Operação Acrônimo

Operação da Polícia Federal do Brasil que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro para campanhas eleitorais

Operação Acrônimo é uma operação da Polícia Federal do Brasil que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro para campanhas eleitorais.[1][2] A operação foi deflagrada em 29 de maio de 2015, em Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A PF suspeita que 24 empresas foram favorecidas no esquema criminoso investigado nesta operação. Os investigadores listam empreiteiras, associações, gráficas, montadora de automóveis, confederações, companhia aérea e empresas de comunicação que receberam, direta ou indiretamente, recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dentre as empresas, estão a OLI, de propriedade de Carolina Pimentel, e a Pepper Interativa, que trabalhou nas campanhas de Dilma Rousseff.[3]

Fatos relevantes editar

Em 9 março de 2016, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a PF a indiciar o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do Partido dos Trabalhadores (PT).

Em 15 de abril de 2016, Benedito Oliveira Neto, conhecido por Bené, foi preso preventivamente pela PF. Bené já havia sido preso na mesma operação em junho, mas posteriormente liberado.[4]

Em 6 de maio de 2016, Fernando Pimentel foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Acrônimo.[5]

Em 2 de junho de 2016, a Revista Época divulgou que o operador do PT preso pela Polícia Federal, o Bené, revelou em delação premiada desvio de dinheiro em contrato da Presidência para pagar dívida da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff.[6][7]

Em 24 de abril de 2017, a Polícia Federal indiciou a mulher do governador Carolina Pimentel e os secretários da Casa Civil e do Planejamento do governo mineiro como partícipe em corrupção, lavagem de dinheiro e crime eleitoral; os executivos Antonio Maciel, ex-presidente da Caoa, e o presidente do grupo Aliança, Elon Gomes, foram indiciados por falsidade ideológica e crime eleitoral. Também foi indiciado o publicitário Vitor Nicolato, homem de confiança do empresário Benedito de Oliveira.[8]

Fases da operação editar

Primeira fase editar

Em 29 de maio de 2015, cerca de quatrocentos policiais federais cumpriram noventa mandados de busca e apreensão expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal do DF. Também foi feito o sequestro judicial, em Brasília, de um avião particular, turboélice, avaliado em R$ 2 milhões.[9]

Segunda fase editar

Em 25 de junho de 2015, a PF deflagrou a segunda fase da Operação Acrônimo com o cumprimento de dezenove mandados de busca e apreensão em três estados e no DF. Destes, dez mandados foram expedidos para a capital federal, seis para Belo Horizonte, e os outros três para Uberlândia (MG), Rio de Janeiro e São Paulo. Um dos locais onde os agentes da Polícia Federal cumpriram mandado foi um escritório no bairro Serra, em Belo Horizonte, que foi usado como escritório de campanha de Pimentel, em 2014.[10]

O STJ autorizou abertura de inquérito, solicitada pela PF, para apurar o envolvimento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e de sua mulher, Carolina de Oliveira, nos fatos investigados pela Operação Acrônimo.[10]

Terceira fase editar

Em 1º de outubro de 2015, a PF deflagrou a terceira fase da operação, cumprindo quarenta mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, em São Paulo e no Distrito Federal.[11] Foram cumpridos mandados nos endereços da Odebrecht (atual Novonor), Casino, Gol, CBF e Marfrig.[12]

Quarta fase editar

Em 16 de dezembro de 2015, a PF deflagrou uma nova fase da Operação Acrônimo, que apurou esquema de lavagem de dinheiro por meio de sobrepreço e inexecução de contratos com o governo federal desde 2005. Há suspeita de que os recursos desviados alimentavam campanhas eleitorais, entre elas a do governador Fernando Pimentel. A nova fase da operação ocorreu em São Paulo e no Distrito Federal e correu sob sigilo por determinação do ministro Herman Benjamin, do STJ.[13]

Quinta fase editar

Em 5 de maio de 2016, a PF deflagrou nova fase da operação, em que delegados e agentes federais cumpriram dois mandados de busca e apreensão na sede da Odebrecht (atual Novonor) em Brasília e a residência de um executivo da empreiteira da cidade, e intimaram o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a apresentar documentos e conduziram coercitivamente Pedro de Medereiros, primo do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené.[14][15]

Sexta fase editar

Em 16 de agosto de 2016, a PF deflagrou uma nova fase da operação. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão e condução coercitiva nos estados de Minas Gerais e São Paulo. As ações foram autorizadas pelo STJ e visaram uma obra de construção do aeroporto Catarina,que vem sendo construída pela Construtora JHSF, umas das investigadas, em São Roque, na Região Metropolitana de Sorocaba, que foi financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).[16]

Sétima fase editar

Em 13 de setembro de 2016, o STJ autorizou operação tendo como alvo principal um sócio do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), Felipe Torres, num restaurante Madero, especializado em hambúrgueres gourmet, num shopping de Piracicaba, SP. Ele foi alvo de condução coercitiva, busca e apreensão. Foram dois mandados de condução coercitiva no DF, PR e SP; o segundo foi contra o empresário Sebastião Dutra, da Color Print, que teria emitido notas fiscais falsas para obras no restaurante e para a campanha de Pimentel.[17]

Oitava fase editar

Em 15 de setembro de 2016, a PF realizou uma nova fase cumprindo vinte mandados judiciais, sendo onze conduções coercitivas e nove mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A operação focou em dois inquéritos policiais que apuravam dois eventos distintos da investigação. Um deles se referiu à cooptação e pagamento de vantagens indevidas para fraudar licitações no Ministério da Saúde, beneficiando gráfica da propriedade de um dos investigados. O outro foi a interposição de empresa na negociação e pagamento de vantagens indevidas a agente público, para obtenção de financiamentos de projetos no exterior pelo BNDES, nos seguintes países: República Dominicana, Angola, Cuba, Panamá, Gana e México, no interesse de uma grande empreiteira do Brasil.[18]

Nona fase editar

Em 23 de setembro de 2016, a PF realizou uma nova fase da operação. O secretário de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas, Marco Antônio de Rezende Teixeira, foi um dos alvos desta fase da operação, havendo um mandado de condução coercitiva. Também houve mandado de condução coercitiva para Paulo Moura Ramos, atual presidente da Prodemge e sócio de Teixeira.[19]

Décima fase editar

Em 21 de outubro de 2016, a PF realizou uma nova fase com mandados de busca e apreensão cumpridos em sindicato de empresas de ônibus, em Belo Horizonte, e em construtoras na capital mineira e no Rio de Janeiro. A nova fase partiu de dados relatados pela publicitária Danielle Fonteles, dona da agência de comunicação Pepper Interativa, em Brasília, em sua delação premiada. A delação foi acertada com a Justiça em março deste ano e cuja mesma relatou que houve movimento de R$ 1,5 milhão em caixa dois em benefício de Fernando Pimentel. [20]

Décima-primeira fase editar

Em 27 de outubro de 2016, a PF realizou uma nova fase sendo expedidos ao todo, vinte mandados judiciais, sendo dez de busca e apreensão e dez de condução coercitiva no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo o órgão, a operação está focada em dois inquéritos policiais que apuram eventos distintos da investigação. Um deles se refere à cooptação e pagamento de vantagens indevidas para que empresa de publicidade elaborasse campanhas educativas do Ministério da Saúde, Ministério das Cidades e Ministério do Turismo nos anos de 2011 e 2012. O outro evento investigado é fraude em licitação da Universidade Federal de Juiz de Fora, vencida pela gráfica de um dos investigados. Posteriormente, o Ministério da Saúde utilizou a mesma ata fraudada, de acordo com as investigações.[21]

Décima-segunda fase editar

Em 30 de novembro de 2016, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão e condução coercitiva no Estado do Tocantins e no Distrito Federal. A nova fase da operação foi autorizada pelo Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) e as investigações apuram irregularidades em licitações no Detran do Estado. O deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM-TO) foi levado para depor.[22]

Ver também editar

Referências

  1. «STJ autoriza PF a indiciar Fernando Pimentel na Operação Acrônimo». G1. Globo. 9 de março de 2016. Consultado em 6 de maio de 2016 
  2. «Operação Acrônimo: STJ autoriza Polícia Federal a indiciar Pimentel». Veja. Abril. 9 de março de 2016. Consultado em 6 de maio de 2016 
  3. Ramos, Murilo (13 de outubro de 2015). «Polícia Federal suspeita de 24 empresas na Operação Acrônimo». Época. Globo. Consultado em 6 de maio de 2016 
  4. «PF prende operador Bené, ligado ao governador Fernando Pimentel». Época. Globo. 15 de abril de 2016. Consultado em 6 de maio de 2016 
  5. «Governador de MG é denunciado por corrupção e lavagem». Terra. 6 de maio de 2016. Consultado em 6 de maio de 2016 
  6. Coutinho, Filipe; Fernandes, Talita (2 de junho de 2016). «Delator revela desvio de dinheiro em contrato da Presidência para pagar dívida da campanha de Dilma». Época. Globo. Consultado em 4 de junho de 2016 
  7. «Delator diz que verba da Presidência pagou dívida de campanha de Dilma». G1. Globo. 3 de junho de 2016. Consultado em 4 de junho de 2016 
  8. «EXCLUSIVO: PF indicia primeira-dama de Minas por corrupção». Estadão online. 24 de abril de 2017. Consultado em 24 de abril de 2017 
  9. Bentes, Vianey. «PF cumpre 90 mandados de busca para combater esquema de lavagem». G1. Globo. Consultado em 6 de maio de 2016 
  10. a b «Apreensão em jatinho deu início à Operação Acrônimo; veja cronologia». G1. Globo. 26 de junho de 2015. Consultado em 6 de maio de 2016 
  11. «Polícia Federal realiza 3ª fase da Acrônimo em MG, SP e no DF». G1. Globo. 1 de outubro de 2015. Consultado em 6 de maio de 2016 
  12. Matais, Andreza; Macedo, Fausto (1 de outubro de 2015). «PF deflagra nova fase da Operação Acrônimo». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 10 de maio de 2016 
  13. «Polícia Federal realiza nova fase da Operação Acrônimo em SP e no DF». G1. Globo. 16 de dezembro de 2015. Consultado em 6 de maio de 2016 
  14. Militão, Eduardo (5 de maio de 2016). «Polícia Federal faz buscas na Odebrecht na Acrônimo». Correio Braziliense. Diários associados. Consultado em 6 de maio de 2016 
  15. Casado, Leticia (5 de maio de 2016). «Pimentel é alvo de nova fase da Operação Acrônimo deflagrada pela PF». Valor Econômico. Folha da manhã, Globo. Consultado em 6 de maio de 2016 
  16. «PF deflagra 6ª fase da Operação Acrônimo». Veja Online. Abril. 16 de agosto de 2016. Consultado em 16 de agosto de 2016 
  17. Matais, Andreza (13 de setembro de 2016), «PF deflagra 7ª fase da operação Acrônimo e mira sobrinho de Pimentel», O Estado de São Paulo, Coluna do Estadão .
  18. «PF deflagra mais uma fase da Operação Acrônimo». Veja Online. Abril. 15 de setembro de 2016. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  19. «Secretário da Casa Civil de MG é alvo de nova fase da Operação Acrônimo». G1. Globo. 23 de setembro de 2016. Consultado em 23 de setembro de 2016 
  20. «Polícia Federal faz buscas em nova fase da Operação Acrônimo». G1. Globo. 21 de outubro de 2016. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  21. «PF deflagra 11ª fase da Acrônimo». Veja Online. Veja. 27 de outubro de 2016. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  22. «PF deflagra 12ª fase da Operação Acrônimo». Veja Online. Veja. 30 de novembro de 2016. Consultado em 30 de novembro de 2016 

Ligações externas editar