A sátira menipeia é uma forma de sátira escrita geralmente em prosa, com extensão e estrutura similar a um romance, caracterizada pela crítica às atitudes mentais ao invés de a indivíduos específicos. Teria sido criada por Menipo, escritor grego antigo cujas obras não restaram, mas foi principalmente mantida por Luciano de Samósata[1] e Marco Terêncio Varrão.[2] Outras características são as diferentes formas de paródia e crítica aos mitos da cultura tradicional.

O termo é geralmente utilizado por gramáticos clássicos e filólogos para diferenciar as sátiras em prosa (por oposição às sátiras em verso de Juvenal e imitadores). As atitudes mentais típicas ridicularizadas pelas sátiras menipeias são os "pedantes, os sectários, os excêntricos, os arrivistas, os moralistas, os entusiastas, os rapaces e os incompetentes, que são tratados como doenças do intelecto".[1] O termo se diferencia da sátira praticada anteriormente por Aristófanes, por exemplo, que era baseada em ataques pessoais. O gênero é importante para Bakhtin, que o considera uma das origens do romance polifônico.[3] A sátira menipeia teria influenciado vários autores posteriores, como Rabelais, Erasmo de Roterdã, Voltaire, entre outros.[1]

"Na sátira menipéia, desaparecem todos os resquícios das barreiras hierárquica, social, etária, sexual, religiosa, ideológica, nacional, linguística etc.; (...) tudo é alvo de rebaixamento grosseiro e inversões ousadas, nas quais os momentos elevados do mundo aparecem às avessas, com uma faceta oposta àquela em que antes se manifestavam"[4]

Referências

  1. a b c FRYE, Northrop. Anatomy of Criticism. New Jersey: Princeton U. Press, 1957.
  2. Obras de Varrão no A Dictionary of Greek and Roman biography and mythology (ed. William Smith), disponível online em inglês no Projeto Perseus. Consultado em 21/03/2013.
  3. BAKHTIN, Mikhail. Problemas da Poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
  4. Bezerra, Paulo (2012). O universo de Bobók. [S.l.]: Editora 34. p. 47