O tecno-brega (também conhecido como tecnomelody, ou simplesmente melody) é um gênero musical brasileiro que surgiu na cidade brasileira de Belém (estado do Pará) na década de 2000,[1] através da mistura de elementos da música internacionalmente comercial, como música eletrônica e música pop, com gêneros regionais paraenses, como calypso, brega e, carimbó, baseando-se especialmente no uso de sintetizador e caixa de ritmos.

Tecnobrega ou tecnomelody
Origens estilísticas
Contexto cultural Década de 2000 em Belém
Instrumentos típicos
Popularidade Final da década de 2000
Subgêneros
Arrocha * Pisadinha

O mercado do tecnomelody gira em torno das festas de aparelhagens (festas com um sistema de som no formato de paredão sonóro que lembram a radióla e a rave),[2] que contam com modernos equipamentos de som, iluminação e efeitos visuais. As festas também servem como plataforma de difusão de novas músicas e possíveis sucessos - DJs recebem discos dos produtores e tocam as novas canções. Quando uma música ou um artista se torna um sucesso em uma festa de aparelhagem, a divulgação no mercado aumenta através da reprodução não-autorizada dos discos. A maioria dos artistas do mercado tecnobrega, porém, apoiam essa reprodução fonográfica informal ("pirataria do bem") devido ao aumento da publicidade que ela proporciona.[3]

Os primeiros passos do brega no Pará ocorreram na década de 1960,[4][5] que atualmente cujos cantores são chamados de flashbrega.[5]

História editar

Os primeiros passos do brega no estado do Pará ocorreu na década de 1960[4][5] (onde foi reintroduzido na década de 1980 e reconhecido como patrimônio cultural estadual em 2021)[6] foram dados por artistas como: Teddy Max, Mauro Cotta, Juca Medalha, Frankito Lopes e, Luiz Guilherme, que atualmente são enquadrados na "vertente" do brega paraense chamado flashbrega.[5]

Década de 2000 editar

 
Gaby Amarantos foi a pioneira do gênero ainda como líder da Banda Tecno Show, em 2002.

Em 2002 a banda paraense Tecno Show, liderada por Gaby Amarantos, decidiu se aventurar a misturar os tradicional carimbó e calypso – também conhecido como brega pop – realizado na região Norte naquele momento com gêneros musicais internacionais que dominavam as rádios e as festas, como música pop, música eletrônica e forró eletrônico.[1] A mistura entre o que era bem visto e sofisticado com o que era considerado "brega" e regional foi intitulado como tecnobrega.[1] Nas músicas, eles passaram a mesclar riffs acelerados de guitarra da música brega tradicional com batidas eletrônicas e arranjos criados por programas de computadores, o que foi considerado como uma ruptura no mercado fonográfico paraense da época.

As temáticas das músicas, apesar de em geral serem românticas, possuem grande amplitude, podendo ter desde cunho humorístico até feministas. Com o sucesso do gênero, outras bandas surgiram dentro dele ou passaram a aderi-lo, incluindo Ravelly, Viviane Batidão, Xeiro Verde e Eletro Batidão, ganhando amplitude nacional.[1] Em 2009 a Banda Djavú, apesar de ter surgido na Bahia, se tornou conhecida como um expoente do gênero no sul e sudeste do país, repercutindo nas rádios e programas de televisão com canções como "Me Libera" e "Não Desligue o Telefone".[7] Apesar de ter disseminado o tecnobrega pelo resto do país, a banda foi acusada de não fazer parte do movimento e plagiar as bandas já conhecidas no Pará, utilizando o gênero para lucrar sem ter a representatividade da cultura paraense.[8]

Década de 2010 editar

 
A Banda Uó ajudou a popularizar o gênero a partir de 2011.

Em 2010, Gaby Amarantos já em carreira solo e com apelido de "Beyoncé do Pará" começou a atingir popularidade no restante do país, apresentando o gênero no Domingão do Faustão pela primeira vez.[9] Em 2011, em função da ampla divulgação do estado do Pará perante todo o Brasil, foi apresentada uma proposta de lei ao então governador do Estado, Simão Jatene, para que o estilo fosse reconhecido como Patrimônio Cultural do Pará.[1] Em 2011 a Banda Uó, originária de Goiás, despontou como o principal expoente do gênero nas rádios e na televisão ao investir na produção de videoclipes com grandes diretores e alta verba, conquistando um contrato com a Deckdisc, chegando a vencer o MTV Video Music Brasil 2011.[10]

 
Pabllo Vittar aderiu ao tecnobrega durante sua carreira.

Nos anos seguintes a banda disseminou o tecnobrega com os álbuns Me Emoldurei de Presente Pra Te Ter (2011), Motel (2012) e Veneno (2015).[11] Paralelamente, Gaby colocou a faixa "Ex Mai Love" como tema de abertura da telenovela "Cheias de Charme", sendo a primeira vez que um tecnobrega atingia tal posto.[12] Já em 2013, foi reconhecido como patrimônio artístico e cultural do Pará, durante o então governo estadual de Simão Jatene (sancionou Lei 7.708) por unanimidade em 10 de abril na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa).[13][14] Em 2021, a classificação de patrimônio foi estendida a todo o gênero do brega-paraense, incluindo todas as suas vertentes.[15]

Em 2017 Pabllo Vittar passou a também utilizar o gênero em seu álbum Vai Passar Mal.[16][17]

A faixa "Corpo Sensual" conquistou boas posições dentro da Billboard Brasil e foi certificado como diamante pelo Pro-Música Brasil.[18][19]

A dança editar

O tecnobrega tradicionalmente é dançado em pares, sendo uma dança malandra e sensual (menos erótica que o funk), onde o ponto forte do seu repertório coreográfico é o gingado e a malemolência.[2] Características historicamente presentes na cena cultural brasileira desde o século XIX com gêneros periféricos como o lundu e o maxixe, que começaram a quebrar a solenidade da música no país, herança da música erudita europeia.[2]

Referências

  1. a b c d e «Sobre o tecnomelody». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  2. a b c DE BARROS, Lydia Gomes, ed. (31 de janeiro de 2011). Tecnobrega: a legitimação de um estilo musical estigmatizado no contexto do novo paradigma da crítica musical (PDF). Pernambuco: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Resumo divulgativo 
  3. Azevedo, Rafael José. O BREGA PARAENSE EM DERIVA: Emaranhados espaço-temporais da tradição (PDF). Col: PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO (PPGCOM). [S.l.]: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
  4. a b «Tecnobrega: Pará Compõe uma Indústria Cultural a Partir de Tecnologias Digitais 1 - PDF Download grátis». docplayer.com.br. Consultado em 27 de março de 2023 
  5. a b c d «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1 Pará. Consultado em 27 de março de 2023 
  6. «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1 Pará. Consultado em 27 de março de 2023 
  7. «Banda Djavú canta "Me Libera"». UOL. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  8. «Banda Djavú é acusada de ser plágio de banda paraense de tecnobrega». Correio 24 Horas. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  9. «Conheça Gaby Amarantos, a Beyoncé do Pará». Clic RBS. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  10. Andrade, Junior (20 de setembro de 2012). «Banda Uó - Fenômeno Nacional». Plus Entrevista. Meio Norte. Consultado em 12 de maio de 2014. Cópia arquivada em 12 de maio de 2014 
  11. «MTV anuncia programação enxuta de verão e nova leva de "enlatados"». Vírgula Diversão. Universo Online. 23 de dezembro de 2013. Consultado em 12 de maio de 2014 
  12. «Compositor de 'Ex My Love' comemora 'pé na bunda'». Diário do Pará. 6 de Maio de 2012. Consultado em 16 de Dezembro de 2012 
  13. Natália Mello (30 de maio de 2013). «Tecnomelody é reconhecido como patrimônio artístico e cultural do PA». G1. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  14. «Tecnomelody agora é patrimônio». Diário do Pará. 25 de maio de 2013. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  15. «Brega paraense é reconhecido como patrimônio cultural e imaterial: 'realização de sonho coletivo', dizem artistas». G1. Consultado em 27 de março de 2023 
  16. «Pabllo Vittar - "Corpo Sensual" (feat. Mateus Carrilho)». Spotify. Consultado em 27 de julho de 2017 
  17. «Corpo Sensual - Single de Pabllo Vittar». iTunes Store. 7 de setembro de 2017. Consultado em 7 de setembro de 2017 
  18. «Billboard Brasil: 8 de janeiro de 2018». Billboard Brasil. Consultado em 29 de junho de 2018 
  19. «Billboard Brasil: 8 de janeiro de 2018». Billboard Brasil. Consultado em 8 de janeiro de 2018 

Ligações externas editar

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