Quarta Teoria Política

A Quarta Teoria Política (em russo: Четвертая политическая теория; romaniz.:Chetvertaya Politicheskaya Teoriya) é um livro da autoria do politólogo russo Aleksandr Dugin publicado em 2009. No livro, o autor propõe uma nova ideologia política, a quarta teoria política, que visa a superação das teorias políticas da modernidade — numeradas cronologicamente — sendo a primeira teoria o liberalismo, a segunda, o comunismo, e a terceira, o fascismo.[1]

Quarta Teoria Política
Четвертая политическая теория
Autor(es) Aleksandr Dugin
Idioma Russo
Assunto Filosofia política
Lançamento 2009
ISBN 978-5-367-01089-3

Teoria editar

Dugin advoga o conceito de Dasein, oriundo do pensamento de Martin Heidegger, como sujeito histórico do projeto de uma quarta teoria política,[2] em contraposição aos sujeitos históricos das teorias pretéritas, bem como o conceito de multipolaridade como uma via para a autodeterminação dos povos (considerados em seus elementos civilizacionais e identitários próprios), confrontando o imperialismo estadunidense.[3] Outro dos objetivos da quarta teoria é solucionar problemas surgidos com a modernidade e intensificados após o estabelecimento da hegemonia liberal, como a crise global econômica de 2007-2008.[4]

Influência editar

 
Bandeira da União da Juventude Eurasiana

A revista Foreign Affairs publicou artigo em que afirma ser Dugin e sua teoria o motivo intelectual que suscitou a ação do presidente russo Vladimir Putin ao executar a anexação da Crimeia à Federação Russa em 2014, posição corroborada pelo filósofo francês Alain de Benoist.[5][6] Esta teoria serve como base do movimento eurasiano moderno na Rússia, tendo como principal bastião o Partido da Eurásia, presidido por Dugin, assim como de outros no exterior da Rússia.[7]

Entre exemplos de mobilizações identificadas com a quarta teoria política fora da Rússia, encontram-se a organização etnopluralista e anticapitalista internacional Nova Resistência (em inglês: New Resistance)[8], sediada nos Estados Unidos. A revista Newsweek, criticamente acusou o então Estrategista-Chefe da Casa Branca, Steve Bannon, de ter ligações ideológicas com Dugin,[9] liame confirmado pelo próprio Dugin[10] e repetido pelo The Independent, que ainda ressaltou a influência do filósofo sobre Putin e Recep Erdogan.[11] A quarta teoria política é citada como uma influência para a direita alternativa estadunidense,[10][12][13] a exemplo de que mesmo Matthew Heimbach, presidente do Partido Trabalhador Nacionalista, expressou afinidade com a teoria.[14]

Na França, a quarta teoria política recebeu grande apoio de antigos setores políticos, não apenas da extrema-direita como também de mais tradicionais e moderados grupos gaullistas, motivando a fundação da Égalité et Réconciliation, cujo fundador Alain Soral escreveu o prefácio das edições francesa e inglesa do livro A Quarta Teoria Política.[15][16] Na Espanha, grupos de influência direta da quarta teoria incluem a União Sindical de Trabalhadores, a União Sindical de Estudantes e a Alternativa Jovem.[17]

No Brasil, existem adeptos da Quarta Teoria Política, principalmente na "Nova Resistência"[18].

Ver também editar

Referências

  1. Heiser, James (31 de outubro de 2014). «A Review of Dugin's "The Fourth Political Theory"» (resenha) (em inglês). Estados Unidos da América – via www.thenewamerican.com 
  2. Dugin 2012, pp. 43-44.
  3. Dugin 2012, pp. 215-220.
  4. Dugin 2012, pp. 32-33.
  5. Barbashin, Anton; Thoburn, Hannah (31 de março de 2014). «Putin's Brain» (em inglês) – via www.foreignaffairs.com 
  6. de Benoist, Alain (2009). Против либерализма Protiv liberalizma (em russo). Rússia: Amfora. ISBN 978-5-367-011258 
  7. Millerman, Michael (3 de novembro de 2015). «Alexander Dugin on Martin Heidegger (Interview)». Universidade de Toronto (entrevista) (em inglês). Canadá. p. 9 
  8. «Manifesto da New Resistance (NR)» (em inglês) – via www.openrevolt.info 
  9. «Alexander Dugin and Steve Bannon's Ideological Ties to Vladimir Putin's Russia» (em inglês). 17 de abril de 2017. Consultado em 31 de março de 2018 
  10. a b Nemtsova, Anna (24 de abril de 2017). «Russia's Alt-Right Rasputin Says He's Steve Bannon's Ideological Soul Mate». The Daily Beast (em inglês). Consultado em 31 de março de 2018 
  11. «Alexander Dugin - The one Russian linking Donald Trump, Vladimir Putin and Recep Tayyip Erdogan». The Independent (em inglês). 3 de fevereiro de 2017. Consultado em 31 de março de 2018 
  12. «Deplorables: Donald Trump and The Racist Alt-Right International». Vocem Libertatis (em inglês). 14 de setembro de 2016. Consultado em 31 de março de 2018 
  13. «Alexander Dugin». AltRight.com (em inglês). Consultado em 31 de março de 2018. Arquivado do original em 1 de abril de 2018 
  14. «Matt Johnson on Alexander Dugin». The Daily Traditionalist (em inglês). 17 de maio de 2016. Consultado em 31 de março de 2018. Arquivado do original em 15 de setembro de 2017 
  15. Camus, Jean-Yves (2015). «A Long-Lasting Friendship: Alexander Dugin and the French Radical Right». In: Marlene Laruelle. Eurasianism and the European Far Right: Reshaping the Europe–Russia Relationship. Londres: Lexington Books. pp. 79–80. Consultado em 31 de março de 2018 
  16. Dugin, Aleksandr (2012). La quatrième théorie politique: la Russie et les idées politiques au XXIe siècle (em francês). Prefácio por Alain Soral. França: Éditions Ars Magna. 335 páginas 
  17. Lebourg, Nicolas (2015). «Arriba Eurasia?: The Difficult Establishment of Neo-Eurasianism in Spain». In: Marlene Laruelle. Eurasianism and the European Far Right: Reshaping the Europe–Russia Relationship. Londres: Lexington Books. p. 136. Consultado em 31 de março de 2018 
  18. Guru de Putin, Aleksandr Dugin tem seguidores no Brasil e é fã de bossa nova, acesso em 28/04/2022.

Bibliografia editar


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