Quarto Concílio de Constantinopla (Ortodoxo)

 Nota: Este artigo é sobre Quarto Concílio de Constantinopla segundo a Igreja Ortodoxa. Para o Quarto Concílio de Constantinopla segundo a Igreja Católica, veja Quarto Concílio de Constantinopla (Católico Romano).
 Nota: Para outros concílios realizados em Constantinopla, veja Concílio de Constantinopla.

O Quarto Concílio de Constantinopla, de 879 - 880, é tido como o Oitavo Concílio Ecumênico pela Igreja Ortodoxa.[1] Fócio tinha sido apontado como Patriarca de Constantinopla, mas foi deposto por um Concílio em Constantinopla convocado em 869 pelo imperador bizantino Basílio I, o Macedônio, e pelo Papa Adriano II.[2] Convocado para 879, este concílio grego, realizado após Fócio ter sido reinstalado no cargo por ordem do imperador, anulou o anterior.[2] Atualmente, a Igreja Católica reconhece o concílio de 869-870 como "Constantinopla IV", enquanto que a Igreja Ortodoxa reconhece o concílio de 879-880 como tal e reverencia Fócio como um santo. Na época em que estes concílios estavam sendo realizados, esta divisão não era totalmente clara.

Quarto Concílio de Constantinopla
Data 879 - 880
Aceite por Ortodoxos
Concílio anterior Segundo Concílio de Niceia
Concílio seguinte Primeiro Concílio de Latrão
Convocado por Imperador Basílio I, o Macedônio
Afluência 383 bispos
Tópicos de discussão Patriarca de Fócio
Documentos Restauração de Fócio, proteção do credo de Niceia
Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
Portal do Cristianismo

Estes dois concílios representam uma ruptura entre o ocidente e o oriente. Os primeiros sete concílios ecumênicos são reconhecidos como ecumênicos e autoritativos tanto pela tradição grega oriental quanto pela tradição latina ocidental. Esta divisão culminou eventualmente no Grande Cisma do Oriente em 1054

Fócio editar

 Ver artigo principal: Cisma de Fócio

Em 858, Fócio, um erudito que ensinava filosofia na Universidade de Constantinopla, foi apontado Patriarca da cidade,[2] tornando o equivalente ao Patriarca de Roma per Cânon 28 do Concílio de Calcedônia.[3] O imperador Miguel III, o Ébrio tinha deposto o patriarca anterior, Inácio de Constantinopla[2] que, ao se recusar a abdicar, criou uma disputa de poder entre o imperador e o Papa.[2] Em 867, outro concílio em Constantinopla depôs o Papa, o declarou anátema e o excomungou,[2] além de condenar as alegações de Roma sobre a primazia papal e a cláusula Filioque.[4][5]

O Concílio de 879 - 880 editar

Após a morte de Inácio, em 877, Fócio subiu à de Constantinopla pela segunda vez. Um concílio, formado por representantes de todos os cinco patriarcados, incluindo o de Roma (no total, 383 bispos), foi convocado em 879 e reinstalou Fócio como Patriarca Ecumênico. O concílio também condenou qualquer alteração que fosse ao credo de Niceia original, condenando assim a adição da cláusula Filioque ao credo como sendo herética[4][5] - um ponto de vista fortemente defendido por Fócio em sua polêmica contra Roma. Posteriormente, os católicos romanos separaram os dois assuntos e insistiram na ortodoxia doutrinária teológica da cláusula. De acordo com Schaff, "Aos atos declaratórios gregos foi posteriormente adicionada uma [pretensa] carta do Papa João VIII à Fócio, declarando a Filioque uma adição que é rejeitada pela igreja de Roma e uma blasfêmia que precisa ser abolida calmamente, em passos.".[6]

Se o concílio foi confirmado pelo Papa João VIII é também algo em disputa: o concílio foi realizado na presença de legados papais, que aprovaram os procedimentos. O historiador católico Francis Dvornik argumenta que o Papa aceitou os atos do concílio e anulou os do Concílio de 869 - 870. Outros historiadores católicos, como Warren Carroll, contestam este ponto de vista, argumentando que o Papa na verdade rejeitou este concílio. Philipp Schaff é da opinião que o Papa, enganado por seus legados sobre os reais procedimentos, primeiro aplaudiu o imperador, mas depois denunciou o concílio.[6]

De toda forma, o Papa de facto aceitou a reinstalação de Fócio como Patriarca. Porém, depois, por conta de novos conflitos entre ocidente e o oriente no século XI, o concílio foi repudiado no ocidente.

Este concílio permanece sendo aceito por muitos cristãos ortodoxos como sendo o "Oitavo Concílio Ecumênico" e é assim chamado na Encíclica dos Patriarcas do Oriente.

Ver também editar

Referências

  1. Siecienski, A. Edward (12 de maio de 2010). The Filioque: History of a Doctrinal Controversy (em inglês). USA: Oxford University Press. 103 páginas. ISBN 978-0195372045 
  2. a b c d e f Cross, F. L., ed. (2005). The Oxford dictionary of the Christian church. Fócio (em inglês). Nova Iorque: Oxford University Press 
  3. Schaff, Philip. «11». Nicene and Post-Nicene Fathers. The The Seven Ecumenical Councils (em inglês). XIV. [S.l.]: Christian Classics Ethereal Library 
  4. a b «The Union: a method of Pope-centrist ecumenism» (em inglês). www.pravoslavie.ru. Consultado em 1 de janeiro de 2011 
  5. a b «Moscow-Bari-Rome» (em inglês). www.pravoslavie.ru. Consultado em 1 de janeiro de 2011 
  6. a b Schaff, Philip. Conflict of the Eastern and Western Churches (em inglês). [S.l.]: Christian Classics Ethereal Library 

Ligações externas editar