Hepatotoxina (do grego Hepato-, fígado) é qualquer substância tóxica capaz de prejudicar o fígado. A hepatotoxina mais consumida no mundo e que causa mais casos de insuficiência hepática é o álcool etílico. Mesmo nutrientes essenciais como a vitamina A, o arsênico, o ferro e o cobre em doses elevadas podem ser hepatotóxicos.[1]

Cirrose hepática micronodular

Ervas medicinas editar

Ervas medicinas também podem ser hepatotóxicas, apesar do mito de que "produtos naturais não tem efeitos colaterais". Qualquer planta com apiol, safrol, alcaloides pirrolizidínicos ou lignanas é hepatotóxica, dentre elas se destacam[2]:

Além das próprias substâncias das plantas, hepatotoxinas podem ser adicionadas com pesticidas ou contaminantes. Ervas medicinais também podem se tornar hepatotóxicas quando interactuam medicamentosamente com outras drogas.[2]

Fungos editar

Alguns cogumelos do gênero Amanita e Aspergillus produzem aflatoxina, uma hepatotoxina cancerígena, e podem ser encontrados em alimentos armazenados inadequadamente por tempo prolongado. Animais que comem alimentos contaminados com aflatoxina podem passar seus metabolitos tóxicos aos ovos, leite e carne.[3]

Medicamentos categoria A editar

Na lista da categoria A estao os medicamentos com mais de 50 casos confirmados de hepatotoxicidade[4]:

A maioria tiveram sua hepatotoxicidade confirmada em laboratório (92%) e possuem mais de 100 casos relatados (81%). As drogas de categoria A respondem por 80% dos casos de insuficiência hepática induzida por drogas.[5] Todos estão no mercado há mais de 15 anos. Dentre as categorias 33% são antibióticos,

Medicamentos mais hepatotóxicos editar

Os 10 fármacos mais frequentemente implicados com hepatite medicamentosa foram[6][7]:

  1. Amoxicilina-clavulanato
  2. Flucloxacilina
  3. Eritromicina
  4. Diclofenaco
  5. Cotrimoxazol
  6. Isoniazida
  7. Dissulfiram
  8. Ibuprofeno
  9. Flutamida
  10. Nitrofurantoína

Em termos relativos o maior risco de hepatite medicamentosa é por:

Retiradas do mercado editar

Os seguintes fármacos foram retirados do mercado principalmente por causa da hepatotoxicidade: Troglitazona, bromfenac, trovafloxacina, ebrotidina, nimesulida, nefazodona, ximelagatrano e pemolina.[8]

Tratamento e prognóstico editar

Na maioria dos casos, a função hepática retorna ao normal semanas depois do tratamento com o fármaco responsável ser interrompido. Tratamento sintomático de insuficiência hepática. Na toxicidade por paracetamol/acetaminofeno, no entanto, a falência hepática é fulminante e pode ser fatal. Na falência hepática fulminante pode ser necessário um transplante hepático. Antigamente, os glicocorticoides e ácido ursodeoxicólico foram utilizados, mas existem poucas evidências de sua eficácia.

Referências

  1. NutritionMD.org. Toxic Liver Disease: Overview and Risk Factors. 2016. http://www.nutritionmd.org/health_care_providers/gastrointestinal/hepatoxicity.html?print=1
  2. a b VEIGA JUNIOR, Valdir F.; PINTO, Angelo C. and MACIEL, Maria Aparecida M.. Plantas medicinais: cura segura?. Quím. Nova [online]. 2005, vol.28, n.3 [cited 2016-11-24], pp.519-528. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422005000300026&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0100-4042. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422005000300026.
  3. Fratamico, PM; et al., eds. (2008). Foodborne Pathogens: Microbiology and Molecular Biology. Horizon Scientific Press.
  4. Einar S. Björnsson, Rolf Teschke e Raúl J. Andrade. Hepatotoxicity by Drugs: The Most Common Implicated Agents. Int J Mol Sci. 2016 Feb; 17(2): 224. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4783956/
  5. Davies, D. (1985). Textbook of adverse drug reactions. Oxford [Oxfordshire]: Oxford University Press. pp. 18–45.
  6. Chalasani N., Fontana R.J., Bonkovsky H.L., Watkins P.B., Davern T., Serrano J., Yang H., Rochon J. Causes, clinical features, and outcomes from a prospective study of drug-induced liver injury in the United States. Gastroenterology. 2008;135:1924–1934. doi: 10.1053/j.gastro.2008.09.011. PubMed
  7. Björnsson E., Olsson R. Outcome and prognostic markers in severe drug-induced liver disease. Hepatology. 2005;42:481–489. doi: 10.1002/hep.20800. [PubMed]
  8. Andrade RJ, Robles M, Fernández-Castañer A, López-Ortega S, López-Vega MC, Lucena MI (2007). "Assessment of drug-induced hepatotoxicity in clinical practice: a challenge for gastroenterologists". World J. Gastroenterol. 13 (3): 329–40. doi:10.3748/wjg.v13.i3.329