Nicetas (filho de Sarbaro)

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Nicetas.

Nicetas (em grego: Νικήτας; romaniz.:Nikétas) foi um oficial bizantino de origem persa do século VII, ativo durante o reinado do imperador Heráclio (r. 610–641).

Vida editar

Nicetas era filho do general Sarbaro.[1] Em 626, durante a guerra entre o Império Bizantino e a Pérsia, seu pai desertou o Cosroes II (r. 590–628).[2] Em 629/630, Nicetas foi feito patrício por Heráclio,[3] a quem já havia conhecido na Mesopotâmia central quando ele e seu irmão serviram como reféns virtuais. Nicetas foi incumbido por seu pai com o envio das relíquias sagradas para Constantinopla: primeiro a esponja e a Vera Cruz, que chegaram na capital em 14 de setembro, e então a lança do destino, que chegou em 28 de setembro. A entrega das relíquias foi um sinal da aliança entre Heráclio e Sarbaro e seu filho Nicetas.[4] Em 630, Sarbaro usurpou o trono em Ctesifonte. É possível que Nicetas tenha se convertido ao cristianismo por esta época e recebeu, conforme descrito por Sebeos, garantias de apoio de Heráclio para sua ascensão ao trono persa como sucessor de seu pai,[5] numa manobra de Heráclio para converter a Pérsia com sua ascensão.[6] Nicetas, contudo, fugiu da corte de Ctesifonte após o assassinato de seu pai em 9 de julho de 630 e dirigiu ao Império Bizantino.[1]

Em 636, recebeu um comando militar no Oriente, onde uniu forças com Baanes e Teodoro Tritírio em Emesa e moveu-se contra os árabes invasores, mas foram derrotados na Batalha de Jarmuque de 20 de agosto de 636. Nicetas sobreviveu a derrota e recebeu permissão para se retirar para Emesa, mas então tentou fazer sua paz com o califa Omar (r. 634–644), oferecendo a submissão da Pérsia aos árabes. Omar, contudo, não confiou nele e executou-o.[1][7] Para Walter Kaegi, a omissão das fontes islâmicas posteriores quanto a qualquer tipo de acordo entre Heráclio e Sarbaro no sentido de garantir a posição daquele e de seu filho no trono persa, bem como o relato da execução de Nicetas por Omar, indicam o desejo dos árabes em suprimir qualquer memória do acordo.[7]

Referências

  1. a b c Martindale 1992, p. 943.
  2. Pourshariati 2008, p. 142.
  3. Greatrex 2002, p. 226.
  4. Kaegi 2003, p. 189.
  5. Kaegi 2003, p. 188-189.
  6. Greatrex 2002, p. 226, notas 146.
  7. a b Kaegi 2003, p. 152.

Bibliografia editar

  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Nicetas 9». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3