Romeu Tuma

político brasileiro

Romeu Tuma (São Paulo, 4 de outubro de 1931São Paulo, 26 de outubro de 2010) foi um advogado, delegado de polícia e político brasileiro filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Diretor-geral do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), foi senador por São Paulo durante dois mandatos.

Romeu Tuma
Romeu Tuma
Romeu Tuma em 2007.
Senador por São Paulo
Período 1º de fevereiro de 1995
a 26 de outubro de 2010
(2 mandatos consecutivos)
Dados pessoais
Nascimento 4 de outubro de 1931
São Paulo, SP
Morte 26 de outubro de 2010 (79 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: América Tuma
Pai: Zike Tuma
Alma mater Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Prêmio(s) Ordem do Mérito Militar[1]
Viúva Zilda Dirane Tuma
Filhos(as) Romeu Tuma Júnior
Partido PTB (2007–2010)
Profissão advogado, delegado, investigador, político

Biografia editar

Carreira policial editar

Descendente de sírios,[2] Romeu Tuma foi investigador e depois, delegado de polícia concursado da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Bacharel em Direito pela PUC-SP, dois de seus quatro filhos seguiram a carreira política: Romeu Tuma Júnior foi deputado estadual por São Paulo, e Robson Tuma, deputado federal, ambos também delegados de polícia.

Foi diretor geral do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) paulista de 1977 a 1982. De acordo com o livro Habeas Corpus, lançado em janeiro de 2011 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Tuma romeu participou ativamente na ocultação de cadáveres de militantes políticos assassinados sob tortura e no falseamento de informações que poderiam levar à localização dos corpos dos desaparecidos políticos.[3] Apesar disso, segundo reportagem de Antônio Carlos Prado e Juliana Dal Piva à IstoÉ: " 'Muito embora ele [Tuma] soubesse de um sistema de tortura, ao que se saiba nunca se envolveu com essa prática', diz o ex-ministro da Justiça e advogado penal José Carlos Dias. Ele [o advogado] e Tuma sempre mantiveram uma relação de respeito mútuo, em campos diametralmente opostos: o delegado prendia opositores políticos, o advogado os defendia."[4]

Em 1982, tornou-se superintendente da Polícia Federal no Estado, e em 1985, torna-se diretor geral do órgão.

Durante sua gestão, o chamado "boi gordo" foi confiscado no âmbito do Plano Cruzado, foi descoberta a ossada do médico alemão Josef Mengele, e houve a captura de Tommaso Buscetta, o mafioso cujas confissões ajudaram a desmantelar parte das máfias italiana e norte-americana presentes no Brasil. Permaneceu dirigindo a Polícia Federal até 1992, já no Governo Collor, quando também acumulou o cargo de Secretário da Receita Federal do Brasil.

Político editar

Em 1994, disputou sua primeira eleição e foi eleito senador por São Paulo pelo Partido Liberal (PL).[5]

No final de maio de 1995, rumores que o senador Romeu Tuma planejava concorrer à prefeitura de São Paulo pelo Partido da Frente Liberal (PFL, atual Democratas) fizeram o PL ameaçar expulsá-lo, se não os negasse. Segundo Valdemar da Costa Neto, líder do partido na Câmara, Tuma teria todo o apoio se quisesse se candidatar, pelo PL: "Não temos nada contra ele. Só o que queremos é acabar com o desgaste a que o partido está sendo submetido"; em resposta, Tuma disse que a atitude de Valdemar era "ditatorial".[6] Em 26 de maio, Valdemar entrou com o pedido formal de expulsão, mas Tuma declarou que saía antes de ser expulso.[7] À Folha de S.Paulo, Tuma disse que já estava desprestigiado no partido, que não era convidado a eventos, que Valdemar sentia ciúmes pelos convites das outras legendas; já Costa Neto respondeu que: "A presença do senador muito nos honraria, mas ele não responde aos convites e prefere participar de jantares com integrantes de outros partidos".[8]

Filiou-se então no PFL, pelo qual concorreu à prefeitura de São Paulo em 2000, obtendo o 4º lugar. Reelege-se senador em 2002, onde manteve o cargo de corregedor do Senado até 2010. Durante seus dois primeiros mandatos, foi condecorado em 2000 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com a Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial e, em 2004, promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao último grau da ordem, a Grã-Cruz.[9][1]

Em 2007, filia-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).[10]

Candidatou-se à reeleição em 2010, mas teve problemas de saúde no inicio de setembro, inicialmente divulgado como problema de afonia, e ficou internado até o fim das eleições.[11] Assim, não pôde fazer campanha corpo-a-corpo e tampouco gravar programas eleitorais, o que refletiu na sua inexpressiva votação (se comparada com as eleições anteriores). Tuma obteve 3,8 milhões de votos, ficando assim em 5º lugar, atrás de Aloysio Nunes, Marta Suplicy (eleitos senadores), Netinho de Paula e Ricardo Young.[12] O jornal Folha de S.Paulo divulgou erroneamente a morte do senador no dia 24 de setembro de 2010. O diário assumiu o erro e lançou uma errata minutos mais tarde.[13]

Morte editar

Faleceu em 26 de outubro de 2010, aos 79 anos de idade, no Hospital Sírio-Libanês, na região Central de São Paulo, em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos. Em sua vaga, assumiu o suplente Alfredo Cotait Neto, que cumpriu o restante do mandato, até 31 de janeiro de 2011.[14][15][16] O corpo de Romeu Tuma foi sepultado em 27 de outubro de 2010, no Cemitério São Paulo.[17]

Referências

  1. a b BRASIL, Decreto de 6 de setembro de 2004.
  2. Ministério das Relações Exteriores, 21/6/2005
  3. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2010). Habeas Corpus: Que Se Apresente O Corpo: A Busca Dos Desaparecidos Políticos No Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. p. 161 
  4. «Romeu Tuma foi mais respeitado do que temido - ISTOÉ Independente». web.archive.org. 9 de outubro de 2020. Consultado em 9 de outubro de 2020 
  5. «Resultado Eleições 1994 - São Paulo - Senador». TSE. 1 de maio de 1999. Consultado em 26 de outubro de 2010. Arquivado do original em 18 de julho de 2010 
  6. «PL ameaça expulsar Tuma caso ele não negue aproximação com PFL». Folha de S.Paulo. 23 de maio de 1995. Consultado em 17 de janeiro de 2024 
  7. «Tuma diz que deixa PL antes de expulsão». Folha de S.Paulo. 26 de maio de 1995. Consultado em 17 de janeiro de 2024 
  8. «PFL prepara a expulsão de Romeu Tuma». Folha de S.Paulo. 27 de maio de 1995. Consultado em 17 de janeiro de 2024 
  9. BRASIL, Decreto de 30 de março de 2000.
  10. «Senador Romeu Tuma troca Democratas por PTB». Terra. 8 de outubro de 2007. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  11. «SP: Romeu Tuma, candidato ao Senado, é internado em hospital». Terra. 2 de setembro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  12. «Com 11 milhões de votos, Aloysio Nunes (PSDB) é o senador mais votado da história». Veja Online. 3 de outubro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  13. «Folha.com errou: senador Romeu Tuma não morreu e permanece internado». Folha Online. 24 de setembro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  14. «Morre o senador Romeu Tuma». Agência Senado. 26 de outubro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  15. «Morre em São Paulo o senador Romeu Tuma». Portal Terra. 26 de outubro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  16. «Morre em São Paulo o senador Romeu Tuma». G1. 26 de outubro de 2010. Consultado em 26 de outubro de 2010 
  17. «Corpo do senador Romeu Tuma é enterrado em São Paulo». Folha de S.Paulo. 27 de outubro de 2010. Consultado em 23 de maio de 2013 

Ligações externas editar

 
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