Raphael Lemkin

Advogado polonês e criador do termo 'genocídio'

Raphael Lemkin, nascido Rafał Lemkin (24 de junho de 190028 de agosto de 1959), foi um advogado polonês, de origem judaica, que emigrou para os Estados Unidos em 1941.

Raphael Lemkin
Raphael Lemkin
Nascimento 24 de junho de 1900
Biazvodna (Império Russo)
Morte 28 de agosto de 1959 (59 anos)
Nova Iorque
Sepultamento Cemitério Mount Hebron
Cidadania Império Russo, Polónia, Estados Unidos
Alma mater
Ocupação advogado, peace and conflict researcher, procurador, jurista
Prêmios
  • Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha
  • Four Freedoms Award – Freedom of Worship
Empregador(a) Universidade Yale, Universidade Duke
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
Raphael Lemkin descrevendo a origem da palavra genocídio. (em inglês)

Antes da Segunda Guerra Mundial, Lemkin se interessou pelo Genocídio Armênio e fez campanha na Liga das Nações para banir o que ele chamou de "barbárie" (no sentido de massacre de um povo) e "vandalismo" (com referência à destruição da cultura de um povo). Ficou conhecido por seu trabalho contra o genocídio, palavra híbrida cunhada por ele, em 1943, a partir do grego γένος , transl. genos ('família', 'tribo' ou 'raça') e do latim -cidĭum ( 'ação de quem mata ou o seu resultado'). Lemkin usou o termo pela primeira vez em seu livro Axis Rule in Occupied Europe: Laws of Occupation - Analysis of Government - Proposals for Redress, de 1944.[1]

Juventude e educação editar

Lemkin nasceu no vilarejo de Bezwodne, que era, à época da Rússia Imperial, parte da Guberniya de Vilna e atualmente integra o raion de Vawkavysk, na Bielorrússia). Não se sabe muito sobre a infância de Lemkin. Ele cresceu numa família polaco-judia e era um dos três filhos de Joseph e Bella (Pomerantz) Lemkin. Seu pai era um fazendeiro, e sua mãe, uma intelectual: pintora, linguista, estudante de filosofia e colecionadora de livros de literatura e história. Aos 14 anos de idade, sob a influência da mãe, Lemkin tornou-se fluente em nove línguas, incluindo francês , espanhol, hebraico, iídiche e russo.[carece de fontes?]

Depois de graduado numa escola local de Białystok, iniciou seus estudos de linguística na Uniwersytet Jana Kazimierza, em Lwów, onde começou a se interessar pelo conceito de crime, que, mais tarde, ele associaria ao conceito de genocídio, em grande parte baseado na experiência dos assírios,[2] massacrados no Reino do Iraque em 1933 (Massacre de Simele) , e no Genocídio Armênio, durante a Primeira Guerra Mundial. Lemkin se transferiu para a Universidade de Heidelberg na Alemanha para estudar filosofia e retornou a Lwów para estudar Direito em 1926, tornando-se posteriormente promotor em Varsóvia.[carece de fontes?]

À época da Invasão da Polônia (1939), Lemkin integrou o Exército Polonês e participou da defesa de Varsóvia, durante o cerco à cidade. Foi ferido mas afinal conseguiu fugir do país. Em 1940, passando através da Lituânia, chega à Suécia, onde havia lecionado na Universidade de Estocolmo . Com a ajuda de amigos, consegue permissão para ingressar nos Estados Unidos, onde chegou em 1941 e passou a lecionar na Universidade Duke . Mudou-se para Washington, DC, em 1942, passando a trabalhar no Departamento da Guerra (atual Departamento de Defesa dos Estados Unidos) como analista, ao mesmo tempo em que realizava pesquisa documental sobre as atrocidades cometidas pela Alemanha nazista, para seu livro Axis Rule in Occupied Europe.[3]

Por ‘genocídio ', entendemos a destruição de uma nação ou grupo étnico. Essa nova palavra, cunhada pelo autor, para denotar uma velha prática em seu desenvolvimento moderno, é composta pelo termo grego antigo 'genos' (raça, tribo) e pelo latim '-cídio' (assassinato)… Em termos gerais, genocídio não significa necessariamente a imediata destruição de uma nação, exceto quando realizada mediante o assassinato em massa de todos os membros de uma nação. Destina-se, em vez disso, a indicar um plano coordenado de diferentes ações, visando a destruição dos fundamentos essenciais da vida de grupos nacionais, com o objetivo de aniquilar esses mesmos grupos. O genocídio é dirigido contra o grupo nacional como entidade, e as ações envolvidas são dirigidas contra os indivíduos, não em sua capacidade individual, mas como membros do grupo nacional.[3]

Mais tarde, Lemkin integraria o grupo de trabalho encarregado de preparar os julgamentos de Nuremberg e foi então que conseguiu incluir a palavra 'genocídio' na acusação contra os líderes nazistas. Todavia, genocídio ainda não era definido como um crime, de modo que o veredito pronunciado em Nuremberg não fixava jurisprudência aplicável a casos de ataques contra grupos étnicos em tempos de paz mas apenas para crimes cometidos num contexto de guerra.[3]

Ao voltar da Europa, ele estava determinado a ver o conceito de genocídio incorporado ao Direito Internacional e começou a fazer lobby nesse sentido, durante as primeiras sessões das Nações Unidas. Afinal seus esforços para obter o apoio de delegações e influentes líderes nacionais foram recompensados. Em 9 de dezembro de 1948, as Nações Unidas aprovaram a Convenção sobre o Genocídio. Depois da aprovação, Lemkin ainda dedicou o resto de sua vida a convencer os países membros a aprovarem uma legislação de apoio à Convenção.[3]

Referências

  1. Lemkin, Raphael Axis Rule in Occupied Europe: Laws of Occupation - Analysis of Government - Proposals for Redress . Washington, D.C.: Carnegie Endowment for International Peace, 1944, p. 79 - 95.
  2. Raphael Lemkin Arquivado em 9 de março de 2002, no Wayback Machine. - EuropaWorld, 22/6/2001
  3. a b c d Holocaust Encyclopedia. Coinig a word and championing a cause: the story of Raphael Lemkin

Bibliografia editar

Leituras complementares editar

Livros editar

  • Irvin-Erickson, Douglas. Raphaël Lemkin and the Concept of Genocide. University of Pennsylvania Press, 2017. ISBN 9780812293418.
  • Cooper, John. Raphael Lemkin and the Struggle for the Genocide Convention. Palgrave/Macmallin, 2008. ISBN 0-230-51691-2.
  • Power, Samantha. A Problem from Hell: America and the Age of Genocide. Basic Books, 2002 (original hardcover). ISBN 0-465-06150-8. (Chapters 2–5)
  • Sands, Philippe (2016). East West Street: On the Origins of "Genocide" and "Crimes Against Humanity". New York: Alfred A. Knopf. ISBN 978-0-385-35071-6 
  • Shaw, Martin, 'What is Genocide?'. Polity Press, 2007. ISBN 0-7456-3183-5. (Chapter 2)
  • Olivier Beauvallet, Lemkin: face au génocide, (with a French translation of "The legal case against Hitler" released in 1945), Michalon, 2011– ISBN 9782841865604.
  • Lemkin, Raphael (author); Frieze, Donna-Lee (editor). Totally Unofficial: The Autobiography of Raphael Lemkin (24 Jun 2013)
  • Civilians in contemporary armed conflicts: Rafał Lemkin's heritage, red. nauk. Agnieszka Bieńczyk-Missala, Warszawa: Wydawnictwa Uniwersytetu Warszawskiego 2017
  • A. Redzik, Rafał Lemkin (1900–1959) – co-creator of international criminal law. Short biography, Warsaw 2017, ss. 70; ISBN 978-83-931111-3-8
  • A. Bieńczyk-Missala, S. Dębski (red.), Rafał Lemkin: A Hero of Humankind, The Polish Institute of International Affairs, 2010.
  • A. Bieńczyk-Missala (red.), Civilians in contemporary armed conflicts: Rafał Lemkin’s heritage , Warszawa: Wydawnictwa Uniwersytetu Warszawskiego 2017

Artigos editar

Ligações externas editar

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