Habituação literalmente originado de habituar-se, criar hábito (Do lat. habitu). Em psicologia, refere-se a uma forma de forma de aprendizagem. Segundo Ernest R. Hilgard (1904-2001) professor de psicologia da Universidade Stanford [1] é um dos quatro tipos básicos de aprendizagem, sendo esta a forma mais simples, distinguindo-se dos processos de aprendizagem descrito nas teorias e experimentos conhecidos como "condicionamento clássico" e "condicionamento operante" ou o grupo de teorias que descrevem a "aprendizagem complexa".

Exemplo de circuito neuronal da espécie (Aplysia) estudada por Kandel (1984) em seus experimentos

Habituação é um exemplo de aprendizagem não associativa em que ocorre uma diminuição automática na intensidade de uma resposta a um estímulo repetitivo, fraco, sem consequências sérias, que permite, por exemplo, ignorar estímulos como ruídos, o tic tac de um relógio etc. Ainda segundo Hilgard (oc. p 282) trata-se de um processo que ocorre em quase todos os níveis do reino animal relacionado ao fenômeno similar que se denomina "sensibilização" ou o processo pelo qual um organismo aprende a intensificar sua reação a um estímulo se um efeito doloroso ou ameaçador que dele advém.

Em 1943, Harris [2] em sua clássica revisão, denominou a "habituação" por "inativação ativada" ou "estimulada" comparando-a ao conhecido processo de "extinção" descrito nos experimentos behavioristas como: a ruptura da conexão entre uma resposta operante e seu reforçador. [3]

Contudo com afirmado anteriormente trata-se de um exemplo de aprendizagem não associativa, ou perene e deve-se distinguir os desempenhos que implicam numa retenção breve, com apagamento subsequente de outras que envolvem operações que permanecem por toda vida. Segundo Milner [4] deve-se observar também que algumas exigem um esforço voluntário enquanto que outras ocorrem involuntariamente o que pode nos indicar que as diferentes formas de aprendizagem envolvem não só circuitos neurais diferentes com também diferente mecanismos neurais fundamentais.

Habituação X sensibilização editar

Em experimentos realizados por Kandel (1991) com estimulação de um caracol com suave toque, repetidas vezes, observou-se que inicialmente ele reage, mas depois cerca de 10 ensaios ele se habitua ao toque e este comportamento está associado a uma diminuição na quantidade de neurotransmissor segregada. Demonstrou-se também que em experimentos que se o estímulo empregado era incômodo (associado a um forte estímulo na cauda no caso) como nos experimentos de "sensibilização", ocorria um acréscimo na quantidade de neurotransmissor segregada pelo neurônio emissor. [5]

Segundo Hawkins e Kandel (1984) tanto a resposta de sensibilização como as ocorridas no "condicionamento clássico" envolvem mudar a resposta a um estimulo fraco a partir de outro estímulo mais forte, sugerindo que estes dois tipos de aprendizagem podem ter uma base neural semelhante. [6]

Referências

  1. ATKINSON, Rita L. et al. Introdução à psicologia de Hilgard. RS: Artemed, 2002 p.275
  2. HARRIS,J.D. Habituatory response decrement in the intact organism. Psychological Bulletin. 1943;40:385–422. apud THOMPSON R.F. Habituation: A History. Neurobiology of learning and memory. 2009;92(2):127-134. doi:10.1016/j.nlm.2008.07.011. Disponível no NCBI/PMC aces. 15/08/16
  3. MILLENSON, J.R. Princípios de análise do comportamento. DF: Coordenada Editora de Brasília, 1975, p.99
  4. MILNER, Peter M. Psicologia fisiológica. SP: Cultrix, 1978, p.504
  5. KANDEL, E.R.; SCHWARTZ, J.H.; JESSEL, T.M. (Eds). Principle of neural science. NY: Elsevier, 1991. apud ATKINSON, Rita L. et al. Introdução à psicologia de Hilgard. RS: Artemed, 2002, oc.p.282
  6. HAWKINS, R.D.; KANDEL, E.R. Is a cell biological alphabeth for simple forms of learning? Psychological Review, 91 (375-391), 1984 apud ATKINSON, Rita L. et al. Introdução à psicologia de Hilgard. RS: Artemed, 2002, oc. p 283

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