Feminazi (palavra-valise: "feminista" e "nazi") é um termo popularizado pelo radialista estadunidense Rush Limbaugh[1][2][3][4][5], usado pejorativamente para descrever adeptas do movimento feminista que são classificadas como extremistas ou radicais;[1][6][7] argumentando que estas não desejam a igualdade mulher-homem (conforme a militancia feminista dos direitos equânimes).[1]

Grupo de direita polonês protesta no Dia Internacional da Mulher (2010), em Varsóvia, portando bandeiras com o símbolo de Vênus no centro de uma bandeira nazista.

O uso mais antigo conhecido da palavras data de 1989, foi popularizado pelo talk-show de rádio de Limbaugh no início de 1990.[1]

Segundo algumas feministas, este termo não é aplicável; pois pessoas em uma situação de poder que não identificadas no binário de gênero, não conseguiriam exercer uma opressão igual à do patriarcado.[8]

Etimologia e uso editar

É uma junção dos substantivos da militância "Feminismo" com a ideologia totalitária do "nazismo". A versão online do dicionário Merriam-Webster define o termo como utilizado de uma forma "geralmente depreciativa", para descrever "uma militante extrema ou feminista".[6]

Em 1992, no livro The Way Things Ought to Be, Limbaugh creditou seu amigo Tom Hazlett, professor de economia da Universidade da Califórnia em Davis, como o inventor do termo.[9] Também afirma que a palavra refere-se a mulheres não especificadas, cujo objetivo é permitir que seja realizado o maior número de abortos, dizendo em um ponto que havia menos de 25 "verdadeiras feminazistas" nos EUA.[10][11][12] Limbaugh usou o termo para se referir a membros do National Center for Women and Policing, a Feminist Majority Foundation, a National Organization for Women e de outras organizações na Marcha pela Vida das Mulheres, uma manifestação pró-escolha.[13][14]

Em 2004, Limbaugh chamou as ativistas feministas Gloria Steinem, Susan Sarandon, Christine Lahti e Camryn Manheim de "feminazistas famosas".[12][13][15] Em 2005, Limbaugh disse: "Eu não uso esse termo neste programa há anos. Mas ele ainda está por ai, não é? E você sabe por quê? Porque está certo. Porque é preciso."[13] Em outubro de 2015 Limbaugh ainda estava usando a palavra regularmente em seu show.[16][17]

Outros comentaristas políticos também têm realizado comparações entre a militância feminista e ideologias totalitárias. Em 1994, Camille Paglia descreveu alguns grupos feministas como "Estalinistas" pelo envolvimento no que ela designa como censura e cassação das divergências.[18][19] Em 1983, um ano antes de Limbaugh estrear como apresentador de um talk-show político, o anarquista Bob Black escreveu um ensaio dizendo: "Feminismo como Fascismo".[20]

Em 2012, Limbaugh culpou, sarcasticamente, "feminazis" como responsáveis de uma tendência ao longo de décadas de encolhimento de pênis.[21][22]

Críticas editar

Algumas feministas defendem que não pode existir um "feminazismo" ou hembrismo, pois as mulheres, ou as pessoas que não se identificam com o binário de gênero (masculino ou feminino), que estão em uma situação de poder, não seriam capazes de exercer uma opressão igual à opressão patriarcal.[8]

Em uma entrevista em 1996, Gloria Steinem criticou o uso do termo feminazi por Limbaugh. De acordo com Steinem, "Hitler subiu ao poder em oposição ao forte movimento feminista na Alemanha, fechando as clínicas de planejamento familiar, e declarando que o aborto é um crime contra o Estado - todos são pontos de vista que se assemelham estreitamente aos de Rush Limbaugh."[23] Em seu livro Outrageous Acts and Everyday Rebellions (português: "Atos revoltantes e rebeliões todos os dias"), Steinem caracterizou o termo como "cruel e anistórico", e detalhou a repressão hitlerista contra os movimentos feministas, observando que muitas feministas de destaque da Alemanha, como Helene Stöcker, Trude Weiss-Rosmarin e Clara Zetkin, foram forçadas a fugir da Alemanha nazista, enquanto que outras foram mortas em campos de concentração.[24]

John K. Wilson, em seu livro The Most Dangerous Man in America: Rush Limbaugh's Assault on Reason (em português: "O mais perigoso homem na América: o assalto de Rush Limbaugh sobre a razão"), cita a definição do termo de Limbaugh, que significa "feministas radicais que objetivam ver que há tantos abortos quanto for possível"; e diz: "por esta definição, literalmente, não existem feminazis."[25]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d Ferrero, Clara (11 de julho de 2017). «O vocabulário feminista que todos já deveriam estar dominando em 2017». El País Brasil. Consultado em 3 de março de 2022 
  2. Ferree, Myra Max (17 de fevereiro de 2005). «Soft Repression: Ridicule, Stigma, and Ailencing in Gender-based Movements». In: Myers, Daniel J.; Cress, Daniel M. Authority in Contention. Col: Research in Social Movements, Conflicts and Change. 25. [S.l.]: Emerald Group Publishing. p. 90. ISBN 978-0-7623-1037-1. ISSN 0163-786X. Consultado em 3 de março de 2012. Mais recentemente, considere o termo "feminazi" que Rush Limbaugh cunhou para ridicularizar as feministas... 
  3. "Angry Feminazis and Manhaters: How Women Develop Positive Feminist Identities in the Face of Stigma" porApril Dye for the Association for Women in Psychology Abstract: "Popular culture often portrays feminists as 'feminazis
  4. Katz, Jackson (2006). The Macho Paradox: Why Some Men Hurt Women and how All Men Can Help. [S.l.]: Sourcebooks. p. 177. ISBN 9781402253768. Então, quando Limbaugh estigmatiza feministas, chamando-lhes nomes como "feminazi ', ele está atacando as mulheres que tiveram mais sucesso... 
  5. Wilson, John K. (1 de março de 2011). «Bitches, Butt Boys, and Feminazis: Limbaugh's Sexism and Homophobia». The Most Dangerous Man in America: Rush Limbaugh’s Assault on Reason. [S.l.]: Macmillan. p. 56. ISBN 9780312612146. OL 24385112M. Quando questionado em 1995 sobre o termo "feminazi", ele declarou: "É a maneira que eu vejo o movimento feminista." Limbaugh referia-se ao National Center for Women and Policing e a Feminist Majority Foundation como "feminazistas." Portanto, não é apenas vinte e cinco indivíduos, mas cada organização feminista, suas líderes e milhões e milhões de americanos com os mesmos pontos de vista a quem Limbaugh comparam aos nazistas. 
  6. a b Online dictionary - Feminazi, (em inglês)
  7. Linguistic politics and language usage in the debate on "Political Correctness" by Peter Skutta
  8. a b Se presenta “Historia de las feminazis en América” de Sidharta Ochoa - bellasartes.gob.mx - 13 de março de 2014, México, D.F. (em castelhano)
  9. Rush H. Limbaugh, The Way Things Ought to Be, Pocket Books, 1992 p. 193
    "Eu prefiro chamar as feministas mais detestáveis o que eles realmente são: feminazistas. Tom Hazlett, um bom amigo que é um professor estimado e altamente considerado de economia da Universidade da Califórnia em Davis, cunhou o termo para descrever qualquer mulher que é intolerante a qualquer ponto de vista que desafia o feminismo militante."
  10. Limbaugh, Rush H., III (1992). «The Limbaugh Lexicon». The Way Things Ought to Be. [S.l.]: Pocket Books. p. 296. ISBN 9780671751456. Feminazi: amplamente mal compreendida pela maioria significa simplesmente "feminista". Nem tanto. A Feminazi é uma feminista a quem a coisa mais importante na vida é assegurar que o maior número de abortos ocorram. Há menos de vinte e cinco Feminazis conhecidas nos Estados Unidos. 
  11. Britt Gillette, The Dittohead's Guide to Adult Beverages, Regnery Publishing, 2005, page xii
  12. a b «Feminazi is an Accurate Term». The Rush Limbaugh Show. Premiere Radio Networks. Consultado em 3 de março de 2012 
  13. a b c The Rush Limbaugh Show, June 22, 2005: "In The Washington Post we get a little story: 'Tips for the Democrats, Hint: Next time don't compare anybody to Hitler.' And by the way, the only reason they're doing it is because Rush Limbaugh invented the term 'feminazi.' That's the sum total of the Washington Post story—Durbin did it because I popularized it first with 'feminazi.' I haven't used that term on this program in years. But it still gets to 'em, doesn't it? And you know why? [chuckles] Because it's right. Because it's accurate.
    [...]
    The feminazis gathered in Washington on Sunday, about a half-million of them it says here, and it was the first big pro-abortion rally in 12 years....Now, let's go to the audiotape. Let's listen to some famous feminazis who were speaking yesterday at the pro-abort anti-Bush rally. In order, they are Gloria Steinem, Susan Sarandon, Christine Lahti and Camryn Manheim."
  14. Wilson, John K. (1 de março de 2011). «Bitches, Butt Boys, and Feminazis: Limbaugh's Sexism and Homophobia». The Most Dangerous Man in America: Rush Limbaugh's Assault on Reason. [S.l.]: Macmillan. p. 56. ISBN 9780312612146. OL 24385112M. Quando questionado em 1995 sobre o termo "feminazi", ele declarou: "É a maneira que vejo o movimento feminista." Limbaugh se refere à National Center for Women and Policing e à Feminist Majority Foundation. Portanto, não é são apenas vinte e cinco indivíduos, mas cada organização feminista, suas líderes e milhões e milhões de americanos com os mesmos pontos de vista quem Limbaugh compara aos nazistas. 
  15. Rush H. Limbaugh, The Way Things Ought to Be, Pocket Books, 1992 p.193
  16. The Rush Limbaugh Show, October 17, 2012.
  17. Chandrasekhar, Indu (5 de novembro de 2012). «Barack Obama, ladies man: why the President deserves women's support». The Telegraph. Consultado em 12 de novembro de 2012 
  18. Rodden, John. (2001) Performing the literary interview: how writers craft their public selves. University of Nebraska Press, ISBN 9780803239395, p. 169.
  19. Paglia, Camille (1994). Vamps & Tramps. New York: Vintage Books. p. 189. ISBN 0679751203 
  20. Feminism as Fascism
  21. Rush Limbaugh Blames 'Feminazis' For Study Finding About Shrinkage In Male Genitalia, Huffington Post.
  22. "Limbaugh: Penises now ’10 percent smaller’ and shrinking because of ‘feminazis’" Raw Story.
  23. Steinem, Gloria (1996). «Ask Gloria». Feminist.com. Consultado em 3 de março de 2012 
  24. Steinem, Gloria (15 de outubro de 1995). «If Hitler Were Alive, Whose Side Would He Be On? (2nd edition)». Outrageous Acts and Everyday Rebellions. [S.l.]: New American Library. ISBN 978-0451139986. OL 18320559M 
  25. Wilson, John K. (2011). The Most Dangerous Man in America: Rush Limbaugh's Assault on Reason. New York: St. Martin's Press. p. 56. ISBN 978-0-312-61214-6 

Ligações externas editar