A expressão filosofia hindu se refere ao pensamento filosófico associado ao hinduísmo. A filosofia hindu se divide em seis escolas āstika (em sânscrito: आस्तिक, "ortodoxas") de pensamento,[1] ou darśanas (दर्शनस्, "visões"), que aceitam os Vedas como as supremas escrituras reveladas. São elas:

  1. Samkhya, uma exposição teórica fortemente dualista de mente e matéria, que vê de outra forma a existência de Deus;
  2. Ioga, uma escola que enfatiza experiência direta da meditação, fortemente baseada na samkhya;
  3. Nyaya, escola com forte fundamentação lógica;
  4. Vaisheshika, uma escola empírica de atomismo;
  5. Mimamsa, uma escola antiascética e antimística de ortopraxia;
  6. Vedanta, a conclusão lógica do ritualismo védico, focada no misticismo. O vedanta acabou por se tornar a corrente dominante do hinduísmo no período pós-medieval.
Estátua representando Patanjali, o codificador da escola hindu da ioga.

Escolas nāstika editar

Em contraposição, as escolas nāstika (नास्तिक, "heterodoxas") não aceitam os Vedas como autoridade. São elasː

História editar

Antes do surgimento das seis escolas ortodoxas acima citadas, o pensamento filosófico indiano já estava presente de forma não sistematizada em diversas obras, como os Vedas, que contêm diversos hinos de grande profundidade, e as Upanishads, nas quais foram elaborados conceitos fundamentais como o de Brahman e Atman.[2]

Na história hindu, a distinção entre as seis escolas ortodoxas tornou-se corrente na "idade áurea" do hinduísmo (período Gupta). Com o desaparecimento da vaisheshika e da mimamsa, no fim da Idade Média, esta distinção se tornou obsoleta, quando as diversas sub-escolas do Vedanta (Dvaita, "dualismo", Advaita Vedanta, "não dualismo", e outras), começaram a se tornar proeminentes como as principais divisões da filosofia religiosa. A nyaya sobreviveu até o século XVII como Navya Nyaya, "neo-nyaya", enquanto a samkhya gradualmente perdeu seu status como escola independente, e seus princípios foram absorvidos pela ioga e a vedanta.

O pensamento filosófico indiano começou a ser conhecido no mundo ocidental a partir do final do século XVIII e início do século XIX, quando surgiram as primeiras traduções de textos sânscritos para idiomas como latim, inglês, francês e alemão. No início do século XIX, foram traduzidas várias Upanishads do persa para o latimː essas traduções tiveram grande influência sobre o filósofo alemão Arthur Schopenhauer.[3] No entanto, outro filósofo alemão, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, guiado por seus pressupostos historicistas, negou a existência de qualquer filosofia na Índia.[4] Devido à influência de Hegel, até hoje muitos professores de filosofia continuam a afirmar que nunca houve filosofia na Índia, ignorando, assim, a vasta literatura existente.

Referências

  1. Para um panorama das seis escolas ortodoxas, com detalhes sobre as divisões destas escolas, ver: Radhakrishnan and Moore, "Contents", e p. 453-487.
  2. MARTINS, Roberto de Andrade. Muṇḍaka-Upaniṣad: o conhecimento de Brahman e do Ātman. Rio de Janeiro: Corifeu, 2008.
  3. BIANCHINI, Flávia; REDYSON, Deyve. A obra Oupnek'hat na filosofia de Schopenhauer. Litterarius, 11 (2): 157-184, 2012.
  4. MARTINS, Roberto de Andrade. A crítica de Hegel à filosofia da Índia. Textos SEAF (5): 58-116, 1983.

Bibliografia editar

  • Baba, Meher (2000). The Path of Love (PDF). Myrtle Beach: Sheriar Press. ISBN 1-880619-23-7. Arquivado do original (PDF) em 27 de setembro de 2011 
  • Chatterjee, Satischandra e Datta, Dhirendramohan (1984). An Introduction to Indian Philosophy 8ª reedição ed. Calcutá: Universidade de Calcutá 
  • Flood, Gavin. An Introduction to Hinduism. Cambridge University Press: Cambridge, 1996. ISBN 0-521-43878-0.
  • Müeller, Max (1899). Six Systems of Indian Philosophy; Samkhya and Yoga, Naya and Vaiseshika. Calcutá: Susil Gupta (India) Ltd. ISBN 0-7661-4296-5  reedição; publicado originalmente com o título de The Six Systems of Indian Philosophy.
  • Radhakrishnan, S. e Moore, CA (1967). A Sourcebook in Indian Philosophy. [S.l.]: Princeton. ISBN 0-691-01958-4 
  • Rambachan, Anantanand. "The Advaita Worldview: God, World and Humanity." 2006.
  • Zimmer, Heinrich (1951). Philosophies of India. Nova York: Princeton University Press. ISBN 0-691-01758-1  Bollingen Series XXVI; editado por Joseph Campbell.
  • Zilberman, David B., The Birth of Meaning in Hindu Thought. D. Reidel Publishing Company, Dordrecht, Holland, 1988. ISBN 90-277-2497-0. Chapter 1. "Hindu Systems of Thought as Epistemic Disciplines".

Ligações externas editar

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