Jandira Feghali

política brasileira

Jandira Feghali (Curitiba,[1] 17 de maio de 1957) é uma médica, videasta e política brasileira filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Construiu sua carreira política pelo estado do Rio de Janeiro.

Jandira Feghali
Jandira Feghali
Jandira em campanha em 2022
Deputada Federal pelo Rio de Janeiro
Período 1 de fevereiro de 2011
até a atualidade
(3 mandatos consecutivos)

1 de fevereiro de 1991
até 31 de janeiro de 2007
(4 mandatos consecutivos)

Deputada Estadual do Rio de Janeiro
Período 1 de janeiro de 1987
até 31 de dezembro de 1990
Dados pessoais
Nascimento 17 de maio de 1957 (66 anos)
Curitiba, PR
Alma mater Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Partido PCdoB (1981-presente)
Profissão Médica e sindicalista

Biografia editar

Carreira política editar

Nascida em 1957 na cidade de Curitiba, Jandira Feghali entrou na política em 1981, ao ingressar nos quadros do Partido Comunista do Brasil passando logo a fazer parte do Comitê Central do partido, que nesta época ainda permanecia na clandestinidade.

Jandira passou a atuar no movimento sindical, chegando, em 1983, ao cargo de presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes, função de que saiu para dirigir o Sindicato dos Médicos, de 1984 a 1986. De 1985 a 1986, foi presidente da Associação dos Funcionários do Hospital Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro.[2]

Em 1986, Jandira elegeu-se deputada estadual constituinte no Rio de Janeiro, exercendo o mandato de 1987 a 1991. Em 1990 foi eleita deputada federal pelo mesmo estado, sendo sucessivamente reeleita até hoje. Em 2006, Jandira se candidatou ao Senado Federal, terminando em segundo lugar com 37,51% dos votos, sendo derrotada pelo ex-ministro Francisco Dornelles.[2]

Em 1992 votou a favor do impeachment de Fernando Collor de Mello,[3] e em 2016 contrária ao impeachment de Dilma Rousseff.[4]

Desde 1994 é indicada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), como uma das cem "cabeças do Congresso", e foi a única deputada do Rio de Janeiro a integrar esta lista em todos os anos.[5] Em 2004, na Câmara dos Deputados, presidiu a Comissão Especial do Ano da Mulher[6] e a Subcomissão de Assistência Farmacêutica do Congresso Nacional.

É autora da lei que garante a cirurgia reparadora de mama em casos de câncer através de planos e seguros de saúde e da Emenda Constitucional que permite o duplo vínculo dos profissionais de saúde. Foi coordenadora da bancada feminina no Congresso Nacional de 1998 a 2004 e também vice-presidente da Frente Parlamentar da Saúde.[7]

 
Jandira em atuação na CPMI do Golpe em 2023.

Em 2005 relatou o projeto de lei do poder executivo que cria mecanismos para coibir a violência doméstica contra a mulher, a lei Maria da Penha.[8] A redação final é fruto do parecer apresentado por Jandira na comissão de mérito. É dela, ainda, o texto final da lei que concede licença maternidade à mãe adotante. É autora de três projetos já aprovados pela Câmara dos Deputados e em tramitação no Senado Federal: regionalização da programação artística, cultural e jornalística; fornecimento de bolsas de colostomia pelos planos e seguros de saúde; e o que regulamenta a produção e comercialização de matéria-prima, equipamento, material ou maquinário destinado a fabricação, acondicionamento, embalagem, controle de qualidade ou a qualquer outra fase visando à produção de medicamentos.[9]

Foi secretária de Desenvolvimento Econômico da cidade de Niterói entre 2007 e 2008 e secretária de Cultura da cidade do Rio de Janeiro de 2009 a 2010.[9]

 
Jandira Feghali como membro da Câmara dos Deputados.

Em 2019, foi indicado para liderar minoria na Câmara dos Deputados.[10]

Candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2008 editar

Nas eleições municipais de 2008, Jandira Feghali concorreu pela coligação "Mudança Pra Valer", formada por PCdoB, PSB, PTN e PHS, ficando em quarto lugar com 321.012 votos ou 9,79% do total. No segundo turno apoiou Eduardo Paes, candidato do PMDB, partido que pertencia à base aliada do Governo Lula, que sagrou-se vitorioso.[11] Após as eleições, Jandira foi nomeada Secretaria de Cultura da cidade do Rio de Janeiro.[12]

Candidatura a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2016 editar

Em junho de 2016, a deputada, num evento que reunião lideranças e militantes do PCdoB e do PT, dentre eles o ex-presidente Lula, além de artistas, parlamentares, militantes do movimento social, profissionais liberais e intelectuais, se lançou como pré-candidata a prefeita do Rio de Janeiro.[13]

No entanto, a candidatura foi alvo de questionamento e críticas devido à suspeita de envolvimento na Operação Lava Jato,[14] irregularidades na falência do restaurante árabe[15] e por se opor impeachment de Dilma Rousseff.

Em julho, confirmou sua candidatura pela coligação Rio em Comum formada pelo PCdoB e pelo Partido dos Trabalhadores, tendo o ex-ministro da Igualdade Racial no governo Lula, Édson Santos, como vice na chapa.[16]

Recebeu pouco mais de 100 mil votos, alcançando 3,34%, e terminou a disputa na sétima colocação. Para o segundo turno, Jandira anunciou apoio a candidatura de esquerda do deputado Marcelo Freixo (PSOL), adversário do senador Marcelo Crivella (PRB).[17]

Desempenho eleitoral editar

Ano Eleição Cargo Partido Coligação Vice/Suplente Votos Resultado Ref.
1986 Estaduais do Rio de Janeiro Deputada Estadual PCdoB 91.977 Eleita [18]
1990 Estaduais do Rio de Janeiro Deputada Federal 25.070 Eleita [19]
1994 Estaduais do Rio de Janeiro 41.399 Eleita [20]
1998 Estaduais do Rio de Janeiro Muda Rio (PDT/PCdoB/PCB) 105.307 Eleita [21]
2002 Estaduais do Rio de Janeiro Coligação Viva o Rio (PT, PCdoB, PMN) 264.384 Eleita [22]
2004 Municipais do Rio de Janeiro Prefeita Rio do Bem (PCdoB, PCB) Gutman (PCdoB) 238.098 Não Eleita [23]
2006 Estaduais do Rio de Janeiro Senadora Um Rio para Todos (PT, PSB, PCdoB) Roberto Amaral (PSB)

2º Maurício Maugnaini (PCdoB)

2.761.216 Não Eleita [24]
2008 Municipais do Rio de Janeiro Prefeita Mudança pra Valer (PCdoB, PSB, PTN, PHS) Ricardo Maranhão (PSB) 321.012 Não Eleita [25]
2010 Estaduais do Rio de Janeiro Deputada Federal 146.220 Eleita [26]
2014 Estaduais do Rio de Janeiro Frente Popular I (PT, PSB, PCdoB) 68.531 Eleita [27]
2016 Prefeita do Rio de Janeiro Prefeita Rio em Comum (PT, PCdoB) Edson Santos (PT) 101.133 Não Eleita [28]
2018 Estaduais do Rio de Janeiro Deputada Federal Frente Popular (PT, PCdoB) 71.646 Eleita [29]
2022 Estaduais do Rio de Janeiro Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) 84.054 Eleita [30]

Condecorações editar

Insígnia País Honra Data
  Brasil Grande Oficial da Ordem de Rio Branco 21 de novembro de 2023[31]

Vida pessoal editar

É irmã do pianista e tecladista Ricardo Feghali (integrante do grupo musical Roupa Nova) e tem dois filhos.[32]

Controvérsias editar

Operação Lava Jato editar

Na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o lobista relata que alguém pediu em nome da deputada uma ajuda financeira para sua campanha eleitoral. A doação teria sido feita à parlamentar pela empreiteira Queiroz Galvão, investigada por corrupção na Operação Lava Jato.[33] O registro do Tribunal Superior Eleitoral demonstrou que o comitê municipal do PCdoB no Rio de Janeiro recebeu uma doação de 100 mil reais da empresa Queiroz Galvão em 2010. Em 2014, a deputada recebeu diretamente duas doações de subsidiárias da empresa, uma no valor 300 mil reais e outra no valor de 110 mil reais.[34] Em nota, a candidata admitiu ter recebido doações de empresas investigadas na Lava-Jato, mas negou que a origem dos recursos tenha sido de corrupção.[35] e explicou que ela, como todos os outros candidatos, tiveram financiamentos de empresas.[36]

Referências

  1. «Jandira Feghali 6565». Eleições 2014 
  2. a b «Jandira Feghali (PC do B)». PCdoB. 9 de agosto de 2012. Consultado em 20 de julho de 2016. Cópia arquivada em 20 de julho de 2016 
  3. Edson Sardinha (17 de abril de 2016). «Do atual Congresso, 42 votaram impeachment de Collor». Congresso em foco. Consultado em 19 de junho de 2016 
  4. «Como os deputados do Rio de Janeiro votaram o impeachment». Congresso em foco. 17 de abril de 2016. Consultado em 19 de junho de 2016 
  5. «Jandira Feghali (PC do B)». Sidney Rezende. Consultado em 19 de junho de 2016 
  6. «Mulheres são as mais pobres entre os pobres do mundo». Câmara dos Deputados. 18 de maio de 2004. Consultado em 19 de junho de 2016 
  7. Tatiana Alves. «Aprovado PL para SUS atender paciente com suspeita de câncer em até 30 dias». PCdoB na Câmara. Consultado em 19 de junho de 2016 
  8. Maria Lima. «Relatora da lei Maria da Penha critica Pedro Paulo». O Globo. Consultado em 19 de junho de 2016 
  9. a b «Quem é essa mulher?». v1.sigajandira.com.br. Consultado em 20 de julho de 2016. Cópia arquivada em 20 de julho de 2016 
  10. «Molon e Jandira líderes da oposição». BR18. Consultado em 19 de fevereiro de 2019 
  11. «G1 > Eleições 2008 - NOTÍCIAS - Eduardo Paes faz campanha com Jandira Feghali em Madureira». g1.globo.com. Consultado em 9 de dezembro de 2016 
  12. «Paes anuncia Jandira Feghali para secretaria de Cultura - O Globo». 9 de novembro de 2008. Consultado em 9 de dezembro de 2016 
  13. Daniel Silveira (20 de junho de 2016). «Jandira Feghali lança pré-candidatura a prefeita do Rio, com apoio de Lula». G1. Globo. Consultado em 22 de junho de 2016 
  14. «Machado diz que captou dinheiro para campanha de Jandira Feghali». G1. Globo. Consultado em 22 de junho de 2016 
  15. «Restaurante de Jandira Feghali responde a 7 processos trabalhistas». Diário do Rio. Consultado em 22 de junho de 2016 
  16. Patrícia Teixeira (24 de julho de 2016). «PC do B confirma candidatura de Jandira Feghali para prefeitura do Rio». G1. Globo. Consultado em 30 de agosto de 2016 
  17. «No Rio, Jandira Feghali declara apoio a Marcelo Freixo». Jornal Cidades. Uol. 2 de agosto de 2016. Consultado em 3 de outubro de 2016 
  18. «Eleições». TRE-RJ. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  19. «Candidatos eleitos - Período de 1945 a 1990». TSE. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 [ligação inativa]
  20. «Resultados das Eleições 1994 - Rio de Janeiro - deputado federal». TSE. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  21. «Resultado da eleição de 1998». www.tse.jus.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  22. «Resultado da eleição 2002». www.tse.jus.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  23. «Jandira Feghali». Poder 360. Consultado em 3 de junho de 2020 
  24. «UOL Eleições - Placar». Eleicoes. UOL. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  25. «G1 > Eleições 2008 - NOTÍCIAS - Eduardo Paes é eleito prefeito do Rio de Janeiro». g1.globo.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  26. «Apuração de votos e candidatos eleitos (1º turno) - UOL Eleições 2010». placar.eleicoes.uol.com.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  27. «Senador e deputados federais/estaduais eleitos: Apuração e resultado das Eleições 2014 RJ (Fonte: TSE)». Placar Eleições 2014. UOL. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  28. «Resultado da apuração das Eleições 2016 em Rio de Janeiro para prefeito e vereador». G1. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  29. «Senadores e deputados federais/estaduais eleitos: Apuração e resultado das Eleições 2018 RJ». UOL Eleições 2018. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  30. «Resultados TSE - Deputado Federal». Resultados TSE. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  31. «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 220, terça-feira, 21 de novembro de 2023». Imprensa Nacional. 21 de novembro de 2023. p. 11. Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  32. Lima, Leandra (16 de janeiro de 2016). «Pré-candidata ao governo do Rio, Jandira Feghali divide o tempo entre seu restaurante e a política». O Globo. Consultado em 20 de julho de 2016. Cópia arquivada em 10 de abril de 2016 
  33. Jardim, Lauro (8 de junho de 2016). «Em sua delação Sérgio Machado diz que captou para Jandira Feghali». Lava-Jato. O Globo. Consultado em 19 de junho de 2016 
  34. «Machado diz que captou dinheiro para campanha de Jandira Feghali». Lava-Jato. Globo. 9 de junho de 2016. Consultado em 19 de junho de 2016 
  35. «Jandira Feghali (PCdoB-RJ) admite pedido de doação eleitoral a Machado». Valor Econômico. 10 de junho de 2016. Consultado em 19 de junho de 2016 
  36. Vermelho, Portal. «Jandira Feghali rebate acusações que vem recebendo da rede Globo - Portal Vermelho». Portal Vermelho 

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