Francisco Rebolo

futebolista brasileiro

Francisco Rebolo Gonsales, mais conhecido por Francisco Rebolo, ou simplesmente Rebolo (São Paulo, 22 de agosto de 1902 – São Paulo, 10 de julho de 1980), foi um pintor, gravurista e futebolista hispano-brasileiro. Membro fundador do famoso Grupo Santa Helena, foi um dos mais importantes pintores brasileiros da segunda geração de modernistas ajudando a consolidar o movimento e a democratizar a arte. Rebolo também é o criador do escudo do Sport Club Corinthians Paulista, desenhado no início da década de 1930.[1][2]

Francisco Rebolo
Nome completo Francisco Rebolo Gonsales
Nascimento 22 de agosto de 1902
São Paulo, São Paulo
Morte 10 de julho de 1980 (77 anos)
São Paulo, São Paulo
Nacionalidade hispano-brasileiro
Ocupação pintor, gravurista e futebolista

Biografia editar

Filho de Francisco Rebollo Merguizo e Rosa González Rodríguez, imigrantes espanhóis da Andaluzia que chegaram ao Brasil no fim do século XIX, foi o quinto filho do casal, nascido no bairro da Mooca, em São Paulo.[3] Mestre de duas artes, Francisco Rebolo viveu intensamente duas trajetórias, a de jogador de futebol e a de pintor.[4]

Futebolista editar

Iniciou sua carreira de jogador semiprofissional pela Associação Atlética São Bento em 1917. Em 1922, atuou no Sport Club Corinthians Paulista e em 1927 no Ypiranga, ambos clubes da cidade de São Paulo. Encerrou sua carreira como atleta em 1934 para dedicar-se mais intensamente à carreira de pintor.

Sua ligação com o SC Corinthians permaneceu forte mesmo após encerrar a carreira, sendo ele o criador do atual escudo do clube, desenhado no início da década de 1930.

Carreira editar

Em 1915, empregou-se como aprendiz de decorador, iniciando seu contato com tintas e pincéis. Fez decorações de diversas casas e detalhes de Igrejas de Santa Ifigênia e Santa Cecília, em São Paulo. Estas experiências foram muito favoráveis ao seu desenvolvimento como artista anos depois. Sua carreira como decorador cresce, fazendo-o transferir seu ateliê de pintura e decoração para a sala nº 231 do Edifício Santa Helena, na Praça da Sé em 1934, fato que marca o início de sua carreira como pintor. No ano seguinte começa a estruturar o Grupo Santa Helena, famoso por unir artistas de diferentes estilos, mas que tinham a mesma paixão pela arte. A este grupo pertenciam, além de Rebolo, Fulvio Pennacchi, Aldo Bonadei, Humberto Rosa, Manuel Martins, Clóvis Graciano, Mario Zanini, Alfredo Volpi e Alfredo Rizzotti. A origem social humilde e as afinidades profissionais levaram ao Mario de Andrade[5] nomeá-los de “artistas proletários”, alcunha que perdurou e os caracterizou dentro do movimento modernista. Nesse mesmo ano participa de sua primeira exposição, no III Salão Paulista de Belas Artes. Daí em diante participará de muitas outras, rendendo-lhe prestígio e prêmios.

Seu trabalho, assim como de seus companheiros do Grupo Santa Helena, é reconhecido, e são convidados a viajar para Minas Gerais a convite do prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, em companhia de outros intelectuais e artistas modernos. Em 1945, trabalha com outros artistas para a criação do Clube dos Artistas e Amigos da Arte (Clubinho), do qual será diretor. Participa do movimento para a criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM.

Seu ateliê do Edifício Santa Helena é fechado e reaberto em novo endereço, encerrando um importante ciclo profissional em 1952. Durante dois anos, entre 1955 e 1957, residiu na Europa com sua família, trabalhando em restaurações no Vaticano e realizando exposição na Itália. Devido a problemas de saúde se vê obrigado a afastar-se temporariamente das tintas, iniciando a fase de gravuras em 1963 incentivado por seu amigo Marcelo Grassmann.

Rebolo é considerado um dos mais importantes paisagistas da pintura brasileira. Tendo sempre a preservação do meio ambiente e o respeito a figura humana como essência em seu trabalho. Sua obra, com um total estimado superior a três mil pinturas, centenas de desenhos e um conjunto de cinquenta diferentes gravuras, de variadas técnicas, além das paisagens, envolve também como temática um expressivo conjunto de retratos, figuras, naturezas-mortas e flores. Hoje, a imagem, direitos e catalogação de obras é gerida pelo Instituto Rebolo, os trabalhos de Rebolo estão nos principais museus do Brasil e do Mundo como MAC, MAM, PINACOTECA e no MoMA de Nova Iorque, além de acervos de órgãos culturais e governamentais e em coleções particulares em todo o Brasil.

Morte editar

Francisco Rebolo morreu de infarto em 10 de julho de 1980, em sua casa no bairro do Morumbi, em São Paulo.[6][2]

Cinema editar

Em 1978, foi lançado o documentário O Anel Lírico, sobre vida e obra do artista, com direção e produção de Olívio Tavares de Araújo.

Ver também editar

Referências

  1. «Francisco Rebolo». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 16 de outubro de 2022 
  2. a b «Que fim levou? FRANCISCO REBOLO... Artista que desenhou o atual distintivo do Corinthians e ex-jogador». Terceiro Tempo. Consultado em 16 de outubro de 2022 
  3. REBOLLO GONÇALVES, Lisbeth. Cronologia. in: Rebolo 100 Anos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002. Pág. 109.
  4. «Francisco Rebolo transmite sua alegria de viver através de um realismo sincero e escrupuloso». Alesp. 16 de junho de 2004. Consultado em 16 de outubro de 2022 
  5. ANDRADE, Mário. Esta paulista família. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 2 jul. 1939.
  6. Veja. Edição 619, 16 de julho de 1980. Pág. 111.

Bibliografia editar

  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • SANTA ROSA, Nereide Schillaro. Coleção Grandes Jomes do Brasil. Francisco Rebolo. Editora Duna Dueto, 2003
  • AJZENBERG, Elza Maria. Coleção Folha de São Paulo Francisco Rebolo - Grandes Pintores Brasileiros, 2013
  • GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Rebolo 100 anos. Edusp, 2002

Ligações externas editar