O Capitão Blood

filme de 1935 dirigido por Michael Curtiz
 Nota: "Captain Blood" redireciona para este artigo. Este artigo é sobre o filme com Errol Flynn. Para o filme com J. Warren Kerrigan, veja Captain Blood (1924).

Captain Blood (bra/prt: O Capitão Blood)[4][5] é um filme estadunidense de 1935, dos gêneros swashbuckler, ação e aventura histórica, dirigido por Michael Curtiz, e estrelado por Errol Flynn e Olivia de Havilland. O roteiro de Casey Robinson foi baseado no romance "Captain Blood: His Odyssey" (1922), de Rafael Sabatini.[1]

O Capitão Blood
Captain Blood
O Capitão Blood
Cartaz promocional do filme.
 Estados Unidos
1935 •  p&b •  119 min 
Gênero swashbuckler
ação
aventura histórica
Direção Michael Curtiz
Produção Harry Joe Brown
Gordon Hollingshead
Produção executiva Jack L. Warner
Hal B. Wallis
Roteiro Casey Robinson
Baseado em Captain Blood: His Odyssey
romance de 1922
de Rafael Sabatini
Elenco Errol Flynn
Olivia de Havilland
Música Erich Wolfgang Korngold
Leo F. Forbstein
Cinematografia Hal Mohr
Ernest Haller
Direção de arte Anton Grot
Efeitos especiais Fred Jackman
Figurino Milo Anderson
Edição George Amy
Companhia(s) produtora(s) First National Pictures
Distribuição Warner Bros.
Lançamento
  • 28 de dezembro de 1935 (1935-12-28) (Estados Unidos)[1]
Idioma inglês
Orçamento US$ 1.242.000[2][3]
Receita US$ 3.090.000[3]

A trama retrata a história de um médico preso e seus companheiros prisioneiros que escapam de seu cruel cativeiro em uma ilha para se tornarem piratas das Índias Ocidentais.[6] Uma versão anterior da adaptação do romance, o filme mudo da Vitagraph de 1924, estrelou J. Warren Kerrigan como Peter Blood.[7]

A Warner Bros. arriscou-se ao escalar dois artistas relativamente desconhecidos nos papéis principais. No entanto, a atuação de Flynn fez dele uma grande estrela de Hollywood, o estabelecendo como o sucessor natural de Douglas Fairbanks e um "símbolo de um homem invencível" durante a Grande Depressão;[6][8] já a atuação de de Havilland fez dela uma estrela muito conhecida em apenas sua quarta aparição no cinema. Em 1938, eles se uniram novamente com Basil Rathbone em "The Adventures of Robin Hood". No mesmo ano, Rathbone também estrelou "The Dawn Patrol" ao lado de Flynn.

Este foi o primeiro dos oito filmes que de Havilland e Flynn co-estrelaram juntos. Em 1962, o filho de Flynn, Sean, estrelou "The Son of Captain Blood".

Sinopse editar

Em 1689, o ex-soldado, marinheiro e agora médico irlandês Peter Blood (Errol Flynn), agora na Inglaterra, só pensa em continuar a exercer sua profissão pacificamente. Sua vida complica quando ele é chamado para cuidar de um ferido da Rebelião de Monmouth, o que faz os guardas do Rei James II (Vernon Steele) o prender por traição. Condenado à morte, sua pena é alterada para escravidão quando o rei descobre que faltam trabalhadores em suas colônias. Blood é enviado para Port Royal, na Jamaica, para iniciar uma nova função. O rapaz é enviado para uma plantação após, por um mero capricho, ser comprado por Arabella Bishop (Olivia de Havilland), sobrinha do Coronel Bishop (Lionel Atwill), o cruel chefe militar local. O governador Steed (George Hassell), que sofre de gota, recebe Blood para tratá-lo, mas o Coronel Bishop – que desgosta tanto da companhia do rapaz – acaba por prendê-lo por ajudar um prisioneiro. Nesse momento, piratas espanhóis chegam e bombardeiam a cidade, dando oportunidade a Blood e seus homens de escaparem. Eles capturam um dos navios e salvam a cidade, fugindo depois para o mar, transformando-se também em piratas, que atacam qualquer navio que cruze a sua rota.

Elenco editar

 
De Havilland e Flynn em cena do filme.
  • Errol Flynn como Peter Blood
  • Olivia de Havilland como Arabella Bishop
  • Lionel Atwill como Coronel Bishop
  • Basil Rathbone como Levasseur
  • Ross Alexander como Jeremy Pitt, amigo de Blood e navegador
  • Guy Kibbee como Henry Hagthorpe, mestre artilheiro
  • Henry Stephenson como Lorde Willoughby
  • Robert Barrat como John Wolverstone
  • Hobart Cavanaugh como Dr. Bronson
  • Donald Meek como Dr. Whacker
  • Jessie Ralph como Sra. Barlow
  • Forrester Harvey como Honesty Nuttall
  • Frank McGlynn, Sr. como Reverendo Uriah Ogle
  • Holmes Herbert como Capitão Gardner
  • David Torrence como Andrew Baynes
  • J. Carrol Naish como Cahusac
  • Pedro de Cordoba como Don Diego
  • George Hassell como Governador Steed
  • Harry Cording como Kent
  • Leonard Mudie como Barão George Jeffreys
  • Ivan F. Simpson como Promotor
  • Mary Forbes como Sra. Steed
  • E. E. Clive como Escrivão do Tribunal
  • Colin Kenny como Lorde Chester Dyke
  • Vernon Steele como Rei James II
  • Murray Kinnell como Oficial de Justiça
  • Halliwell Hobbes como Lorde Sunderland (não-creditado)

Produção editar

A Warner Bros. estava inspirada em adaptar a história de Sabatini, produzida pela primeira vez pela Vitagraph Studios em um filme mudo de 1924, depois que a popularidade de "Treasure Island" (1934) e "The Count of Monte Cristo" (1934) reviveu o gênero swashbuckler em Hollywood.[9]

Os cenários, navios e cidade de Port Royal eram miniaturas, conjugadas com cenários em tamanho natural e acrescidas de algumas cenas de batalha naval do filme "The Sea Hawk" (1924). Cenas da primeira adaptação da peça de Sabatini também foram utilizadas.[10]

Escolha de elenco editar

O papel principal foi originalmente oferecido a Robert Donat, que estrelou o filme de sucesso "The Count of Monte Cristo" (1934).[8] O asmático Donat recusou o papel, preocupado que as sequências de ação seriam muito cansativas para ele.[11] Uma série de testes com inúmeros outros atores levou o estúdio até Flynn, um ator australiano pouco conhecido. Em janeiro de 1935, a Warner Bros. contratou Flynn e o trouxe para Hollywood depois de vê-lo no filme B britânico "Murder at Monte Carlo".[11] Para o papel principal feminino, Jean Muir foi originalmente escalada para contracenar com Donat, mas depois que Muir recusou o papel, o estúdio se concentrou em de Havilland, de 19 anos, que estrelou três filmes anteriores no mesmo ano, incluindo "Sonho de uma Noite de Verão", de Max Reinhardt e William Dieterle.[10][11]

Locações editar

A maior parte do filme foi filmada nos estúdios da Warner Bros. no verão de 1935. Algumas cenas externas, como a luta de espadas entre Rathbone e Flynn em uma costa do Caribe, foram filmadas em Laguna Beach, na Califórnia. A sequência final da batalha entre a tripulação pirata de Blood e os navios franceses empregou uma das maiores equipes técnicas reunidas em um só filme, exigindo 2.500 figurantes.[6]

Durante as filmagens, Flynn desmaiou devido a um surto de malária que contraiu na Nova Guiné.[9]

Recepção editar

A produção estreou em 26 de dezembro de 1935 no Mark Strand Theatre, em Nova Iorque, e foi lançada nos Estados Unidos em 28 de dezembro de 1935.[12] O filme recebeu críticas positivas e ampla aprovação do público.[13] No entanto, a crítica da Variety citou os pontos fracos do enredo:

"Blood é uma entrada cinematográfica espetacular, que, embora não seja perfeita, é bastante atraente. Suas diversas pequenas discrepâncias, no entanto, contam contra uma contagem final mais satisfatória. As inconsistências, embora não sejam frequentes, são bastante proeminentes e às vezes irritantes.

Como, por exemplo, a batalha marítima culminante do navio pirata solitário (Blood's), agora voluntário na causa da Inglaterra, contra os dois navios franceses. Uma fragata francesa fica parada até que o corsário de Blood conquiste uma, e então direcione seu ataque para a outra. O final com o governador frustrado, em cujo lugar Blood é nomeado, é um pouco excessivamente melodramático.

E subjacente a tudo isso, como uma deficiência produtiva, está a falsa premissa do titular Capitão Blood. Aqui está um jovem galante e envolvente que ... repele os mesmos aspectos que primeiro cimentam seu bravo apelo".[14]

Apesar de também encontrar falhas no roteiro de Captain Blood e na apresentação de algumas sequências de batalha, a Variety chamou o desempenho de Flynn de "impressionante", e previu que seu trabalho no filme lhe daria "grandes valores futuros de um astro".[14]

Escrevendo para o The Spectator em 1936, Graham Greene fez uma crítica morna, descrevendo o filme como seu favorito daqueles que ele havia criticado naquela semana, mas descrevendo-o como "uma confusão bem-humorada" e observando a "caracterização magnificamente errada" de Rei James. Greene também escreveu que grande parte do filme incluía detalhes anacrônicos relacionados a roupas e cenários.[15]

A revista Filmink escreveu mais tarde: "Flynn teve sorte – não apenas por estar no lugar certo na hora certa com a falta de competição certa, mas com seus colaboradores em Captain Blood".[16]

Bilheteria editar

O filme foi um sucesso de bilheteria.[13] De acordo com os registros da Warner Bros., o filme arrecadou US$ 1.357.000 nacionalmente e US$ 1.733.000 no exterior, totalizando US$ 3.090.000 mundialmente. O retorno lucrativo da produção foi de US$ 1.462.000.[3][17]

Trilha sonora editar

A produção apresenta uma trilha sonora emocionante e romântica, a primeira desse tipo para um filme sonoro, do compositor austríaco Erich Wolfgang Korngold. Em 1935, a Warner Bros. pediu a Korngold para ser o compositor do filme, mas ele recusou, sentindo que uma história sobre piratas estava fora de sua zona de conforto e interesse. No entanto, Korngold mudou de ideia depois de assistir às filmagens.

"Korngold não só tinha a estrutura, mas também o dom da melodia, um senso inato de teatro, e a habilidade de manipular sentimentos, emoções, humor e empolgação. Em suma, se Jack L. Warner estivesse orando por um compositor, então suas orações teriam sido atendidas". — Tony Thomas, historiador de filmes.[18]:10

Korngold foi obrigado a compor mais de uma hora de música sinfônica em apenas três semanas. O curto espaço de tempo o forçou a pegar emprestado trechos de alguns poemas sinfônicos de Franz Liszt, que constituíram aproximadamente dez por cento da trilha sonora. Korngold não queria receber o crédito por todas as músicas presentes no filme, insistindo que os créditos fossem dados a ele apenas pelo "arranjo musical".[18]:8[19]

O filme se tornou um sucesso imediato. Essa foi a primeira trilha sonora totalmente sinfônica de Korngold, e foi um absoluto marco em sua carreira, já que ele havia se tornado o primeiro compositor conhecido internacionalmente a assinar um contrato com um estúdio de cinema.[18]:10[20] A produção também alavancou Flynn ao sucesso e deu um grande impulso à carreira de de Havilland. Korngold fez a trilha sonora de mais seis filmes estrelados por Flynn.[18]:21 A história também abriu caminho para outras produções de fantasia e aventuras românticas, que não eram vistas desde a era do cinema mudo.[18]:9

Prêmios e homenagens editar

Apesar de não ter sido indicado, Michael Curtiz recebeu o segundo maior número de votos para melhor diretor como uma indicação por escrito. Erich Wolfgang Korngold e Casey Robinson, também não indicados, receberam substancialmente mais votos por escrito do que a maioria dos indicados oficiais.

Ano Cerimônia Categoria Indicado Resultado Ref.
1936 Oscar Melhor filme Harry Joe Brown & Gordon Hollingshead Indicado [21][22]
Melhor trilha sonora[a] Erich Wolfgang Korngold
Melhor som Nathan Levinson
Melhor roteiro[b] Casey Robinson

O filme foi reconhecido pelo Instituto Americano de Cinema nas seguintes listas:

Adaptação para a rádio editar

Em 22 de fevereiro de 1937, o filme foi apresentado em uma transmissão de uma hora do Lux Radio Theatre. Errol Flynn, Olivia de Havilland e Basil Rathbone reprisaram seus papéis.[26] A versão para a rádio está incluída entre os recursos especiais da versão em DVD de 2005.

Na cultura popular editar

Um clipe do filme foi usado no filme "Os Goonies" (1985).

Notas editar

  1. O filme não foi oficialmente indicado nesta categoria, mas aparece nos registros da Academia porque ficou em terceiro lugar na votação de indicação por escrito em 1935.
  2. O filme não foi oficialmente indicado nesta categoria, mas aparece nos registros da Academia porque ficou em terceiro lugar na votação de indicação por escrito em 1935.

Bibliografia editar

  • Mlepiane, João (1985). «Filmes inesquecíveis: Capitão Blood». EBAL. Cinemin (59): 26-27 
  • Thomas, Tony (1969). The Complete Films of Errol Flynn. Nova Iorque: Citadel Press. ISBN 978-0806502373 
  • Thomas, Tony (1983). The Films of Olivia de Havilland. Nova Iorque: Citadel Press. ISBN 978-0806509884 

Referências

  1. a b «The First 100 Years 1893–1993: Captain Blood (1935)». American Film Institute Catalog. Consultado em 24 de abril de 2023 
  2. John Sedgwick, Mike Pokorny "Hollywood’s foreign earnings during the 1930s" 83 TRAC 1 (1) pp. 83–97 Intellect Limited 2010 p. 92.
  3. a b c Warner Bros financial information in The William Shaefer Ledger. See Appendix 1, Historical Journal of Film, Radio and Television, (1995) 15:sup1, 1-31 p. 15 DOI: 10.1080/01439689508604551
  4. «O Capitão Blood (1935)». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 24 de abril de 2023 
  5. «O Capitão Blood (1935)». Portugal: Público. Consultado em 24 de abril de 2023 
  6. a b c «Captain Blood (1935)». Turner Classic Movies. Consultado em 24 de abril de 2023 
  7. Janiss Garza. «Captain Blood (1924) - David Smith - Synopsis, Characteristics, Moods, Themes and Related - AllMovie». AllMovie. Consultado em 24 de abril de 2023 
  8. a b Schager, Nick (20 de abril de 2005). «Captain Blood». Slant Magazine. Consultado em 24 de abril de 2023 
  9. a b Thomas, Tony; Behlmer, Rudy; McCarty, Clifford (1 de agosto de 1975) [1969]. The Films of Errol Flynn. [S.l.]: Citadel Press. p. 31. ISBN 978-0806503400 
  10. a b MATTOS, A. C. Gomes (1985). «Galeria de Estrelas: Errol Flynn». EBAL. Cinemin (15): 21–32 
  11. a b c Thomas 1983, p. 67.
  12. Brown, Gene (1995). Movie Time: A Chronology of Hollywood and the Movie Industry from its Beginnings to the Present. Nova Iorque: MacMillan. p. 125. ISBN 0-02-860429-6 
  13. a b Thomas 1983, pp. 71–72.
  14. a b "CAPTAIN BLOOD", crítica do filme, Variety, Nova Iorque, N.Y., 1 de janeiro de 1936, página 44; recuperado em 22 de dezembro de 2017.
  15. Greene, Graham (21 de fevereiro de 1936). «I Dream Too Much/Anything Goes/Faust/Hohe Schule/Captain Blood». The Spectator  (reimpresso em: Taylor, John Russell, ed. (1980). The Pleasure Dome. [S.l.: s.n.] p. 54. ISBN 0192812866 )
  16. Vagg, Stephen (10 de novembro de 2019). «The Films of Errol Flynn: Part 2 The Golden Years». Filmink 
  17. Errol & Olivia: Ego & Obsession in Golden Era Hollywood by Robert Matzen, 2010
  18. a b c d e Thomas, Tony. Korngold: Vienna to Hollywood, Turner Entertainment (1996)
  19. Captain Blood – pedaço do trailer. YouTube. Acessado em 24 de abril de 2023.
  20. Woodstra, Chris, Brennan, Gerald, Schrott, Allen, editors. All Music Guide to Classical Music: The Definitive Guide to Classical Music, Hal Leonard Corp. (2005) p. 701
  21. «The 8th Academy Awards (1936) | Nominees and Winners». Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  22. «8.º Oscar – 1936». CinePlayers. Consultado em 17 de fevereiro de 2024 
  23. «AFI's 100 Years...100 Thrills Nominees» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 30 de junho de 2017 
  24. «AFI's 100 Years...100 Heroes & Villains Nominees» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 13 de março de 2011 
  25. «AFI's 100 Years of Film Scores Nominees» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 6 de novembro de 2013 
  26. «Those Were The Days». Nostalgia Digest. 39 2 ed. Primavera de 2013. pp. 32–39 

Ligações externas editar