Juan del Encina (Fermoselle, 12 de julho de 1468Leão, 30 de agosto de 1529) foi um poeta espanhol que, segundo diversos autores, compartilha a paternidade do teatro ibérico com Gil Vicente. Grande humanista, músico e cantor, a maior parte da sua obra lírica, escrita antes de 1500 foi escrita com a intenção de ser cantada. A sua poesia divide-se entre a profana e a sagrada, considerando a generalidade dos críticos que a primeira se sobrepõe à segunda em termos de inspiração. É caracterizado por um certo gosto popular e muita imaginação.

Juan del Encina
Juan del Encina
Nascimento Juan de Fermoselle
12 de julho de 1468
salamanca
Morte 1529 (60–61 anos)
Chinchón
Cidadania Espanha
Alma mater
Ocupação poeta, dramaturga, compositor, escritor
Religião Igreja Católica

O seu apelido advém da cidade de onde nasceu, La Encina, perto de Ledesma.

Esteve ao serviço do Duque de Alba. Viveu em Itália, onde cantou para o Papa Leão X. De volta a Espanha, foi nomeado arcediago em Málaga. Em 1519 foi a Jerusalém, onde disse missa no Monte Sinai. Crê-se que tenha morrido em Leão.

Trabalho editar

Em 1492, o poeta entreteve seu patrono com uma peça dramática, o Triunfo de la fama, escrita para comemorar a queda de Granada.[1] Em 1496 ele publicou seu Cancionero,[1] uma coleção de poemas dramáticos e líricos. Ele então se candidatou ao posto de cantor na Catedral de Salamanca, mas a posição foi dividida entre três cantores, incluindo seu rival Lucas Fernandez.[1]

Enquanto trabalhava para o duque de Alba, Encina era o diretor do programa, junto com Lucas Fernandez.[2] Aqui Encina escreveu eclogues pastorais, a base do drama secular espanhol. As peças de Encina são predominantemente baseadas em pastores e amor não correspondido.

 
Capa do livro da primeira edição de seu cancioneiro (1496): : Cancionero de todas las obras de Juan del Enzina con otras cosas nueuamente añadidas

Encina era ambicioso, procurando ser promovido com base na preferência, então por volta de 1500 ele se mudou para Roma, onde aparentemente serviu em estabelecimentos musicais de vários cardeais ou nobres.[3] Encina foi nomeada para o Arquidiaconato da Catedral de Málaga por Júlio II em 1508.[1]

Em 1518 ele renunciou ao cargo em Málaga para um simples benefício em Moron, e no ano seguinte foi para Jerusalém,[1] onde cantou sua primeira missa.[1] Ele também escreveu sobre os eventos durante sua peregrinação a Jerusalém em Tribagia o Via Sacra de Hierusalem. Em 1509 ele ocupou um canonismo laico em Málaga; em 1519 ele foi nomeado por Leão para o priorado da Catedral de Leão. Seu último trabalho foi registrado como sendo em Leão, onde acredita-se que ele tenha morrido no final de 1529.[4]

Seu Cancionero é precedido por um tratado em prosa (Arte de trobar) sobre a condição da arte poética na Espanha. Suas catorze peças dramáticas marcam a transição do estágio puramente eclesiástico para o secular. [4] O Aucto del Repelón e a Égloga de Fileno dramatizam as aventuras dos pastores; este último, como Plácida y Vitoriano, é fortemente influenciado pela Celestina. O interesse intrínseco das peças de Encina é pequeno, mas são importantes do ponto de vista histórico, pois as peças laicas constituem um novo ponto de partida e as devotas eclogues preparam o caminho para os automóveis do século XVII. Além disso, os poemas líricos de Encina são notáveis ​​por sua intensa sinceridade e graça devota.

Mesmo que suas obras fossem dedicadas a famílias reais, ele nunca serviu como membro de uma capela real. [1] E embora Encina tenha trabalhado em muitas catedrais e tenha sido ordenado sacerdote, não se sabe da existência de obras musicais religiosas.[3] A maioria de suas obras foram feitas em meados dos seus 30 anos, cerca de 60 ou mais canções atribuídas a Encina, e outras 9 configurações de textos em cima disso, às quais a música também poderia ser adicionada, mas não com certeza. Muitas das peças que sobreviveram são villancicos, das quais ele foi um dos principais compositores. O villancico espanhol é o equivalente ao Frottola italiano.[1] Existem três e quatro configurações de voz que oferecem uma variedade de estilos dependendo do tipo de texto, com movimentos muito limitados nas vozes em preparação para os pontos de cadência. Para fazer o texto ser ouvido com clareza, Encina usou ritmos variados e flexíveis que são padronizados nos acentos do verso, e usou progressões harmônicas simples, porém fortes.[1]

Algumas obras musicais editar

  • Triunfo de la fama (1492)
  • Cancionero (1496)
  • Tan buen ganadico (1496)
  • Más vale trocar (1496)
  • Plácida y Victoriano (1513)
  • Églogas


N.º Obra Vozes Forma musical Fontes Gravações Comentarios
1 Lochorro va torrat villancico CMP CHR
2 No quiero tener querer villancico CMP ANT Música anônima atribuída a Encina
3 No quiero que me consienta villancico FRO ANT Música anônima atribuída a Encina
4 Partístesos, mis amores villancico CMP ANT
5 Todos los bienes del mundo villancico CMP, FLO ANT, JOC, RIC, ACC, MAG, CAT, CON, WIM, REI, DAE
6 Pues que ya nunca nos veis villancico CMP ANT, LAN
7 El que tal señora tiene villancico CMP ANT
8 Pues que mi triste penar villancico CMP ANT, JOU
9 Caldero y llave, madona villancico CMP, FLO ANT
10 Más quiero morir por veros villancico CMP ANT
11 Partir, coraçón, partir villancico CMP ANT
12 Revelóse mi cuidado villancico CMP ANT
13 No tienen vado mis males villancico CMP, CME, UPS ANT, GUI, AKA
14 Tan buen ganadico villancico CMP ANT, CAN, OAK, TER, MAP
15 Ay, triste, que vengo villancico CMS ANT, HES, ANG, EMC, KIN, LAN, RON, ACC, RIC, DUF, CDM
16 O, castillo de Montanges villancico CMP ANT, CHR Música anônima atribuída a Encina
17 ¡Cucú, cucú, cucucú! villancico CMP ANT, HES, RES, CAN, THO, FAG, NOT
18 Ya no quiero tener fe villancico CMP, CMS ANT, MAY, DAE, BOR
19 Congoxa más que crüel villancico CMP ANT
20 Razón que fuerça no quiere villancico CMP ANT
21 Serviros i bien amaros villancico CMP ANT
22 Fata la parte villancico CMP ANT, HES, CHR, CHA, ACC, MAG, CON, TER, CDM, CIB
23 Pues no te duele mi muerte villancico CMP ANT
24 Pues amas, triste amador villancico CMP ANT Música anônima atribuída a Encina
25 No se puede llamar fe villancico CMP ANT Música anônima atribuída a Encina
26 Si abrá en este baldrés villancico CMP ANT, HES, KIN, ROM, ACC, PIF, VIR, CDM
27 Ya no quiero ser vaquero villancico CMP, CMS ANT
28 Paguen mis ojos, pues vieron villancico CMP ANT
29 Para verme con ventura villancico CMP, CMS, UPS ANT, GUI
30 Ya no spero qu'en mi vida villancico CMP ANT
31 Ya cerradas son las puertas villancico CMP ANT
32 Amor con fortuna villancico CMP ANT, HES, ATR, DAN, THO, LAN, DIF, CAT, CDM
33 Vuestros amores é, señora villancico CMP ANT, CHR, DUF
34 Yo me estaba reposando romance CMP ANT, SEP
35 Señora de hermosura romance CMP ANT, BIN, CDM
36 Una sañosa porfía romance CMP ANT, HES, COH, CHR, WAV, CAM, MIN, FIC, OLA
37 Pésame de vos, el conde romance a diálogo CMP ANT
38 Pues que jamás olvidaros canção CMP, CMS, FRO, DEF ANT, PAL, ACC, CAP
39 Es la causa bien amar canção CMP ANT
40 Los sospiros no sosiegan canção CMP, FRO ANT, GOT, BEG, CDM
41 Mortal tristura me dieron canção CMP ANT, HES
42 Ya soy desposado vegada CMP ANT, CAM, VIR
43 Una amiga tengo, hermano vegada CMP, CME ANT, CON
44 Antonilla es desposada vegada CMP ANT, DAN, CHR, CAN, JOU
45 Quédate, carillo, adiós vegada CMP ANT, HES
46 Romerico, tú que vienes villancico a diálogo CMP, CMS, CME ANT, VAL, BER, COM, ALT, SPI, DAE, UFF
47 Dezidme, pues sospirastes villancico a diálogo CMP ANT, MAG
48 Pedro, bien te quiero villancico a diálogo CMP ANT, DAN, ACC, CON, CDM
49 Remediad, señora mía villancico a diálogo CMP ANT Música anônima atribuída a Encina
50 Pelayo, ten buen esfuerço villancico a diálogo CMP, CMB ANT
51 Despierta, despierta tus fuerças, Pegaso dizer e cantar ANT, HES
52 Triste España sin ventura dizer e cantar CMP ANT, HES, RES, MUN, MAD, NEF, CAN, LAN, OLA, CAP, NOT
53 A tal pérdida tan triste dizer e cantar CMP ANT, HES
54 ¿Qu'es de ti, desconsolado? cantata CMP ANT, HES, SPA, DAN, ROM, ARA, ACC, OLA, PAN, CDM, REI
55 Levanta, Pascual, levanta cantata CMP ANT, HES, NEF, ACC, RES, MIN, FIC, CAP, REI
56 ¿A quién devo yo llamar? cantata CMP ANT
57 Por vnos puertos arriba cantata ANT Música de Antonio Ribera
58 ¿Quién te traxo, cavallero? cantata CMP, CME ANT, MAP, CIB
59 Mi libertad en sossiego cantata CMP ANT, GOT, CAN, BIN, MIN, MAG, DUF
60 Si amor pone las escalas cantata CMP ANT, CDM
61 Soy contento, vos servida cantata CMP ANT
62 Más vale trocar cantata CMP ANT, HES, KIN, GEN, CHR, ROM, BIN, VIR, MAG
63 ¡O, Reyes Magos benditos! cantata CMP ANT
64 Por muy dichoso se tenga cantata CMP, CMS ANT Música anónima atribuida a Enzina
65 Pues que tú, Reyna del cielo cantata CMP ANT, CAN Música anónima atribuida a Enzina
66 El que rige y el regido cantata CMP ANT, HESENC, MAG, CAP
67 Nuevas te trayo, carillo villancico bipartido CMP, CMC ANT
68 Dacá, baylemos, carillo villancico bipartido CMP ANT, CAM, FIC, PAN, CDM
69 Ninguno cierre las puertas villancico de égloga CMP ANT
70 Gran gasajo siento yo villancico de égloga CMP, CMS ANT Música anonima atribuiía a Encina
71 Gasagémonos de huzia villancico de égloga CMP ANT
72 Hoy comamos y bebamos villancico de égloga CMP ANT, HES, PAR, KIN, GEN, DAN, WAV, ROM, REN, ACC, VIR, SAV, UMB, ORL, DUF, CDM, ROS

Referências editar

  1. a b c d e f g h i Pope, Isabel; Tess Knighton. Encina, Juan del. Sadie, Stanley, ed. The New Grove Dictionary of Music and Musicians 2nd edition. V8. New York City: Grove’s Dictionaries Inc., 2001: 194
  2. Capa do livro da primeira edição de seu chansonnier (1496):
  3. a b Slonimsky, Nicolas, ed. Baker's Biographical Dictionary of Musicians seventh edition. London, England: Collier Macmillan Publishers, 1984: 662
  4. a b Magill, Frank N., ed. Critical Survey of Drama: Foreign Language Series v2. Englewood Cliffs, New Jersey: Salem Press, 1986.