Loxosceles

Grupo de aranhas venenosas

Loxosceles Heineken & Lowe, 1832 é um gênero de aracnídeos peçonhentos pertencentes à família Sicariidae, conhecidos pela sua picada necrosante.[1] Os membros destes gêneros são conhecidos pelos nomes comuns de aranhas-marrom (Brasil) ou aranhas-violino (Portugal).

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLoxosceles
aranhas-marrom, aranhas-violino
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Sicariidae
Género: Loxosceles
Heineken & Lowe, 1832
Espécies
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Informações editar

As espécies do gênero Loxosceles têm um comprimento total de 3 a 4 cm, sendo que um terço é o corpo, de coloração tipicamente acastanhada. Apresentam seis olhos, de cor esbranquiçada. Algumas apresentam o desenho de uma estrela no cefalotórax. As teias são pequenas e irregulares apenas forrando quase invisivelmente o chão e arredores de seu esconderijo, servindo como cordões de alarme. Têm como característica a peregrinação noturna e a alta atividade no verão. Durante o dia permanecem escondidas sob cascas de árvores e folhas secas de palmeira - na natureza - ou atrás de móveis, de coisas encostadas às paredes, em sótãos, porões e garagens - no ambiente doméstico.

Principais espécies editar

A última revisão das espécies de Loxosceles na América do Sul foi feita por Gertsch em 1958 e 1967. Estão catalogadas cerca de 30 espécies para o aquele continente, entre as quais:[1]

  • Loxosceles similis (Moenkhaus, 1898) — primeira espécie de Loxosceles encontrada no Brasil. Vive nos estados do Pará, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Conhecida também por L. surata (Simon, 1977);
  • Loxosceles rufescens (Dufour, 1820) — originária da região do Mediterrâneo, Norte da África e Europa. Conhecida também por L. exortis (Simon, 1881), L. indrabeles (Tikader, 1963), L. distincta (Lucas, 1846) e L. marylandica (Muma, 1944);
  • Loxosceles rufipes (Lucas, 1834) — encontrada na Colômbia, Chile, Guatemala e Panamá;
  • Loxosceles variegata (Simon, 1897) — encontrada no Paraguai;
  • Loxosceles spadicea (Simon, 1907) — encontrada no Peru, Bolívia e Argentina;
  • Loxosceles lutea (Keyserling, 1877) — encontrada na Colômbia e no Equador. Conhecida também por L. pictithorax (Strand, 1914);
  • Loxosceles amazonica (Gertsch, 1967) — encontrada no norte e no nordeste do Brasil. Tem o colorido marrom, com o cefalotórax e pernas menos pigmentadas, além do abdome mais próximo ao preto;
  • Loxosceles gaucho (Gertsch, 1967) — encontrada na Tunísia e no Brasil (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul);
  • Loxosceles intermedia (Mello-Leitão, 1964) — encontrada na Argentina e no Brasil (região Sudeste, Sul e no estado de Goiás). Conhecida também por L. ornatus (Mello-Leitão, 1938) e L. ornata (Mello-Leitão, 1941);
  • Loxosceles laeta (Nicolet, 1849) — encontrada na América do Sul (No Brasil na região Sul, Sudeste e no estado da Paraíba), Finlândia e Austrália. Conhecida também por L. bicolor (Holmberg, 1876), L. longipalpis (Banks, 1902), L. nesophila (Chamberlin, 1920) e L. yura (Chamberlin & Ivie, 1942);
  • Loxosceles reclusa (Gertsch & Mulaik, 1940) — encontrada na América do Norte, principalmente nos EUA (Nos estados do Texas, Kansas, Missouri, Oklahoma e California). Apresenta uma linha preta na porção dorsal do seu tórax, gerando o apelido de "Aranha Violino";
  • Loxosceles adelaida (Gertsch, 1967) — encontrada no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro), Paraguai e Argentina;
  • Loxosceles hirsuta (Mello-Leitão, 1961) — encontrada no Brasil (São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais), Paraguai, Argentina e Bolívia.

Forma e consequência dos ataques editar

 
Loxosceles reclusa: macho adulto quase do tamanho de uma moeda de um centavo de dólar.

São aranhas pouco agressivas, dificilmente atacam pessoas. As picadas ocorrem como forma de defesa, quando macho ou fêmea (ambos peçonhentos) são comprimidos contra o corpo, durante o sono, no momento do uso das vestimentas (calçando um sapato, por exemplo) ou no manuseio de objetos de trabalho (como enxadas e pás guardadas em locais escuros). A fêmea normalmente possui o abdome aproximadamente 2x maior que o macho.

No ato da picada há pouca ou nenhuma dor e a marca é praticamente imperceptível. Depois de 12 a 14 horas ocorre um inchaço acompanhado de vermelhidão na região (edema e eritema, respectivamente), que pode ou não coçar. Também pode ocorrer escurecimento da urina e febre. Os dois quadros distintos conhecidos são o loxoscelismo cutâneo (o que normalmente ocorre, onde há a picada na pele) e o cutâneo-visceral (com lesão cutânea associada a uma hemólise intravascular).

Com o avanço (sem tratamento) da picada, o veneno (dependendo da quantidade inoculada) pode causar necrose do tecido atingido, falência renal e, em alguns casos, morte. Somente foram detectados casos de morte - cerca de 1,5% do total - nos incidentes com L. laeta e L. intermedia.

Tratamento editar

Logo após a picada é indicado lavar o local com água e sabão abundantes e não fazer torniquetes, para evitar a gangrena do veneno e minimizar os efeitos da necrose. É interessante que a região da picada fique em repouso, dificultando a absorção do veneno. Não convém furar, cortar, queimar ou espremer. Também não é indicado fazer sucção no local da ferida nem aplicar extratos naturais. Não se recomenda a ingestão de bebidas alcoólicas. O procedimento padrão é levar a vítima ao serviço de saúde próximo o mais rapidamente possível, levando a aranha (morta ou viva) para identificação de espécie e confirmação da necessidade de soro. Vale lembrar que tais procedimentos servem para qualquer ataque de animal peçonhento.

O soro utilizado para combater a picada desta aranha é composto de Antihistamínico/anticolinesterásico/dapsona e 5 ampolas de soro antiaracnideo polivalente ou soro antiloxosceles EV, que deverá ser ministrado ao paciente até 36 horas depois do acidente com a aranha.

Combate editar

A região sul do Brasil (Paraná principalmente) tem sofrido com o ataque destas aranhas, cerca de 3.000 acidentes somente em 2004. Um relatório de um Instituto de Saúde de Minas Gerais, mostra que foram encontradas aranhas-marrons do gênero Loxosceles em algumas casas da Grande Belo Horizonte, onde esta aranha estaria extinta desde 1917, e teoricamente somente existiria em cavernas.

O aumento da urbanização juntamente com o da população, proporcionou novos locais para as aranhas crescerem e se reproduzirem, consequentemente aumentando os encontros com humanos.

Com a facilidade de transporte da atualidade (de mobiliário a produtos, máquinas e equipamentos), as diversas espécies de aranhas estão encontrando possibilidade de deslocamento sem precedentes, podendo tornar-se novos problemas ou até mesmo pragas em novas regiões.

Como evitar ocorrências editar

  • Limpe com frequência atrás de móveis como armários, cabeceiras de camas, embaixo de pias de banheiro, baús, cômodas e quadros;
  • Bata as roupas antes de vesti-las, especialmente se alguma ficou pelo chão, bem como os sapatos;
  • Utilize equipamentos de proteção individual (EPI) apropriados ao entrar em cavernas, casas abandonadas, depósitos, etc.;
  • Evite deixar objetos ou mobiliário encostados em paredes de modo a não oferecer abrigo, especialmente próximos ao chão;
  • Algumas espécies de aranha são predadoras de aranhas-marrons: um possível controle biológico ainda a ser melhor pesquisado;
  • Camas podem ser desencostadas das paredes, e roupas de cama não devem ficar encostadas no chão para não se constituírem em pontes de acesso;
  • Em regiões de infestação, nas camas pode ser utilizado mosquiteiro preso por baixo do colchão.

No caso de alguma ocorrência da presença editar

  • Não toque diretamente na aranha nem tente pegá-la, caso não sejas profissional de pesquisa;
  • À noite,a aranha-marrom costuma ficar alguns centímetros à frente de seu esconderijo (comumente em cantos e frestas próximos ao chão de habitações humanas) para onde corre ao sentir perigo. Não é agressiva.
  • Nas épocas mais quentes do ano, à noite, elas costumam fazer incursões maiores, inclusive pelas moradias humanas, quando poderão ser vistas caminhando pelo chão ou pelas paredes. Nestas ocasiões, elas gostam de se esconder temporariamente entre roupas, calçados, livros, objetos.

Espécies editar

Estão validamente descritas cerca de 100 espécies do gênero Loxosceles, entre as quais:[1]

Notas

Ligações externas editar