Himantandraceae é uma família de plantas com flor reconhecida pelo sistema de classificação filogenético sistema APG IV de 2016, incluída na ordem Magnoliales do clade magnoliids.[1] A família é monotípica, tendo como único género Galbulimima, com 1-2 espécies, árvores e arbustos, com distribuição natural nas regiões tropicais da Malésia e Austrália.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHimantandraceae
Folhas e flores de Galbulimima baccata.
Folhas e flores de Galbulimima baccata.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Magnoliales
Família: Himantandraceae
Diels[1]
Géneros
Folhas e fruto de Galbulimima baccata.
Folhas e botões florais de Galbulimima belgraveana.

Descrição editar

Morfologia editar

As plantas da família Himantandraceae são árvores grandes, aromáticas, de até 50 m de altura, com troncos por vezes dotados de contrafortes. Os ramos juvenis recobertos por um indumento de escamas peltadas, de coloração acobreada, presente no dorso das folhas, nos renovos e nas gemas florais. Os caules com nodos 3-lacunares.

As folhas são inteiras, com filotaxia alternada, sem estípulas, dísticas, simples, inteiras, pinatinérvias, braquidódromas, pecioladas, com células secretoras esféricas abundantes, o que lhes confere uma aparência ponteada. Estomas paracíticos.

São plantas hermafroditas com flores perfeitas, grandes (20-40 mm de diâmetro) e aromáticas, actinomorfas, espiraladas e hipóginas. As flores são solitárias, raramente aos pares, sobre ramos axilares curtos. Flores com 2-6 grandes brácteas hemisféricas caducas fechadas em torno da flor. Receptáculo ligeiramente côncavo, disco hipândrico presente.

Sépalas ausentes. Cada flor contém sete pétalas e 13-30(-35) estames, embora as pétalas e os estames sejam morfologicamente similares.[2] Alguns autores consideram as pétalas ausentes. Estaminódios extra-estaminais 3-23, intra-staminais 13-20, lineares, acintados, agudos, parte dos estames e os estaminódios intra-estaminais com glândulas no limbo e nas margens.

tecas 2, abaxiais, extrorsas, sub-basais, deiscentes por 2 valvas; carpelos (6-)7-28(-30), quase apocárpicos a semicárpicos, coalescentes durante o desenvolvimento do fruto, ápices com uma cobertura mucilaginosa durante a ântese.

Estigmas apicais; óvulos 1-2 por carpelo, pêndulos, anátropos, bitégmicos, crassinucelados; com placentação apical ou marginal. O pólen é esferoidal, anassulcado, uniaperturado, atectado e escabrado, com exina muito delgada, aparentemente descontínua, intina grossa, com estruturas tubulares.

O fruto é sincárpico, em drupa globular, avermelhado na maturação, 20-50(-80) mm de diâmetro, com vários pirenos achatados de endocarpo duro e fibroso, cada um com uma semente, formado pela soldadura post-fecundacional dos carpelos.

As sementes são achatadas, com endosperma oleoso, não ruminado, embrião recto, pequeno, com 2 cotilédones.

O número cromossómico é n = 12, 2n = 24. Cromossomas bastante grandes.

Ecologia editar

A polinização é provavelmente cantaridófila, embora não exista informação segura. As flores são provavelmente protóginas (protandras segundo alguns autores). Frutos suavemente aromáticos, de sabor resinoso, amargo e aromático, zoocóricos, dispersos por pombos das frutas do género Ptilinopus (Columbidae).

A plantas preferem os habitats das florestas quentes e pluviosas, de 0-2700 m de altitude na Nova Guiné, onde contribuem para formar o dossel superior com as suas copas.

Fitoquímica e usos editar

O ritidoma das plantas desta família são ricas em sesquiterpenos (fundamentalmente elemol, hedicariol, eudesmol, espatulenol), monoterpenos (fundamentalmente α-pineno, canfeno e δ-3-careno) e neolignanos. Também estão presentes alcaloides piridínicos (policetídeos relacionados com a himbacina), alucinogénos (fundamentalmente o conhecido como GB13).

As espécies deste género são usadas como fonte de madeira e de substâncias alucinogénas nos cultos locais (adivinhação, afastamento de maus espíritos), bem como pelas propriedades analgésicas da sua casca e folhas.

Taxonomia editar

As Himantandraceae foram correctamente associadas desde a sua descrição com as Magnoliaceae, Eupomatiaceae, Annonaceae e Degeneriaceae na ordem Magnoliales.

A monofilia e posição sistemática inter-familiar das Himantandraceae está bem suportada por uma combinação de evidências de natureza morfológica e molecular.[3] A partir do sistema APG II as Degeneriaceae foram colocadas entre as Magnoliid como parentes próximos das Himantandraceae. No sistema de classificação APG IV, do APG (Angiosperm Phylogeny Group), o grupo é considerado um clade médio da evolução da ordem Magnoliales e grupo irmão da família Degeneriaceae.[4] O seguinte cladograma mostra a posição da família Himantandraceae entre as Magnoliidae:

Magnoliidae

Canellales

Piperales

Magnoliales

Myristicaceae

Magnoliaceae

Degeneriaceae

Himantandraceae

Eupomatiaceae

Annonaceae

Laurales

A família inclui apenas o género Galbulimima F.M.Bailey (que inclui o seu sinónimo taxonómico Himantandra F.Muell. ex Diels). A estrutura taxonómica é a seguintes:[5]

Notas

  1. a b Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x 
  2. Hutchinson (1973). The Families of Flowering Plants. [S.l.]: Oxford at the Clarendon Press 
  3. Doyle, J.A.; H. Sauquet; T. Scharaschkin (2004). «Phylogeny, molecular and fossil dating, and biogeographic history of Annonaceae and Myristicaceae (Magnoliales)». International Journal of Plant Sciences. 165 (4): 55–67. doi:10.1086/421068 
  4. APG-website (requer busca).
  5. The families of flowering plants: Himantandraceae Diels.

Ver também editar

Ligações externas editar

 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Himantandraceae