Inundações e deslizamentos de terra no Rio de Janeiro e São Paulo em janeiro de 2010

Desastres naturais ocorridos no sudeste do Brasil em 2010

As inundações e deslizamentos de terra no Rio de Janeiro e São Paulo em 2010 tiveram como causa imediata as chuvas intensas, que afetaram os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Sudeste do Brasil, durante os primeiros dias de janeiro de 2010. Houve pelo menos 75 mortes, além de centenas de feridos.[1] Mais de quatro mil pessoas ficaram desalojadas.[2]

Inundações e deslizamentos de terra no Rio de Janeiro e São Paulo em janeiro de 2010
Inundações e deslizamentos de terra no Rio de Janeiro e São Paulo em janeiro de 2010
Duração janeiro de 2010
Vítimas 75 mortes
Áreas afetadas Região Sudeste, estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, no Brasil
Ocupação das encostas em Angra dos Reis.
A região de Ilha Grande, onde houve o soterramento da Pousada Sankay e outras construções. Ao fundo, à direita, localiza-se a área do deslizamento na Enseada do Bananal
O Morro da Carioca dias após os deslizamentos.

O município mais afetado foi Angra dos Reis, a cerca de 150 km da cidade do Rio de Janeiro. Pelo menos 35 pessoas morreram no distrito de Ilha Grande.[3] Cerca de quarenta pessoas estariam num hotel que ficou soterrado sob a lama e o número de mortos pode ser maior.[4]

O prefeito de Angra dos Reis, Tuca Jordão, pediu o desligamento da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, situada no município, por precaução.[2] Porém, o presidente da Eletronuclear, operadora das usinas, informou que o complexo nuclear, formado pelas usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, não seria desligado. Segundo Othon Luiz Pinheiro da Silva, o desligamento seria "um ato de gestão irresponsável", a menos que houvesse uma "real necessidade técnica". Angra 1 e Angra 2 garantem cerca de 40% do consumo de energia do Estado do Rio de Janeiro.[5]

Também no vizinho estado de São Paulo, pelo menos treze cidades, a maioria delas no Vale do Paraíba,[6] foram atingidas pelos efeitos das fortes chuvas. Pelo menos dez pessoas morreram. As cidades de Cunha e Guararema sofreram grandes danos, mas São Luiz do Paraitinga foi a mais atingida.[7] A região noroeste também foi atingida, a cidade de Araçatuba sofreu a maior enchente da década e estimou os prejuízos em trinta milhões de reais.[8]

Causas editar

De acordo com o professor José Oswaldo de Araújo, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, as chuvas não são a causa única do deslizamento de encostas. A falta de planejamento urbano, a remoção da vegetação, a ocupação de áreas de risco e a ausência de fiscalização e controle do Poder Público também estão na base do problema. Segundo Araújo, na Ilha Grande, a ocupação humana e o corte da vegetação deixam o solo mais suscetível à infiltração da água. Ultrapassado o limite de saturação do solo, acontecem os escorregamentos. “Desce como um rio de lama”.

O geólogo da UnB afirma que há conhecimento técnico consolidado sobre os riscos de ocupar as encostas. Mas, mesmo quando os mapeamentos geotécnicos e geológicos apontam riscos de deslizamentos e desabamentos, "as pessoas começam a habitar [as áreas de risco], não existe controle, e aí acontecem as tragédias”. Segundo o professor, é preciso que haja maior rigor no cumprimento e fiscalização do ordenamento territorial das cidades.[9]

Ver também editar

Referências

  1. Público.pt. «Chuvas fazem pelo menos 75 mortos no Brasil». Consultado em 4 de janeiro de 2010 [ligação inativa]
  2. a b Brazil landslides 'may close nuclear plants', BBC News, 3 de janeiro de 2010 .
  3. Brazil death toll from floods, mudslides rises to 64, Reuters, 2 de janeiro de 2010 .
  4. Scores are killed in flooding and mudslides, France24, 2 de janeiro de 2010, consultado em 4 de janeiro de 2010, arquivado do original em 3 de janeiro de 2010 .
  5. Eletronuclear não vai desligar usinas em Angra dos Reis, G1, 6 de janeiro de 2010 .
  6. G1. «Vale do Paraíba é a região mais afetada pelas chuvas em SP, diz Defesa Civil». Consultado em 6 de janeiro de 2010 
  7. «Defesa Civil aponta 4.979 desabrigados, 7.295 desalojados e 10 mortos em SP» 
  8. Estadão, 4 de janeiro de 2010. «Araçatuba-SP estima R$ 30 mi de prejuízo com chuvas». Consultado em 6 de janeiro de 2010 
  9. Agência Brasil, 7 de Janeiro de 2010. Chuva não é única responsável por tragédias como a de Angra, diz geólogo, por Luana Lourenço. Página visitada em 08-01-2010.

Ligações externas editar

 
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