Fluorose dentária

Fluorose dentária são manchas, em geral esbranquiçadas, que aparecem nos dentes por excesso de flúor, geralmente de forma simétrica. Geralmente acomete crianças de 0 a 12 anos em regiões onde a água é fluoretada ou possui nível de fluoreto natural maior que 4mg/L e em trabalhadores da indústria de flúor.

Fluorose dentária
Fluorose dentária
Fluorose moderada (nível 4 no Índice Dean)
Especialidade estomatologia
Classificação e recursos externos
CID-10 K00.3
CID-9 520.3
CID-11 2127981947
MeSH D009050
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Fontes de flúor editar

Além de água fluoretada, comum nas Américas e Ásia, diversos alimentos contem flúor, especialmente chá preto, sopas, ensopados feitos com peixe, carne bovina, galinha, frutos do mar e fígado bovino.[1] Também pode ser encontrado em uva-passa, alguns sucos, café, refrigerantes e cachorro-quente. [2]

Fluoretação da água editar

Devido à fluorose muitos cientistas [3] e prêmios Nobéis [4] acabaram tornando-se contrários à fluoretação da água, pois creem ser o primeiro sinal de que até 70 % das crianças de algumas regiões estão sendo intoxicadas.

Seja como for, a eficácia da fluoretação varia de conformidade com o nível de higiene oral da população, pode chegar a 60 % onde as pessoas têm maus hábitos alimentares e de higiene e a irrisórios 5 % [5] em algumas regiões europeias onde se tem adequados cuidados com a saúde oral. Num sentido mais amplo, o flúor dos cremes dentais mais o flúor dos alimentos pode reduzir em até 90% a incidência de cáries.

Para se minimizar o problema da fluorose, pode-se revisar os níveis de flúor colocados na água, fiscalizar a indústria para que respeite o a quantidade máxima permitida em alimentos processados com água fluoretada, fluoretar o sal doméstico como opção mais segura, evitando assim a reinserção da substância, ou diluir parte da água fluoretada em água com baixo nível de fluoreto. Ainda é preferível que crianças menores de 7 anos não usem dentifrício fluoretado, ou usem apenas em quantidade semelhante a um grão de arroz.

O excesso de flúor pode ser tóxico apesar de em quantidade recomendada ser benéfico. Sua toxicidade pode ser aguda, quando grande quantidade de flúor é ingerida de uma só vez ou crônica quando pequenas quantidades são ingeridas continuamente. Em sua forma aguda a toxicidade pode varias desde uma simples perturbação gastrointestinal até a parada respiratória e consequentemente morte.

Em sua forma crônica a toxicidade pode afetar tecidos mineralizados (ossos e esmalte dental) causando também fluorose óssea.

O uso do flúor nas águas de abastecimento está sendo questionado por dissidências científicas devido a dificuldade de se individualizar a dosagem da substância para cada pessoa, enquanto a maioria dos cientistas aceita o fato de que os efeitos colaterais são contornáveis. Questionável, também, é seu controle durante a adição do composto na água de uso público que deve ser restrito e seguir as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Prevalência editar

No Brasil o número varia muito dependendo do município. Em dois municípios de São Paulo só foram encontrados casos leves da doença. Em crianças de 5 a 15 anos de Aracaju foi identificado em 8,6% dos participantes. Em Goiânia foi identificado em 5,6% das crianças. Em Ponta Grossa (PR) o índice foi de 20,35% de casos leves ou muito leves. Em crianças de Brasília (DF) 14,64% de casos leves e moderados foram identificados. Em Maputo, Moçambique, foi encontrada baixa concentração de flúor na água e baixa prevalência de fluorose.[6] Não houve diferença significativa entre gêneros, mas foi maior em crianças de 6 anos com dentes de lentes e nos dentes incisivos.[7]

Dentre as crianças com fluorose, apenas 8,7% perceberam algum problema em seus dentes. As mães de crianças com fluorose igualmente tinham percepção positiva dos dentes dos filhos.[6]

Metabolismo do Flúor editar

O flúor pode ser absorvido por vias pulmonares ou pelo trato gastrointestinal.[8]

Após a ingestão, o flúor solúvel é absorvido no estômago e intestino delgado sendo parcialmente excretado após sua distribuição.

A absorção do Flúor vai depender diretamente do PH do estômago, sendo inversamente proporcional à quantidade de flúor absorvido. Quanto menor o PH maior sua absorção. Estando o PH 'Alcalino' a absorção é de 'menor' quantidade. Sabendo disso sempre é indicado, que antes de realizar a aplicação tópica de flúor, a criança esteja alimentada OU SEJA com o PH estomacal mais Alcalino para evitar sua intoxicação.

Após a absorção, o flúor é transportado pelo plasma, distribuído e parcialmente (50%) excretado pela urina durante as primeiras 24 horas.

A maioria do remanescente se tornará 'associado' aos tecidos calcificados sendo liberado durante o processo normal de remodelamento ósseo. Sendo esse fator o mais importante em manter constantemente íons de flúor na saliva quando administrado pelo método sistêmico.

Diagnóstico editar

A fluorose pode ser dividida em níveis segundo evolução da doença. Segundo o Índice Dean a fluorose dentária pode ser classificada em[9]:

0. Normal : A superfície do esmalte está lisa, lustrosa e, geralmente, de cor branca cremosa pálida;

  1. Questionável : O esmalte revela pequenas alterações de translucidez.Desde algumas partículas brancas até eventuais manchas brancas. Esta classificação é utilizada quando a estrutura do esmalte não pode ser considerada normal e ao mesmo tempo existem pequenas alterações questionando a presença da fluorose;
  2. Muito Leve : Pequenas manchas brancas e opacas espalhadas irregularmente no dente, envolvem não mais que 25% de sua superfície total. Frequentemente estão incluídos as manchas brancas de aproximadamente 1-2mm no vértice das pontas de cúspide dos pré-molares ou segundo molares;
  3. Leve : Manchas brancas mais extensas, porém não ultrapassam 50% da superfície total do dente;
  4. Moderada : Manchas brancas em quase 100% da superfície dentária, o desgaste é observado junto à pequenas manchas acastanhadas;
  5. Severa: Toda superfície do esmalte comprometida por mancha, grande desgaste e manchas acastanhadas envolvem boa parte do elemento dental;

O Índice de Dean por ser preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é muito utilizado por pesquisadores da área de saúde, epidemiologistas e profissionais que trabalham com programas em saúde coletiva.

Fluoreto é a forma iônica do Flúor, um halógeno o mais eletronegativo dos elementos da tabela periódica. Seu uso entre 0,4 e 1,8 ppm é usado para evitar o desenvolvimento de cáries em países como EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália e Brasil.

Mesmo não sendo capaz de interferir na formação de placa bacteriana e transformação do açúcar em ácidos, ele é capaz de controlar o processo de desmineralização e remineralização do esmalte dentário na forma de fluorapatita.

Ver também editar

Referências

  1. http://emedix.uol.com.br/vit/vit025_1f_fluor.php
  2. http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/controversias_sobre_o_fluor.html
  3. Connet, 2000
  4. Carlson, 2000 et al.
  5. McDonagh, 2002
  6. a b Mariângela Agostini. FLUOROSE DENTÁRIA: Uma revisão da literatura. UFMG 2011 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2968.pdf
  7. CAMPOS, D.L.; FARIAS, D.G; TOLEDO, O.A.; BEZERRA, A.C. Prevalência de fluorose dentária em escolares de Brasília - Distrito Federal. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 12, n. 3, p. 225-230, jul./set. 1998.
  8. Aldo Angelim Dias. "Flúor e a Promoção da Saúde Bucal". Saúde Bucal Coletiva (livro)
  9. Fluoridation Facts (PDF). [S.l.]: American Dental Association. 2005. pp. 28–29. Consultado em 16 de agosto de 2011. Arquivado do original (PDF) em 7 de março de 2007 
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