Cuíca-de-cauda-grossa


A cuíca-de-cauda-grossa (Lutreolina crassicaudata), também conhecida como cuíca-d'água-pequena, é um marsupial semi-aquático da família dos didelfídeos, juntamente com os gambás, cuícas, catitas e mucuras. Podem possuir em média 30 cm de comprimento (MARSHALL, 2005).

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCuíca-de-cauda-grossa
Exposição no Museo Civico di Storia Naturale di Genova, Via Brigata Liguria, 9, 16121, Gênova, Itália. A fotografia era permitida no museu sem restrições
Exposição no Museo Civico di Storia Naturale di Genova, Via Brigata Liguria, 9, 16121, Gênova, Itália. A fotografia era permitida no museu sem restrições
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelfiídeos
Subfamília: Didelfíneos
Género: Lutreolina
Thomas, 1910
Espécie: L. crassicaudata
Nome binomial
Lutreolina crassicaudata
(Desmarest, 1804)
Distribuição geográfica

Subespécies editar

Possui duas subespécies:

  • Lutreolina crassicaudata erassieaudata (Desmarest, 1804)
  • Lutreolina crassicaudata ferruginea (Günther, 1879)

Etimologia editar

O nome “Lutreolina” é formado a partir da palavra latina “Lutreola”, que significa lontra ou doninha, referindo-se à semelhança entre os animais. O nome “crassicaudata” é formado por duas palavras latinas, “crassus”, que significa gordo, robusto, e “cauda”, referenciando a cauda do animal (MARSHALL, 1978).

Descrição editar

Possui cerca de 30 cm de comprimento do corpo, com a cauda longa e densamente peluda do início à metade. Suas orelhas são curtas, arredondadas e quase não perceptíveis na pelagem. A bolsa é subdesenvolvida e apresenta nove mamas. As extremidades e os pés são curtos e robustos (MARSHALL, 1978, FLORES; GIANNINI; ABDALA, 2003).

Distribuição e habitat editar

Lutreolina crassicaudata tem uma distribuição disjunta e fragmentada, ocorrendo em países como Argentina, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname. No Brasil, está presente na região sul (GAIPEL; MILLER; XIMENEZ, 1996). Geralmente é encontrada em áreas de formações herbácea-arbustiva e matas de galerias, podendo ser encontrada em regiões alteradas ou mesmo urbanizadas. Por ser um marsupial semi-aquático, existem fatores que podem influenciar sua distribuição, sendo eles: a disponibilidade de água, uma vez que dependem deste recurso para alimentação, reprodução e deslocamento; outro fator é a fragmentação da floresta, uma vez que com a perda e fragmentação os recursos ficam escassos, aumentando os riscos de extinção (SANTORI et al, 2005; GAIPEL; MILLER; XIMENEZ, 1996).

Alimentação editar

A cuíca-de-cauda-grossa é um onívoro generalista com uma dieta que pode variar desde pequenos mamíferos, pequenos anfíbios, peixes, aves, insetos, sementes e frutos. Por ser um animal noturno, realiza a maior parte da atividade de caça durante o período da noite. Caça por conta própria, uma vez que é um animal solitário e utiliza seus dentes afiados. Possui uma grande habilidade de natação, sendo excelente na captura de animais aquáticos como pequenos peixes (MARSHALL, 1978; CÁCERES; GHIZONI-JR; GRAIPEL, 2002).

Reprodução editar

A cuíca-de-cauda-grossa é um marsupial, ou seja, as fêmeas possuem uma bolsa ventral chamada de marsúpio. Esse marsúpio é responsável pelo desenvolvimento dos filhotes, além de os proteger, carregar e abrigar. Os machos, por sua vez, possuem testículos externos e um pênis envolto por uma bolsa prepucial (SANTORI et al, 2005; MARSHALL, 1978). A época de reprodução da cuíca-de-cauda-grossa varia de acordo com a região, e geralmente acontece durante os períodos de primavera e verão. O ciclo da fêmea dura cerca de 28 dias enquanto a gestação dura 14 dias. Os filhotes nascem cegos e pelados, permanecendo no marsupio por cerca de 50 dias (CÁCERES; GHIZONI-JR; GRAIPEL, 2002).

Conservação editar

Considerado como vulnerável à extinção em diversas regiões. Pela lista da IUCN é classificado como Pouco Preocupante. As principais ameaças à sua sobrevivência são: a perda de fragmentação da floresta tropical úmida, o desmatamento pelas atividades agrícolas, pecuárias e expansão urbana, além da construção de barragens e hidrelétricas.

Referências editar

CÁCERES, N.C., GHIZONI-JR, I.R. and GRAIPEL, M.E.. "Diet of two marsupials, Lutreolina crassicaudata and Micoureus demerarae, in a coastal Atlantic Forest island of Brazil" Mammalia, vol. 66, no. 3, 2002, pp. 331-340. Disponível em:<https://doi.org/10.1515/mamm.2002.66.3.331>.

FLORES, D.A., GIANNINI, N.P. & ABDALA, F. Cranial ontogeny of Lutreolina crassicaudata (Didelphidae): a comparison with Didelphis albiventris . Acta Theriol 48, 1–9 (2003). Disponível em: <https://doi.org/10.1007/BF03194261>.

GAIPEL, M.; MILLER P.R.M., XIMENEZ, A. Contribuição a identificação e distribuição das subespecies de Lutreolina crassicaudata (Desmarest) (Marsupialia, Mammalia). Revta bras. Zool. 13 (3): 781 - 790, 1996. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-81751996000300026>

MARSHALL, L. G. Lutreolina crassicaudata, Mammalian Species, Issue 91, 6 January 1978, Pages 1–4. Disponível em: <https://doi.org/10.2307/3503877>.

SANTORI R. T.et al. Loguercio, Locomotion in Aquatic, Terrestrial, and Arboreal Habitat of Thick-Tailed Opossum, Lutreolina crassicaudata (Desmarest, 1804) , Journal of Mammalogy, Volume 86, Issue 5, 20 October 2005, Pages 902–908. Disponível em: <https://doi.org/10.1644/1545-1542(2005)86[902:LIATAA]2.0.CO;2>


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