Exemplum (ou coleção de exempla ou exemplário) é um gênero didático-literário cultivado na Idade Média. Sua denominação provém da palavra latina para exemplo.

Apesar de existir desde a Antiguidade, seu desenvolvimento se deu principalmente nos meios monásticos entre os séculos XI e XII, especialmente entre os cistercienses. [1]A partir do século XIII, o uso do exemplum se fez massivo. Professores, oradores, moralistas, místicos e predicadores utilizavam todo tipo de relatos para adornar sua exposição. A fim de que suas ideias fossem captadas, se valiam da exemplificação ou ilustração mediante anedotas, fábulas, lendas, etc[2]. Como o define Federico Bravo: Para facilitar a assimilação de um ensinamento, nada como novelizá-lo ideando uma fábula, um relato, uma ficção que ponha em cena e torne tangível o preceito moral ou doutrinal que se pretende inculcar. A esta dupla preocupação obedece um dos gêneros que maior difusão alcançaram na tradição hispánica medieval, o exemplum, modalidade de discurso didático cuja característica mais notável é, precisamente, a de fazer coincidir em uma só duas artes diferentes: a de ensinar e a de contar. [3].

O autor se permitia tomar exemplos tanto de origem sagrado como profano, de fontes orientais ou ocidentais. A ficção narrativa estava concebida para servir de demonstração a um objetivo moralizante.

Referências

  1. FRANCO JÚNIOR, Hilário. In: de Varazze, Jacopo. Legenda áurea: vidas de santos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
  2. A este recurso alude Erasmo em seu Elogio da loucura (1511), ainda que não mencione especificamente o gênero exemplum: "Enfim, o homem é feito de maneira que as ficções lhes causam muito mais impressão que a verdade. Quereis uma prova clara e sensível? Ide a vossas igrejas quando lá se prega. Se o orador trata de algum assunto sério, as pessoas se aborrecem, bocejam, dormem; mas se, mudando subitamente de tom e de assunto, como acontece com frequencia, o animador (perdão, eu quis dizer o pregador) põe-se a recitar com ênfase alguma velha história popular, a audiência logo muda de atitude: todos despertam, se aprumam, escutam, todos são olhos e ouvidos.". In Erasmo. Elogio da loucura. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2008. pp. 69-70.
  3. No original em espanhol: Para facilitar la asimilación de una enseñanza, nada como novelizarla ideando una fábula, un relato, una ficción que ponga en escena y haga tangible el precepto moral o doctrinal que se pretende inculcar. A esta doble preocupación obedece uno de los géneros que mayor difusión alcanzaron en la tradición hispánica medieval, el exemplum, modalidad del discurso didáctico cuya característica más notable es, precisamente, la de hacer coincidir en uno solo dos artes diferentes: el arte de enseñar y el arte de contar. in BRAVO, Federico, , « Arte de enseñar, arte de contar: en torno al exemplum medieval », La Enseñanza en la Edad Media, 2000, 303-327
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