Estádio Moisés Lucarelli

estádio de futebol no Brasil

O Estádio Moisés Lucarelli é o estádio de futebol pertencente à Associação Atlética Ponte Preta, localizado na cidade de Campinas, no interior do estado de São Paulo, Brasil. Está localizado à Praça Dr. Francisco Ursaia, 1900 (número escolhido por ser o ano de fundação do clube).

Majestoso
Estádio Moisés Lucarelli
Sisbrace: [1]

Fachada do estádio.
Nomes
Nome Estádio Moisés Lucarelli
Apelido Majestoso
Características
Local Campinas, São Paulo, Brasil
Gramado Grama natural (105 x 68 m)
Capacidade 17 728 espectadores[2]
Construção
Data 1947
Inauguração
Data 12 de setembro de 1948 (75 anos)
Partida inaugural Ponte Preta 0x3 XV de Piracicaba
Primeiro gol (Sato) XV de Piracicaba
Recordes
Público recorde 37 274
Data recorde 1º de fevereiro de 1978
Partida com mais público Ponte Preta 1x3 São Paulo
Outras informações
Remodelado 2005
Proprietário AA Ponte Preta
Administrador AA Ponte Preta

Foi inaugurado em 12 de setembro de 1948[3] com capacidade para 35 mil espectadores, construído com doações de material feitas por aficionados do clube em seis anos.[4]

Atualmente teve a capacidade diminuída para 19.728 pessoas no CNEF de 2016 a fim de proporcionar maior conforto e obedecer às novas determinações legais. Apesar da capacidade de mais de 19 mil pessoas, o estádio está liberado para apenas 17.728 para garantir maior segurança.[5]

É conhecido como "Majestoso", porque sua capacidade quando da inauguração em 1948 era na época a terceira maior do Brasil, perdendo apenas para o Pacaembu, em São Paulo e São Januário, no Rio de Janeiro.

O Moisés Lucarelli é um dos poucos estádios do Brasil construídos por seus próprios torcedores e homenageia Moysés Lucarelli (1900-1978), sócio do clube por muitos anos e idealizador do estádio, que angariou fundos entre associados e pessoas da comunidade. Lucarelli não queria ser o patrono do estádio, mas a diretoria aproveitou-se de uma viagem dele à Argentina para colocar seu nome e teve de acatar a homenagem — apesar de o nome do ex-presidente ser grafado com Y, o nome oficial do estádio é grafado com I.[3][6]

História de Moysés na Ponte Preta editar

 
Vista aérea do Estádio da Ponte Preta ainda em obras.

O sonho ponte-pretano de construir seu próprio estádio de futebol começou a ser perpetuado pelas mãos de um dos principais dirigentes da história do clube: Moysés Lucarelli (ou Moisés), o homem que uniu toda uma cidade em torno do objetivo de construir o Majestoso. Nascido em Limeira, dia 18 de junho de 1898, Moysés Lucarelli mostrava-se dinâmico e acima de tudo um apaixonado pelo clube, ao aceitar o desafio de erguer o estádio. Conseguiu, depois de muitas dificuldades com as irrisórias contribuições provenientes da venda de títulos de sócios. Na época, o futebol não apresentava ainda características empresariais.[7][8]

Para que os trabalhos fossem acelerados e executados ao seu gosto, Lucarelli insistia em fiscalizar os operários no próprio local das obras. Durante a construção, desrespeitando as recomendações médicas, chegava a permanecer dez horas por dia sob o sol, o que eliminou em pouco tempo cerca de 40% da sua capacidade visual, através de úlcera nas córneas. Moysés Lucarelli, que jamais negou seu amor pela cidade e pela Ponte Preta, aos 17 anos iniciava sua história no clube, um time de apenas "11 camisas", como era chamada pejorativamente a equipe campineira por não ter um estádio próprio para jogar. Logo assumiu o cargo de cobrador da associação que possuía cerca de 40 sócios. Aos poucos fez esse número crescer para que a Ponte pudesse se manter em pé.

 
Uma das reportagens dando detalhes da obra e falando sobre o projeto da construção do Estádio Moisés Lucarelli, que seria o 3° maior do País na época.

Em 1922, assumiu a secretaria e em 1930 tornou-se o homem mais importante do clube: foi um diretor sem pasta, mas sempre disposto a trabalhar e jamais deixou de alimentar o seu maior sonho, o de construir um estádio, a chamada casa da Ponte Preta. Ele nunca chegou ao cargo de presidente, porém marcou a história como nenhum outro que tenha ostentado a "faixa" no peito.

Moysés jamais escondeu um outro orgulho como dirigente de futebol: junto com Roberto Gomes Pedrosa e Gerolamo Ometo, entre poucos outros, foi criador da Lei de Acesso no futebol paulista, em 1947, medida pioneira no futebol brasileiro e que foi implantada a partir de 1948.

Em 1960, mesmo percebendo que a Ponte estava descendo para uma divisão inferior, ele pregou com sua autenticidade a manutenção das regras. Aos amigos no clube, disse que no dia em que a Lei do Acesso terminasse, o futebol do interior iria morrer. Por isso a Ponte desceria de divisão e teria de lutar para retornar ao grupo principal.

Em 11 de setembro de 1975, quando a Ponte completou seu Jubileu de Diamante, o comerciante e industrial aposentado - era proprietário de uma fábrica de fogões - Moysés Lucarelli, concedeu uma de suas últimas entrevistas ao Correio Popular. Faleceu em 24 de março de 1978 na cidade de Campinas, aos 78 anos, e foi enterrado no Cemitério da Saudade.[9][10][11]

Maiores públicos editar

 
Busto de Moysés, localizado na entrada do estádio. Foi inaugurado dia 11 de agosto de 1960 e feito pelo escultor Lelio Coluccini.[12]

A Ponte Preta, jogando no Estádio Moisés Lucarelli, tem pelo menos dezesseis públicos a partir de 25.000 espectadores, oito deles com mais de 30.000, considerando-se que nem todos os públicos presentes são conhecidos nos dias atuais.

É possível que o seu recorde de público tenha sido no jogo entre Ponte Preta e Santos FC, em 16 de agosto de 1970, quando 33.228 espectadores (28.992 pagantes e 4.236 menores) viram a vitória dos visitantes por 1 a 0.[13][14] Porém, segundo historiadores, havia cerca de 45 mil torcedores dentro do estádio[13][14] e mais quatro mil pessoas do lado de fora, sem conseguir entrar. No final desse campeonato paulista, a Ponte Preta conquistou o vice-campeonato.

Oficialmente, o maior público é da derrota por 3 a 1 da Ponte Preta para o São Paulo FC, em 1 de fevereiro de 1978: 37.274 torcedores, sendo 34.985 pagantes.[15]

Públicos presentes.[16][17][18][19][20][21][22][23][24]

Data Placar Público Competição
1 de fevereiro de 1978   Ponte Preta 1–3 São Paulo   37.274 Campeonato Paulista
16 de agosto de 1970   Ponte Preta 0–1 Santos   33.500 Campeonato Paulista
11 de dezembro de 1977   Ponte Preta 0–0 Vasco   33.298 Campeonato Brasileiro
3 de setembro de 1978   Ponte Preta 2–2 Santos   33.221 Campeonato Paulista
3 de setembro de 1979   Ponte Preta 2–2 Santos   33.155 Campeonato Paulista
17 de setembro de 1978   Ponte Preta 2–0 Corinthians   33.034 Campeonato Paulista
27 de fevereiro de 1977   Ponte Preta 3–1 Guarani   31.970 Campeonato Paulista
27 de janeiro de 1980   Ponte Preta 2–1 Guarani   30.174 Campeonato Paulista
12 de outubro de 1980   Ponte Preta 1–1 Corinthians   29.931 Campeonato Paulista
5 de agosto de 1979   Ponte Preta 3–0 Corinthians   29.126 Campeonato Paulista
28 de março de 1979   Ponte Preta 3–0 Palmeiras   26.685 Campeonato Paulista
21 de setembro de 1977   Ponte Preta 3–1 São Paulo   26.617 Campeonato Paulista
14 de setembro de 1977   Ponte Preta 3–1 Botafogo-SP   26.223 Campeonato Paulista
21 de novembro de 1999   Ponte Preta 2–1 São Paulo   25.200 Campeonato Brasileiro
18 de julho de 1999   Ponte Preta 5–0 Mirassol   25.000 Campeonato Paulista Série A2

Partidas memoráveis editar

  • Ponte 0 x 3 XV de Piracicaba - Partida inaugural do estádio

Pela primeira partida oficial realizada no novo estádio, a Ponte foi surpreendida e derrotada pelo XV de Piracicaba por 3 a 0 na abertura do returno da 2ª Divisão de 1948, no dia 12 de outubro daquele ano. Era a inauguração daquele que era o 3° maior estádio do Brasil na época.[25]

  • Ponte 5 x 1 Taubaté - A primeira vitória

O primeiro triunfo da "Macaca" no Majestoso aconteceu em 24 de outubro de 1948, em partida contra o E.C. Taubaté, onde a Ponte goleou o visitante por 5 a 1, com gols de Gaspar (3), Armandinho e Vicente.

  • Ponte 2 x 0 Estudiantes - A primeira vitória internacional

A primeira vitória contra um time estrangeiro aconteceu frente ao Estudiantes, um grande clube da Argentina, em um jogo amistoso no dia 17 de fevereiro de 1952.

  • Ponte 0 x 2 Internacional-RS - Reinauguração dos refletores

Partida disputada em 1 de setembro de 1975, uma segunda-feira à noite. O adversário sagraria-se campeão brasileiro pela primeira vez nesse ano, mas não chegou a estragar a festa da torcida ponte-pretana, que gerou uma renda fabulosa de de Cr$ 181.045,00 no dia do jogo e que ainda teve uma grande venda antecipada não contabilizada nesse valor.[26]

  • Ponte 2 x 1 Guarani - Campeonato Paulista de 1979

Em 1980, Ponte e Guarani decidiriam vaga para final do Campeonato Paulista do ano anterior. Com trinta mil ponte-pretanos no Majestoso, a Macaca venceu a partida de ida por 2 a 1. No jogo de volta, nova vitória da Ponte, por 1 a 0, com direito a invasão de gramado por parte da torcida da Ponte. A Macaca iria para a sua terceira final de Paulista, enquanto o rival teria que esperar mais 8 anos para chegar a uma final estadual, pela primeira vez.

  • Ponte 2 x 0 Grasshoper - Despedida do "Mestre Dicá"

No dia 26 de janeiro de 1986, o maior ídolo da história da Macaca, Dicá, se despedia da torcida em uma partida amistosa no Majestoso contra o Grasshoper da Suíça.

  • Ponte 1 x 1 Náutico - O retorno a elite nacional

Vice-campeã do Campeonato Brasileiro Série B de 1997, a Ponte voltaria à elite depois de 11 temporadas, após um empate com o Náutico por 1 a 1, com um público de 21.070 pessoas no Majestoso. O acesso se tornou a volta por cima do clube, depois de 10 anos de uma grande crise financeira e temporadas irregulares dentro de campo.[27]

  • Ponte 5 x 0 Mirassol - Campeonato Paulista da Série A-2 de 1999

A Ponte voltava a Série A1 do Campeonato Paulista líder absoluta de seu grupo com 42 pontos. O jogo de encerramento aconteceu com um público de 25 mil pessoas no Majestoso: a Ponte goleou o adversário e retornava à elite estadual depois de 4 anos.[28]

  • Ponte 3 x 2 Atlético-MG - O gol do meio campo

Dia 8 de agosto de 2000 pela Copa João Havelange, a Ponte enfrentava um forte adversário e venceu pelo placar de 3 a 2, sobrando em campo com boas atuações de Washington, Macedo e Adrianinho. Mas quem se destacou naquele jogo foi "Jacozinho", que fez um lindo gol do meio campo, deixando a sua torcida enlouquecida no Majestoso.[29]

  • Ponte Preta 2 x 0 Fortaleza - Brasileirão 2003

A Ponte brigava contra o rebaixamento naquele ano e precisava de uma vitória para escapar. Com mais de 18 mil pessoas no estádio, o time de Campinas se garantiu na elite do futebol e rebaixou a equipe cearense para a Série B.[30]

  • Ponte 2 x 0 Deportivo Pasto - A Ponte para a América do Sul

Na 1ª fase da Copa Sul-Americana de 2013 a Ponte já havia despachado o Criciúma Esporte Clube com uma vitória fora de casa e um empate magro em Campinas. Mas foi contra o time colombiano Deportivo Pasto que a Ponte conquistou sua primeira vitória por uma competição oficial da Conmebol, diante de mais de 15 mil ponte-pretanos.[31]

Imagens editar

Vista geral do estádio
Escudo na entrada principal
Refletores
Arquibancadas sociais
Antes do início de uma partida

Ver também editar

Referências

  1. «Classificação de estádios de futebol (Sisbrace)». Ministério dos Esportes. 25 de fevereiro de 2017 
  2. «Cadastro Nacional de Estádios de Futebol da CBF 2016» (PDF). Consultado em 27 de fevereiro de 2016 
  3. a b «Estádio Moisés Lucarelli». Consultado em 19 de fevereiro de 2022 
  4. "'Se Moysés pudesse, viria correndo'", Giuliander Carpes, O Estado de S. Paulo, 27/4/2008, pág. E2
  5. «Cadastro Nacional de Estádios de Futebol da CBF 2016» (PDF). Consultado em 27 de fevereiro de 2016 
  6. Blog Pró Memória de Campinas - Personagem Moisés Lucarelli
  7. http://www.portalcbncampinas.com.br/?p=49079
  8. http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/04/metropole/bau_de_historias/251980-o-mais-ilustre-dos-pontepretanos.html
  9. http://www.pontepretano.com.br/History.aspx
  10. http://www.pontepreta.net/historia_1940.php
  11. http://www.campinasdeantigamente.com.br/2015/01/video-construcao-do-estadio-moises.html
  12. «Cópia arquivada». Consultado em 28 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  13. a b «O dia que o Rei colocou 33,2 mil pessoas no Majestoso: expectativa para ver Pelé gerou o maior público da história do estádio da Ponte». ge. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  14. a b «Pelé reuniu 33,2 mil torcedores no Majestoso em agosto de 1970, em Campinas». ACidadeON Campinas. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  15. [Livro Ponte Preta, a torcida que tem um time (2010)]
  16. Livro História da Associação Atlética Ponte Preta - Volume IV - 1971 a 1977
  17. Folha de S.Paulo de 29 de março de 1979, página 40
  18. Folha de S.Paulo de 5 de abril de 1971, página 10
  19. Folha de S.Paulo de 18 de setembro de 1978, página 13
  20. Folha de S.Paulo de 14 de outubro 1980, página 17
  21. Folha de S.Paulo de 16 de março de 1981, página 15
  22. Livro Almanaque do São Paulo:90 anos de glórias (2020)
  23. Acervo Santista - Confrontos - Santos x Ponte Preta
  24. Livro Almanaque do Santos (2012)
  25. http://www.historiasdoxv.com/2013/09/jogos-para-historia-inauguracao-do.html
  26. Livro História da Associação Atlética Ponte Preta - Volume IV - 1971 a 1977, página 281
  27. http://impedimento.org/esquadroes-marginais-a-ponte-preta-de-1997/
  28. http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/paulistao/99/seriea2.htm
  29. http://www.terra.com.br/esportes/2000/08/27/095.htm
  30. http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI234808-EI2014,00-Ponte+Preta+se+garante+na+primeira+divisao.html
  31. http://globoesporte.globo.com/jogo/copa-sul-americana-2013/25-09-2013/ponte-preta-deportivo-pasto.html

Ligações externas editar