Matina

município do Estado da Bahia, Brasil
 Nota: Para outros significados, veja Matina (desambiguação).

Matina é um município brasileiro do estado da Bahia.

Matina
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Matina
Bandeira
Brasão de armas de Matina
Brasão de armas
Hino
Lema Matina hoje, Matina sempre
Gentílico matinense
Localização
Localização de Matina na Bahia
Localização de Matina na Bahia
Localização de Matina na Bahia
Matina está localizado em: Brasil
Matina
Localização de Matina no Brasil
Mapa
Mapa de Matina
Coordenadas 13° 54' 32" S 42° 50' 56" O
País Brasil
Unidade federativa Bahia
Municípios limítrofes Riacho de Santana, Palmas de Monte Alto e Igaporã
Distância até a capital 810 km
História
Fundação 1 de janeiro de 1990 (34 anos)
Administração
Prefeito(a) Olga Gentil de Castro Cardoso[1] (PL, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total IBGE/2022[2] 773,278 km²
População total (IBGE/2022[3]) 10 330 hab.
Densidade 13,4 hab./km²
Clima seco
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010 [4]) 0,572 baixo
PIB (IBGE/2021[5]) R$ 91,738,12 mil
PIB per capita (IBGE/2021[5]) R$ 7 422,78
Sítio matina.ba.gov.br (Prefeitura)

História editar

Os primeiros registros da ocupação humana no território delimitado pelas encostas da Serra do Espinhaço e as margens dos rios São Francisco, Santo Onofre, Verde Grande e Verde Pequeno identificam que esse espaço era ocupado pelos povos indígenas Tupinaém, Canindé e Mongoió, de acordo com estudos etno-históricos e etnolinguísticos sobre as populações indígenas existentes durante a primeira metade do séc. XVI. No caso das terras que integram o contemporâneo município de Matina, elas estariam situadas em um território tradicionalmente ocupado pelos Tupinaém.[6]

Com as primeiras invasões europeias provocadas pelos sertanistas e bandeirantes que adentraram neste território visando atender ao objeto do empreendimento colonial português de extração de riquezas da região, os povos indígenas originários acabaram sofrendo um genocídio em que os sobreviventes ao extermínio ou à escravidão acabaram sendo expulsos ou aculturados por meio de processos de miscigenação.[6][7]

Em razão desse violento processo de colonização do território do Alto Sertão baiano, na segunda metade do século XVII, a Coroa portuguesa passa a compreender esse espaço como desocupado e concede uma importante sesmaria ao mestre-de-campo luso-brasileiro Antônio Guedes de Brito que possibilitou a este estabelecer seu grande latifúndio, a Casa da Ponte que após sua morte se converteu em um morgadio. O morgadio Guedes de Brito abarcava uma extensa região de Morro do Chapéu, situada no centro da Bahia, até o Norte de Minas e era dividida em fazendas, que eram alugadas ("arrendadas") àqueles que queriam usar a terra, ou então, era ocupada informalmente, contra à vontade dos Guedes de Brito, por comunidades de posseiros (remanescentes de indígenas, quilombolas, vaqueiros e pequenos camponeses miscigenados) nas áreas menos valorizadas.[7]

Dentre as fazendas que compunham o Morgadio dos Guedes de Brito entre o final do século XVII e meados do século XVIII, o território do atual município de Matina se encontrava inserido dentro dos limites da Fazenda Brejo ou Fazenda Brejo Grande, uma propriedade estabelecida na década de 1690 cuja sede se encontrava nas margens do rio Carnaíba de Fora, um dos formadores do rio das Rãs e que se estendia pelos contemporâneos municípios de Guanambi, Matina, Igaporã e Caetité.[7]

A fazenda Brejo foi implantada pelos sertanistas Antônio Gonçalves Figueira e seu cunhado, Matias Cardoso de Almeida, onde eles formalizaram sua ocupação, ao arrendarem-na dos Guedes de Brito, tendo erguido um dos primeiros engenhos de açúcar naquela região do Alto Sertão baiano.[7]

No século XIX, a fazenda Brejo ou Brejo Grande, também conhecida como Brejo das Carnaíbas ou Brejo de Matias João, que no século anterior haviam sido arrendadas junto aos Guedes de Brito sucessivamente pelo mestre-de-campo Pedro Leolino Mariz e por Matias João da Costa, foi um significativo latifúndio fraccionado em várias fazendas, sendo que as que se situavam nas contemporâneas terras matinenses eram a Fazenda Campo Grande (ocupada inicialmente por diversos rendeiros José Cândido Xavier, Henrique Ribeiro de Magalhães, Tertuliano Pereira Coutinho, José Ribeiro de Magalhães e Ana Teresa de Magalhães), a Fazenda Carnaíbas de Fora (ocupada inicialmente por Pedro Leolino Mariz), a Fazenda Santa Rosa (ocupada inicialmente por José Antônio da Silva Castro e sua esposa Joana de São João Castro), a Fazenda Grão-Mogol (ocupada inicialmente por Luis Ribeiro de Magalhães e Silva), a Fazenda Copiar (ocupada inicialmente por Antônio Rodrigues da Silva), a Fazenda Poço Dantas (ocupada inicialmente por Francisco de Brito Gondim), a Fazenda Tamanduá (ocupada inicialmente por José de Souza da Costa e seu irmão Agostinho de S. da Costa) e a Fazenda Vargens (ocupada inicialmente pelo capitão Francisco de Caires Ferreira).[7]

Estes rendeiros delinearam a estrutura fundiária caracterizada por uma forte concentração de terras que constitui uma tendência no Alto Sertão baiano e que se reproduziu no território matinense.[7]

Em meados da década de 1830, formou-se, dentro das terras da Fazenda Vargens, o povoado de Matas, núcleo populacional onde seria estabelecida posteriormente a cidade e sede do contemporâneo município de Matina.[7]

De acordo com documentos topográficos e cartográficos de 1848, a localidade de Matas se encontrava subordinada à jurisdição da Comarca de Urubu pelo fato de que pertencia à freguesia de Monte Alto.[8]

O povoado de Matas foi elevado à condição de distrito pertencente ao município de Riacho de Santana em 1921.[9]

Em 30 de novembro de 1938, o decreto estadual nº 11089/38 altera a denominação do distrito de Matos (também conhecida como Matas) para Matina.[9]

Ele se emancipou politicamente como Município somente em 1989, quando lei estadual aprovada pela Assembleia Legislativa da Bahia ratificou o plebiscito que aprovou a criação da nova unidade federativa, tendo sido indicado Francisco José Cardoso de Castro, pelo governador do Estado da Bahia para exercer o cargo de prefeito provisório da instalação do município em 1º de janeiro de 1990 até às eleições municipais que ocorreram em 1992, quando Carlos Alberto Fernandes se tornou o primeiro prefeito a ser eleito por voto popular.[10]

Em novembro de 2012, o município de Matina foi impactado pela inauguração pelo governo estadual baiano das obras concluídas da primeira fase da “Adutora do Algodão”, uma rede pública de distribuição de água para abastecimento humano, animal e agrário que extraía da águas do rio São Francisco. Esta adutora contribuiu com a ampliação da segurança hídrica no município ao abastecer Matina e municípios situados nas proximidades (Guanambi, Pindaí, Candiba, Palmas de Monte Alto, Iuiú e Malhada).[11]

Geografia editar

O município de Matina possui uma área de 775,727 km² e está localizado na região Centro Sul Baiana, na microrregião de Guanambi, estando a uma distância de aproximadamente 810 km de Salvador, a capital baiana.[12]

Este município se limita ao leste e ao sul com o município de Igaporã, ao norte com o município de Riacho de Santana, ao oeste com Palmas de Monte Alto,[12] como pode ser observado a seguir:

Noroeste: Riacho de Santana Norte: Riacho de Santana Nordeste: Riacho de Santana
Oeste: Palmas de Monte Alto   Leste: Igaporã
Sudoeste: Palmas de Monte Alto Sul: Igaporã Sudeste: Igaporã

O município de Matina está situado no bioma Caatinga. Ele possui o clima semiárido e pertence à bacia hidrográfica do rio São Francisco,[13], com a totalidade de seu território drenado pela sub-bacia do rio das Rãs[11], também conhecida como região de gestão de águas do rio Carnaúba de Dentro.

É neste município que se encontra a nascente do Rio das Rãs, importante afluente do rio São Francisco e que banha diversos municípios, e que serve de limite entre os territórios municipais de Matina e Igaporã.

Demografia e desenvolvimento humano editar

Matina possui 10330 habitantes, segundo o censo de 2022 do IBGE. Considerando o desenvolvimento humano desta população, este município possui um IDH do Município de 0,57, valor que é considerado baixo.[13]

Do ponto de vista da desigualdade social, Matina possui um Índice de Gini de 0,46. Este índice varia de zero a um, com o valor zero representando a situação de igualdade total (todos possuem a mesma renda), enquanto o valor um é o de extrema desigualdade (uma só pessoa possui toda a riqueza).[13]

Organização Político-Administrativa editar

 Ver artigo principal: Lista de prefeitos de Matina

O Município de Matina possui uma estrutura político-administrativa composta pelo Poder Executivo, chefiado por um Prefeito eleito por sufrágio universal, o qual é auxiliado diretamente por secretários municipais nomeados por ele, e pelo Poder Legislativo, institucionalizado pela Câmara Municipal de Matina, órgão colegiado de representação dos munícipes que é composto por 9 vereadores também eleitos por sufrágio universal.[14]

Atuais autoridades municipais de Matina editar

Infraestrutura editar

Educação editar

Matina possui 9 estabelecimentos de ensino, todos públicos: uma escola estadual e oito escolas municipais.[12]

Quanto à oferta de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Matina, ela é feita em três escolas, todas pertencentes ao Município e possuem características bastante semelhantes: Escola Municipal Joaquim Venâncio de Castro II e Escola Municipal Eraldo Tinoco (situadas na zona urbana do município); e a Escola Municipal Plínio José dos Santos (situada na localidade de Boa Vista, zona rural do município).[12]

Saneamento básico editar

Em relação ao saneamento básico no município de Matina, de acordo com dados do IBGE de 2010, foi identificado que 26,07% das famílias do município não possuíam canalização de água no domicílio, propriedade ou terreno.[13]

Entre os anos de 1996 a 2020 ocorreram 56 mortes por Doenças Relacionadas ao Saneamento Inadequado (DRSAI). Especificamente no ano de 2020, foi registrada 1 (uma) morte.[13]

Transportes editar

A única via de acesso à sede do município de Matina se dá por meio de uma rodovia estadual (a BA-573). Esta rodovia estadual conecta as rodovias federais BR-030 (quando se desloca de Matina no sentido de Guanambi) e a BR-430 (quando se desloca de Matina no sentido de Riacho de Santana);

Matina está situada a 42 km da sede de Guanambi, a 87 km de Caetité e a 85 km de Palmas de Monte Alto. A única via de acesso a essas cidades é obtido por meio da BR-030, enquanto que o acesso para a capital do estado é efetuado por meio da BR-030, da BR-262 e da BR-324.[12]

Referências

  1. «Candidatos a vereador Matina-BA». Estadão. Consultado em 14 de maio de 2021 
  2. «Cidades e Estados». IBGE. Consultado em 21 de outubro de 2023 
  3. «Cidades e Estados». Cidades e Estados. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 18 de agosto de 2023 
  4. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 16 de agosto de 2013 
  5. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios (2021)». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 3 de abril de 2024 
  6. a b Rodrigo Martins dos Santos (2021). «Mapeamento da desterritorialização etnolinguística no Sudeste e Leste do Brasil durante as primeiras invasões europeias (1500-1700 EC)». Confins: Revista Franco-Brasileira de Geografia. Consultado em 28 de março de 2024 
  7. a b c d e f g Erivaldo Fagundes Neves (2003). «Posseiros, rendeiros e proprietários: Estrutura Fundiária e Dinâmica Agro-Mercantil no Alto Sertão da Bahia (1750-1850)» (PDF). Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco. Recife: UFPE. Consultado em 29 de março de 2024 
  8. J. de Villiers de L'Ile-Adam (1848). «Carta topographica e administrativa da provincia de Bahia». Biblioteca Digital Luso-Brasileira. Consultado em 29 de março de 2024 
  9. a b «História & Fotos». IBGE. IBGE Cidades. Consultado em 29 de março de 2024 
  10. «Intendentes e Prefeitos». Prefeitura Municipal de Matina. Consultado em 29 de março de 2024 
  11. a b CARLOS MAGNO SANTOS CLEMENTE, ALECIR ANTÔNIO MACIEL MOREIRA (2022). «REGIONALIZAÇÃO E SUSCETIBILIDADE NATURAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: Um estudo de caso da bacia hidrográfica do rio das Rãs - BA». Estudos Geográficos: Revista Eletrônica de Geografia. UNESP. Consultado em 29 de março de 2024 
  12. a b c d e Maria Luiza Ferreira Duques (2015). «Formação de educadores de jovens e adultos: um olhar reflexivo para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da prática docente no município de Matina - BA». Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento Educação. Salvador: UNEB. Consultado em 29 de março de 2024 
  13. a b c d e «Matina – BA». infosanbas.org.br. Consultado em 29 de março de 2024 
  14. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito municipal brasileiro. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
  15. a b c «Prefeita e vereadores de Matina tomam posse; veja lista de eleitos». G1. 1 de janeiro de 2021. Consultado em 29 de março de 2024 
  16. «Vereadores: ADEMILTO DE OLIVEIRA FERREIRA». Prefeitura Municipal de Matina. Consultado em 29 de março de 2024 
  17. «ATA DE POSSE DA NOVA MESA DIRETORA DA CÂMARA MUNICIPAL DE MATINA PARA O BIÊNIO DE 2023/2024 DO MUNICÍPIO DE MATINA – ESTADO DA BAHIA» (PDF). Procede Bahia. 1 de janeiro de 2023. Consultado em 29 de março de 2024 
  Este artigo sobre um município da Bahia é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.