Heliconiini

tribo da ordem Lepidoptera

Heliconiini (ex família Heliconidae[5][6][7]) é uma tribo de insetos da ordem Lepidoptera, família Nymphalidae e subfamília Heliconiinae[3], classificada por William John Swainson no ano de 1822[4] e quase exclusivamente restrita à região neotropical das Américas.[8] São mais ou menos cem espécies catalogadas de borboletas; quatro também encontradas no sul dos Estados Unidos, duas destas dentro de seu principal gênero, Heliconius.[6][9] Suas envergaduras variam entre cinco e dez centímetros.[6]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHeliconiini
Dione vanillae, uma importante espécie de Heliconiini que ataca o maracujá em sua fase de lagarta. Vista superior (esquerda) e inferior (direita).[1][2]
Dione vanillae, uma importante espécie de Heliconiini que ataca o maracujá em sua fase de lagarta. Vista superior (esquerda) e inferior (direita).[1][2]
O mimetismo em borboletas Heliconiini é visto aqui, apresentando quatro formas de Heliconius numata, duas formas de Heliconius melpomene e as duas formas de imitação, correspondentes, de Heliconius erato.
O mimetismo em borboletas Heliconiini é visto aqui, apresentando quatro formas de Heliconius numata, duas formas de Heliconius melpomene e as duas formas de imitação, correspondentes, de Heliconius erato.
Classificação científica
Reino: Animal
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Lepidoptera
Superfamília: Papilionoidea
Família: Nymphalidae
Subfamília: Heliconiinae[3]
Tribo: Heliconiini
Swainson, 1822[4]
Gêneros
ver texto
Conhecida por Maria-boba, Heliconius ethilla narcaea é comum na região sudeste do Brasil.

Características principais de borboletas Heliconiini editar

As espécies desta tribo, em seu estágio de lagarta, se alimentam de plantas trepadeiras do gênero Passiflora (família Passifloraceae)[6][7][8] e algumas são reconhecidas pragas agrícolas de maracujás cultivados.[2] Os adultos estão protegidos da predação por seus fluidos corporais nauseabundos, que os tornam impalatáveis[6], proporcionando-lhes, principalmente nos gêneros Eueides, Neruda, Heliconius e Laparus[3][4], um formato de asas estreito e um voo lento. Por tais propriedades, as espécies e subespécies adquirem uma coloração de advertência, ou aposemática, combinando o negro com o vermelho, laranja, amarelo e azul. Tais combinações se tornam um modelo, através de seleção natural, para outras espécies e subespécies de um mesmo gênero ou para espécies de gêneros e famílias distintos, tornando esta tribo de difícil identificação[6] e intensamente envolvida em padrões de mimetismo.[4][7]

Outro pequeno grupo de Heliconiini se caracteriza por apresentar a predominância de um forte amarelo ou laranja (com ou sem manchas prateadas) sobre suas asas, incluindo as espécies Agraulis vanillae, Dryadula phaetusa, Dryas iulia, Eueides aliphera, Eueides lybia e o gênero Dione. Outro grupo menor reúne as espécies do gênero Philaethria, com padrões de asas em verde ou verde-azulados[6] que só podem lhes fazer ser confundidas com o seu mímico, Siproeta stelenes (Nymphalidae; Nymphalinae).[10]

Dimorfismo sexual editar

O dimorfismo sexual pouco ocorre nesta tribo, com exceção da rara Heliconius nattereri, da região sudeste do Brasil, em que machos e fêmeas apresentam diferentes colorações em suas asas[7], e de Eueides pavana[11], cujos machos e fêmeas imitam borboletas do gênero Actinote.[12][13][14]

Ovo, lagarta e crisálida editar

Os ovos são em forma peculiar de fuso ou em forma de garrafa e são colocados isoladamente. As lagartas são espinescentes e as crisálidas ficam suspensas, com a cabeça para baixo, nos caules de sua planta-alimento.[6] Às vezes elas são dotadas de compridos cornos.[8]

Habitat, hábitos e alimentação do adulto editar

Na América neotropical estas borboletas são encontradas em uma ampla variedade de habitats, da densa floresta primária até florestas secundárias e ambientes antrópicos, como campos, pastos ou parques e jardins de cidades.[7] Se alimentam do néctar de flores[4][15] e, mais raramente, de pólen[16] ou esterco fresco de mamíferos.[17] Em muitos casos elas voam em grupos nas clareiras ou para reunir-se em arbustos, onde passam a noite.[6]

Gêneros de Heliconiini editar

De acordo com Markku Savela[3], Paul Smart, TOLWEB.

Galeria de fotos editar

Fotos de mímicos de Heliconiini editar

Referências

  1. a b Zhang, Jing; Cong, Qian; Shen, Jinhui; Opler, Paul A.; Grishin, Nick V. (5 de novembro de 2019). «Changes to North American butterfly names» (PDF) (em inglês). The Taxonomic Report of the International Lepidoptera Survey. Volume 8 Number 2 (ZOBODAT). p. 5. 11 páginas. Consultado em 26 de novembro de 2021 
  2. a b Fancelli, Marilene; Mesquita, Antonio Lindemberg Martins. «Sistemas de Produção Maracujá - Pragas / Pragas do Maracujazeiro». Centro de Informações Tecnológicas e Comerciais para Fruticultura Tropical / EMBRAPA. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  3. a b c d e Savela, Markku. «Heliconiinae» (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  4. a b c d e f g h i j k l m n Beltrán, Margarita; Jiggins, Chris; Wahlberg, Niklas; Brower, Andrew V. Z. (2013). «Heliconiini Swainson, 1822» (em inglês). Tree of Life Web Project. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  5. CARRERA, Messias (1980). Entomologia Para Você 5ª ed. São Paulo, Brasil: Nobel. p. 145. 185 páginas. ISBN 85-213-0028-X 
  6. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s SMART, Paul (1975). The Illustrated Encyclopaedia of the Butterfly World, In Colour. Over 2.000 species reproduced life size (em inglês). London: Salamander Books Ltd. p. 180-187. 274 páginas. ISBN 0-86101-101-5 
  7. a b c d e D'ABRERA, Bernard (1984). Butterflies of South America (em inglês). Australia: Hill House. p. 91-106. 255 páginas. ISBN 0-9593639-2-0 
  8. a b c GOODDEN, Robert (1977). O Mundo Maravilhoso das Borboletas e Mariposas 1ª ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/A - indústria e comércio. p. 58-60. 96 páginas 
  9. As quatro espécies citadas para o sul dos Estados Unidos são Agraulis vanillae, Dryas iulia, Heliconius charithonia e Heliconius erato ssp. petiverana; com Dryadula phaetusa aparecendo apenas ocasionalmente (SMART, Paul; Op. cit., p.264.).
  10. «Siproeta stelenes meridionalis (Fruhstofer, 1909)» (em inglês). Lepidoptera Brasiliensis. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  11. JIGGINS, Chris D. (2017). The Ecology and Evolution of Heliconius Butterflies (em inglês). Reino Unido: Oxford University Press - Google Books. ISBN 978-0-19-956657-0. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  12. «Eueides pavana (Ménétriés, 1857)» (em inglês). Lepidoptera Brasiliensis. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  13. Macho de Eueides pavana (fonte)
  14. Fêmea de Eueides pavana (fonte)
  15. Pinedo, Cesar (24 de setembro de 2007). «Heliconius charitonia L.» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  16. Hoskins, Adrian. «Zebra Longwing - Heliconius charithonia (Linnaeus, 1767)» (em inglês). Learn about butterflies. 1 páginas. Consultado em 5 de janeiro de 2018 
  17. Brower, Andrew V. Z.; Beltrán, Margarita (2011). «Philaethria Billberg, 1820» (em inglês). Tree of life web project. 1 páginas. Consultado em 5 de janeiro de 2018 
  18. SMART, Paul (Op. cit., p.264.).
  19. Savela, Markku. «Heliconius erato» (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  20. Savela, Markku. «Heliconius melpomene» (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  21. Brower, Andrew V. Z. (3 de maio de 2009). «Eresia lansdorfi (Godart, 1819)». Tree of Life Web Project. 1 páginas. Consultado em 26 de dezembro de 2017 
  22. SMART, Paul (Op. cit., pp.78-79.).
 
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