Marcelo Calero

político brasileiro

Marcelo Calero Faria Garcia (Rio de Janeiro, 7 de julho de 1982) é um advogado e político brasileiro, filiado desde 2022 ao Partido Social Democrático (PSD).[2] Foi diplomata e deputado federal na 56.ª legislatura, de 2019 a 2023,[1] e atualmente é Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, no governo de Eduardo Paes.[3][4][5] Em 2016 ganhou notoriedade ao assumir o Ministério da Cultura do governo Michel Temer e por deixar o cargo seis meses depois, denunciando uma forte pressão para rever um parecer técnico desfavorável a interesses pessoais do então ministro-chefe da Secretaria de Governo do Brasil, Geddel Vieira Lima.[6][7] Marcelo é crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro e já defendeu o seu impeachment.[8]

Marcelo Calero
Marcelo Calero
Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro
Período 3 de fevereiro de 2023
até atualidade
Prefeito Eduardo Paes
Antecessor(a) Marcus Faustini
Período 15 de janeiro de 2015
até 18 de maio de 2016
Prefeito Eduardo Paes
Antecessor(a) Sérgio Sá Leitão
Sucessor(a) Júnior Perim
Secretário Municipal de Governo e Integridade Pública do Rio de Janeiro
Período 1º de janeiro de 2021
até 2 de fevereiro de 2022[1]
Prefeito Eduardo Paes
Antecessor(a) Paulo Albino Santos Soares
Deputado Federal pelo Rio de Janeiro
Período 1º de fevereiro de 2019
até 31 de janeiro de 2023[1]

9 de maio de 2023
até a atualidade [nota 1]

Legislatura 56ª (2019 - 2023)
Ministro da Cultura do Brasil
Período 24 de maio de 2016
até 18 de novembro de 2016
Presidente Michel Temer
Antecessor(a) Juca Ferreira
Sucessor(a) Roberto Freire
Dados pessoais
Nascimento 7 de julho de 1982 (41 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Partido PSDB (2009-2015)
PMDB (2015-2016)
Cidadania (2018-2022)
PSD (2022-presente)
Profissão Diplomata e advogado

Biografia editar

Carioca, nasceu no Hospital de São Francisco da Penitência, no bairro da Tijuca.[9] Filho de Maria Teresa, psicóloga e Raul, engenheiro, família de classe média.[carece de fontes?] Estudou no Colégio Marista São José e, posteriormente, no Colégio Santo Inácio.[9] Em 2004, graduou-se em Direito, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),[9] tendo conseguido, no ano de 2019, o título de mestre em Ciências Políticas pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), onde está cursando doutorado na mesma área.[10][11][12] Pelo seu empenho em defesa da cultura nacional, foi imortalizado na Academia Brasileira de Cultura (ABC).[13]

Começou sua vida profissional como estagiário na multinacional de telefonia e tecnologia Nokia, sendo efetivado como advogado após concluir sua graduação. Aprovado em concurso da Comissão de Valores Mobiliários (CVM),[9] lá atuou como agente executivo, no ano de 2006. Prestou concurso para a Petrobras, onde, aprovado, atuou como advogado, entre 2006 e 2007.[9][14] Dividindo seu tempo entre o trabalho e os estudos,[carece de fontes?] em 2007, foi aprovado em quinto lugar no concurso para o Instituto Rio Branco.[15] Após o curso de formação em Brasília, foi lotado no Departamento de Energia do Itamaraty, depois atuando na Embaixada do Brasil no México.[16]

Carreira política editar

Secretaria de Cultura editar

Em 2013, após indicação de um embaixador com quem trabalhara, foi cedido para atuar na Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, assumindo o cargo de coordenador-adjunto de Relações Internacionais.[17] Naquele cargo, participou da organização da Jornada Mundial da Juventude (2013), cujo ponto alto foi a visita do Papa Francisco em sua primeira viagem internacional como Pontífice. Foi convidado pelo prefeito a assumir a presidência do Comitê Rio450, órgão criado pela gestão municipal para organizar a celebração do aniversário de 450 anos da cidade, com um calendário de mais de 600 eventos comemorativos.[18] Nesse período, lançou o Passaporte dos Museus, que dava descontos ou gratuidades em mais de 40 equipamentos à população.[19]

Na sequência, foi convidado a assumir a Secretaria Municipal de Cultura (2015). Em sua atuação à frente da pasta, foi responsável por projetos como: o Ações Culturais, que, com investimento total de R$ 4 milhões, financiou 85 iniciativas de pequeno porte pela cidade;[20] as Areninhas; as Bibliotecas do Amanhã, equipadas com acesso gratuito à internet, programa educativo de excelência e grade de eventos sócio-educativos;[21] a reforma e inauguração dos teatros Serrador[22] e Ziembinski;[23] a recuperação do Museu da Cidade,[24] reaberto poucos meses após a saída de Calero do cargo; e a entrega do Museu do Amanhã, na Zona Portuária do Rio.[25] Projetado pelo espanhol Santiago Calatrava, sendo referência cultural em todo o mundo[carece de fontes?] e tendo se tornado o museu de maior visitação no país.[26]

Deixou a secretaria municipal para assumir a Secretaria de Cultura do Ministério da Educação,[14] mas ainda antes de sua posse a pasta recuperou o status ministerial, com a recriação do Ministério da Cultura.[27]

Ministério da Cultura editar

 
Marcelo Calero com o artista Francisco Brennand.

Assumiu o cargo do ministro de Estado da Cultura em maio de 2016,[6] nele permanecendo por cinco meses e 28 dias. Em 18 de novembro de 2016, pediu demissão do cargo, após denunciar tentativas de interferência em assuntos da alçada de sua pasta.[7] Na ocasião, afirmou à Polícia Federal ter sido fortemente pressionado por Geddel Vieira Lima, Temer e outros membros do governo a rever decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), negando licença para um empreendimento imobiliário na Bahia, no qual Geddel possuía um apartamento.[28][29][30] Geddel negou a acusação[31] e o porta-voz do Governo Michel Temer negou que o presidente houvesse pressionado o ex-ministro a tomar decisão que "ferisse normas internas ou suas convicções", apesar de confirmar reuniões de Michel Temer e Calero para "solucionar impasse" com Geddel.[32] O episódio, no entanto, resultou no pedido de demissão de Geddel,[33][34] abrindo espaço para sua posterior prisão,[35][36] em decorrência da perda de seu foro privilegiado.[37] O caso teve repercussão internacional,[38][39] abrindo a maior crise do Governo Michel Temer até então.[40][41]

56.ª legislatura da Câmara dos Deputados, Secretaria de Governo e Integridade Pública e retorno à Secretaria de Cultura editar

Filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS)[42] em 2018 e nas eleições daquele ano, em sua segunda disputa ao cargo, foi eleito deputado federal.[43] Após ser a única pessoa LGBTI no primeiro escalão do governo Temer,[44][45][46] foi uma das três pessoas LGBTI eleitas parlamentares federais em 2018. Por outro lado, sua pauta de campanha eleitoral não foram os direitos LGBTI.[47] Sua candidatura foi associada ao grupo político Livres.[48]

Em janeiro de 2021, foi nomeado pelo prefeito Eduardo Paes como Secretário de Governo e Integridade Pública do Rio de Janeiro, tornando-o responsável pela implantação de um programa de compliance na gestão do município.[49] Em março de 2022, Calero filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD), mesmo partido de Paes.[2] Além disso, costumou reassumir o cargo de deputado federal durante votações julgadas mais importantes, alternando as licenças dos dois mandatos.[1]

Em fevereiro de 2023, Calero voltou a assumir o cargo de Secretário de Cultura do município do Rio de Janeiro, sendo nomeado novamente pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). Também assumiu o cargo de deputado federal como suplente em 9 de Maio de 2023, licenciando-se para retornar ao cargo de Secretário de Cultura do município do Rio de Janeiro. [3][4][5][50]

Desempenho eleitoral editar

Concorreu a deputado federal pelo PSDB em 2010, obtendo 2 252 votos.[51] Nas eleições de 2018 conseguiu se eleger para aquele cargo com cerca de 50 mil votos, ultrapassando a votação de Otavio Leite, que ficou como suplente da coligação.[43] Além disso, foi uma das três pessoas LGBTI eleitas parlamentares federais em 2018, ao lado de Fabiano Contarato e Jean Wyllys.[44][45][46] Nas eleições de 2022, tal como parte de estreantes de 2018, não conseguiu se eleger novamente[52] e está como suplente.[53]

Ano Eleição Candidato a Partido Coligação Votos % Resultado Ref
2010 Estadual no Rio de Janeiro Deputado Federal PSDB O Rio de Janeiro Pode Mais

(PSDB, PPS, DEM)

2.252 0,03% Não eleito [54]
2018 Estadual no Rio de Janeiro PPS O Rio Tem Jeito

(PPS, PSDB, Solidariedade)

50.533 0,71% Eleito [55]
2022 Estadual no Rio de Janeiro PSD sem coligação proporcional 47.394 0,55% Não eleito [56]

Referências

  1. a b c d Câmara dos Deputados. «Deputado federal Marcelo Calero». Consultado em 20 de fevereiro de 2021 
  2. a b Niklas, Jan (13 de março de 2022). «Santa Cruz se filia ao PSD e alfineta Freixo e Castro: 'Nem partilha do poder a todo custo, nem política do radicalismo'». O Globo. Consultado em 20 de março de 2022 
  3. a b Vidon, Filipe (24 de janeiro de 2023). «Marcelo Calero estava com pé em Brasília, mas será o novo secretário municipal de Cultura do Rio». Extra. Consultado em 4 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2023 
  4. a b «Marcelo Calero assume Secretaria Municipal de Cultura do Rio em fevereiro». G1. 25 de janeiro de 2023. Consultado em 4 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2023 
  5. a b Coelho, Henrique (3 de fevereiro de 2023). «Prefeito do Rio de Janeiro dá posse a 14 novos secretários». G1. Consultado em 4 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2023 
  6. a b «Marcelo Calero assume Ministério da Cultura falando em preservar conquistas». UOL. 24 de maio de 2018 
  7. a b «Ex-ministro da Cultura diz que pressão sofrida por ele foi corrupção». Valor Econômico. 20 de novembro de 2016 
  8. «Movimento de renovação política defende impeachment de Bolsonaro». Veja. 8 de maio de 2020 
  9. a b c d e «Veja a trajetória política de Marcelo Calero, ex-ministro de Temer». G1. 25 de novembro de 2016 
  10. «Marcelo Calero sobre Geddel: "É de uma classe de políticos sempre envolvida em esquema"». GaúchaZH. 29 de setembro de 2017 
  11. «Marcelo Calero Faria Garcia». Escavador. Consultado em 26 de novembro de 2021 
  12. Lima, Rafael (13 de outubro de 2021). «Coluna Magnavita: Pinga-Fogo: Marcelo Calero, o estudioso». Correio da Manhã Brasil. Consultado em 26 de novembro de 2021 
  13. Rio, Redação Diário do (1 de dezembro de 2021). «Academia Brasileira de Cultura será instalada por Carlos Alberto Serpa». Diário do Rio de Janeiro. Consultado em 2 de dezembro de 2021 
  14. a b Matoso, Filipe (18 de maio de 2016). «Planalto anuncia Marcelo Calero para o comando da Secretaria da Cultura». G1. Consultado em 24 de maio de 2016 
  15. «Resultado final do Concurso Público de Admissão à Carreira de Diplomata em 2007» (PDF). CESPE/UNB. 26 de junho de 2007 
  16. «Secretário da Cultura do Rio Marcelo Calero vai comandar área no governo Temer». REUTERS. 18 de maio de 2016 
  17. «Por que Marcelo Calero chegou ao ministério da Cultura». O Globo. 23 de maio de 2016 
  18. «Marcelo Calero comanda as comemorações dos 450 anos do Rio». Veja Rio. 5 de dezembro de 2016 
  19. «Passaporte garante acesso gratuito a 43 museus e centros culturais do Rio». O Globo. 14 de abril de 2015 
  20. «Prefeitura anuncia Prêmio de Ações Locais – Edição Rio450». Prefeitura do Rio de Janeiro. 17 de setembro de 2014 
  21. «Biblioteca do Amanhã é inaugurada no Rio Comprido, Centro do Rio». G1. 29 de março de 2016 
  22. «Histórico Teatro Serrador, no Rio, é reaberto com show de Bibi Ferreira». G1. 7 de janeiro de 2016 
  23. «Aberto em 1988, Teatro Ziembinski passa pela primeira grande reforma». O Globo. 12 de junho de 2015 
  24. «Obras do Museu da Cidade são retomadas após três anos paradas». O Globo. 12 de dezembro de 2015 
  25. «Rio ganha nesta quinta o Museu do Amanhã, na Praça Mauá». G1. 17 de dezembro de 2015 
  26. «Em seu 1º ano, Museu do Amanhã se torna o mais visitado do país». Folha de S. Paulo. 30 de janeiro de 2017 
  27. «Recriação do MinC é publicada em edição extra do Diário Oficial». G1. 23 de maio de 2016. Consultado em 24 de maio de 2016 
  28. «Veja a íntegra do depoimento do ex-ministro Marcelo Calero à PF». Estadão. 24 de novembro de 2016. Consultado em 25 de novembro de 2016 
  29. «Fora do governo, Calero acusa Geddel de pressioná-lo para liberar obra». Folha de S. Paulo. 19 de novembro de 2016. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  30. «'Não desejo isso para ninguém', diz Calero sobre pressão de Geddel». G1. 19 de novembro de 2016 
  31. «Geddel reconhece que tratou de projeto com Calero, mas nega pressão». Folha de S. Paulo. Consultado em 22 de novembro de 2016 
  32. Luciana Amaral e Fernanda Calgaro (24 de novembro de 2016). «Temer procurou Calero para resolver 'impasse' com Geddel, diz porta-voz». G1. Globo.com. Consultado em 25 de novembro de 2016 
  33. «Geddel decide deixar o cargo após agravamento de crise política». Folha de S. Paulo. 25 de novembro de 2016 
  34. «Geddel decide deixar o cargo após denúncia atingir Temer e Padilha». UOL. 25 de novembro de 2016 
  35. «PF prende Geddel após descoberta de 'bunker' com R$ 51 milhões». Folha de S. Paulo. 8 de setembro de 2017 
  36. «Geddel Vieira é preso após PF encontrar suas digitais em dinheiro do 'bunker'». El País. 8 de setembro de 2017 
  37. «Perda de foro especial coloca Geddel ao alcance de Moro». UOL. 25 de novembro de 2016 
  38. «Escândalo repercute no mundo: 'Temer acusado de corrupção'». Veja. 25 de novembro de 2016 
  39. «Jornais internacionais repercutem denúncia de Marcelo Calero contra Temer». Extra. 25 de novembro de 2016 
  40. «Acusação de Calero sobre pressão de Temer coloca governo do PMDB na corda bamba». HuffPost Brasil. 24 de novembro de 2016 
  41. «Quem é Calero, o ex-ministro que colocou Temer no centro da crise». Exame. 26 de novembro de 2016 
  42. «Ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero se filia ao PPS no sábado». Estadão. 24 de março de 2018 
  43. a b «Senadores e deputados federais/estaduais eleitos: Apuração e resultado das Eleições 2018 RJ - UOL Eleições 2018». UOL Eleições 2018. Consultado em 11 de outubro de 2018 
  44. a b «Ex ministro gay denuncia tráfico de influência no governo Temer». Revista Lado A. 25 de novembro de 2016. Consultado em 29 de outubro de 2018 
  45. a b «Temer dá posse pela primeira vez a um gay assumido em cargo alto do Governo». www.athosgls.com.br. Consultado em 30 de outubro de 2018 
  46. a b «Juca: caso Geddel revelou a natureza podre do governo Temer». Brasil 247. 19 de Dezembro de 2016 
  47. «Cresce número de parlamentares LGBTI; o que esperar desses mandatos?». Entretenimento. BOL. Consultado em 30 de outubro de 2018 
  48. «Deputados Federais do Livres tomam posse em Brasília • LIVRES». LIVRES. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  49. Freire, Quintino Gomes (30 de novembro de 2020). «Marcelo Calero será secretário de Integridade Pública de Eduardo Paes». Diário do Rio de Janeiro 
  50. «Biografia do(a) Deputado(a) Federal Marcelo Calero». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 26 de outubro de 2023 
  51. «Marcelo Caléro (4560/PSDB) - Políticos do Brasil - UOL Notícias». noticias.uol.com.br. Consultado em 25 de novembro de 2016 
  52. «Metade dos deputados estreantes em 2018 não conseguiu novo mandato em 2022 | Maquiavel». VEJA. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  53. «Derrotado na eleição, Marcelo Calero não aparece em foto com a turma de Paes». Extra Online. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  54. «Poder 360 | Candidatos». eleicoes.poder360.com.br. Consultado em 3 de junho de 2020 
  55. «Poder 360 | MARCELO CALERO». eleicoes.poder360.com.br. Consultado em 3 de junho de 2020 
  56. Rio de Janeiro

Ligações externas editar

Precedido por
Juca Ferreira
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2016
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