Síndrome de Wolff-Parkinson-White

Síndrome de Wolff-Parkinson-White (SWPW) é uma síndrome congénita que resulta da presença de vias elétricas adicionais no sistema de condução elétrica do coração.[2][3] Cerca de 40% das pessoas nunca chegam a desenvolver sintomas.[5] Nas que desenvolvem sintomas, os mais comuns são frequência cardíaca elevada, palpitações, falta de ar, sensação de desmaio e perda de consciência.[1] Em casos raros pode ocorrer parada cardíaca.[1] O tipo de arritmia cardíaca mais comum causado pela SWPW é a taquicardia paroxística supraventricular.[1]

Síndrome de Wolff-Parkinson-White
Síndrome de Wolff-Parkinson-White
A onda delta (apontada pela seta) é um achado característico do eletrocardiograma de pacientes com Síndrome de Wolff-Parkinson-White.
Sinónimos Padrão WPW, pré excitação ventricular com arritmia, síndrome do feixe acessório atrioventricular[1][2]
Especialidade Cardiologia
Sintomas Frequência cardíaca elevada, palpitações, falta de ar, sensação de desmaio, perda de consciência[1][2]
Complicações Cardiomiopatia, acidente vascular cerebral, parada cardíaca[2]
Início habitual Nascimento[1]
Causas Vias acessórias no sistema de condução elétrica do coração[1]
Método de diagnóstico Electrocardiograma com intervalo PR curto e onda delta[3]
Tratamento Vigília, medicação, ablação por cateter com radiofrequência[4][5]
Prognóstico Risco de morte por ano sem sintomas: 0,5% (crianças), 0,1% (adultos)[5]
Frequência 0,2%[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 I45.6
CID-9 426.7
CID-11 1091030330
OMIM 194200
DiseasesDB 14186
MedlinePlus 000151
eMedicine emerg/644 med/2417
MeSH D014927
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Na generalidade dos casos desconhecem-se as causas exatas.[2] Uma pequena percentagem tem origem numa mutação do gene PRKAG2, a qual pode ser herdada de um dos pais de forma autossómica dominante.[2] O mecanismo subjacente envolve a presença de vias acessórias entre as aurículas e os ventrículos do coração, o que faz com que ocorra condução elétrica além do sistema normal de condução, afetando o ciclo cardíaco.[1] A síndrome está associada a outras condições, como a anomalia de Ebstein e a paralisia periódica hipocalémica.[1] O diagnóstico é geralmente confirmado com eletrocardiograma em que se observa intervalo PR curto e presença de onda delta.[3] A SWPS é um tipo de síndrome pré excitação.[3]

O quadro apresenta como característica eletrocardiográfica a pré-excitação ventricular, intervalo PR curto (< 120 milissegundos), com a ativação dos ventrículos (complexo QRS) iniciando-se pela porção miocárdica em contato com a via acessória e não passando pelo sistema His-Purkinje, portanto mais lenta, formando uma aberrância no QRS conhecida como onda delta.[6][7] Antes do término da ativação ventricular, o restante das fibras do sistema His-Purkinje são ativadas, tornando, portanto, a parte final do QRS estreita, sendo observado pequeno intervalo PR de 0,08 segundos e o longo complexo QRS de 0,12 segundos e frequentemente verificam-se alterações da repolarização do segmento ST-T secundárias.[8]

O tratamento geralmente consiste na administração de medicamentos ou ablação por cateter por radiofrequência.[4] A condição afeta entre 0,1 e 0,3% da população.[1] Em pessoas que não manifestam sintomas, o risco de morte por ano é de cerca de 0,5% em crianças e 0,1% em adultos.[5] Em pessoas sem sintomas, a vigilância da condição pode ser suficiente.[5] Em pessoas em que a SWPW é complicada pela presença de fibrilhação auricular, pode ser necessária cardioversão ou administração de procainamida.[9] A condição é assim denominada em homenagem a Louis Wolff, John Parkinson e Paul Dudley White, que em 1930 foram os primeiros a descrever os achados no eletrocardiograma.[3]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Reference, Genetics Home (março de 2017). «Wolff-Parkinson-White syndrome». Genetics Home Reference (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2017. Cópia arquivada em 27 de abril de 2017 
  2. a b c d e f «Wolff-Parkinson-White syndrome». rarediseases.info.nih.gov (em inglês). 31 de dezembro de 2012. Consultado em 30 de abril de 2017. Cópia arquivada em 21 de abril de 2017 
  3. a b c d e Bhatia, A; Sra, J; Akhtar, M (março de 2016). «Preexcitation Syndromes». Current Problems in Cardiology. 41 (3): 99–137. PMID 26897561. doi:10.1016/j.cpcardiol.2015.11.002 
  4. a b Liu, A; Pusalkar, P (29 de junho de 2011). «Asymptomatic Wolff-Parkinson-White syndrome: incidental ECG diagnosis and a review of literature regarding current treatment». BMJ Case Reports. 2011: bcr0520114192. PMC 3128358 . PMID 22693197. doi:10.1136/bcr.05.2011.4192 
  5. a b c d e Kim, SS; Knight, BP (maio de 2017). «Long term risk of Wolff-Parkinson-White pattern and syndrome». Trends in Cardiovascular Medicine. 27 (4): 260–268. PMID 28108086. doi:10.1016/j.tcm.2016.12.001 
  6. Rosner, Mitchell H; Brady, William J; Kefer, Michael P; Martin, Marcus L (1 de novembro de 1999). «Electrocardiography in the patient with the wolff-parkinson-white syndrome: Diagnostic and initial therapeutic issues». The American Journal of Emergency Medicine (7): 705–714. ISSN 0735-6757. doi:10.1016/S0735-6757(99)90167-5. Consultado em 25 de outubro de 2023 
  7. Chhabra, Lovely; Goyal, Amandeep; Benham, Michael D. (2023). «Wolff-Parkinson-White Syndrome». Treasure Island (FL): StatPearls Publishing. PMID 32119324. Consultado em 25 de outubro de 2023 
  8. «Síndrome de Wolff-Parkinson-White». HM Ritmo - Especializada em Eletrofisiologia Clínica. Consultado em 25 de outubro de 2023 
  9. Simonian, SM; Lotfipour, S; Wall, C; Langdorf, MI (outubro de 2010). «Challenging the superiority of amiodarone for rate control in Wolff-Parkinson-White and atrial fibrillation». Internal and Emergency Medicine. 5 (5): 421–6. PMID 20437113. doi:10.1007/s11739-010-0385-6 

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