Nota: Para outros significados, veja Estácio (desambiguação).

Públio Papínio Estácio (em latim: Publius Papinius Statius), conhecido como Estácio (Nápoles, c.45c.95) foi um poeta da Roma Antiga.[1][2]

Estácio
Estácio
Nascimento ca. 45
Nápoles
Morte ca. 96 (51 anos)
Nacionalidade Romano
Ocupação Poeta

Era descendente de gregos e filho de um poeta profissional, também professor. O que se sabe sobre sua vida provém quase exclusivamente de alusões encontradas em sua própria obra, especialmente em Silvae, onde, em uma passagem de 300 versos, recapitula a vida de seu pai e fala da influência que exercera sobre ele. Desde jovem se notabilizou na poesia, vencendo concursos. Quando era ainda um adolescente, seu pai mudou-se para Roma, levando a família, a fim de fazer uma carreira na capital do Império. O poeta entrou em contato com a corte e fez sucesso, conhecendo Domiciano, que lhe presenteou com uma villa rural. Em Roma produziu as obras pelas quais é lembrado hoje: um poema épico, Tebaida, que narra o conflito entre os filhos de Édipo pelo trono de Tebas; Silvae, uma coletânea de poemas de circunstância que retratam o ethos e a cultura da elite, e um épico inacabado, Aquileida, sobre a vida de Aquiles, do qual só chegou a escrever a primeira seção. Outras obras que compôs foram perdidas; de algumas sobrevive uma ou outra citação. Voltou para Nápoles pouco antes de falecer.[3]

Seu estilo é uma mescla de influências gregas e romanas. Foi o primeiro poeta romano que descreveu longamente em seus poemas obras de arte e arquitetura, dando informações preciosas sobre a cultura material do período. Entre seus tópicos, descreveu com detalhe a grande Estátua equestre de Domiciano no Fórum Romano, as termas etruscas, as villas de Vopisco e Polião, o templo de Hércules e o Palácio de Domiciano. Quando analisa seu estilo, sua técnica, sua beleza, quando aplaude inovações e expressões de ousadia e criatividade, traça um claro painel da cultura da elite romana de sua época. Exaltando sua educação, seu bom gosto, seu recato, seu amor pelas artes, pela filosofia, pela amizade e pela família, mas também comprazendo-se em seu estilo de vida magnificente, o poeta elenca os principais valores da classe privilegiada. O poeta fez um grande sucesso em vida. Mais tarde foi criticado por excessos de liberdade na forma.[3]

Na Idade Média Estácio ocupou um lugar central no cânone literário clássico, admirado principalmente pela Tebaida, mas também a Aquileida permaneceu em circulação, usada por professores de latim como material didático. Depois o poeta caiu na obscuridade, onde atualmente permanece.[1] Na Divina Comédia, Dante Alighieri o colocou no quinto círculo do Purgatório, local reservado aos avarentos e os pródigos, mas no canto 20 o redime, fazendo-o acompanhá-lo até o Paraíso Terrestre.[4]

Referências

  1. a b Estácio, Públio Papínio; Moreira, Daniel da Silva. Estácio, "Aquileida", I. 318-337, Apresentação e tradução". In: Scientia Traductionis, Florianópolis, n. 16, p. 184-188, jun. 2016. ISSN 1980-4237. doi:https://doi.org/10.5007/1980-4237.2014n16p184.
  2. Carvalho, Raimundo; Flores, Guilherme Gontijo; Júnior, Márcio Meirelles Gouvêa; Neto, João Angelo Oliva (15 de maio de 2017). «Por que calar nossos amores?: Poesia homoerótica latina». Autêntica – via Google Books 
  3. a b Nagle, Betty Rose. The Silvae of Statius. Indiana University Press, 2004, pp. 1-31
  4. Brownlee, Kevin. "Dante and the Classical Poets". In: Jacoff, Rachel (ed.). The Cambridge Companion to Dante, Second Edition, Cambridge University Press, Cambridge, 2007

Ligações externas editar

  • Aquileida, tradução de J. H. Mozley (1928), site www.theoi.com (em inglês)
  • Thebaid, tradução de J. H. Mozley (1928), site www.theoi.com (em inglês)