A Frente Nacionalista Patria y Libertad ou apenas Patria y Libertad, PyL) foi uma organização política nacionalista e autoritária, paramilitar e terrorista,[1] de orientação política de extrema-direita[2] e neofascista[3][4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19] que existiu no Chile, entre 1970 e 1973, e que se constituiu num dos principais braços de apoio do golpe de estado de Augusto Pinochet, de 1973. Após o golpe militar, a Patria Y Libertad foi oficialmente dissolvida, mas muitos de seus ex-membros passaram a integrar os organismos secretos da repressão política pinocehtista, e se tornaram os primeiros membros civis da DINA.

Símbolo do grupo. A figura central representa a ideologia nacionalista do grupo, que supostamente evitaria as alegadas divisões sociais provocadas pelo marxismo e pelo liberalismo.

O grupo Patria y Libertad foi fundado por Pablo Rodríguez Grez em 1970, tendo como seu chefe militar Roberto Thieme, exmarido de Lucía Pinochet, a filha mais velha de Pinochet, e tornou-se clandestino durante o período da presidência constitucional de Salvador Allende (1970-73) após ter ajudado a organizar El Tanquetazo, de 29 de junho de 1973, a primeira tentativa, fracassada de golpe. Após El Tanquetazo os mais altos dirigentes de Patria y Libertad se exilaram.[20] Foi oficialmente dissolvido no dia seguinte ao golpe de estado, em 12 de setembro de 1973.

Ligações com militares chilenos editar

O primeiro ato terrorista praticado por elementos ligados à Patria y Libertad foi o brutal assassinato, ocorrido em meio a uma tentativa de sequestro desastrada, do Comandante-em Chefe das Forças Armadas do Chile, o general constitucionalista René Schneider, em 1970, por ocasião da eleição de Allende para presidente.

A primeira parceira formal do Patria y Libertad com os militares chilenos se deu em meados de 1973, quando a organização se aliou a um setor do exército que ocupava altos postos através do Chile, num projeto - fracassado - que pretendia tomar de assalto o Palácio de La Moneda e derrubar o governo, na operação que ficou conhecida como El Tanquetazo, realizada em 29 de junho de 1973. A inteligência do exército, então comandado pelo general constitucionalista Carlos Prats, detectou a tentativa de golpe e ele teve que ser abortado, não sem antes alguns tanques terem saído às ruas e se dirigido a La Moneda.[20]

Operações de terrorismo e de sabotagem editar

Como o governo de Allende conseguiu, graças a um heróico empenho das organizações operárias chilenas que o apoiavam, sobreviver aos efeitos da greve geral de proprietários de caminhões de outubro de 1972,[21] demonstrando como era difícil paralisar o país, um setor rebelde da Marinha chilena decidiu iniciar uma série de atentados e sabotagens para desorganizar o fluxo de combustíveis e o sistema de fornecimento de energia elétrica, e destruir algumas pontes e oleodutos. Para isso solicitou a colaboração do Patria y Libertad, encarregando um ex-comandante da Marinha chilena, treinado nos Estados Unidos, chamado Vicente Gutiérrez, codinome Javier Palacios, de coordenar as operações. Patria y Libertad contratou "Palacios" no início de 1973, para treinar suas brigadas terroristas.[20]

Primeiros atos terroristas editar

O primeiro ato terrorista da Patria y Libertad, perpretrado em parceria com oficiais sediciosos da marinha chilena, chamou-se "La noche de las mangueras largas" e ocorreu precisamente no horário em que foi assassinado o ajudante-de-ordens de Allende, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Arturo Araya. A "operação" terrorista consistiu em cortarem-se todas as mangueiras de abastecimento dos principais postos de gasolina de Santiago. Depois foram atacados os oleodutos de Concón e Concepcion, sempre com orientação técnica de setores golpistas da marinha chilena, que orientavam as ações terroristas, mas delas não participavam diretamente. Torres estratégicas de alta tensão foram explodidas quando Allende fazia um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, provocando um enorme apagão no Chile, que se estendeu desde La Serena até Puerto Montt.[20]

Referências

  1. BLUM, Williams. Killing Hope: U. S. Military and CIA Interventions Since World War II - Part I, Londres: Zed Books, 2003, p. 213. ISBN 1842773690 Freely downlodable at <www.4shared.com/file/64730175/796edf6/William_Blum_-_Killing_Hope_-_US_Military_And_CIA_Interventions_Since_WW2_-.html >
  2. DIAS NIEVA, José (2015). Patria y Libertad: el nacionalismo frente a la Unidad Popular. Santiago do Chile: CIP. p. p. 20 
  3. The Chilean Movimiento Nacional Socialista, The German-Chilean Community, and the Third Reich, 1932-1939
  4. JORGE GONZÁLEZ VON MARÉES :CHIEF OF CHILEAN NACISM
  5. «NACIONALISMO, DIREITA E FORÇAS ARMADAS:CHILE 1938-1973». Consultado em 30 de outubro de 2018. Arquivado do original em 27 de setembro de 2017 
  6. Las Derechas
  7. El Movimiento Nacional Socialista: Nacismo a la chilena
  8. La opción corporativista en Argentina y Chile: agrupaciones políticas y círculos intelectuales (1930-1970)
  9. Klein, Markus, La matanza del Seguro Obrero (5 de septiembre de 1938). Santiago de Chile, Editorial Globo, 2008, 199 pp.
  10. Grupos Paramilitares de Derecha en Chile 1900-1950 Los Paramilitares, un Actor Político Ignorado
  11. EL NACIONAL-SOCIALISMO CHILENO. BREVE SINOPSIS
  12. El nacionalismo chileno entre el fascismo y el autoritarismo conservador
  13. El Movimiento Nacional Socialista Chileno. Pre-sentación de fuentes diplomáticas inéditas.
  14. EL FASCISMO CHILENO, LECCION PARA LATIONAMERICA
  15. EL FASCISMO CHILENO, LECCIÓN PARA LATINOAMERICA
  16. Chile y los hombres del Tercer Reich/Los nazis en Chile/Chile and the Nazis: From Hitler to Pinochet
  17. Identidad, ideología y política en el Movimiento Nacional Socialistade Chile, 1932-1938*
  18. EL HUEVO DE LA SERPIENTE AL SUR DEL MUNDO: DESARROLLO Y SUPERVIVENCIA DE LA CIENCIA NAZI EN CHILE (1908-1951)
  19. Historia (Santiago)
  20. a b c d ENTREVISTA: Con Roberto Thieme (Patria y Libertad)., La Memoria de Otra Europa
  21. El paro que coronó el fin ó la rebelión de los patrones Arquivado em 25 de maio de 2016, no Wayback Machine., El Periodista, 8 June 2003 (em castelhano)

Bibliografia editar

  • BLUM, Williams. Killing Hope: U. S. Military and CIA Interventions Since World War II - Part I, Londres: Zed Books, 2003, ISBN 1842773690 Freely downlodable at <www.4shared.com/file/64730175/796edf6/William_Blum_-_Killing_Hope_-_US_Military_And_CIA_Interventions_Since_WW2_-.html >
  • BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Fórmula para o Caos: a Derrubada de Salvador Allende, São Paulo: Civilização Brasileira, 2008. ISBN 9788520007228
  • DIAS NIEVA, José. Patria y Libertad: el nacionalismo frente a la Unidad Popular. Santiago: CIP, 2015.
  • PAREDES, Alejandro. La Operación Cóndor y la guerra fría. Universum. [online]. 2004, vol.19, no.1 [citado 12 Octubre 2008], p. 122-137. Disponible en la World Wide Web: <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-23762004000100007&lng=es&nrm=iso>. ISSN 0718-2376.
  • SENATE REPORT: Covert Action in Chile, 1963-1973, a Staff Report of the Select Committee to Study Governmental Operations with Respect to Intelligence Activities, (US Senate), 18 December 1975, hereafter referred to as SENATE REPORT.
  • ASSASSINATION REPORT: Interim Report: Alledged Assassination Plots Involving Foreign Leaders, the Select Committee to Study Governmental Operations with Respect to Intelligence Activities, (US Senate), 20 November 1975, hereafter referred to as ASSASSINATION REPORT.

Ver também editar

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