Serra Negra do Norte

Município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte

Serra Negra do Norte é um município brasileiro no interior do estado do Rio Grande do Norte, localizado a sudoeste da capital do estado, distando desta 319 quilômetros. Ocupa uma área de 562 km², e sua população, no censo demográfico de 2018, era 8 065 habitantes, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo então o 84º município mais populoso do estado (em 167 municípios).

Serra Negra do Norte
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Serra Negra do Norte
Bandeira
Brasão de armas de Serra Negra do Norte
Brasão de armas
Hino
Gentílico serra-negrense-do-norte[1]
Localização
Localização de Serra Negra do Norte no Rio Grande do Norte
Localização de Serra Negra do Norte no Rio Grande do Norte
Localização de Serra Negra do Norte no Rio Grande do Norte
Serra Negra do Norte está localizado em: Brasil
Serra Negra do Norte
Localização de Serra Negra do Norte no Brasil
Mapa
Mapa de Serra Negra do Norte
Coordenadas 6° 39' 57" S 37° 23' 49" O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Norte
Municípios limítrofes Norte: Jardim de Piranhas
Sul: Paraíba (São José de Espinharas)
Leste: Caicó, Timbaúba dos Batistas e São João do Sabugi
Oeste: Paraíba (Paulista e São Bento)
Distância até a capital 319 km
História
Fundação 3 de agosto de 1874 (149 anos)
Administração
Prefeito(a) Sérgio Fernandes de Medeiros (PSDB, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [2] 562,396 km²
População total (IBGE/2021[2]) 8 105 hab.
 • Posição RN: 84º
Densidade 14,4 hab./km²
Clima Semiárido (Bsh)
Altitude 169 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010[3]) 0,597 baixo
 • Posição RN: 100°
PIB (IBGE/2019[4]) R$ 90 717,03 mil
PIB per capita (IBGE/2019[2]) R$ 11 230,14

O município foi o segundo a se emancipar de Caicó (depois de Acari), em 3 de agosto de 1874, com o nome de "Serra Negra". Somente em 1943 o nome foi mudado para "Serra Negra do Norte". O nome do município se refere à grande espessura de vegetação primitiva local, com tom escuro e que se localizava em um contorno serrano.

História editar

A história de Serra Negra do Norte começa ainda durante a época do Brasil Colônia, quando uma grande sesmaria foi doada a Francisco de Oliveira Toledo. A grande sesmaria se localizava a sul da ribeira do rio Apodi e próximo ao riacho do Peixe. Algum tempo depois, o controle dessa sesmaria passou a ser exercido por João de Freitas da Cunha. Este, algum tempo depois, herdou as terras ao seu irmão Domingos Freitas da Cunha.[5][6][7]

No século XVIII (1735), uma fazenda foi construída no local. A capela foi construída logo após o herdeiro ter vendido as terras para Manoel Barbosa de Freitas. Este, após ter doado suas terras ao seu sobrinho Manoel Pereira Monteiro, construiu uma capela construída na localidade, tendo Nossa Senhora do Ó como padroeira. A construção dessa capela foi o marco inicial para o acelerado crescimento populacional na localidade de Serra Negra, às margens do rio Espinharas. Nesse contexto, surge a figura de Francisco Solteirão, que era filho de Manoel Pereira e decidiu que todo o patrimônio construído para os domínios da igreja.[5][6][7]

Em 1º de setembro e 1858, uma lei provincial eleva a localidade de Serra Negra à categoria de vila, sendo depois elevado à categoria de município, apenas dezesseis anos depois, em 3 de agosto de 1874, desmembrando-se de Caicó. Mais de nove meses depois (21 de maio de 1875), o município foi oficialmente instalado.[5][6][7]

Já no século XX (1932), a sede municipal foi transferida de Serra Negra para São João do Sabugi. Apenas um ano e dois meses depois, a sede voltou a transferida para Serra Negra. Cinco anos depois, a vila de Serra Negra foi elevada à categoria de cidade, sendo, ao mesmo tempo, criado o distrito de São João do Sabugi. Assim, o município passou a ser formado pelos distritos de Serra Negra do Norte e São João do Sabugi. Em 1943, uma lei estadual altera o nome do município, de "Serra Negra" para "Serra Negra do Norte", nomenclatura que mantém até os dias atuais. O nome do município se refere à grande espessura de vegetação primitiva local, com tom escuro e que se localizava em um contorno serrano. Em 1948, o distrito de São João do Sabugi é emancipado de Serra Negra do Norte e torna-se novo município potiguar. De lá até os dias atuais, o município passou a ser constituído somente pelo distrito sede.[5][6][7]

No dia 19 de novembro de 2007, alguns eleitores de Serra Negra do Norte foram às urnas para a votação da escolha nova bandeira municipal. A bandeira "Tupi", criada por Valdemar Juvino de Araújo e composta por um fundo branco com o brasão do município, foi eleita com 576 votos.[8]

Geografia editar

 
Serra Negra do Norte e municípios limítrofes (em verde o estado da Paraíba)

De acordo com a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017, o município pertence às regiões geográficas intermediária e imediata de Caicó.[9] Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, Serra Negra do Norte fazia parte da microrregião do Seridó Ocidental, que por sua vez estava incluída na mesorregião Central Potiguar.[10]

Com uma área de 562,396 km²,[2] dos quais 1,022 km² constituindo a cidade,[11] o território de Serra Negra do Norte equivale a 1,022% da superfície estadual. Tem como limites Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas e São Bento, este na Paraíba (PB), a norte; São José de Espinharas (PB) e São João do Sabugi a sul; Caicó, Timbaúba dos Batistas e novamente São João do Sabugi a leste e a oeste Paulista e mais uma vez São Bento, ambos em território paraibano. Está a 319 km da capital estadual, Natal.

O relevo do município é formado, em sua maior parte, pela Depressão Sertaneja, estando as maiores altitudes no Planalto da Borborema, do qual faz parte a Serra da Salamandra. A geologia está inserida no embasamento cristalino, localmente representado pelas rochas pré-cambrianas do Grupo Caicó, com idade de cerca de 2,5 bilhões de anos. Os solos são muito férteis e têm sua textura composta por areia e argila, porém são rasos, pedregosos e sensíveis à erosão, ocorrendo os solos bruno não cálcico vértico, mais comum, e o litólico, este típico das áreas de maior declividade e melhor drenado que o primeiro,[5] chamado de luvissolo, enquanto o segundo é denominado de neossolo.[12]

Sendo pouco desenvolvidos, esses solos apresentam uma vegetação rala e xerófila, típica da Caatinga, com a predominância de espécies arbustivas.[5] Serra Negra do Norte abriga a "Estação Ecológica do Seridó", uma unidade de conservação federal de 1 163 hectares criada pelo decreto federal 87 222, de 31 de maio de 1982,[13] sendo seu uso e acesso restritos às atividades de pesquisa. De acordo com o Plano Nacional de Combate à Desertificação (PNCD), o município encontra-se em um processo de desertificação "muito grave".

A cidade se localiza na margem esquerda do Rio Espinharas, um afluente da margem direita do Rio Piranhas-Açu que tem origem na Paraíba a partir da junção dos rios da Cruz e Farinha, cujas nascentes estão nos municípios de Imaculada e Salgadinho, respectivamente, estando sua foz na divisa de Serra Negra do Norte com Jardim de Piranhas e São Bento, este na Paraíba.[14] Dentre os reservatórios, o maior deles é o Açude Dinamarca, com capacidade para 2 724 425 .[15]

O clima é semiárido, com temperaturas elevadas chuvas concentradas no primeiro semestre, em grande parte devido à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).[16][17] De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) e da Agência Nacional de Águas (ANA), desde 1911 a maior em 24 horas registrada em Serra Negra do Norte chegou a 191 mm em 14 de fevereiro de 1934, seguido por 190 mm em 24 de março de 1935 e 166,2 mm em 15 de março de 1950.[18] A partir de novembro de 2020, quando entrou em operação uma estação meteorológica automática da EMPARN em Serra Negra do Norte, as temperaturas variaram entre 16,8 °C em 25 de julho de 2022 e 40,7 °C em 31 de outubro de 2023.[19]

Dados climatológicos para Serra Negra do Norte
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 38,8 38 38,2 35,4 35,5 36,1 37,3 37,1 40,2 40,7 39,6 38,8 40,7
Temperatura mínima recorde (°C) 20,7 20,8 20,7 20,7 19,2 18,9 16,8 17,8 20,4 21,3 20,7 20,6 16,8
Precipitação (mm) 78,1 131,4 200,3 174,5 78,2 27,8 15 3,5 2,5 4,4 13 25,3 754
Fonte: EMPARN (médias de precipitação: 1911-2013;[18] recordes de temperatura: 25/11/2020-presente)[19]

Subdivisões editar

Serra Negra do Norte é formado apenas pelo distrito-sede[7] e, segundo divisão oficial reconhecida pelo IBGE, o município é dividido em seis bairros, sendo o Ambrozina mais populoso, com 1 435 habitantes.[20]

Bairros oficiais de Serra Negra do Norte (IBGE/2010)[20]
Bairro
População
Homens
Mulheres
Ambrozina 1 468 727 741
Arécio Batista 584 291 293
Centro 1 135 525 610
Derosse Mariz 323 157 166
Helvécio Praxedes 819 380 439
Liberdade 668 351 317

Referências

  1. [[1]]
  2. a b c d IBGE. «Brasil | Rio Grande do Norte | Serra Negra do Norte». Consultado em 7 de março de 2022 
  3. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2010). «IDHM Municípios 2010». Atlas do Desenvolvimento Humano. Consultado em 4 de setembro de 2013. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2016 
  4. IBGE (2019). «Brasil | Rio Grande do Norte | Serra Negra do Norte | Produto Interno Bruto dos Municípios». Consultado em 7 de março de 2022 
  5. a b c d e f IDEMA (2008). «Perfil do seu município: Serra Negra do Norte» (PDF). Consultado em 28 de outubro de 2011. Cópia arquivada (PDF) em 7 de março de 2022 
  6. a b c d «História de Serra Negra do Norte». Prefeitura Municipal de Serra Negra do Norte (RN). Consultado em 28 de outubro de 2011. Cópia arquivada em 28 de outubro de 2011 
  7. a b c d e «Histórico» (PDF). Biblioteca IBGE. Consultado em 28 de outubro de 2011. Cópia arquivada (PDF) em 28 de outubro de 2011 
  8. Josenildo Carlos (20 de novembro de 2007). «Serra-negrenses escolhem sua nova bandeira». No Minuto. Consultado em 28 de outubro de 2011. Cópia arquivada em 28 de outubro de 2011 
  9. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome IBGE_DTB_2017
  10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1990). «Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas» (PDF). Biblioteca IBGE. 1: 44–45. Consultado em 25 de setembro de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 25 de setembro de 2017 
  11. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (2015). «Áreas Urbanas no Brasil em 2015». Consultado em 3 de março de 2022 
  12. JACOMINE, 2008, p. 178.[2]
  13. BRASIL, 1982.[3]
  14. SILVA; LIMA; MENDONÇA, 2014, p. 203.[4]
  15. SEMARH. «Ficha Técnica do Reservatório Dinamarca». Consultado em 7 de março de 2022 
  16. GONÇALVES; MATTOS; RIGHETTO; MOREIRA, 2009, p. 3.[5]
  17. GONÇALVES; MATTOS; RIGHETTO; MOREIRA, 2009, p. 11.[6]
  18. a b Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). «Relatório pluviométrico». Consultado em 5 de março de 2022 
  19. a b EMPARN. «Relatório de variáveis meteorológicas». Consultado em 7 de março de 2022 
  20. a b «População por bairros - Rio Grande do Norte - 2010». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2010. Consultado em 22 de janeiro de 2014 

Bibliografia editar

BRASIL. Cria as Estações Ecológicas do Seridó, Serra das Araras, Guaraqueçaba, Caracaraí e dá outras providências. Decreto nº 87.222 de 31 de maio de 1982. Brasília, 1 jun. 1982.
GONÇALVES, S. C.; MATTOS, A.; RIGHETTO, A. M.; MOREIRA, L. F. F. Disponibilidade hídrica potencial decendial para o município de Serra Negra do Norte - RN. In: XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 2009, Campo Grande (MS). Anais. Porto Alegre (RS): Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), 2009, p. 1-14.
JACOMINE, P. K. T. A nova classificação brasileira de solos. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, v. 5, p. 161-179. Recife: 2008.
SILVA, R. M. P.; LIMA, J. R.; MENDONÇA, I. F. C. de. Alteração da cobertura vegetal na Sub-Bacia do Rio Espinharas de 2000 a 2010. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 18, n. 2, p. 202-209, fev. 2014. DOI: 10.1590/s1415-43662014000200011.

Ligações externas editar