Enéas de Camargo

futebolista brasileiro
(Redirecionado de Enéas Camargo)

Enéas de Camargo[2] (São Paulo, 18 de março de 1954São Paulo, 27 de dezembro de 1988) foi um futebolista brasileiro que atuava como atacante[1].

Enéas
Enéas
Informações pessoais
Nome completo Enéas de Camargo
Data de nascimento 18 de março de 1954
Local de nascimento São Paulo, São Paulo, Brasil
Data da morte 27 de dezembro de 1988 (34 anos)
Local da morte São Paulo, São Paulo, Brasil
Apelido El diablo[1]
Clubes de juventude

Portuguesa de Desportos
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1971–1980
1980–1981
1981
1981–1984
1984
1985
1985–1986
1986–1987
1987
1988
Portuguesa de Desportos
Bologna
Udinese
Palmeiras
XV de Piracicaba
Juventude
Atlético Goianiense
Desportiva Capixaba
Operário de Ponta Grossa
Central Brasileira de Cotia
00 109 00(46)
000 20 000(3)
0000 0 000(0)
000 93 00(28)
0000 ? 000(0)
0000 ? 000(0)
0000 ? 000(0)
0000 6 000(6)
0000 ? 000(0)
0000 ? 000(0)
Seleção nacional
1971
1974–1976
Brasil Olímpico
Brasil
0000 4 000(2)
0000 3 000(1)

Jogou muitos anos na Portuguesa (1971 a 1980), clube de que foi o segundo maior artilheiro, com 179 gols[3][4], e maior artilheiro em Campeonatos Brasileiros, com 46 gols.[5]

Carreira editar

Terceiro dos cinco filhos de Arnaldo e Enedina, Enéas cresceu no bairro do Canindé[6], a poucos metros da Portuguesa, e começou a frequentar a agremiação aos 8 anos, se dividindo entre futsal[7], basquete, natação e até saltos ornamentais.[4]

Enéas começou no infantil da Portuguesa, mas desistiu e ficou um ano afastado, exercendo a profissão de office-boy.[8] Voltou pela insistência do técnico dos juvenis Nena[8] e lá profissionalizou-se em 1972[7], lançado pelo técnico Cilinho.[9] Fez sua estreia contra o América de São José do Rio Preto e marcou dois gols para a Portuguesa na vitória por 3 a 2, em 1972.[4]

Seu início foi irregular, e ele chegou a entrar em uma possível lista de dispensas do clube[10], mas, rápido e driblador[3], passou a ser um dos melhores jogadores do time[8] durante o Campeonato Paulista de 1973, quando o técnico Oto Glória resolveu colocá-lo na posição de Basílio, que foi deslocado para o meio-campo. "Quando vi Enéas treinando na Portuguesa, eu tive quase certeza de que era um craque", explicou Glória. "[Com o recuo de Basílio] ganhei um grande meia-armador e um ponta-de-lança sensacional."[11] Depois da vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, quando marcou um gol e infernizou a defesa adversária, seu nome passou a ser cogitado para a Seleção Brasileira.[11] Foi campeão paulista naquele ano, na final em que o árbitro Armando Marques errou a contagem de pênaltis, o que acabou fazendo com que o título fosse dividido entre Lusa e Santos.

Deixou o Canindé em 1980, depois de 179 gols em 376 jogos[12], para mudar-se para a Itália, onde foi defender o Bologna. Foi um dos primeiros não-italianos contratados para jogar no Calcio e foi o primeiro negro a vestir a camisa do clube.[4] Ao todo, foram apenas 17 jogos e 3 gols marcados pelo Bologna.[4] No ano seguinte, Enéas foi negociado com a Udinese e nem chegou a jogar pelo clube.[4]

Voltou ao Brasil com problemas no joelho direito[13], mas, sem saber disso, o Palmeiras contratou-o por 50 milhões de cruzeiros[14] como grande esperança para a temporada.[15] Nos dois anos que passou por lá, disputou apenas 93 partidas, marcando 28 gols, mas perdeu espaço depois de brigar com o técnico Carlos Alberto Silva. "Um técnico que não quero nem dizer o nome me encostou e acabei perdendo a motivação", explicou, em 1984.[14] Seu último jogo pelo clube foi a derrota para o Corinthians na semifinal do Paulista de 1983, quando foi reserva e entrou após o intervalo.[4]

Com vistas a uma possível valorização de seu passe, foi emprestado sem custo para o XV de Piracicaba no segundo semestre de 1984[16], com os salários pagos pelo Palmeiras, embora oficialmente fosse divulgado que ele recebia uma fração dos vencimentos, mais a hospedagem no melhor hotel de Piracicaba.[14] Num jogo contra o Marilia pelo Campeonato Paulista de 1984, se recusou a fazer o exame antidoping e pegou 90 dias de suspensão.[7]

Em 1985, foi para o Juventude.[6]

Em 1986, foi Campeão Capixaba pela Desportiva Ferroviária, onde marcou o gol do título, totalizando 6 gols em 6 partidas.[6]

Passou também por Atlético Goianiense e Operário de Ponta Grossa, antes de encerrar a carreira em Central Brasileira de Cotia, na terceira divisão paulista[6], onde também era dirigente.[13]

Seleção Brasileira editar

Em 1971, foi campeão do Torneio de Cannes, na França.[4] Enéas fez parte do elenco que venceu o Pré-Olímpico para Munique-1972[4], mas não chegou a ser convocado para a disputa das Olimpíadas.

Sua primeira convocação para a Seleção principal dar-se-ia em 18 de fevereiro de 1974.[17] Ele estreou aos dezoito minutos do segundo tempo da partida contra o México, em 31 de março, ao substituir Mirandinha. Não se destacou e não teve outras chances de conseguir uma vaga no grupo que foi para a Copa do Mundo de 1974. Voltaria a ser convocado em 1976, para o jogo contra o Paraguai pela Taça do Atlântico. Foi titular e marcou o gol do Brasil, aos 31 minutos do primeiro tempo, mas sua atuação não agradou,[18] sendo substituído por Palhinha aos dezenove minutos do segundo tempo. Ainda foi convocado para o jogo seguinte, contra o Uruguai, em que começou como titular, mas foi substituído logo no começo do segundo tempo por Roberto Dinamite. Nunca mais seria convocado.

Jogos Pela Seleção Brasileira editar

Olímpica
# Data Local Resultado Competição Gols
1 30 de novembro de 1971 Colômbia Brasil 0 – 0 Argentina Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano -
2 07 de dezembro de 1971 Colômbia Brasil 1 – 1 Colômbia Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano  
3 09 de dezembro de 1971 Colômbia Brasil 1 – 0 Argentina Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano -
4 11 de dezembro de 1971 Colômbia Brasil 1 – 0 Peru Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano  
Principal
# Data Local Equipe Mandante Resultado Equipe Visitante Competição Gols
1 31 de março de 1974 Rio de Janeiro Brasil 1 – 1 México Amistoso -
2 07 de abril de 1976 Montevideo Paraguai 0 – 1 Brasil Taça do Atlântico  
3 28 de abril de 1976 Rio de Janeiro Brasil 1 – 1 Uruguai Taça do Atlântico -

Morte editar

Em 22 de agosto de 1988, sofreu um grave acidente de carro na Avenida Cruzeiro do Sul, em São Paulo, e foi internado, em coma, com uma luxação na coluna cervical. Morreria quatro meses depois, em 27 de dezembro, aos 34 anos, vítima de uma broncopneumonia.[12]

Títulos editar

Portuguesa de Desportos
Desportiva Capixaba
Seleção Brasileira

Referências

  1. a b «O nome dele era ENÉAS». UOL Esporte. 20 de junho de 2022. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  2. books.google.com.br/ "Seleção brasileira: 1914-2006", Por Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf
  3. a b "Craque esquecido", Invicto número 11, 2009, Editora Esfera BR Mídia, págs. 20-21
  4. a b c d e f g h i «O nome dele era Enéas: A história do apogeu e da morte do craque da Portuguesa que foi roubado no acidente que o matou». www.uol.com.br. Consultado em 5 de junho de 2023 
  5. «Que fim levou? ENÉAS... Ex-meia-atacante da Portuguesa, Palmeiras e XV de Piracicaba». Terceiro Tempo. Consultado em 10 de outubro de 2022 
  6. a b c d Abril, Editora (11 de março de 1988). Placar Magazine. [S.l.]: Editora Abril 
  7. a b c Abril, Editora (maio de 2008). Placar Magazine. [S.l.]: Editora Abril 
  8. a b c "A Portuguesa sempre deu apoio aos meninos", Jornal da Tarde, 14 de agosto de 1973, pág. 22
  9. "Uma jogada de risco", Ari Borges, Placar número 807, 8 de novembro de 1985, Editora Abril, pág. 6
  10. "Deu a louca na Portuguesa", Ronaldo Kotscho, José Campos e Carlos Maranhão, Placar número 132, 22 de setembro de 1972, Editora Abril, pág. 7
  11. a b "O ano dos 2 campeões", Michel Laurence, Placar número 198, 28 de dezembro de 1973, Editora Abril, pág. 25
  12. a b "Meu nome é Enéas", Dagomir Marquezi, Placar número 1.318, maio de 2008, Editora Abril, pág. 106
  13. a b "O craque que desligava", Dagomir Marquezi, Placar número 1.283, junho de 2005, Editora Abril, pág. 27
  14. a b c "O novo Eneas", Placar número 746, 7 de setembro de 1984, Editora Abril, pág. 55
  15. Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Palmeiras Placar, Editora Abril, 2004, pág. 463
  16. Abril, Editora (7 de setembro de 1984). Placar Magazine. [S.l.]: Editora Abril 
  17. Ivan Soter, André Fontenelle, Mario Levi Schwartz, Dennis Woods e Valmir Storti, Todos os Jogos do Brasil, Editora Abril, 2006, pág. 284
  18. Ivan Soter, André Fontenelle, Mario Levi Schwartz, Dennis Woods e Valmir Storti, Todos os Jogos do Brasil, Editora Abril, 2006, pág. 302