Fernando Teixeira Curado Ribeiro[1] (Lisboa, 25 de Maio de 1919 - Lisboa, 29 de Julho de 1995[2][3][4]) foi um actor português que se destacou em cinema e teatro.[5]

Fernando Curado Ribeiro
Nome completo Fernando Teixeira Curado Ribeiro
Nascimento 25 de maio de 1919
Lisboa Portugal Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Morte 29 de julho de 1995 (76 anos)
Lisboa Portugal Portugal
Ocupação Ator
Cônjuge Maria José (divórcio)

Biografia editar

Vida pessoal editar

Uma das mais carismáticas figuras do cinema português, Curado Ribeiro nasceu em Lisboa, sendo filho de pai português e de mãe goesa, chamados Raúl Curado Ribeiro e Laura Curado Ribeiro[6]. Devido a divergências pessoais entre o casal, por volta de 1930 a sua mãe sai de casa e deixa o filho aos cuidados do pai. O pai voltaria a casar, com uma mulher espanhola. O contacto com a madrasta daria ao jovem uma certa aprendizagem da música hispanófona (principalmente espanhola e argentina). Distanciado da mãe, Fernando nunca mais a quis ver e chega, inclusive, a impedí-la de conhecer a neta, Rita[6]. Laura morava na Praça da Figueira, em Lisboa, e morreu com 84 anos, curiosamente dois meses depois de Rita Ribeiro, na altura com 18 anos, a ter procurado e encontrado[6]. Conhecido por ser mulherengo, tal como o seu pai[6], o seu casamento com a actriz Maria José termina em divórcio litigioso quando a filha ainda era pequena. Rita decide ficar com a mãe, pois Fernando já se encontrava acompanhado[7][8].

Foi iniciado na Maçonaria no Grande Oriente Lusitano em 1986, na Loja Futuro.[9][10]

Estudos e carreira editar

Estudante de engenharia, começou a cantar em público nos serões académicos do Instituto Industrial de Lisboa. Em 1938 tornou-se vocalista dum conjunto intitulado Os Excêntricos do Ritmo, alcançando grande popularidade com a canção Olhos Negros. Em 1940 torna-se locutor da Emissora Nacional. Em 1945 mudar-se-ia para a Rádio Clube Português e em 1947 para a Rádio Renascença.

Devido à indisponibilidade de Igrejas Caeiro, é convidado por Arthur Duarte para substitui-lo no filme O Costa do Castelo (1943), interpretando Daniel, um jovem aristocrata que se faz passar por pobre motorista para alcançar o amor de Luisinha (Milú). Contracenando com atores já consagrados como António Silva e Maria Matos, Curado Ribeiro alcançou boas críticas pela sua prestação, lançando-o numa carreira cinematográfica onde desempenharia sobretudo papéis de galã, destacando-se A Menina da Rádio (1944), Os Vizinhos do Rés do Chão (1947) e O Leão da Estrela (1947)[7].

Em 1949 Curado Ribeiro resolveu apoiar a candidatura do general Norton de Matos, o que lhe causaria alguns dissabores profissionais. Por esse motivo saiu do país, afastando-se das rádios nacionais. Foi para Angola, integrando a Rádio Clube do Huambo, em 1950, e para o Congo Belga, em 1951. Em 1952 estava na Bélgica para integrar a direção da Secção Ibérica da Radiodifusão Nacional Belga.

Ao deixar a Bélgica decidiu abraçar a carreira de ator. Com efeito, em 1954, regressa a Portugal e ingressa no elenco da peça de Alejandro Casona, É proibido suicidar-se na Primavera, no Teatro Avenida, sob a direção de Pedro Lemos[11]. No mesmo ano filma Quando o Mar Galgou a Terra (1954), quase ao mesmo tempo que ingressa na Companhia do Teatro Apolo, onde participa em A Rosinha dos Limões (1954), ao lado de Milú e de Hermínia Silva, e em A Irmã São Suplício (1954), onde trabalha com Alves da Cunha e Raul Solnado[7].

Gradualmente, constrói um estatuto de sólido intérprete teatral, entrando em 1959 para os quadros da prestigiada Companhia de Teatro Rey-Colaço Robles Monteiro, sedada no Teatro Nacional D. Maria II; até 1963 representa quase duas dezenas de peças nesta companhia[11]. Afasta-se do teatro e só voltará em 1972, com uma peça que ficará como um marco no seu percurso teatral: O Tartufo, de Moliére, sob a direção de Adolfo Marsillach, no Teatro Villaret. E volta à Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, agora sedada no Teatro da Trindade[11].

Além do teatro e do cinema, Curado Ribeiro também uma assinalável carreira televisiva onde, para além de peças de teatro transmitidas para televisão, viria a figurar em algumas das primeiras produções de ficção dos anos 1980; designadamente as novelas Origens (1983), Palavras Cruzadas (1985) e A Banqueira do Povo (1993)[7].

Na década de 1990 voltaria ao teatro com Passa Por Mim no Rossio (1991), sob a direção de Filipe La Féria, e A Ceia dos Cardeais (1992), ao lado de Ruy de Carvalho e Varela Silva[7].

Saúde e morte editar

Os últimos meses da sua vida foram marcados por complicações de saúde: padecendo de doença prolongada e estando a fazer quimioterapia, Curado Ribeiro não se coibiu de alguns pequenos prazeres como continuar a fumar e comer certas coisas que lhe foram proibidas pelos médicos, o que acabou por fazer com que entrasse em coma[12]. Falece em 1995, tendo estado em tratamentos no Hospital Pulido Valente ao lado do seu colega e amigo de vida, Varela Silva[13].

Obras publicadas editar

  • Diário de uma voz... : inconfidências, críticas, programas, entrevistas. Porto : Livraria Progredior, 1947.[14]
  • Rádio : produção, realização, estética. Lisboa : Arcádia, 1964. Coleção Arcádia, série especial, n.º 4.[15]

Bibliografia editar

Referências

  1. «Certidão de lista de associadas da Audiogest» (PDF). IGAC/Ministério da Cultura. 25 de julho de 2007. Consultado em 26 de Dezembro de 2013. Arquivado do original (pdf) em 24 de dezembro de 2013 
  2. «Curado Ribeiro». IMDB. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  3. «Fernando Curado Ribeiro». Film-cine.com. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  4. «Retrato de família». "Curado Ribeiro faleceu há dez anos" coloca a morte entre novembro de 1994 e novembro de 1995. Correio da Manhã. 9 de novembro de 2005. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  5. Curado Ribeiro. no IMDb.. Consultado em 2016-03-23
  6. a b c d Nélson Mateus e Adelaide de Sousa (13 de maio de 2016). «Entrevista: "Retratos Contados da Rita Ribeiro - A importância das avós"». Primeiros 4 minutos do vídeo. Retratos Contados. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  7. a b c d e Infopedia
  8. Daniel Oliveira (6 de maio de 2013). «Rita Ribeiro em Alta Definição». Minuto 13 e depois minuto 15. SIC. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  9. «Video Grande Oriente Lusitano (min. 15:25)» 
  10. Mateus, Luís Miguel (2003). Franco-Mações Ilustres nas Ruas de Lisboa. Lisboa: Biblioteca-Museu Resistência e República. p. 200 
  11. a b c Dicionário do Cinema Português - 1895-1961
  12. Daniel Oliveira (6 de maio de 2013). «Rita Ribeiro em Alta Definição». Minuto 18. SIC. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  13. Daniel Oliveira (6 de maio de 2013). «Rita Ribeiro em Alta Definição». Minuto 19. SIC. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  14. Catálogo Geral da Biblioteca Nacional. Consultado em 10 de fevereiro de 2019.
  15. Catálogo Geral da Biblioteca Nacional. Consultado em 10 de fevereiro de 2019.
  16. Consultado em 10 de fevereiro de 2019.

Ligações externas editar