Pontederiáceas

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Pontederiáceas[1] (Pontederiaceae) é uma família de angiospermas monocotiledôneas que pertencem à ordem Commelinales, sendo formada por aproximadamente 40 espécies, distribuídas em 2 gêneros. Em sistemas de classificação anteriores, tal família pertencia era incluída na ordem Liliales ou em sua própria ordem Pontederiales.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPontederiáceas
Pontederia crassipes.
Pontederia crassipes.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Commelinales
Família: Pontederiaceae
Kunth
Gêneros

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Classificação Filogenética (APG)

Gêneros editar

Heteranthera e Pontederia.

A família tradicionalmente reconheceu um grande número de gêneros, baseado geralmente em características autopomórficas. Isso levou ao reconhecimento de vários gêneros monoespecíficos, além de causar o não-monofiletismo de gêneros importantes como Heteranthera e Eichhornia. Heteranthera só se tornou monofilético com a inclusão de Eurystemon, Hydrothrix, Scholleropsis, e Zosterella. Enquanto Eichhornia era recuperado em três linhagens distintas, o que levou a expansão de Pontederia para incluir Eichhornia e Monochoria. São reconhecidos cinco subgêneros dentro de Pontederia:


No Brasil ocorrem ambos gêneros e cerca de 30 espécies, sendo um grupo bem representado no Pantanal matogrossense e o semi-árido.

Descrição editar

Esta é uma pequena família de plantas aquáticas ou palustres.

As folhas são dimórficas, apresentando uma morfologia juvenil e outra adulta, com ambas fases apresentando uma lígula na sua base, próximo à bainha. A forma da lígula é de relevância sistemática e taxonômica. A bainha é sempre aberta. As folhas juvenis são sempre sésseis, sendo espiraladas em Heteranthera e dísticas em Pontederia. As folhas adultas podem ser produzidas ou não, mas estando ausentes apenas em algumas espécies de Heteranthera. O pecíolo apresenta um pulvino em seu ápice, em Pontederia. A inflorescência é um tirso, onde os ramos secundários são cincinos. A bráctea basal é espátacea, os cincinos são ebracteatos, e as flores não possuem bractéolas.

As flores são sésseis, ocasionalmente pediceladas, vistosas, roxas, rosadas ou brancas, ocasionalmente azuis ou amarelas, zigomorfas ou actinomorfas, e bissexuadas. São flores diclamídeas, homoclamídeas, e apresentam um hipanto, geralmente acompanhado de um evidente tubo floral. O perianto é composto por 6 elementos, raro 3 ou 4, todos petaloides. A tépala dorsal geralmente apresenta uma guia de néctar. O androceu é composto por 6 estames em Pontederia e por 3 estames ou 1 estame mais 2 estaminódios, raro 1 estame em Heteranthera. Os filetes são epipétalos, e frequentemente de tamanhos diferentes. Anteras rimosas ou poricidas e nectários septais presentes ou não. O gineceu é gamocarpelar, com ovário súpero, unilocular ou trilocular. Placentação axial ou parietal, lóculos uniovulados ou pluriovulados. O fruto é seco e envolto pelo antocarpo. Suas sementes possuem endosperma abundante e sua liberação ocorre no início da estação fria, permanecendo viável por no mínimo 7 anos.

Exemplos editar

A Pontederia crassipes é a espécie mais comum desta família a qual possui tecido arenquimatoso e reproduz-se principalmente a partir da formação de talos de forma vegetativa, suas folhas são modificadas e o pecíolo é inflado, servindo como uma bóia para a flutuação da planta. A inflorescência é multiflora.

Já a Heteranthera reniformis também pode viver em solos saturados de água, onde há um enraizamento das plantas que se desprendem quando o nível de água se eleva; sua reprodução principal se dá por sementes (forma sexuada) e seu limbo foliar é reniforme com base cordada a invaginante; a inflorescência possui de 3 a 7 flores.

Pontederia cordata é outra espécie significativa à família, a qual apresenta folhas basais longas com pecíolos longos e base cordata e, havendo uma folha solitária menor que as basais com a função de proteger a inflorescência.

Distribuição editar

A família apresenta distribuição Pantropical, ou seja, ocorrendo em todas as regiões tropicais e subtropicais do globo. Apresentam o Brasil como centro de diversidade, mas são bastante frequentes em ambientes úmidos e aquáticos na América do Sul, América Central, e América do Norte. Apresentam a África e a Ásia como centros secundários de diversidade por causa de Pontederia subg. Monochoria.

Ecologia editar

As plantas desta família produzem flores praticamente o ano todo, sendo muitas vezes usadas na ornamentação.

Além disso, devido a sua ampla dispersão, vigor e crescimento rápido, estas plantas popularmente conhecidas como aguapés estão sendo usadas em testes como agentes biológicos despoluentes, pois acredita-se que estas possuam capacidade de remoção desde efluentes de esgotos sanitários, remoção de material particulado, até cianetos, funcionando como um filtro natural em ambientes poluídos; servem ainda de alimento para peixes e mamíferos herbívoros ou mesmo abrigo para peixes pequenos, zooplâncton e até proteção às proles e ovos dos organismos aquáticos; podendo às vezes, abrigar inúmeros micro-habitats para pequenos invertebrados. Estas plantas têm a capacidade de diminuir o pH da água quando expostas a ambientes altamente alcalinos, sendo na Amazônia essenciais à manutenção do equilíbrio do ecossistema. São comuns em rios de fluxo lento, lagos, represas, tanques de piscicultura, margens de rios e até lavouras de arroz, as quais devido a sua alta capacidade reprodutiva podem tornar-se “praga” facilitando assim a perda de água do ambiente por evapotranspiração. Em regiões de clima temperado como EUA e Europa estas plantas tornaram-se espécies invasoras a tal ponto que atualmente são consideradas daninhas, pois se proliferam de tal maneira que chegam a gerar obstáculos às embarcações quando estas se aproximam das margens dos rios.

Dos métodos usados na remoção podemos destacar três:

  • Remoção manual: que não é viável economicamente
  • Remoção através da pulverização com herbicidas: que gera efeitos nocivos ao ambiente como um todo e aos seus organismos
  • Introdução de espécies peixes que se alimentam das raízes destes aguapés: sendo atualmente a melhor solução para o problema, porém com o aumento na população destas espécies desequilíbrios no ecossistema podem tornar-se conseqüências comuns.

Referências editar

  • APG II, 6º versão (maio/2005), em [1].
  • JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 11ª ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1993.
  • LORENZI. H. Plantas daninhas do Brasil. 3ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
  • PELLEGRINI, M. O. O. 2017a. Two new synonyms of Heteranthera (Pontederiaceae, Commelinales). Nordic J. Bot. 35: 124-128.
  • PELLEGRINI, M. O. O.; HORN, C. N. 2017. Two peculiar new species of Heteranthera Ruiz & Pavón (Pontederiaceae) from Brazil, with notes on inflorescence architecture in the family. PhytoKeys 82: 35-56.
  • PELLEGRINI, M. O. O.; HORN, C. N.; ALMEIDA, R. E. 2018. Total evidence phylogeny of Pontederiaceae (Commelinales) sheds light on the necessity of its recircumscription and synopsis of Pontederia L.. Phytokeys 108: 25-83.
  • SOUZA, V. C.; LORENZI, H.. Botânica sistemática. Nova Odessa: SP: Instituto Plantarum, 2005.
  • GRANATO, M. Utilização do aguapé no tratamento de efluentes com cianeto. Rio de Janeiro: CETEM/CNPQ, 1995.
 
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  1. «Pontederiácea». Michaelis