Lucien Febvre

historiador francês

Lucien Paul Victor Febvre. (Nancy, Meurthe-et-Moselle, 22 de julho de 1878 - Saint-Amour, Jura, 26 de setembro de 1956) foi um influente historiador modernista[1] francês, co-fundador da chamada "Escola dos Annales".[2]

Lucien Febvre
Lucien Febvre
Nascimento Lucien Paul Victor Febvre
22 de julho de 1878
Nancy
Morte 11 de setembro de 1956 (78 anos)
Saint-Amour
Cidadania França
Alma mater
Ocupação historiador, professor
Prêmios
  • Cruz de Guerra 1914-1918
  • Cruz de Guerra
  • Comandante da Legião de Honra (1948)
  • Oficial da Legião de Honra (1936)
  • Cavaleiro da Legião de Honra (1924)
Empregador(a) Collège de France, Université de Bourgogne, Universidade de Estrasburgo, École des hautes études en sciences sociales, escola Prática de Altos Estudos
Movimento estético Escola dos Annales

Biografia editar

No período entre-guerras, Febvre idealizou uma revista de história que fundou, em 1929, em parceria com Marc Bloch: a "Revue des Annales". Essa parceria, formada na Universidade de Estrasburgo, durou apenas treze anos, tempo suficiente, entretanto, para patrocinar marcantes conquistas da História.

A partir dos "Annales", definiram-se as características de uma abordagem da História que se tornou conhecida como História das mentalidades, a qual, de forma sistematizada, analisa os sentimentos e costumes dos povos em determinado período histórico, baseando-se no princípio do "tempo longo", quando esses hábitos se transformam de maneira lenta ao longo dos tempos. Muitos estudiosos veem em Febvre e Bloch os precursores da História das Mentalidades.

Em um período marcado por mortes e por dores profundas, as ciências humanas e principalmente a História, apareciam com uma grande parcela de culpa necessitando, assim, de que a compreensão do homem fosse o objetivo básico desse grupo e a interdisciplinaridade fosse o caminho. O livro Sociedade Feudal, de Marc Bloch, demonstra com grande clareza a síntese da longa duração - ou o longo tempo - , a psicologia histórica e a preocupação com a comparação, linguagem e evolução social. A Segunda Guerra Mundial freou esse desenvolvimento. Bloch foi obrigado pelos nazistas a se afastar da direção da revista e, em 1944, foi fuzilado por tropas alemãs quando participava ativamente da Resistência. O fim da guerra fez com que Febvre se tornasse o principal difusor dos preceitos da escola. Dirigiu a Revista dos Analles até 1946, quando passou a direção ao seu discípulo, Fernand Braudel.

Em 1947, Lucien Febvre fundou a VI Seção da École Pratique des Hautes Études, núcleo de origem da EHESS (Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais), criada em 1975.

Annales editar

Em 1929, Lucien Febvre, junto com seu colega e amigo íntimo Marc Bloch, estabeleceu um jornal acadêmico, Annales d'histoire économique et sociale (comumente conhecido como Annales), do qual o nome de seu estilo distinto de história foi tirado. A revista seguiu a abordagem de Febvre para descrever a história. Sua abordagem era educar o mundo sobre os perigos do pensamento do velho mundo para evitar possíveis futuros desastres econômicos e políticos. Seu objetivo era influenciar os círculos acadêmicos a "estudar... o presente para alcançar uma compreensão mais profunda do passado". Esta revista era como nenhuma outra publicação acadêmica na época.[3][4][5][6]

Os Annales tiveram uma recepção crítica muito favorável e tiveram muito sucesso em seus primeiros anos. A demanda era tamanha que conseguiu aumentar a frequência de suas publicações em 1932. No entanto, em 1938 a revista parecia estar seguindo seu curso e os editores cessaram seu apoio.[3][4][5][6]

Obras em português editar

  • Martinho Lutero, um destino (1928);
  • O Problema da Incredulidade no século XVI: A Religião de Rabelais (1942);
  • Combates pela História (1953).
  • A Europa: Gênese de Uma Civilização.
  • O Reno: Histórias, Mitos e Realidades.
  • Honra e Pátria.
  • O Aparecimento do Livro.

Obras completas editar

  • Philippe II et la Franche-Comté. Étude d'histoire politique, religieuse et sociale, Paris, Honoré Champion, 1911, 808 p. Réédité aux Éditions Perrin, Paris, 2009, 816 p. (avec une préface d'Emmanuel Le Roy Ladurie).
  • Notes et documents sur la Réforme et l'Inquisition en Franche-Comté, Paris, 1911, 336 p.
  • Histoire de la Franche-Comté, Paris, Boivin, 1912, 260 p.
  • La Terre et l'évolution humaine, Paris, Albin Michel, « L'évolution de l'Humanité », 1922.
  • Un Destin. Martin Luther, Paris, Rieder, 1928.
  • Civilisation. Évolution d'un mot et d'un groupe d'idées, Paris, Renaissance du livre, 1930, 56 p.
  • (en coll. avec Albert Demangeon) Le Rhin. Problèmes d'histoire et d'économie, Paris, Armand Colin, 1935.
  • (dir.) : Encyclopédie française, 11 volumes parus de 1935 à 1940.
  • Le problème de l’incroyance au . La religion de Rabelais, L’évolution de l’humanité, Paris, Albin Michel, 1942, XXVII-547 pages.
  • Origène et Des Périers ou l'énigme du Cymbalum Mundi, Paris-Genève, Droz, 1942, 144 p.
  • Autour de l'Heptaméron. Amour sacré, amour profane, Paris, Gallimard, 1944, 300 p.
  • Les Classiques de la liberté: Michelet, Lausanne, Traits, 1946, 162 p.
  • Combats pour l'histoire, Paris, Armand Colin, 1952, 456 p.
  • Au cœur religieux du, Paris, SEVPEN, 1957, 359 p.
  • (en coll. avec Henri-Jean Martin) Honneur et patrie. [S.l.: s.n.] ISBN 2-226-10689-8 .
  • Pour une histoire à part entière, Paris, SEVPEN, 1962, 860 p.
  • Honneur et patrie : Texte établi, présenté et annoté par Thérèse Charmasson et Brigitte Mazon, Librairie académique Perrin, 1996, 324 pp., ISBN 9782262011765.
  • De la « Revue de synthèse » aux « Annales ». Lettres à Henri Berr, 1911-1954, Paris, Fayard, 1997 (édition par Jacqueline Pluet et Gilles Candar).

Ver também editar

Referências

  1. "Para o modernista, dentro de sua noção científica de mundo, dentro da visão de história que inicialmente todos aceitamos, evidências são essencialmente evidência de que algo aconteceu no passado. O historiador modernista seguia uma linha de raciocínio que parte de suas fontes e evidências até a descoberta de uma realidade histórica escondida por trás destas fontes. De outra forma, sob o olhar pós-modernista [ou pós-estruturalista], as evidências não apontam para o passado, mas sim para interpretações do passado." Historiografia e pós-modernismo, por F. R. Ankersmit. Topoi. Rio de Janeiro, vol. 2, mar. 2001, pp. 113-135.
  2. CAIRE-JABINET, Marie-Paule (2003) "Introdução à Historiografia". São Paulo: EDUSC. p. 118.
  3. a b «A Geographical Introduction to History by Lucien Febvre, Lionel Bataillon, 1925 | Online Research Library: Questia». web.archive.org. 26 de maio de 2015. Consultado em 22 de julho de 2023 
  4. a b André Burguière, in André Burguière (dir.), Dictionnaire des sciences historiques, Paris, PUF, 1986, p. 279-282
  5. a b Olivier Dumoulin, article « École méthodique », Encyclopaedia Universalis.
  6. a b Hans Dieter Mann, Lucien Febvre la pensée vivante d'un historien, Cahiers des Annales 31, édition EHESS - Armand Colin, Paris, 1971, 189 p.
 
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