Um gosto adquirido é a apreciação por algo dificilmente apreciado por uma pessoa que não tenha tido exposição substancial a isso. No que se refere à comida e à bebida, isto ocorre em função de odores fortes ou pungentes, tais como o tofu fedido, gefilte fish, durio, hákarl, surströmming, ou certos tipos de queijo (tais como os queijos azuis); ou pelo sabor, como no caso das bebidas alcoólicas, vegemite, marmite, chás amargos, chocolate amargo ou meio amargo, sushi, etc.), ou pela aparência (como balut, etc). O gosto adquirido também pode ser referir ao gosto estético, como o gosto musical, ou em outras formas de arte.

Aquisição editar

Aquisição geral do gosto editar

O processo de aquisição do gosto pode envolver o desenvolvimento psicológico, genética (tanto pela sensibilidade ao gosto quanto pela personalidade), exemplo familiar e recompensa bioquímica proporcionada pelos alimentos. Os bebês nascem preferindo alimentos doces e rejeitando sabores azedos ou amargos, desenvolvendo preferência por alimentos salgados a partir dos quatro meses de idade. A neofobia (medo da novidade) tende a variar com a idade de formas previsíveis, mas não lineares. Os bebês que começam a comer alimentos sólidos geralmente aceitam uma grande variedade de alimentos, crianças pequenas e um pouco maiores em geral são relativamente neofóbicas em relação à comida e as crianças maiores, adultos e os idosos não raro aventuram-se por uma grande variedade de alimentos, com grande variedade de tipos de sabor.[1] De forma ainda mais interessante, o trato de personalidade geral não necessariamente se correlaciona com a vontade de provar novos alimentos. O nível individual de aventura de quem prova novos alimentos pode explicar muito da variabilidade da preferência observada nos supertasters ("supersaboreadores"). Esses "supersaboreadores" são altamente sensíveis a sabores amargos, picantes e pungentes e alguns os evitam, provando apenas alimentos básicos, simples, ainda que alguns desses aventurem-se a provar sabores intensos e procurem por eles.[2] Algumas substâncias químicas ou combinações de substâncias em alimentos provêm tanto sabor quanto efeitos benéficos à mente e ao corpo, que podem levar ao reforço, levando à construção de um gosto adquirido. Um estudo que investigou o efeito da adição de cafeína e teobromina (princípios ativos no chocolate) em oposição a um placebo, em bebidas provadas várias vezes por voluntários, levando ao desenvolvimento de uma forte preferência pela bebida com os compostos.[3]

Aquisição intencional de sabores editar

Mudar intencionalmente os próprios gostos pode ser algo difícil de se realizar. Isso usualmente requer esforço deliberado, agindo como se gostasse daquilo de mosto a se obter as respostas e sensações que produzirão o sabor desejado. O desafio se torna um dos gostos adquiridos distintivos autênticos como resultado de mudanças de preferência profundamente consideradas a partir de outras, inautênticas, motivadas por status ou conformidade.[4][5]

Ver também editar

Referências

  1. Birch, L.L. (1999). Development of food preferences. Annual Review of Nutrition, 19, 41-62.
  2. Ullrich N.V., Touger-Decker R., O’Sullivan Maillot J., Tepper B.J. (2004) PROP taster status and self-perceived food adventurousness influence food preferences. Journal of the American Dietetic Association, 104, 543-549.
  3. Smit, H.J. & Blackburn, R.J. (2005). Reinforcing effects of caffeine and theobromine as found in chocolate. Psychopharmacology, 181(1), 101-106.
  4. Bovens, Luc (1992)."Sour Grapes and Character Planning," Journal of Philosophy, Vol. LXXXIX, No. 2
  5. Bovens, Luc (1995). "The Intentional Acquisition of Mental States," Philosophy and Phenomenological Research, 4: 821-840.

Bibliografia editar

  • Otis, L.P. (1984). Factors influencing willingness to try new foods. Psychological Reports, 54, 739-745. (em inglês)