Wilhelm Giese

professor académico alemão

Wilhelm Giese (Metz, Lorena, 20 de fevereiro de 1895Buchholz in der Nordheide, 27 de abril de 1990)[1] foi um linguísta e etnólogo, especializado nas línguas românicas e na etnografia comparativa dos povos românicos, autor de uma vasta obra sobre essas temáticas publicada nas línguas alemã e espanhola.[2] O seu contributo como hispanista é considerado de grande relevância.

Wilhelm Giese
Nascimento 20 de fevereiro de 1895
Metz
Morte 27 de abril de 1990 (95 anos)
Buchholz in der Nordheide
Cidadania Alemanha
Ocupação filólogo, romanista, hispanista, professor universitário
Empregador(a) Universidade de Hamburgo, Universidade de Halle-Vitemberga

Biografia editar

Filho de uma cantora lírica, Wilhelm Giese naseu em Metz, na Lorena, então parte do Império Alemão[3]. Seguiu um percurso ecolar típico, frequentando a escola elementar na sua cidade natal e depois a Oberrealschule de Kaiserslautern, onde terminou o ensino secundário com o seu Abitur.[4].

Wilhelm Giese increveu-se na Universidade de Munique, mas foi obrigado a interromper os estudos devido ao desencadear da Primeira Guerra Mundial. Incorporado no Exército Alemão em 1915, serviu na Sérvia, na Roménia e na França.[4] Em 1918, foi feito prisioneiro de guerra pelos franceses, permanencendo num camppo de prisioneiros até ser libertado em 1920, ano em que retornou para a Alemanha.

Retomou os seus estudos, estudando filologia inglesa e celta, linguística, etnologia e filosofia.[4]. A partir de 1923, passou a trabalhar como bibliotecário do centro de estudo das línguas e culturas românicas do Instituto Ibéro-Americano de Hamburgo (Ibero-Amerikanische Institut). Em 1924, sob a orientação de Bernhard Schädel, defendeu a sua tese de doutoramento tendo como tema as armas na literatura espanhola dos séculos XII e XIII.[5]

Em 1930, Wilhelm Giese tornou-se professor da Universidade de Hamburgo. Em 1935, obteve a cátedra de estudos românicos da Universidade de Halle.[4]. Como numerosos universitários da época, Wilhelm Giese aderiu a 1 de maio de 1937 ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o NSDAP.[6][7] Em 1938, foi nomeado professor da Universidade de Hamburgo, cadeira professoral que ocupará até se aposentar em 1960.[4][2].

Romanista da escola de Hamburgo, influenciado pela escola das «Palavras e das coisas» («Mots et des choses»), Wilhelm Giese interessou-se pelas diversas manifestações linguísticas e culturais dos povos indo-europeus, privilegiando um método histórico, descritivo e comparativo. Este método de terreno rigoroso, típico dos filólogos da escola de Hamburgo, fez do período entre as duas guerras mundiais a idade de ouro da etnografia alemã.[8] O estudo de Giese sobre os costumes em torno de Niolo, na Córsega, prefigura os trabalhos de investigação que realizará um pouco mais tarde na França rural da década de 1930, no contexto da revista «Volksturm und Kultur der Romanen».[8]

Homem do terreno, como o comprovou nos seus trabalhos e investigação realizados no Dauphiné,[9] Wilhelm Giese soube conciliar o fruto das suas observações meticulosas com as observações de outros investigadores. Os seus trabalhos linguísticos, nas fronteiras da etnografia, durante muito tempo esquecidos, conhecem presentemente um interesse renovado.[10]

Estudou a etnologia dos Açores, especialmente os trajes e a habitação rural, e foi sócio honorário do Instituto Histórico da Ilha Terceira.

Publicações editar

Entre muitas outras, Wilhelm Giese é autor das seguintes obras:

  • Nordost-Cádiz. Ein kulturwissenschaftlicher Beitrag zur Erforschung Andalusiens, Halle 1937.
  • Geschichte der spanischen und portugiesischen Literatur, Athenäum-Verl., Bonn, 1949.
  • Los pueblos románicos y su cultura popular. Guía etnográfico-folklórica, Bogotá, 1962.
  • Contribución al estudio del problema del antiguo tocado corniforme de las mujeres vascas, Evert, Hamburg, 1937
  • (Dir.) Zur jetzigen Situation der Aromunen auf dem Balkan, München, 1965.
  • Die Kultur Spaniens, Portugals und Iberoamerikas, Akademische Verlagsgesellschaft Athenaion, Frankfurt, 1973.
  • Zur jetzigen Situation der Aromunen auf dem Balkan, Societatea Academică Română, München, 1965.
  • Volkskundliches aus den Hochalpen des Dauphiné, in Sonderdruck aus Volkstum und Kultur der Romanen.
  • Waffen nach der spanischen Literatur des 12. und 13. Jahrhunderts, tese, Hamburg, 1924.

Referências editar

  1. Hamburger Professorinnen- und Professorenkatalog: «Giese, Wilhelm».
  2. a b d-nb.info Informação biográfica no DNB.
  3. deutsche-biographie.de Informação na DB - Deutsche Biographie.
  4. a b c d e catalogus-professorum-halensis.de Catálogo dos professores da Universidade de Halle (Martin-Luther-Universität Halle-Wittenberg).
  5. « Waffen nach der spanischen Literatur des 12. und 13. Jahrhunderts ».
  6. Frank-Rutger Hausmann: Auch eine nationale Wissenschaft? Die deutsche Romanistik unter dem Nationalsozialismus. In: Romanistische Zeitschrift für Literaturgeschichte. 22, 1998 (p. 262)(PDF sur freidok.uni-freiburg.de).
  7. Com alguns dos seus colegas da Universidade de Hamburgo já tinha subscrito em novembro de 1933 o documento intitulado Bekenntnis der Professoren an den deutschen Universitäten und Hochschulen zu Adolf Hitler und dem nationalistischen Staat.
  8. a b Dominique Lassaigne ; Régis Meyran (dir.); Jacqueline Christophe (dir.) : Regards allemands et autrichiens sur l'ethnographie de la France dans l'entre-deux-guerres, in Du folklore à l'ethnologie, 1936-1945, éditions de la Maison des sciences de l'Homme, 2009 (pp.379-390).
  9. « Volkskundliches aus den Hochalpen des Dauphiné»
  10. Claudine Remacle : Wilhelm Giese sur centre-etudes-francoprovencales.eu (PDF).

Bibliografia editar

  • Harald Haarmann ; Michael Studemund : Festschrift Wilhelm Giese. Beiträge zur Romanistik und allgemeinen Sprachwissenschaft, Buske, Hamburg, 1972.
  • Bernhard König ; Jutta Lietz ; Rudolf Harneit ; Ulrich Schulz-Buschhaus : Wilhelm Giese: Wie es damals war. Eine mündliche Doktorprüfung im Jahre 1923, in: Gestaltung – Umgestaltung. Beiträge zur Geschichte der romanischen Literaturen., Tübingen, 1990 (pp. 49-52).
  • Erich Kalwa : Die portugiesischen und brasilianischen Studien in Deutschland (1900–1945). Ein institutionengeschichtlicher Beitrag, Frankfurt, 2004 (pp. 52-71).