Eleição presidencial da Rússia em 2012

A eleição presidencial da Rússia em 2012 ocorreu em 4 de março de 2012.[1] A eleição ocorreu em clima de ceticismo.

Eleição presidencial da Rússia em 2012
  2008 ←  → 2018
4 de março de 2012
Candidato Vladimir Putin Guennadi Ziuganov Mikhail Prokhorov
Partido Rússia Unida Comunista Independente
Votos 45 478 680 12 282 581 5 671 348
Porcentagem 63,64% 17,14% 7,94%
Candidato Vladímir Jirinóvski Sergey Mironov
Partido Liberal Democrata Rússia Justa
Votos 4 446 918 2 754 050
Porcentagem 6,22% 3,85%
Porcentagem 6,22% 3,85%

Regiões que Vladimir Putin venceu
  Vladimir Putin (85)

Todos os candidatos independentes tinham que registrar-se até 15 de dezembro de 2011, e os candidatos nomeados pelos partidos tinham que se registrar até 18 de janeiro de 2012. O presidente foi eleito para um mandato de 6 anos. Para se eleger foi preciso que o candidato obtivesse pelo menos 50% dos votos, caso ao contrário, a eleição seria conduzida ao segundo turno. O favorito para vencer de acordo com as pesquisas foi o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, que foi presidente por dois mandatos de 2000 até 2008. Não podendo concorrer a um terceiro mandato consecutivo, em 2008, Dmitry Medvedev, aliado próximo de Putin, foi eleito. Apesar de ter se tornado primeiro-ministro, Putin é considerado a figura política mais poderosa do país, tendo completado 12 anos no poder em 2012.[2]

Candidatos editar

Os candidatos apresentaram os documentos necessários para a Comissão Eleitoral Central Russa (CEC) com o objetivo de se registrar oficialmente como candidato a Presidência da República.

Candidaturas rejeitadas
  • Grigory Yavlinsky (partido Yabloko) – Economista e político, teve a candidatura rejeitada devido à elevada quantidade de assinaturas inválidas apresentadas por ele para o CEC (25,66%).[3]
  • Eduard Limonov (Independente) – Escritor, líder do partido não registrado "A Outra Rússia", teve a candidatura rejeitada devido que os dois milhões de assinaturas necessárias não foram certificadas por um tabelião.[4]
  • Leonid Ivashov (Independente) – Coronel-general na reserva, presidente da Academia de Assuntos Geopolíticos, teve a candidatura rejeitada pois ele não informou a CEC sobre a realização de uma reunião em devido tempo.
  • Dmitry Mezentsev (Independente) – Governador de Oblast de Irkutsk, teve a candidatura rejeitada por não conseguir a quantidade necessária de assinaturas (2 milhões) tendo a anulação de assinaturas pela CEC.
  • Nicolai Levashov (Independente) – Escritor, teve a candidatura rejeitada porque no momento da tentativa de registo, ele havia vivido na Rússia por menos de 10 anos.
  • Boris Mironov (Independente) – Escritor, ex-líder do Partido Soberania Nacional da Rússia, teve a candidatura rejeitada pois o candidato tinha sido anteriormente condenado por escrever textos extremistas.[5]
  • Svetlana Peunova (Independente) – Chefe do partido político não registrado "Volya", teve a candidatura rejeitada devido à falta de assinaturas recolhidas para defender sua candidatura (243 245 assinaturas recolhidas sendo necessário 2 milhões).[5]
  • Viktor Cherepkov (Independente) – Líder do partido não registrado Liberdade e Soberania, teve a candidatura rejeitada por não apresentar todas as assinaturas exigidas.
  • Rinat Khamiev (Independente) – Líder, teve a candidatura rejeitada por não apresentar todas as assinaturas exigidas.
  • Dmitry Berdnikov (Independente) – Líder do grupo "contra a criminalidade e a ilegalidade", apresentou um pedido de criação de uma comissão de iniciativa, mas mais tarde retirou-se do processo de registro.
  • Lidiya Bednaya (Independente) – Teve a candidatura rejeitada por não apresentar a documentação necessária ao CEC.
Candidaturas aceitas
 
 
 
 
 
Vladimir Putin[6] Guennadi Ziuganov Sergey Mironov Vladímir Jirinóvski Mikhail Prokhorov
Rússia Unida Partido Comunista da Federação Russa Rússia Justa Partido Liberal Democrata da Rússia Independente

Pesquisas de opinião editar

Candidato 24 de dezembro
de 2011
24-25 de dezembro
de 2011
7 de janeiro
de 2012
14 de janeiro
de 2012
14-15 de janeiro
de 2012
21-22 de janeiro
de 2012
21 de janeiro
de 2012
28 de janeiro
de 2012
12 de fevereiro
de 2012
Vladímir Jirinóvski 8 % 11 % 9 % 9 % 10 % 8 % 9 % 8 % 8 %
Guennadi Ziuganov 10 % 12 % 10 % 11 % 11 % 12 % 11 % 8 % 9 %
Dmitri Mezentsev 0 % 0 % 0 %
Sergey Mironov 5 % 4 % 5 % 4 % 3 % 4 % 6 % 4 % 5 %
Mikhail Prokhorov 4 % 4 % 3 % 2 % 3 % 21 % 4 % 4 % 6 %
Vladimir Putin 45 % 44 % 48 % 52 % 45 % 26 % 49 % 52 % 55 %
Grigory Yavlinsky 2 % 2 % 2 % 1 % 1 % 6 %
Outro 2 % 0 % 1 % -
Não votará 10 % 9 % 9 % 10 % 10 % 11 % 9 % 11 % 9 %
Arruinar a votação 1 % 1 %
Não sabe 12 % 12 % 10 % 9 % 13 % 12 % 9 % 10 % 8 %
Entrevistados 1 600 3 000 1 600 1 600 3 000 1 600 1 600 1 600 1 600
Instituto de pesquisa VTSIOM[7] Public Opinion Fund[8] VTSIOM[7] VTSIOM[7] Public Opinion Fund[9] Superjob[10] VTSIOM[11] VTSIOM[11] VTSIOM[11]

Controvérsias editar

Em 4 de dezembro de 2011, durante as eleições parlamentares, surgiram vários indícios de fraude a favor do partido governista, a Rússia Unida. As supostas fraudes fez com que ocorressem enormes protestos no país. A eleição presidencial ocorreu sob clima de tensão devido a esses acontecimentos.[12]

Quinze minutos após Vladimir Putin votar, três ativistas da organização feminista ucraniana Femen, invadiram o local de votação, e nuas gritaram "Putin fora!" e "Putin ladrão!". Na ocasião elas derrubaram a urna onde Putin votou. A polícia retirou as três e cobriram os corpos delas, nos quais estavam escritos "Ratos do Kremlin". Dmitri Peskov, porta-voz do primeiro-ministro declarou: "As meninas são tontinhas. Acham que isso é romântico. Mas falando sério: primeiro, é uma violação da ordem pública. Segundo, pelo que posso entender, ofereceram resistência aos agentes de segurança."[13]

 
Certificado de participação na eleição.

Em Moscou, o policiamento foi reforçado para garantir o "dia do silêncio". Nas vésperas da eleição, a imprensa internacional foi autorizada a falar sobre o assunto. O governo tenta através de rígidas leis, evitar manifestações. Na Rússia, para votar é necessário ter um certificado preenchido à mão e o passaporte. O eleitor pode votar em diversos postos eleitorais devido que o sistema não é informatizado, o que dificulta a fiscalização, e o voto também pode ser enviado pelo correio. Para assegurar a validade da eleição, Putin instalou 200 mil webcams nos 90 mil postos eleitorais do país, que mirando para as urnas, acompanharam a votação que pode ser vista pelos internautas. As câmeras custaram o equivalente a 800 milhões de reais.[14]

Apesar das webcams, vários observadores e líderes da oposição afirmam diversas fraudes na eleição. A Golos ("Voto" ou "Voz", em russo), uma agência independente de observação, informou sobre relatórios de "carrosseis de votação", onde ônibus cheios de eleitores são levados para votar várias vezes. O site da Golos registrou mais de mil queixas de irregularidades, entre elas listas de eleitores com validade questionável e falhas nas câmeras.[15] Além da Golos, há outros dois grupos independentes de monitoramento das eleições, a Liga de Eleitores, formada em janeiro de 2012 por líderes dos protestos, e o Rosvybory, administrado pelo blogueiro e ativista anticorrupção Alexei Navalny.[2]

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relatou que as "câmeras não podem capturar todos os detalhes do processo de votação, em especial a contagem de votos". 250 pessoas formadas pela OSCE e o Conselho Europeu iram monitorar a votação, além de milhares de russos que se apresentaram como fiscais eleitorais e receberam treinamento para saber identificar e denunciar possíveis fraudes.[13]

Putin anunciou que faria, na prática, um "revezamento" com o atual presidente, Dmitry Medvedev, que foi o seu primeiro-ministro durante a sua presidência.[12] Na última semana de campanha, Putin sugeriu publicamente que a oposição tinha o desejo de matar um de seus líderes para despertar a ira contra ele.[15] Putin conta com o apoio dos principais canais de televisão, que são estatais. Elas o mostram como um líder forte e masculino, capaz de defender os interesses nacionais russos dentro do país e no exterior. Os grupos que fazem defesa por liberdade de expressão, como a rádio liberal Ekho Moskvy e o jornal Novaya Gazeta, estão sofrendo uma pressão maior do governo.[2]

Resultados editar

Vladimir Putin e a esposa dele Lyudmila Putina votando na eleição.
Eleição presidencial da Rússia em 2012
Partido Candidato Votos Votos (%)
  Rússia Unida Vladimir Putin 45 478 680
 
63,64%
  Partido Comunista da Federação Russa Guennadi Ziuganov 12 282 581
 
17,19%
  Independente Mikhail Prokhorov 5 671 348
 
7,94%
  Partido Liberal Democrata da Rússia Vladímir Jirinóvski 4 446 918
 
6,22%
  Rússia Justa Sergey Mironov 2 754 050
 
3,85%
Totais 70 633 577  
Votos Nulos 833 191 1,17%
Fonte: Comissão Central da Eleição da Federação Russa

Referências

  1. «Russia's presidential elections scheduled for March 2012». B92. RIA Novosti. 21 de julho de 2011. Consultado em 25 de setembro de 2011 
  2. a b c «Entenda a importância e as polêmicas das eleições na Rússia». IG, BBC Brasil. 28 de fevereiro de 2012. Consultado em 4 de março de 2012 
  3. Kennedy, Val Brickates, "Russian opposition leader to be left off ballot", MarketWatch, 24 January, 2012. Retrieved 2012-24-01.
  4. http://rt.com/news/line/2011-12-30/
  5. a b http://www.themoscowtimes.com/mobile/news/article/450101.html
  6. Putin aceita indicação para concorrer ao Kremlin em 2012. Terra em 27/11/2011. Acessado em 13/02/2012.
  7. a b c По данным ВЦИОМ.
  8. По данным Фонда «Общественное мнение».
  9. По данным Фонда «Общественное мнение».
  10. Путин и Прохоров – лидеры президентской гонки
  11. a b c [1].
  12. a b «Russos elegem presidente em meio a clima de ceticismo». CenarioMT.com. 4 de março de 2012. Consultado em 4 de março de 2012 [ligação inativa]
  13. a b «Feministas protestam nuas no colégio eleitoral em que Putin votou». IG. 4 de março de 2012. Consultado em 5 de março de 2012 
  14. «Pesquisas indicam que Vladimir Putin deve vencer eleição presidencial na Rússia». IG, Correio da Bahia. 4 de março de 2012. Consultado em 5 de março de 2012 
  15. a b «Rússia: Observadores identificam falhas nas eleições». ParanáOnline. 4 de março de 2012. Consultado em 5 de março de 2012 
 
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