O Poder das Chaves (em latim: Potestas Clavium) é um poder conferido, de acordo com Mateus 16:19 (a Confissão de Pedro), para São Pedro por Cristo, entendido como o poder de admitir ou excluir membros da igreja (excomunhão), definir a política da Igreja e os ensinamentos (dogmas), e tornar obrigatória interpretações da Sagrada Escritura (antigos rabinos eram conhecidos por fazer interpretações vinculativas a lei mosaica), e para perdoar os pecados. As palavras ligar e desligar são usadas desta forma, em Evangelho de João e no Apocalipse (João 20:23, Apocalipse 1:5) e pelos primeiros Padres da Igreja.[1] É um poder que os católicos entendem ter sido conferido a São Pedro e seus sucessores, os Papas. Este poder foi dado a São Pedro no evento conhecido como Confissão de Pedro.

Estátua do Papa Bonifácio VIII segurando duas chaves, representando o poder das chaves do céu entregues a Pedro e seus sucessores. Museu da Ópera de Duomo em Florença.

Jesus estava fazendo uma comparacão com uma passagem do Livro de Isaías bem conhecida entre os judeus (Isaías 22:15–22) em que o primeiro-ministro Shebna, que servia Ezequias, rei de Israel e descendente de Davi, é considerado indigno de seu posto e expulso por Deus, e Eliaquim, filho de Hilquias, preenche o seu cargo:

15 Contra Sobna, prefeito do palácio. Eis o que diz o Senhor, Deus dos exércitos: Vai ter com esse ministro,19 Depor-te-ei de teu cargo e arrancar-te-ei do teu posto.20 Naquele dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias.21 Revesti-lo-ei com a tua túnica, cingi-lo-ei com o teu cinto, e lhe transferirei os teus poderes; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá.22 Porei sobre seus ombros a chave da casa de Davi; se ele abrir, ninguém fechará, se fechar, ninguém abrirá;23[2]

Na Bíblia, o termo "chaves" tem sido usado como um símbolo de autoridade docente (Lucas 11:52). De acordo com os católicos, Jesus, filho de Davi e portanto, o rei do novo reino davídico: a Igreja, nomeia São Pedro como mestre primário da Igreja, um cargo que continuará com seus sucessores, assim como a posição de Eliaquim no reino davídico do Antigo Testamento. Com essas chaves, como Eliaquim; São Pedro o primeiro Papa, e seus sucessores tem a autoridade e o governo dado por Cristo, sobre a nova Casa de Davi, a Igreja na terra (Apocalipse 1:18, Apocalipse 3:7). Através desta responsabilidade do Papado e de seu Magistério, os católicos acreditam que o Reino dos Céus governa a Igreja na Terra para levá-la a toda a verdade em matéria de fé e moral (I Timóteo 3:15, Mateus 28:20, João 16:13).[3]

Ortodoxos acreditam que o poder das chaves foi conferido a todos os bispos,[4] apontando que Jesus usa mesma língua em João 20:23 e portanto, conferi a todos os Apóstolos os mesmos poderes[nota 1]. Assim, igualmente, Martinho Lutero e outros reformadores falaram do ofício "das chaves", como o poder dos líderes da igreja para admitir ou excluir membros dela, afim de regularizar suas denominações.[6]

Notas

  1. Essa questão para a Igreja Católica foi explicada particularmente pelo Papa Inocêncio III, pela qual Cristo conferiu isoladamente a Pedro o poder de ligar e desligar e em seguida deu conjuntamente a todos os Doze o mesmo poder.[5] Assim o poder de Pedro é sobre o governo e a jurisdição da Igreja Universal, enquanto os outros Apóstolos, tem governo e jurisdição sobre uma igreja particular.

Referências

  1. Scott Hahn and Mitch Curtis, Ignatius Catholic Study Bible: Matthew (San Francisco: Ignatius Press, 2000)
  2. Mateus 16 e Isaías 22. Tradução da Bíblia Sagrada revisada por Frei José Pedreira de Castro. O.F.M. e pela equipe auxiliar da "Editora Ave-Maria". ISBN 85-276-0549-X.
  3. Hahn, Scott Hahn and Mitch Curtis, Ignatius Catholic Study Bible: Matthew (San Francisco: Ignatius Press, 2000.
  4.   "Power of the Keys" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  5. Congar, Yves. Igreja e Papado (Eglisé et papauté). Les Éditions du Cerf. Pág.: 24 (Capítulo 1, "O Papa, Patriarca do Ocidente"). 1994. ISBN 2-204-05090-3
  6. Kenneth A. Locke, The Church in Anglican Theology (Farnham, Surrey, England and Burlington, Vermont, USA: Ashgate Publishing, 2009), pp. 11-13