Guerrilha do Caparaó

 Nota: Para outros significados de Caparaó, veja Caparaó (desambiguação).

A Guerrilha do Caparaó foi a segunda tentativa insurgência armada contra a ditadura militar brasileira feita por ex-militares cassados.[3] Inspirado na guerrilha de Serra Maestra, teve lugar na serra do Caparaó, divisa entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, no período 1966 - 1967.[4][5][6][7][8]

Guerrilha do Caparaó
Luta armada contra a ditadura militar brasileira
Data 1966 – 1967
Local Brasil, planalto biestadual
Desfecho todos os guerrilheiros presos
Situação encerrada
Beligerantes
Governo militar brasileiro Guerrilheiros do MNR
Baixas
Desconhecido Desconhecido
Guerrilheiros do Caparaó sendo conduzidos ao Superior Tribunal Militar, 20 de abril de 1967.[1] Em primeiro plano um dos líderes de Caparaó, o terceiro sargento do Exército Deodato Batista Fabrício. Ele acabou condenado a 2 anos e 6 meses de prisão, sendo anistiado em 1979. Arquivo Nacional[2]

Histórico editar

Promovida pelo Movimento Nacionalista Revolucionário - MNR, organização baseada inicialmente em Montevidéu, a guerrilha contou com o apoio financeiro de Cuba, obtido através de negociações entre Leonel Brizola, auxiliado pela A.P[carece de fontes?] e o governo cubano.[3] Segundo Denise Rollemberg, alguns membros do grupo - majoritariamente constituído por ex-militares, expulsos das forças armadas - também receberam treinamento em Cuba.

 
Leonel Brizola, figura política que teve destaque neste evento.

Posteriormente o governo cubano teria preferido apoiar Carlos Marighella. O movimento perdeu seu suporte financeiro e os guerrilheiros foram praticamente abandonados no alto da serra.

Na verdade, a tentativa de implantação de uma guerrilha na serra de Caparaó foi frustrada antes mesmo que o movimento entrasse em ação. Os seus integrantes permaneceram no local por alguns meses realizando treinamentos e o reconhecimento da região e foram presos pela Polícia Militar mineira após serem denunciados pela própria população.[9] Consta que o grupo, desassistido pela organização, começara a roubar e a abater animais para não morrer de fome - razão pela qual acabou sendo alvo de denúncia à polícia.

Descoberto pelos serviços de inteligência, o movimento foi rechaçado em abril de 1967, por um grupo da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. Segundo as fontes, praticamente não houve troca de tiros. Os guerrilheiros, cerca de vinte homens esgotados e famintos - alguns bastante debilitados pela peste bubônica - foram presos no próprio sítio onde se abrigavam ou nas cidades vizinhas.[4] Moradores da região também foram detidos para investigação.

 
Pico da Bandeira, local em que aconteceu a Guerrilha do Caparaó.
 
Parque Nacional do Caparaó.

Mais tarde, com todos os guerrilheiros presos, as forças armadas chegaram a questionar se aqueles homens eram mesmo revolucionários ou apenas criminosos comuns. Então, a polícia mineira os fotografou e fotografou também os seus documentos, o que comprovava serem ex-militares. Foi armada então uma grande operação conjunta do Exército e da Força Aérea, com apoio da polícia, para eliminar outros guerrilheiros que pudessem estar escondidos na serra. No entanto, não havia mais ninguém e a operação não passou de uma demonstração de força com o objetivo de desencorajar outros focos de resistência armada pelo país.

Ver também editar

Referências

  1. «Adiado julgament odos guerrilheiros». Correio da Manhã, Ano LXVI, edição 22712, página 8. 21 de abril de 1967. Consultado em 10 de fevereiro de 2019 
  2. Ministério Público Militar (1967). «Ação Penal nº 50/67». Brasil: Nunca Mais. Consultado em 10 de fevereiro de 2019 
  3. a b «Caparaó - Press Release do filme» (PDF). Consultado em 30 de maio de 2015  Ver seção Contexto Político
  4. a b «Entre Cabras e Ratos - José Caldas da Costa - História Viva». Consultado em 2 de junho de 2015. Arquivado do original em 5 de junho de 2015 
  5. «Ex-comandante revê história do 1º foco guerrilheiro contra ditadura - O Estado de Minas». Consultado em 2 de junho de 2015 
  6. «Alto Caparaó e a Guerrilha». Consultado em 2 de junho de 2015 
  7. «História da Guerrilha na Serra do Caparaó». Consultado em 2 de junho de 2015 
  8. COSTA, José Caldas da. Caparaó - a primeira guerrilha contra a ditadura. Prefácio de Carlos Heitor Cony. São Paulo: Boitempo, 2007. ISBN 978-85-7559-095-9
  9. «A Guerrilha de Caparaó, o medo da população e as táticas adotadas pelas tropas de repressão ao movimento para conquistar a simpatia popular (1966-1967)» (PDF). Lahes.ufjf.br 

Bibliografia editar

  • BOITEUX, Bayard Demaria. A Guerrilha do Caparaó e outros relatos. Rio de Janeiro: Inverta, 1998. il.
  • BOTOSSO, Marcelo.  A Guerrilha de Caparaó: A Sierra Maestra Tupiniquim. Ensaios de História (Franca) , Franca-SP, v. 4, p. 131-137, 1999
  • COSTA, José Caldas da. Caparaó - a primeira guerrilha contra a ditadura. Prefácio de Carlos Heitor Cony. São Paulo: Boitempo, 2007. ISBN 978-85-7559-095-9
  • KUPERMAN, Esther. A guerrilha do Caparaó (1966-1967). Rio de Janeiro, 1992. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • REBELLO, Gilson. A Guerrilha de Caparaó. São Paulo: Alfa-Omega, 1980.
  • ROLLEMBERG, Denise. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro: MAUAD, 2001.[1]
  • LOPES, Dinoráh. A Guerrilha Esquecida: Memórias do Caparaó (1966-67), o primeiro foco guerrilheiro contra a Ditadura Militar no Brasil. Vitória, 2014. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Espírito Santo.[2]

Ligações externas editar