussões, um processo de renovação cultural, que teve por marco as “reformas educacionais pombalinas”. - A trajetória do Bispo João de São José Queirós (1711-1763), Intrigas Coloniais, por Blenda Cunha Moura, História do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2009, pág. 31 Arquivado em 31 de maio de 2014, no Wayback Machine.
  2. a b Funda-se a Congregação do Oratório de Lisboa, Veratatis, 16 de julho de 2023, por Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.
  3. O Padre Quental requereu ao cabido de Lisboa, autorização para a fundação, que lhe foi concedida a 8 de Janeiro de 1668 e a licença régia foi-lhe dada a 23 de Março de 1668. - Congregação do Oratório de Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, código de referência PT/TT/CORL, 11/08/2023
  4. a b c Congregação do Oratório de Lisboa, código de referência PT/TT/CORL, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, 11/08/2023
  5. Convento e Igreja de São Filipe Nery, SIPA, 27 Julho de 2011, registo IPA.00000556
  6. Portocarrero, Gustavo (2010). Braga na Idade Moderna : paisagem e identidade. Tomar: CEIPHAR. p. 90-91. OCLC 733958410 
  7. Mosteiro e Colégio dos Congregados / Congregação de São Filipe de Néri, registo IPA.00001149, 27 Julho de 2011
  8. a b Os Jesuítas e os Oratorianos, História da Ciência na UC, Universidade de Coimbra, 2023

Bibliografia editar

  Bowden, Henry Sebastian. (1913). «The Oratory of Saint Philip Neri». In: Herbermann, Charles. Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company 

Este artigo incorpora texto da Catholic Encyclopedia, publicação de 1913 em domínio público.

Ligações externas editar

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