Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança

Príncipe de Orléans e Bragança

Pedro Gastão de Orléans e Bragança (Eu, 19 de fevereiro de 1913Villamanrique de la Condesa, 27 de dezembro de 2007) foi um membro da família imperial brasileira. Chefe do chamado Ramo de Petrópolis, foi pretendente um à sucessão dinástica do extinto trono do Brasil. Era filho de Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança, Príncipe do Grão-Pará, filho mais velho da herdeira presuntiva do Império do Brasil, Isabel, Princesa Imperial do Brasil, e de seu marido, o príncipe francês Gastão de Orléans, Conde d'Eu. Foi casado com Maria da Esperança de Espanha, irmã de Maria das Mecedes de Espanha, avó de Filipe VI, atual rei de Espanha.

Pretendente
Pedro Gastão
Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança
Reivindicação
Título(s) Príncipe Títular de Orléans e Bragança
Período 29 de janeiro de 1940
a 27 de dezembro de 2007
Predecessor Pedro de Alcântara
Sucessor Pedro Carlos
Último monarca Pedro II (deposto em 1889)
Dados pessoais
Nome completo Pedro de Alcântara Gastão João Maria Filipe Lourenço Humberto Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança e Dobrzensky de Dobrzenicz
Nascimento 19 de fevereiro de 1913
Castelo d'Eu, Eu, França
Morte 27 de dezembro de 2007 (94 anos)
Villamanrique de la Condesa, Andaluzia, Espanha
Sepultamento
Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena, Villamanrique de la Condesa
Cônjuge Maria da Esperança de Espanha
Descendência Pedro Carlos
Maria da Glória
Afonso Duarte
Manuel Álvaro
Maria Cristina
Francisco Humberto
Casa Orléans e Bragança
(Ramo de Petrópolis)
Pai Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança
Mãe Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz
Religião Catolicismo

Biografia editar

Pedro de Alcântara Gastão João Maria Filipe Lourenço Humberto Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança e Dobrzensky de Dobrzenicz foi o filho varão de Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança e de Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz, neto de Isabel, Princesa Imperial do Brasil, e do príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu, e bisneto do último imperador do Brasil, Pedro II. Sua mãe era uma aristocrata de origem boêmia, que contraiu bodas morganáticas com seu pai, que foi obrigado por sua mãe, a princesa Isabel, a abdicar de suas pretensões ao extinto trono brasileiro, abdicação essa de duvidosa legalidade e eficácia jurídica. Tal fato deu-se por Isabel considerar a nora de nobreza inferior.

 
Gastão com seu avô, o Conde d'Eu, durante a Primeira Guerra Mundial

Nascido durante a vigência do banimento da família imperial brasileira, na propriedade de seus avós paternos, o Castelo d'Eu, Pedro Gastão chegou ao Brasil aos nove anos de idade, no ano de 1922, quando a Lei do Banimento foi revogada pelo então presidente da república Epitácio Pessoa. Ao nascer, seu tio Luís Maria Filipe de Orléans e Bragança já detinha o título de Príncipe Imperial do Brasil e seu primo Pedro Henrique de Orléans e Bragança o de Príncipe do Grão-Pará.

Ao longo de sua adolescência, o príncipe viveu entre a França natal e o Brasil, aonde veio algumas vezes.

Pedro Gastão concluiu seus estudos na Europa e casou-se com a Infanta Maria de la Esperanza de Espanha, na Sicília, em 1944. Estabeleceu-se no Brasil a partir da Segunda Guerra Mundial e foi viver na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Lá, se tornou uma das figuras mais populares da família imperial, principalmente após a morte de seu pai. Morando no Palácio do Grão-Pará, antigo alojamento dos semanários do Museu Imperial, ele passou a ser conhecido como o "Príncipe de Petrópolis".

Nessa época, Pedro Gastão passou a empenhar-se na anulação do documento em que seu pai abdicou da linha sucessória imperial. Graças a isso, a família imperial dividiu-se em dois ramos: o chamado "Ramo de Petrópolis" e o "Ramo de Vassouras", que abrigava os primos de Pedro Gastão e cujos direitos dinásticos são reconhecidos pela maioria dos monarquistas e pelas casas reais estrangeiras.

Sucessão editar

Quando o Príncipe Pedro Gastão nasceu, seu pai já havia em teoria renunciado aos seus direitos dinásticos, o que, também teoricamente, levava a que essa renúncia se estendesse aos seus filhos.Alguns anos após a morte da Princesa Imperial, o pai de Pedro Gastão, o Príncipe Pedro de Alcântara disse a um Jornal Brasileiro:

"A minha renúncia não foi válida por vários motivos, para além disso nunca seria uma renúncia hereditária”.[1]

Depois da morte de seu pai, e com o apoio do Infante Afonso, Duque da Calábria e do Infante João, Conde de Barcelona, pai do Rei Juan Carlos de Espanha, avó do atual Rei Espanha Filipe VI, Pedro Gastão declarou-se chefe da casa imperial.[1] A sua iniciativa foi baseada academicamente Francisco Morato, professor da Universidade de São Paulo, que concluiu que a renúncia de seu pai, não se configuraria válida às luz, não só do direito vigente à data, como também do direito constitucional na monarquia.[1] Professor Paulo Napoleão Nogueira da Silva in the 1990s published a report saying that the resignation of his father was invalid under all possible aspects of Brazilian Law.[1]

A pretensão dinástica e à chefia da casa imperial é correntemente assumida pelo seu neto varão Pedro Tiago de Orléans e Bragança (Petrópolis, 19 de janeiro de 1979) .[2]

Vida editar

O príncipe dirigiu a Companhia Imobiliária de Petrópolis até o final do século XX. Ainda na cidade serrana de Petrópolis, na década de 1950, adquiriu o jornal Tribuna de Petrópolis, fundado em 1902, e atualmente administrado por seu filho, Francisco de Orleans e Bragança.[3][4]

Como morador de Petrópolis, Pedro Gastão tornou-se uma espécie de embaixador da causa monárquica e representante vivo do passado imperial do Brasil. Acumulou nos arquivos de sua residência milhares de documentos e obras de arte que até hoje ajudam a contar a história da dita "Cidade Imperial".[nota 1] Era Pedro Gastão também quem recebia os presidentes da república em vilegiatura na cidade. Ele orgulhava-se de haver conhecido todos os chefes de estado brasileiros, desde Epitácio Pessoa até Fernando Henrique Cardoso.

No início da década de 1990, durante o plebiscito em que o povo brasileiro deveria optar pela monarquia ou pela república, Pedro Gastão foi um dos mais empenhados na campanha pela monarquia. Mas com a derrota da causa, o príncipe afastou-se do país e desautorizou a iniciativa de alguns correligionários de fundar um partido monarquista no Brasil.

Com o avanço da idade, Pedro Gastão retirou-se para a propriedade de sua esposa, em Villamanrique, próximo de Sevilha, na Espanha.

Os últimos anos de vida do casal foram passados na propriedade da Infanta, onde ambos faleceram. Pedro Gastão morreu na madrugada do dia 27 de dezembro de 2007, aos 94 anos de idade, e foi sepultado no dia seguinte, na capela de Villamanrique de la Condesa.

Títulos e honrarias editar

Títulos e estilos editar

Na sua vida teve pretensão aos seguintes estilos de tratamento:

Honrarias editar

  Império do Brasil
  Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul (1946)[5]
  Grã-Cruz da Imperial Ordem de Pedro Primeiro (1946)[5]
  Grã-Cruz da Imperial Ordem da Rosa (1946)[5]
  Reino das Duas Sicílias
  Cavaleiro da Ordem de São Januário (1960)[5]
  Grã-Cruz da Sagrada e Militar Ordem Constantiniana de São Jorge[5]
  Reino de Espanha
  Cavaleiro da Real Maestranza de Caballería de Sevilha[5]
  Reino da Grécia
  Grã-Cruz da Ordem do Salvador[5]
  Ordem de Malta
  Grã-Cruz de Honra e Devoção da l'Ordem Soberana de Malta (1966)[5]
  Reino de Portugal
  Grã-Cruz da Ordem de Cristo[5]

Descendência editar

Pedro Gastão e Maria da Esperança tiveram seis filhos:[6]

  • Pedro Carlos de Bourbon de Orléans e Bragança (31 de outubro de 1945 (78 anos)), casou-se por três vezes, a primeira em 1975, com Rony Kuhn da Suza. Viúvo, casou-se em segundo, em 1981, com Patricia Alexandra Brascombe. Viúvo, casou-se em terceiro, em 2021, com Patrícia Alvim Rodrigues, com descendência apenas do primeiro e segundo.[7]
  • Maria da Glória de Bourbon de Orléans e Bragança (13 de dezembro de 1946 (77 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1972, com Alexandre Karađorđević, Príncipe Herdeiro da Iugoslávia, de quem se divorciou em 1985. No mesmo ano, Maria da Glória casou-se com Ignacio de Medina y Fernández de Córdoba, Duque de Segorbe e Grande de Espanha, com descendência dos dois casamento.[8]
  • Afonso Duarte de Bourbon de Orléans e Bragança (25 de abril de 1948 (75 anos)) casou-se por duas vezes, a primeira com Maria Parejo em 1973, de quem se divorciou em 1998. No mesmo ano, casou-se com Sylvie Amélie de Hungria Machado, com descendência apenas do primeiro.[9]
  • Manuel Álvaro de Bourbon de Orléans e Bragança (17 de junho de 1949 (74 anos)), casou-se em 1977, com Margarita Haffner y Lancha, filha de Oskar Haffner, de quem se divorciou em 1995, com descendência.[10]
  • Cristina Maria de Bourbon de Orléans e Bragança (16 de outubro de 1950 (73 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1980, com o Príncipe Jean-Paul Sapicha-Rozanski, e de quem se divorciou em 1992. No segundo casamento, casou-se com José Carlos Calmon de Brito, de quem também se divorciou em 1996, com descendência apenas do primeiro.[10]
  • Francisco Humberto de Bourbon de Orléans e Bragança (9 de dezembro de 1956 (67 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1978, com Christina Schmidt Peçanha, filha de Gaubert Schmidt e Alice Peçanha, posteriormente eles se divorciaram e Francisco casou-se em segundo lugar em 1980, com Rita de Cássia Pires, com descendência dos dois casamento.[10]

Ancestrais editar

Ver também editar

Notas

  1. O termo "dita", talvez seja inadequado já que existe documento oficial, um decreto presidencial de 1981, que oficializa o título à referida cidade. Decreto Presidencial Nº 85.849, de 27 de março de 1981 - Atribui à cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, o título de Cidade Imperial, e dá outras providências. O referido decreto está no Diário Oficial da União - seção 1, edição de 27/3/1981.

Referências

  1. a b c d Bodstein, Astrid (2006). «The Imperial Family of Brazil». Royalty Digest Quarterly (3). Consultado em 28 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 16 de outubro de 2007 
  2. «Home». Casa Imperial do Brasil. Consultado em 2 de novembro de 2022 
  3. Oazinguito Ferreira (18 de maio de 2008). «Jornais do interior em Petrópolis». Petrópolis no Século XX. Consultado em 4 de janeiro de 2018 [ligação inativa]
  4. «Dom Francisco de Orleans e Bragança». Mapa de Cultura do Rio de Janeiro. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  5. a b c d e f g h i «Brazil4». www.royalark.net. Consultado em 6 de maio de 2019 
  6. «A Casa Imperial do Brasil». www.gabriel.soledade.nom.br. Consultado em 17 de novembro de 2017 
  7. «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022 
  8. «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022 
  9. «Época». O GLOBO. Consultado em 3 de julho de 2023 
  10. a b c «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022