Glifosato

composto químico
Glifosato
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC N-(fosfonometil)glicina
Outros nomes 2-[(fosfonometil)amino]ácido acetico
Identificadores
Número CAS 1071-83-6,
38641-94-0 (sal de isopropilamônio)
70393-85-0 (sal de sesquisódio)
81591-81-3 (sal de trimetilsulfônio)
PubChem 3496
ChemSpider 3376
Número RTECS MC1075000
SMILES
InChI
1/C3H8NO5P/c5-3(6)1-4-2-10(7,8)9/h4H,1-2H2,(H,5,6)(H2,7,8,9)
Propriedades
Fórmula química C3H8NO5P
Massa molar 169.05 g mol-1
Aparência Pó branco cristalino
Densidade 1.704 (20 °C)
Ponto de fusão

184.5 °C

Ponto de ebulição

decomp. a 187 °C

Solubilidade em água 1.01 g/100 ml (20 °C)
log P −2.8
Acidez (pKa) <2, 2.6, 5.6, 10.6
Riscos associados
MSDS InChem MSDS
Classificação UE Irritante (Xi)
Perigoso para o ambiente (N)
Índice UE 607-315-00-8
Frases R R41, R51/53
Frases S S2, S26, S39, S61
Ponto de fulgor não inflamável
Compostos relacionados
Compostos relacionados Ciliatina (ácido (2-aminoetil)-fosfônico)
Glicina (ácido 2-amino-acético)
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

O glifosato (N-(fosfonometil)glicina) é um herbicida sistêmico de amplo espectro e dessecante de culturas. É um composto organofosforado, especificamente um fosfonato. É usado para matar ervas daninhas, especialmente as folhosas perenes e gramíneas que competem com as culturas. Suas propriedades herbicidas foram descobertas por volta de 1970, pelo químico John E. Franz, da Monsanto.[1]

O glifosato é absorvido através das folhas, e minimamente através de raízes,[2][3][4] e transportado para pontos de crescimento. Ele inibe uma enzima vegetal envolvida na síntese de três aminoácidos aromáticos: fenilalanina, triptofano e tirosina. Portanto, é eficaz somente em plantas em crescimento ativo e não é eficaz como um herbicida de pré-emergência.

Um número crescente de culturas foram geneticamente modificadas para serem tolerantes ao glifosato (por exemplo, a soja Roundup Ready, a primeira cultura Roundup Ready, também criada pela Monsanto), que permite que os agricultores usem o glifosato como um herbicida pós-emergente contra ervas daninhas.

O desenvolvimento de resistência ao glifosato em espécies de ervas daninhas está tornando-se um problema grave.

Apesar de o glifosato e suas formulações, tais como Roundup, terem sido aprovados por várias entidades reguladoras em todo o mundo, persistem preocupações sobre seus efeitos no ser humano e no meio ambiente.[5][6]

História editar

O glifosato foi sintetizado pela primeira vez na Suíça, em 1950, pelo químico Henry Martin, mas não se conhecia a sua função herbicida, e a pesquisa nunca foi publicada. A substância foi inicialmente patenteada como um agente quelante.

Em 1969, John E. Franz, a serviço da Monsanto, fez experiências com compostos que tinham alguma atividade herbicida até chegar ao glifosato. Franz recebeu a Medalha Nacional de Tecnologia e Inovação do governo dos Estados Unidos em 1987 e a medalha Perkin em 1990 pela descoberta.

Após alguns anos de desenvolvimento, estudos e avaliação pelos órgãos reguladores, em 1974, o herbicida baseado em Glifosato com nome comercial Roundup, passou a ser vendido nos EUA. e era anunciado que respeitava o ambiente, era inteiramente biodegradável e não deixava resíduos no solo, o que era falso . Nos EUA, a empresa foi mais tarde (em 1996) forçada a retirar tais alegações, consideradas publicidade enganosa. Dois anos mais tarde, foi condenada por sugerir que o produto poderia ser espalhado nas águas ou perto delas sem perigo.[7][8][9]

Os agricultores rapidamente adotaram o glifosato, especialmente depois de a Monsanto introduzir culturas resistentes ao glifosato — as culturas Roundup Ready, permitindo aos agricultores matar as ervas daninhas sem matar as suas culturas. O desenvolvimento desde a década de 1990 de culturas transgênicas, como a soja, o milho e o algodão, resistentes ao glifosato, fez disparar as vendas deste herbicida. Além da agricultura, o herbicida também é usado nos jardins das cidades.[10]

Desde então, muitas variações do produto foram sendo produzidas. Em 2000, a patente da Monsanto expirou e outras empresas apostaram neste químico. Só na Europa, 300 herbicidas à base de glifosato de 40 empresas diferentes são comercializados. Nos EUA, mais de 750 produtos contêm a substância, que é o agrotóxico mais usado no mundo.[11] Em 2007, o glifosato foi o herbicida mais utilizado no setor agrícola dos Estados Unidos e o segundo mais usado em casa e jardim, pelo governo e indústria, e no comércio.[12] A frequência e o volume de aplicações de herbicidas à base de glifosato (HBGs) aumentaram mais de 100 vezes entre o final dos anos 1970 e 2016, provavelmente devido ao surgimento de ervas daninhas resistentes ao glifosato, o que, por sua vez, deve causar mais crescimento em seu uso.[13]

Química editar

O glifosato é um aminofosfonato análogo ao aminoácido natural glicina, que portanto ocupa o lugar desta na síntese proteica. Seu nome é uma contração de glicina + fosfato.

Bioquímica editar

O glifosato mata as plantas por inibir a enzima 5-enolpiruvoil-shikimato-3-fosfato sintetase (EPSPS), que sintetiza os aminoácidos aromáticos: fenilalanina, tirosina e triptofano. A EPSPS catalisa a reação do shikimato-3-fosfato (S3P) e do fosfoenolpurivato para formar EPSP e fosfato. Os aminoácidos aromáticos são usados também para produzir metabólitos secundários como folatos, ubiquinonas e naftoquinas. A via do shikimato[14] não está presente em animais.

Toxicidade editar

Muitas avaliações acadêmicas e de entidades reguladoras atestaram a baixa toxicidade relativa do glifosato como um herbicida, porém as muitas controvérsias tem se confirmado em estudos mais recentes sua toxidade[15][16][17][18][19][20][21][22] onde se reivindica que, devido a associações desta "toxicidade de tais formulações estar atualmente bem comprovada e requerer uma revisão do regulamento".[23]

Formulações comerciais de glifosato contêm, além de sais de glifosato, certos aditivos, tais como surfactantes de diferentes tipos e em concentrações variáveis. Toxicologistas têm estudado os efeitos do glifosato isoladamente, dos aditivos isoladamente e das formulações. Análises toxicológicas sugerem que outros ingredientes em combinação com o glifosato podem ter maior toxicidade do que o glifosato isoladamente.[24]

Em março de 2015, a Agência Internacional de Pesquisas em Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde, classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno em humanos" (Categoria 2A) com base em estudos epidemiológicos, estudos em animais e estudos in vitro.[25][26][6]

Mas, alguns meses depois, em novembro de 2015, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA ou EFSA) reavaliou as conclusões da IARC e publicou um outro relatório acerca da carcinogenicidade potencial do glifosato ou de herbicidas contendo glifosato. A conclusão foi de que dificilmente o glifosato representaria risco de câncer para os seres humanos e que não havia evidências nesse sentido.[27] Segundo a EFSA, embora formulações contendo glifosato sejam provavelmente cancerígenas, estudos que consideram exclusivamente a substância ativa glifosato não mostram este efeito.[28][29] O relatório da AESA acrescenta que há várias razões que explicam as divergências em relação ao relatório da IARC. Uma delas é que o IARC não avaliou somente o glifosato, isoladamente, mas também as formulações à base de glifosato, enquanto a revisão interpares da AESA considerou apenas a substância ativa pura. A AESA reconheceu que a questão da toxicidade das formulações contendo glifosato deve ser considerada mais aprofundadamente, uma vez que alguns estudos de genotoxicidade publicados (não de acordo com o Genetic Literacy Project ou com as directrizes da OCDE) sobre tais formulações apresentaram resultados positivos in vitro e in vivo. Em especial, considerou-se que o potencial genotóxico dessas formulações deve ser abordado. Além disso, a AESA salientou que outros parâmetros devem ser esclarecidos, como a toxicidade e a carcinogenicidade a longo prazo, a toxicidade na reprodução e no desenvolvimento e o potencial de desregulação endócrina das formulações contendo glifosato.[27]

Em maio de 2016, o Encontro sobre Resíduo de Pesticidas, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde, concluiu ser pouco provável que o glifosato constitua um risco cancerígeno para os seres humanos em exposição através da dieta", mesmo em doses tão altas quanto 2.000 mg/kg de massa corporal por via oral.[30]

Em novembro de 2017, os países da União Europeia votaram pela renovação da licença do glifosato, apesar das campanhas contra a substância.[31]

Em humanos editar

Em uma avaliação de risco de 2017, a Agência Europeia das Substâncias Químicas (ECHA) escreveu: "As informações sobre irritação da pele em humanos é muito limitada. Onde foi relatado irritação da pele, não está claro se está relacionada ao glifosato ou a outros componentes presentes na formulação do herbicida." A ECHA concluiu que os dados disponíveis sobre humanos era insuficiente para dar suporte a uma classificação para corrosão ou irritação da pele.[32] A inalação é uma via de exposição menor, mas a névoa da pulverização pode provocar desconforto oral ou nasal, um sabor desagradável na boca, ou formigamento e irritação na garganta. Contato nos olhos pode resultar em conjuntivite leve. Danos superficiais às córneas é possível se os olhos não forem lavados em tempo ou de forma adequada após exposição.[24]

Os relatórios das agências de avaliação de risco de diversos países, bem como os de autoridades transnacionais, consensualmente classificam o glifosato como seguro e não carcinogênico.[33][34][35] Uma revisão em 2000 concluiu que "sob as condições de uso atuais e esperadas no futuro, não há potencial para o herbicida Roundup representar risco à saúde humana".[36] Em 2012, uma meta-análise de estudos epidemiológicos de exposição a formulações de glifosato não encontrou correlação com nenhum tipo de câncer.[37] A revisão sistemática de 2013 pelo Instituto Alemão de Avaliação de Risco dos estudos epidemiológicos de trabalhadores que usam pesticidas não encontrou evidência de risco significativo com glifosato para vários tipos de câncer, incluindo o Linfoma não-Hodgkin (LNH), dizendo que "os dados disponíveis são contraditórios e estão longe de serem convincentes". Em 2014, outra meta-análise identificou um risco elevado de um tipo de NHL em trabalhadores expostos a formulações com glifosato.[38] Uma revisão sistemática e meta-análise de 2016 não encontrou relação causal de exposição ao glifosato com nenhum tipo de câncer linfohematopoiético, incluindo LNH. De acordo com o estudo, quando associações estatísticas fracas foram encontradas, estas observações podem ser atribuídas a viés e a fatores de confusão, devido a trabalhadores normalmente estarem expostos a outros produtos potencialmente carcinogênicos. A revisão relatou que estudos indicando um efeito entre o uso de glifosato e linfoma não-Hodgkin tem sido criticados por não considerar estes fatores, bem como a qualidade subjacente dos estudos sob revisão, ou se a relação é causal ou meramente correlacional.[39]

Documentos internos da Monsanto editar

Documentos internos da Monsanto foram desclassificados pela justiça americana em Março de 2017 e mostram que, já em 1999 , a empresa "estava seriamente preocupada [...] com o potencial mutagénico do glifosato", sem contudo modificar seu discurso oficial sobre a inocuidade da molécula. [40]

Além dos efeitos do glifosato, a Monsanto evita fazer estudos sobre os efeitos da formulação final (Roundup, por exemplo). Em 2003, a empresa reconheceu internamente que não havia feito um teste de carcinogenicidade ao seu principal produto. Em março de 2002, as autoridades holandesas solicitaram à Monsanto que realizasse testes de penetração cutânea a um produto à base de glifosato. A Monsanto acedeu, mas decidiu pará-los prematuramente porque os resultados corriam o risco de ultrapassar os limites impostos pelas autoridades alemãs. [41]

Le Monde noticiou "como a poderosa empresa americana publicou artigos co-escritos por seus funcionários e assinados por cientistas para contrariar as informações que denunciam a toxicidade do glifosato", em particular os escritos por Séralini .[42]

Meio ambiente editar

Quando o glifosato foi lançado como um herbicida comercial na década de 1970 ele trouxe uma novidade: ao contrário do padrão de qualidade esperada de um herbicida de ter uma molécula seletiva, resistente a intempéries e persistente no solo, o glifosato se apresentava como um herbida de amplo espectro com uma molécula que degradava rapidamente quando exposta a chuva e sol[8]. As qualidades marcando contraponto aos herbicidas estabelecidos no mercado (suposta baixa toxidade, rápida eliminação ambiental, eliminação do amplo espectro de vegetações) fizeram do produto da Monsanto, o Roundup, um grande sucesso comercial[8].

O glifosato liga-se fortemente ao solo, portanto a poluição dos aquíferos é limitada.[43] Glifosato é rapidamente degradado por micróbios no solo, produzindo ácido aminometilfosfônico (AMPA, que, assim como o glifosato liga-se fortemente ao solo). Apesar de ambos o glifosato e o AMPA serem detectáveis em corpos de água, parte do AMPA detectado pode ser resultado da degradação de detergentes.[44]

Na Argentina, o uso massivo do glifosato provocou a aparição de resistência, levando a um aumento progressivo das doses usadas, e assim a uma desvitalização e perda de fertilidade do solo.[carece de fontes?]

O glifosato é geralmente menos persistente na água do que no solo. Foi observada uma persistência 12 a 60 dias nas águas das lagoas canadenses; no entanto, no norte dos Estados Unidos, foi observada uma persistência superior a um ano em sedimentos lacustres analisados em Michigan e Oregon.[45] Glifosato, em baixas concentrações, também tem sido encontrado em muitos córregos e rios dos Estados Unidos e da Europa .[46]

Segundo um estudo de 2003, abrangendo várias formulações de glifosato, "as avaliações de risco baseadas em concentrações estimadas e observadas de glifosato, resultantes da sua utilização contra plantas indesejáveis, em pântanos ou áreas encharcadas, mostraram que o risco para os organismos aquáticos é insignificante ou pequeno, se as taxas de aplicação forem inferiores a 4 kg / ha, e ligeiramente maior, se as taxas de aplicação forem de 8 kg / ha".[47]

Uma meta-análise de 2013 também analisou os dados disponíveis relacionados com potenciais impactos dos herbicidas à base de glifosato sobre os anfíbios. De acordo com os autores, a utilização de pesticidas à base de glifosato não pode ser considerada como a principal causa do declínio dos anfíbios, já que a maior parte desse declínio ocorreu antes do uso generalizado de glifosato ou até em áreas tropicais intactas, com exposição mínima ao glifosato. Os autores recomendam maiores estudos sobre as espécies e o estágio de desenvolvimento da toxicidade crônica, bem como dos níveis de glifosato ambientais, com monitoramento contínuo dos dados, para que se possa determinar se o glifosato tem algum papel no declínio dos anfíbios em todo o mundo - e qual seria esse papel. Sugerem também incluir os anfíbios em baterias de testes padronizados.[48]

As formulações de glifosato contendo surfactantes são muito mais tóxicas para anfíbios e peixes do que o glifosato isoladamente, por isso, produtos com glifosato para uso aquático geralmente não usam surfactantes.[49]

As formulações de glifosato podem conter certos componentes ditos "inertes" ou coadjuvantes, que muitas vezes não são informados, já que a legislação de diversos países não exige que esses ingredientes sejam revelados..[46] Segundo um estudo publicado em 2010, o glifosato comercial causou falhas neurais e malformações craniofaciais em rãs-de-unhas-africanas (Xenopus laevis). Nos experimentos foram usados embriões de rã que foram incubados em uma solução comercial de glifosato com diluição de 1:5000. Os embriões sofreram redução do tamanho do corpo, alterações na morfologia do cérebro, redução dos olhos, alterações dos arcos branquiais e da placa neural, entre outras anomalias do sistema nervoso. Os autores sugerem que o próprio glifosato tenha sido responsável pelos resultados observados pois a injeção de glicosato puro produziu resultados similares em embriões de galinha.[50]

A Monsanto e outras empresas oferecem produtos de glifosato com diferentes tipos de surfactantes especificamente formulados para uso aquático. A Monsanto produz o "Biactive" e o "AquaMaster".[51][52] Em 2001, os efeitos do Vision®, da Monsanto, foram estudados em áreas pantanosas do Canadá. Verificou-se mortalidade significativa quando as concentrações foram superiores aos limites estabelecidos pelas autoridades canadenses. Além disso foi constatado que fatores locais, tais como pH e a presença de sedimentos em suspensão, afetavam substancialmente a toxicidade nas larvas de anfíbios testadas . Mas, em geral, "os resultados sugerem que o uso silvicultural do herbicida Vision®, quando feito de acordo com o rótulo do produto e com as normas ambientais canadenses, tenha efeitos adversos desprezíveis sobre as fases de vida larval de anfíbios nativos."[53]

Resistência ao glifosato editar

A história da resistência de culturas agrícolas ao glifosato é boa parte da história da Monsanto e de seus pesquisadores. Dentre eles, estava Ernie Jaworski na década de 1970 observando em laboratório a correlação entre a privação de certos aminoácidos em plantas sob o efeito do glifosato. Jaworski, nascido em 1926, em Minneapolis, filho de imigrantes poloneses e doutor pela Universidade de Oregon em 1952, trabalhava como pesquisador para a Monsanto quando a empresa surpreendia o mercado ao lançar um herbicida de amplo espectro de grande sucesso comercial, o Roundup. Em 1980, Amrhein, um pesquisador da Alemanha descobriu a relação entre a inativação de uma enzima com o colapso da planta causado pela molécula do glifosato, abrindo caminho para que os cientistas Ernie Jaworski e o jovem Robb Fraley iniciassem as pesquisas de transgenia e seleção de plantas com alta tolerância ao efeito bioquímico da molécula do glifosato[8]. Em 1981 o cientista Luca Comai logrou isolar uma colônia de bacterias do gênero salmonella (posteriormente publicado e descrito todo o processo bioquímico na revista Nature, em 1985) que se revelaram tolerantes ao glifosato e tais resultados foram quase imediatamente perseguidos pelos cientistas da Monsanto que em 1985, com Rob Horsch dirigindo as pesquisas, eles lograram isolar uma colônia de bacterias, a agrobacterium tumafaciens, tolerante ao glifosato para futura transgenia dele para o material genético da planta agrícola que se buscava desenvolver[8]. A Monsanto seguiu com as pesquisas, buscando, associado a uma postura comercial agressiva de direito à patentes intelectual, isolar um gene ideal de uma bacteria para a transgenia de plantas resistentes, feito que conseguem realizar coletando amostras de bacterias ao oeste de New Orleans, próximas industria de Roundup Monsanto Luling plant. Em 1989 a Monsanto conseguiria o material genético assegurado em segredo industrial para dar início a sua linha de sementes resistentes ao glifosato[54]. O desenvolvimento das sementes de transgenia resistentes à glifosato teria o seu início com a soja transgênica criada por John Sanford e Edward Wolf, em maio de 1987, com auxílio de sua gene gun, um equipamento idealizado por ele para bombardear o células com descargas elétricas capazes de alterar o DNA.[55].

Na corrida das patentes de transgenica para desenvolver produtos comerciais resistentes à herbicidas, a Agrocetrus associada à Asgrow convenceram a Monsanto e juntas criaram as primeiras sementes de soja transgênica. Em 1994 a soja transgênica resistente ao glifosato era inaugurada como produto comercial[56].

Descrição bioquímica editar

Alguns microrganismos possuem uma forma de 5-enolpiruvoil-shikimato-3-fosfato sintetase (EPSPS) resistente ao glifosato. A versão usada nas culturas geneticamente modificadas foi isolada da cepa C4 da Agrobacterium que era resistente ao glifosato. O gene CP4 EPSPS foi clonado e inserido na soja.

O gene CP4 EPSPS foi manipulado para expressão em plantas pela fusão de sua parte terminal com um peptídeo de cloroplasto obtido de outra planta, no caso a petúnia. Este peptídeo demonstrara anteriormente a habilidade EPSPS bacterial para os cloroplastos de outras plantas. O plasmídeo utilizado para transportar o gene para dentro da soja foi o PV-GMGTO4. Ele possui três genes de bactérias: dois genes PC4 EPSPS, e um gene marcador, de Escherichia coli, que codifica a beta-glucuronidase (GUS).

Foi usado o método de aceleração de partículas para injetar o gene no cultivar A54O3 da soja. A expressão do gene GUS foi testada por um método de coloração, e as plantas que apresentaram o gene GUS foram pulverizadas com glifosato para testar sua tolerância.

Culturas geneticamente modificadas editar

Em 1991 começou a ser vendida a soja geneticamente modificada. Em 2004 o glifosato era usado em 80% das plantações de soja dos EUA para eliminar ervas.

Nomes comerciais editar

Inicialmente produzido pela Monsanto com o nome de Roundup, o produto não está mais sob patente e agora é vendido sob vários nomes, como TOP UP48 na Tailândia ou Mata-Mato, no Brasil.

Outros usos editar

Entre 1994 e 2015, o glifosato foi um dos herbicidas pulverizados nos campos de coca da Colômbia em territórios dominados por traficantes e pelas FARC, como parte do Plano Colômbia, que visava erradicar o cultivo das plantas usadas na fabricação da cocaína. Outros países, como Equador e Peru, também fizeram uso de pulverização aérea com este mesmo fim.[57] Em 2016, menos de um ano após a interrupção da pulverização aérea, a área utilizada para plantação de coca havia aumentado em mais de 50%,[58] e ao final de 2017 o país voltava a bater recordes de produção de cocaína.[59]

Condenações judiciais editar

Caso Dewayne Johnson editar

Em Junho de 2018, no processo judicial Johnson v. Monsanto Co., Dewayne Johnson, um antigo jardineiro de uma escola da Califórnia, de 46 anos, que está a morrer de linfoma não-Hodgkin, levou a Monsanto (que tinha sido adquirida pela Bayer no início desse mês) a julgamento no tribunal superior do condado de São Francisco, alegando que esta passou décadas a esconder os perigos cancerígenos dos seus herbicidas Roundup. O juiz ordenou que os jurados fossem autorizados a considerar tanto as provas científicas relacionadas com a causa do cancro de Johnson como as alegações de que a Monsanto suprimiu provas dos riscos, com possíveis indemnizações punitivas. [31][60][61] Em Agosto de 2018, o júri atribuiu a Johnson 289 milhões de dólares de indemnização. A Monsanto disse que iria apelar, dizendo que estavam confiantes de que o glifosato não causa câncer quando usado de forma adequada.[62][63] Em recurso, o prêmio foi reduzido para $ 78.5 milhões em Novembro de 2018, e posteriormente reduzido ainda para $ 21.5 milhões em julho de 2020.[64][65]

Caso Edwin Hardeman editar

Em Março de 2019, Edwin Hardeman, de 70 anos de idade, recebeu 80 milhões de dólares numa ação judicial alegando que o Roundup foi um fator substancial no seu cancro,[66][67] resultando em lojas Costco interrompendo as vendas do produto.[68] Em julho de 2019, o juiz distrital dos EUA Vince Chhabria reduziu o valor da indemnização para $ 26 milhões.[69] Chhabria afirmou que a sentença era apropriada porque as evidências "apoiavam facilmente a conclusão de que a Monsanto estava mais preocupada em reprimir as investigações de segurança e manipular a opinião pública do que em garantir que seu produto fosse seguro". Chhabria afirmou que existem provas dos dois lados sobre o glifosato causar cancro ou não, mas que o comportamento da Monsanto mostrou "uma falta de preocupação com o risco de o seu produto poder ser cancerígeno [70]

Caso Alva e Alberta Pilliod editar

Em 13 de Maio de 2019, um júri da Califórnia ordenou à Bayer que pagasse um bilião de dólares de indemnização, a Alva e Alberta Pilliod, de Livermore, depois de concluir que a empresa não tinha informado adequadamente os consumidores sobre a possível carcinogenicidade do Roundup.[71] Em 26 de Julho , um juiz do condado de Alameda reduziu a sentença para 86,7 milhões de dólares, afirmando que a sentença do júri excedia os precedentes legais. Mas afirmou que: "Neste caso, há provas claras e convincentes de que a Monsanto fez esforços para impedir, desencorajar ou distorcer a investigação científica e a ciência resultante".[72]

A Monsanto, ou melhor, a Bayer, vai enfrentar agora mais de cem mil casos semelhantes nos Estados Unidos.[73]

Legalização editar

Em 2017 Vandenberg et al. citou um aumento de 100 vezes no uso de herbicidas à base de glifosato de 1974 a 2014, a possibilidade de que as misturas de herbicidas provavelmente tenham efeitos que não são previstos apenas pelo estudo do glifosato, e a confiança dos atuais avaliações de segurança em estudos feitos há mais de 30 anos. Eles recomendaram que os padrões de segurança atuais fossem atualizados, escrevendo que os padrões atuais "podem falhar em proteger a saúde pública ou o meio ambiente".[74]

América Latina editar

Brasil editar

De maio a junho de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu uma consulta pública sobre o glifosato[75] Participaram da pesquisa 4.602 pessoas, sendo 11 de fora do país. Entre as participações do Brasil, os estados de São Paulo (1221), Paraná (836) e Rio Grande do Sul (522) foram os que mais responderam à consulta, a maioria dos brasileiros pediram a proibição.[76] no entanto, a ANVISA reclassificou o glifosato como não sendo de alto potencial carcinogênico em humanos.[77] Em estudo inédito nesse mesmo período, os herbicidas paraquate e glifosato levaram cinco pessoas por semana ao atendimento médico de emergência entre 2010 e 2019, causando a morte de 214 brasileiros na última década, o levantamento da Agência Pública e da Repórter Brasil revelou que os dois herbicidas lideram a lista de agrotóxicos permitidos no Brasil que mais intoxicaram e mataram na última década e que 92% das mortes causadas por esses produtos foram classificadas como suicídio.[78]

Em agosto de 2022, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) e a Câmara de Comércio Exterior (Camex) reduziram os impostos de importação do glifosato e seu sal de monoisopropilamina.[79][80]

Europa editar

Portugal editar

O glifosato é o herbicida mais vendido em Portugal, em 2012 aplicaram-se no país, para fins agrícolas, mais de 1400 toneladas de glifosato, e esse consumo tem vindo a aumentar: entre 2002 e 2012 o uso de glifosato na agricultura mais do que duplicou.[81]

Ver também editar

Referências

  1. US patent 3799758, Franz JE, "N-phosphonomethyl-glycine phytotoxicant compositions", registrado em 26-03-1974, atribuído à Monsanto Company
  2. Sprankle P, Meggitt WF, Penner D (1975). "Rapid inactivation of glyphosate in the soil". Weed Science: 224–228
  3. "Glyphosate technical fact sheet (revised June 2015)". National Pesticide Information Center. 2010. Retrieved September 1, 2015
  4. "The agronomic benefits of glyphosate in Europe" Arquivado em 17 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. (PDF). Monsanto Europe SA. Fevereiro 2010.
  5. Myers, John Peterson; Antoniou, Michael N.; Blumberg, Bruce; Carroll, Lynn; Colborn, Theo; Everett, Lorne G.; Hansen, Michael; Landrigan, Philip J.; Lanphear, Bruce P. (e vários outros) (17 de Fevereiro de 2016). «Concerns over use of glyphosate-based herbicides and risks associated with exposures: a consensus statement». Environmental Health (15 (Art.19)). ISSN 1476-069X. PMID 26883814. doi:10.1186/s12940-016-0117-0 
  6. a b Cressey, Daniel (24 de março de 2015). «Widely used herbicide linked to cancer». Nature (em inglês). ISSN 1476-4687. doi:10.1038/nature.2015.17181 
  7. Robin, Marie-Monique (2010). The world according to Monsanto: pollution, corruption, and the control of the world’s food supply. [S.l.]: The New Press. pp. 70–74 
  8. a b c d e CHARLES, Daniel (2002). Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food. Cambridge: Basic Books. pp. 61–65. ISBN 0-7382-0773-X 
  9. Inserm (Institut national de la santé et de la recherche médicale) (2021). Pesticides et effets sur la santé : Nouvelles données. [S.l.]: Éditions EDP Sciences. 791 páginas 
  10. Ferreira, Nicolau (22 de Maio de 2016). «O caso controverso do glifosato». Público 
  11. Cressey, Daniel (24 de março de 2015). «Widely used herbicide linked to cancer». Nature (em inglês). ISSN 1476-4687. doi:10.1038/nature.2015.17181 
  12. «2006-2007 Pesticide Market Estimates: Usage (Page 2) | Pesticides | US EPA». web.archive.org. 26 de junho de 2015. Consultado em 29 de abril de 2023 
  13. Myers, John Peterson; Antoniou, Michael N.; Blumberg, Bruce; Carroll, Lynn; Colborn, Theo; Everett, Lorne G.; Hansen, Michael; Landrigan, Philip J.; Lanphear, Bruce P. (e vários outros) (17 de Fevereiro de 2016). «Concerns over use of glyphosate-based herbicides and risks associated with exposures: a consensus statement». Environmental Health (15 (Art.19)). ISSN 1476-069X. PMID 26883814. doi:10.1186/s12940-016-0117-0 
  14. Purdue University, Department of Horticulture and Landscape Architecture, Metabolic Plant Physiology Lecture notes, Aromatic amino acid biosynthesis, The shikimate pathway – synthesis of chorismate.
  15. Eriguchi, Makoto; Iida, Kotaro; Ikeda, Shuhei; Osoegawa, Manabu; Nishioka, Kenya; Hattori, Nobutaka; Nagayama, Hiroshi; Hara, Hideo (2019). «Parkinsonism Relating to Intoxication with Glyphosate». Internal Medicine (13): 1935–1938. doi:10.2169/internalmedicine.2028-18. Consultado em 27 de novembro de 2022 
  16. Gillezeau, Christina; van Gerwen, Maaike; Shaffer, Rachel M.; Rana, Iemaan; Zhang, Luoping; Sheppard, Lianne; Taioli, Emanuela (7 de janeiro de 2019). «The evidence of human exposure to glyphosate: a review». Environmental Health (1). 2 páginas. ISSN 1476-069X. PMC 6322310 . PMID 30612564. doi:10.1186/s12940-018-0435-5. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  17. Schinasi, Leah; Leon, Maria E. (abril de 2014). «Non-Hodgkin Lymphoma and Occupational Exposure to Agricultural Pesticide Chemical Groups and Active Ingredients: A Systematic Review and Meta-Analysis». International Journal of Environmental Research and Public Health (em inglês) (4): 4449–4527. ISSN 1660-4601. doi:10.3390/ijerph110404449. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  18. Zhang, Weidong; Wang, Jiachao; Song, Jianshi; Feng, Yanru; Zhang, Shujuan; Wang, Na; Liu, Shufeng; Song, Zhixue; Lian, Kaoqi (15 de dezembro de 2021). «Effects of low-concentration glyphosate and aminomethyl phosphonic acid on zebrafish embryo development». Ecotoxicology and Environmental Safety (em inglês). 112854 páginas. ISSN 0147-6513. doi:10.1016/j.ecoenv.2021.112854. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  19. Ma, Junguo; Li, Xiaoyu (1 de junho de 2015). «Alteration in the cytokine levels and histopathological damage in common carp induced by glyphosate». Chemosphere (em inglês): 293–298. ISSN 0045-6535. doi:10.1016/j.chemosphere.2015.02.017. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  20. He, Yuhong; Xiong, Fei; Qian, Yongkang; Xu, Kai; Pu, Yunqiu; Huang, Jiawei; Liu, Manman; Yin, Lihong; Zhang, Juan (maio de 2022). «Hematological effects of glyphosate in mice revealed by traditional toxicology and transcriptome sequencing». Environmental Toxicology and Pharmacology. 103866 páginas. ISSN 1872-7077. doi:10.1016/j.etap.2022.103866. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  21. Luis, Gonzalo; Solange, Mara; Mir, Leandro (8 de janeiro de 2011). «Effects of Herbicide Glyphosate and Glyphosate-Based Formulations on Aquatic Ecosystems». InTech. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  22. Duke, Stephen O. (2021). Knaak, James B., ed. «Glyphosate: Uses Other Than in Glyphosate-Resistant Crops, Mode of Action, Degradation in Plants, and Effects on Non-target Plants and Agricultural Microbes». Cham: Springer International Publishing (em inglês): 1–65. ISBN 978-3-030-68483-9. doi:10.1007/398_2020_53. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  23. Martins-Gomes, Carlos; Silva, Tânia L.; Andreani, Tatiana; Silva, Amélia M. (março de 2022). «Glyphosate vs. Glyphosate-Based Herbicides Exposure: A Review on Their Toxicity». Journal of Xenobiotics (em inglês) (1): 21–40. ISSN 2039-4713. doi:10.3390/jox12010003. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  24. a b Bradberry SM, Proudfoot AT, Vale JA (2004). «Glyphosate poisoning». Toxicol Rev. 23 (3): 159–67. PMID 15862083. doi:10.2165/00139709-200423030-00003 
  25. Guyton KZ, Loomis D, Grosse Y, El Ghissassi F, Benbrahim-Tallaa L, Guha N, Scoccianti C, Mattock H, Straif K (May 2015). "Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate". The Lancet. Oncology. 16 (5): 490–1. doi:10.1016/S1470-2045(15)70134-8. PMID 25801782.
  26. "Press release: IARC Monographs Volume 112: evaluation of five organophosphate insecticides and herbicides" (PDF). International Agency for Research on Cancer, World Health Organization. 20 de março de 2015.
  27. a b Conclusion on the peer review of the pesticide risk assessment of the active substance glyphosate1 European Food Safety Authority (EFSA). EFSA Journal 2015;13(11):4302, p. 11 Citação: "... regarding the potential carcinogenicity of glyphosate or glyphosate-containing plant protection products in the on-going peer review of the active substance, EFSA concluded that glyphosate is unlikely to pose a carcinogenic hazard to humans and the evidence does not support classification with regard to its carcinogenic potential according to Regulation (EC) No 1272/2008."
  28. European Food Safety Authority. "EFSA explains risk assessment. Glyphosate report" (PDF). EFSA.
  29. European Food Safety Authority. "Glyphosate: EFSA updates toxicological profile | European Food Safety Authority". www.efsa.europa.eu.
  30. "Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues" (PDF). Maio de 2016.
  31. a b «Decisão da justiça americana associa agrotóxico liberado no Brasil a câncer». BBC News Brasil. Consultado em 1 de setembro de 2023 
  32. «Committee of Risk Assessment Opinion proposing harmonised classification and labelling at EU level of glyphosate (ISO); N-(phosphonomethyl)glycine» 
  33. Meftaul, Islam Md.; Venkateswarlu, Kadiyala; Dharmarajan, Rajarathnam; Annamalai, Prasath; Asaduzzaman, Md; Parven, Aney; Megharaj, Mallavarapu (1 de agosto de 2020). «Controversies over human health and ecological impacts of glyphosate: Is it to be banned in modern agriculture?». Environmental Pollution (em inglês). 114372 páginas. ISSN 0269-7491. doi:10.1016/j.envpol.2020.114372. Consultado em 24 de novembro de 2022 
  34. Tarazona, Jose V.; Court-Marques, Daniele; Tiramani, Manuela; Reich, Hermine; Pfeil, Rudolf; Istace, Frederique; Crivellente, Federica (3 de abril de 2017). «Glyphosate toxicity and carcinogenicity: a review of the scientific basis of the European Union assessment and its differences with IARC» 8 ed. Archives of Toxicology. 91: 2723–2743. PMC 5515989 . PMID 28374158. doi:10.1007/s00204-017-1962-5 
  35. Cerqueira, João J (12 de agosto de 2018). «O Glifosato não causa cancro e os tribunais não ditam a ciência». Consultado em 14 de outubro de 2019 
  36. Williams, GM; Kroes, R; Munro, IC (abril de 2000). «Safety evaluation and risk assessment of the herbicide Roundup and its active ingredient, glyphosate, for humans» 2 Pt 1 ed. Regulatory Toxicology and Pharmacology. 31: 117–65. PMID 10854122. doi:10.1006/rtph.1999.1371 
  37. Mink, PJ; Mandel, JS; Sceurman, BK; Lundin, JI (agosto de 2012). «Epidemiologic studies of glyphosate and cancer: a review» 3 ed. Regulatory Toxicology and Pharmacology. 63: 440–52. PMID 22683395. doi:10.1016/j.yrtph.2012.05.012 
  38. Schinasi, L; Leon, ME (abril de 2014). «Non-Hodgkin lymphoma and occupational exposure to agricultural pesticide chemical groups and active ingredients: a systematic review and meta-analysis» 4 ed. International Journal of Environmental Research and Public Health. 11: 4449–527. PMC 4025008 . PMID 24762670. doi:10.3390/ijerph110404449 
  39. Chang, ET; Delzell, E (2016). «Systematic review and meta-analysis of glyphosate exposure and risk of lymphohematopoietic cancers» 6 ed. Journal of Environmental Science and Health. Part. B, Pesticides, Food Contaminants, and Agricultural Wastes. 51: 402–34. PMC 4866614 . PMID 27015139. doi:10.1080/03601234.2016.1142748 
  40. Foucart, Stéphane (18 de março de 2017). «Ce que les « Monsanto Papers » révèlent du Roundup : La justice américaine a déclassifié des correspondances internes de la firme. Dès 1999, cette dernière s'inquiétait du potentiel mutagène du glyphosate.». Le Monde (Arq. em WkiWix Archive) (em francês) 
  41. Foucart, Stéphane; Horel, Stéphane (5 de outubro de 2017). «Soupçons sur les substances ajoutées au glyphosate dans les « produits formulés » : Le Roundup fait partie des « produits formulés ». En plus du glyphosate, ils contiennent d'autres substances qui peuvent eux aussi présenter une toxicité.». Le Monde (Arq. em WikiWix Archive) (em francês) 
  42. Foucart, Stéphane; Horel, Stéphane (4 de outubro de 2017). «« Monsanto papers », désinformation organisée autour du glyphosate: Le Monde montre comment la puissante firme américaine a fait paraître des articles coécrits par ses employés et signés par des scientifiques pour contrer les informations dénonçant la toxicité du glyphosate.». Le Monde (Arq. em WikiWix Archive) (em francês) 
  43. Borggaard, OK; Gimsing, AL (abril de 2008). «Fate of glyphosate in soil and the possibility of leaching to ground and surface waters: a review» 4 ed. Pest Management Science. 64: 441–56. PMID 18161065. doi:10.1002/ps.1512 
  44. Botta, F; Lavisonb, G; et al. (2009). «Transfer of glyphosate and its degradate AMPA to surface waters through urban sewerage systems» 1 ed. Chemosphere. 77: 133–139. PMID 19482331. doi:10.1016/j.chemosphere.2009.05.008 
  45. «Registration Decision Fact Sheet for Glyphosate (EPA-738-F-93-011)» (PDF). R.E.D. FACTS. United States Environmental Protection Agency. 1993 
  46. a b Pesticide Action Network Asia & the Pacific (PANAP) Glyphosate 2009
  47. Solomon KR, Thompson DG (2003). «Ecological risk assessment for aquatic organisms from over-water uses of glyphosate». J Toxicol Environ Health B Crit Rev. 6 (3): 289–324. PMID 12746143. doi:10.1080/10937400306468 
  48. Wagner, N (agosto de 2013). «Questions concerning the potential impact of glyphosate-based herbicides on amphibians». Environ Toxicol Chem. 32 (8): 1688–700. PMID 23637092. doi:10.1002/etc.2268 
  49. Gary L. Diamond and Patrick R. Durkin (sob contrato do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). 6 de fevereiro de1997 Effects of Surfactants on the Toxicitiy of Glyphosate, with Specific Reference to RODEO
  50. Paganelli A, Gnazzo V, Acosta H, López SL, Carrasco AE (outubro de 2010). «Glyphosate-based herbicides produce teratogenic effects on vertebrates by impairing retinoic acid signaling». Chem. Res. Toxicol. 23 (10): 1586–95. PMID 20695457. doi:10.1021/tx1001749 
  51. «Response to "The impact of insecticides and herbicides on the biodiversity and productivity of aquatic communities"» (PDF). Backgrounder. Monsanto Company. 1 de abril de 2005 
  52. «Aquatic Use of Glyphosate Herbicides in Australia» (PDF). Backgrounder. Monsanto Company. 1 de maio de 2003 
  53. Wojtaszek BF, Staznik B, Chartrand DT, Stephenson GR, Thompson DG (abril de 2004). «Effects of Vision® herbicide on mortality, avoidance response, and growth of amphibian larvae in two forest wetlands». Environ. Toxicol. Chem. 23 (4): 832–42. PMID 15095877. doi:10.1897/02-281 
  54. CHARLES, Daniel (2002). Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food. Cambridge: Basic Books. pp. p. 68–69. ISBN 0-7382-0773-X 
  55. CHARLES, Daniel (2002). Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food. Cambridge: Basic Books. pp. 84–88. ISBN 0-7382-0773-X 
  56. CHARLES, Daniel (2002). Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food. Cambridge: Basic Books. p. 125. ISBN 0-7382-0773-X 
  57. «Colombia to ban coca spraying herbicide glyphosate». BBC. 10 de maio de 2015. Consultado em 26 de agosto de 2019 
  58. Francesco Manetto (15 de julho de 2017). «Cultivo de coca na Colômbia aumentou mais de 50% em 2016». El país. Consultado em 26 de agosto de 2019 
  59. Santiago Torrado (19 de setembro de 2018). «Colômbia bate recorde de produção de cocaína». O Globo. Consultado em 26 de agosto de 2019 
  60. Levin, Sam (24 de julho de 2018). «Monsanto's 'cancer-causing' weedkiller destroyed my life, dying man tells court». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  61. Stuart, Tessa (14 de agosto de 2018). «Monsanto's EPA-Manipulating Tactics Revealed in $289 Million Case». Rolling Stone (em inglês) 
  62. Gillam, Carey (11 de agosto de 2018). «One man's suffering exposed Monsanto's secrets to the world». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  63. «Weedkiller glyphosate 'doesn't cause cancer' - Bayer». BBC News (em inglês). 11 de agosto de 2018 
  64. https://www.npr.org/2018/11/01/662812333/groundskeeper-accepts-reduced-78-million-in-monsanto-cancer-suit
  65. Egelko, Bob (21 de julho de 2020). «Award to Vallejo groundskeeper in Monsanto cancer case slashed again — verdict upheld». San Francisco Chronicle (em inglês) 
  66. https://www.npr.org/2019/03/27/707439575/jury-awards-80-million-in-damages-in-roundup-weed-killer-cancer-trial
  67. Wolfson, Andrew. «Louisville lawyer wins $80M verdict against Monsanto over weedkiller Roundup». The Courier-Journal (em inglês). Consultado em 2 de maio de 2023 
  68. Johnson, Stephen (29 de Março de 2019). «Costco stops selling controversial Roundup weedkiller». Big Think (em inglês) 
  69. «Judge Reduces $80M Award In Roundup Case; Cancer Patient, Monsanto Both Consider Appeal». CBS News (em inglês). 15 de Julho de 2019 
  70. «Judge Reduces $80M Award In Roundup Case; Cancer Patient, Monsanto Both Consider Appeal». CBS News (em inglês). 15 de Julho de 2019 
  71. https://www.npr.org/2019/05/13/723056453/california-jury-awards-2-billion-to-couple-in-roundup-weed-killer-cancer-trial
  72. Bellon, Tina (26 de julho de 2019). «In Roundup case, U.S. judge cuts $2 billion verdict against Bayer to $86 million». Reuters (em inglês) 
  73. Chappell, Bill (24 de Junho de 2020). «Bayer To Pay More Than $10 Billion To Resolve Cancer Lawsuits Over Weedkiller Roundup». NPR 
  74. Vandenberg LN, Blumberg B, Antoniou MN, Benbrook CM, Carroll L, Colborn T, Everett LG, Hansen M, Landrigan PJ, Lanphear BP, Mesnage R, vom Saal FS, Welshons WV, Myers JP (junho de 2017). «Is it time to reassess current safety standards for glyphosate-based herbicides?». J Epidemiol Community Health. 71 (6): 613–18. PMC 5484035 . PMID 28320775. doi:10.1136/jech-2016-208463 
  75. «Anvisa abre consulta pública sobre o uso do glifosato no Brasil». ENSP - Fiocruz. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  76. «Em consulta pública da Anvisa, maioria dos brasileiros pede proibição do glifosato». Brasil de Fato. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  77. «Glifosato, um provável carcinógeno liberado no Brasil». Consultado em 4 de agosto de 2022 
  78. «Agrotóxicos paraquate e glifosato mataram 214 brasileiros na última década, revela levantamento inédito». Repórter Brasil. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  79. «Glifosato e seu sal de monoisopropilamina têm imposto de importação cortado mais que pela metade». Consultado em 4 de agosto de 2022 
  80. «Camex reduz tarifas de glifosato e resinas plásticas». Agência Brasil. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  81. «Glifosato: o herbicida mais vendido em Portugal afinal pode causar cancro em humanos». Consultado em 4 de agosto de 2022 

Bibliografia editar

  • Charles, Daniel (2002) - Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food - Basic Books
  • Cohen, Mitchel (editor) -(2019) - The Fight Against Monsanto’s Roundup - The Politics of Pesticides - Skyhorse Publishing
  • Eleisegui, Patricio (2013) - Envenenados: Una bomba química nos extermina en silencio - Editorial Wu Wei
  • Elmore,Bartow J.(2021)- Seed Money: Monsanto’s Past and Our Food Future - W.W. Norton & Company
  • Friends of the Earth (& Heinrich-Böll-Stiftung, & Bund für Umwelt und Naturschutz, & Pan (Pesticide Action Network)) - (2022) - Pesticide Atlas: Facts and figures about toxic chemicals in agriculture 2022
  • Gillam, Carey (2017) - Whitewash The story of a weed killer, cancer, and the corruption of science - Island Press
  • Gillam, Carey (2021) - Monsanto Papers : Deadly secrets, Corporate corruption, and one man's search for justice - Island Press
  • IARC ( International Agency for Research on Cancer)- (2017) - Some Organophosphate Insecticides and Herbicides - IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans - Volume 112 - IARC
  • INSERM -Institut national de la santé et de la recherche médicale (2021) - Pesticides et effets sur la santé: Nouvelles données - Éditions EDP Sciences
  • Robin, Marie-Monique (2010) - The world according to Monsanto: pollution, corruption, and the control of the world’s food supply - The New Press
  • Royal, Ségolène (2018) - Ce que je peux enfin vous dire - Librairie Arthème Fayard
  • Sanjour, William (2013) - From the files of a whistlerblower: Or how EPA was captured by the industry it regulated - Center for Health, Environment & Justice

Ligações externas editar