Two-Faced Woman

filme de 1941 dirigido por George Cukor e Andrew Marton

Two-Faced Woman (bra: Duas Vezes Meu![1]; prt: A Mulher de Duas Caras[2]) é um filme de comédia romântica de 1941, dirigido por George Cukor para a Metro-Goldwyn-Mayer. Foi o último filme de Greta Garbo e foi considerado uma "bomba" das bilheterias e uma tentativa mal sucedida de americanizar a atriz europeia, tentando aumentar seus fãs nos Estados Unidos. O contrato de Garbo com a MGM foi encerrado após o filme, e a atriz nunca mais voltou às telas de cinemas.

Two-Faced Woman
Two-Faced Woman
Cartaz do filme, destacando Greta Garbo
No Brasil Duas Vezes Meu!
Em Portugal A Mulher de Duas Caras
 Estados Unidos
1941 •  pb •  90 min 
Gênero filme de comédia
filme de romance
Direção George Cukor
Produção Gottfried Reinhardt
Roteiro S. N. Behrman
Salka Viertel
George Oppenheimer
Elenco Greta Garbo
Melvyn Douglas
Constance Bennett
Roland Young
Ruth Gordon
Distribuição Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento 30 de novembro de 1941
Idioma língua inglesa

Elenco editar

Sinopse editar

 
Greta Garbo e Robert Alton na cena da Rumba

O rico e estressado editor de revista Larry Blake sai de férias em uma estação de esqui e se apaixona pela independente instrutora Karin Borg, que lhe retribui. Imediatamente eles se casam ali mesmo e Larry está decidido a abandonar tudo e ficar com Karin que não gosta da cidade. Mas assim que chegam o sócio O.O. Miler e a secretária Ruth Ellis em busca dele, Larry muda de ideia e resolve voltar ao trabalho em Nova Iorque. Karin não concorda e fica na Estação de Esqui. Na cidade, Larry reata seu caso com a escritora Griselda Vaugh até que Karin vai ao seu encontro. Ao perceber que o marido estava saindo com outra mulher, ela resolve se passar, com a ajuda de Ruth, por uma "irmã gêmea", a interesseira e promíscua Katherine Borg, que chama a atenção de vários homens. Ela acaba se encontrando com o marido e continua com a farsa, mas ele logo percebe tratar-se mesmo de Karin e decide reconquistá-la.

Produção editar

Animada com o sucesso financeiro e de crítica de Ninotchka (1939), a MGM decidiu voltar com a dupla Garbo e Douglas em outra comédia romântica. George Cukor tinha dirigido a estrela anteriormente em Camille (1936), considerado geralmente como o melhor filme dela. Constance Bennett, uma importante protagonista de filmes na década de 1930 e cuja carreira estava em declínio, entrou para o elenco como a codajuvante Griselda graças ao apoio do amigo Cukor. O roteiro é de S. N. Behrman, Salka Viertel e George Oppenheimer e se baseou no filme mudo de 1925 Her Sister From Paris, de Constance Talmadge, que por sua vez fora inspirado em peça teatral alemã de Ludwig Fulda.

O estúdio também usou o filme para promover uma nova imagem de Garbo, retratando-a como um tipo esportivo e pé-no-chão, na esperança de aumentar seu apelo junto ao público norte-americano. A imagem anterior de Garbo era atraente para as plateias europeias, que agora estavam diminuindo com a Segunda Guerra Mundial. Garbo supostamente estava infeliz ao trabalhar em Two-Faced Woman, e desconfortável com as tentativas dos cineastas de mostrá-la como um tipo "casual" americano. As cenas adicionais quando Garbo é vista esquiando e nadando, tinham sido planejadas pelo estúdio com esse propósito, assim como a cena de dança de rumba em um salão de baile. Garbo, que não era uma dançarina natural, fora forçada a tomar lições de dança e uma vez se escondeu de seu instrutor atrás de uma árvore em sua casa. Ela mais tarde disse que o filme "não está bom e nunca poderia ser bom".

O filme foi produzido por Gottfried Reinhardt, com música de Bronislau Kaper, cinematografia de Joseph Ruttenberg, direção artística de Cedric Gibbons, e figurinos de Adrian.

Censura e alterações editar

Two-Faced Woman foi inicialmente preparado para ser lançado em novembro de 1941. Contudo, apesar do filme receber o selo de aprovação do Código dos Produtores, a Legião Nacional da Decência classificou-o como "C", que o condenava — incomum para um filme de primeira linha de Hollywood da época — chamando-o de "imoral e de atitude anticristã em relação ao matrimônio e suas obrigações: cenas imprudentemente sugestivas, diálogos, situações e roupas". O filme foi também condenado pelo Arcebispo de Nova Iorque, a primeira vez que aconteceu a um filme em específico. Essas manifestações negativas desanimaram fortemente os católicos a assistirem ao filme. Two-Faced Woman foi também banido em muitas cidades, incluindo Boston e Providence, além de outras como Omaha, Chicago e Milwaukee, que ordenaram que cenas fossem cortadas antes que o filme fosse exibido.

O estúdio respondeu com a refilmagem de algumas cenas antes do lançamento oficial, medida a que George Cukor se recusou a colaborar. Particularmente, uma cena em que Larry Blake descobre logo no início que "Katherine" é na verdade sua esposa Karin em nova identidade, e escolhe continuar fingindo que não sabe, quando na verdade ele de fato considerara trair a esposa com sua irmã gêmea. A Legião da Decência mudou a classificação de "C" para "B", ou seja, de condenado para parcialmente objeto de questionamentos morais.

Em adição as mudanças por causa de censura, o estúdio também cortou cenas de Constance Bennett e alterou o final, com relatos de que Bennett teria ofuscado Garbo em muitas cenas que fizeram juntas. Apesar dos cortes, Leonard Maltin escreveu em 2014 que Bennett "rouba o filme com sua hilariante performance".

A versão emendada foi relançada em janeiro de 1942. Já a sem censura permaneceu, e foi exibida em 2004 numa retrospectiva do diretor George Cukor realizada pelo Cine Nacional em Londres, mas não foi distribuída em DVD.

Recepção editar

Após a versão emendada em janeiro de 1942, Garbo recebeu as piores críticas da carreira. John Mosher do The New Yorker escreveu sobre a estrela que (tradução livre, como as demais) "se sente apenas que o arcebispo que se opôs ao mostrado no filme tinha sido o único amigo verdadeiro dela. Da loucura de Garbo havia pouco a se dizer. Apenas condolências seriam suficientes".[3] Theodore Strauss do The New York Times escreveu: "É necessariamente custoso ter que julgar assuntos delicados de interesse público, à medida que o filme é condenável por si só como uma obra de baixa qualidade. A corrente tentativa de iluminar uma fantástica viagem da Senhorita Garbo é uma das performances embaraçosas da temporada. A direção de George Cukor é estática e trabalhosa, e o roteiro é uma piada velha, repetida muitas vezes. Considerando-se os muitos talentos que foram combinados para criar esse retrato sombrio, considera-se 'Two-Faced Woman' como um dos mais caros desapontamentos do ano".[4] Uma resenha do Time qualificou o filme de "quase o mesmo choque de assistir a sua mãe bêbada"[5]

Mesmo as resenhas que ainda assim elogiaram a atuação de Garbo criticaram em geral o filme. Variety escreveu: "Que essa experiência de converter a Senhorita Garbo em uma comediante não tenha sido bem sucedida, não o foi por culpa dela. O roteiro e o diretor, George Cukor, entraram dentro do mesmo espírito de falta de entusiasmo e auto-consciência além de abandono da estrela, sem o qual o filme teria sido um grande sucesso ... Como algumas linhas de diálogo escaparam da tesoura da censura é um mistério assim como os roteiristas ... falharam completamente em providenciar um final razoável"[6] Harrison's Reports qualificou a atuação de Garbo de "deliciosa...ainda que o charme e a habilidade de atuação sofisticada dela tivessem pouco a fazer, com uma história fraca e quase boba"[7] Film Daily declarou que Garbo é "uma comediante deliciosa" mas é "lamentável que a combinação de talentos" dos roteiristas "não levaram em conta a escolha da Senhorita Garbo. A direção de George Cukor não foi afiada como poderia ser e tendeu a deixar o filme passageiro"[8]

A maioria das fontes também informou a pouca bilheteria alcançada. De acordo com os registros da MGM, foram arrecadados 875.000 dólares nos Estados Unidos e Canadá, e 925.000 mil dólares em outros lugares, resultando num prejuízo de 62.000 dólares.[9] Apesar do sucesso anterior de Ninotchka, o público teve dificuldades de aceitar Garbo como comediante. O público também estava chocado com o Ataque a Pearl Harbor, ocorrido três semanas antes da estreia do filme.[10] Algumas fontes desafiaram a percepção geral de que a produção fora um fracasso, com algumas afirmando que arrecadara cinco vezes seu orçamento.

Ao final de 1942, o contrato de Garbo com a MGM foi encerrado, provavelmente de mútuo acordo. Ela pretendia retornar ao cinema após a Segunda Guerra Mundial, mas os projetos não se desenvolveram, deixando Two-Faced Woman como o último filme dela.

Referências

  1. «Duas vezes meu!». Rio de Janeiro: Cinearte. 1 de janeiro de 1942. p. 32-3. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  2. A Mulher de Duas Caras no SapoMag (Portugal)
  3. Mosher, John (3 de janeiro de 1942). «The Current Cinema». The New Yorker. New York: F-R Publishing Corp. p. 50 
  4. Strauss, Theodore (1 de janeiro de 1942). «Movie Review - At the Capitol». The New York Times. Consultado em 14 de dezembro de 2015 
  5. «Cinema: The New Pictures». Time. 22 de dezembro de 1941 
  6. «Two-Faced Woman». Variety. New York: Variety, Inc. 22 de outubro de 1941. p. 8 
  7. «'Two Faced Woman' with Greta Garbo and Melvyn Douglas». Harrison's Reports: 171. 25 de outubro de 1941 
  8. «Reviews of the New Films». New York: Wid's Films and Film Folk, Inc. Film Daily: 6 23 de outubro de 1941 
  9. The Eddie Mannix Ledger, Los Angeles: Margaret Herrick Library, Center for Motion Picture Study .
  10. [1]
  Este artigo sobre um filme estadunidense é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.